sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 14 -

- Sabrina Sato -
- 14 -
SEGUNDOS
Em questão de segundos, toda uma cidade virou o clima de pânico total. Na capital, havia falta de energia elétrica e igualmente nos Hospitais. Não chegara nem mesmo a um minuto quando Vanesca totalmente desnorteada com o médico por cima, fez finca-pé e conseguiu sair daquele apertado. E o médico fez por igual e chegou alcança a porta. A fechadura estava travada pelo impacto do sismo violento daquele momento de angústia e desespero. Pelo lado de fora do consultório apenas se ouvia gritos de pessoas ao passarem rápidos de norte a sul. Ouviam-se camas correndo com seus pacientes a gemer entre outras que estavam na metade do caminho atrapalhado o transito dos que desejavam sair correndo com medo do sismo. No entanto era tudo meio confuso, pois não se sabia do caos iminente sobre suas cabeças. No consultório, o médico torcia a maçaneta da porta, dava chutes contra a porta, se zangava por demais por conta do escuro imperante e da falta de ar condicionado com a parada do equipamento. Tudo isso foi em questão de um minuto apenas. O tremor de terra continuava a sacudir moveis estantes e mesmo um computador de mesa já sem valia alguma, pois não mais funcionava pela falta de energia. Vanesca se soergueu de vez, meio tonta, com a mão na cabeça, tossindo pelo engasgo da poeira a cair desordenada não se sabia de onde. Todo esse momento era um desassossego vital. O acontecido dentro e fora do Hospital se transformou em gritos e alardes de quem podia então clamar por socorro. Após um breve instante o médico destravou a tranca da porta e conseguiu abrir para seguir pelo corredor do Hospital. Era inútil essa ação, pois todo o corredor estava tomado de gente caída pelo chão, poeira desordenada, pacientes a clamar por socorro, médicos de outros consultórios a tossir para poder respirar, assistentes, enfermeiras, auxiliares e técnicos eram da mesma forma. Nunca se viu tamanho tumulto dentro de fora daquela casa de saúde. Era uma verdadeira algazarra a se formar. Em alguns segundos ou minutos tudo parecia acabado. Um grito de longe se ouviu:
Pessoa:
--- Fogo! Fogo! Acudam! Fogo! – gritava alguém de fora do corredor.
O doutor Melo nada podia fazer, a não ser retirar a poeira vinda do céu a lhe cobrir a face. Vanesca conseguiu sair para o corredor. Naquele local, igual ao médico, a moça também nada podia enxergar por conta do véu de fumo a se formar.  Alaridos de pessoas a correr apressada como se tudo estivesse a se romper era o mais a se notar. Uma enfermeira caída ao solo bem em cima de Vanesca pedia socorro para por de pé. O edifício havia tombado de um lado devido ao forte tremor dos últimos segundos. Outros tremores se seguiam ao primeiro fazendo voar ao espaço objetos de uso hospitalar. O tumulto aterrador era geral. Na parte interna do Hospital havia desmoronamento total de próprias repartições. Quando menos se percebia, eram repartições tombadas por conta do sismo cruciante. Quem reparasse na estada a passar em frente da Casa de Saúde, teria verdadeiro assombro. A avenida era totalmente arruinada por conta do sismo. A pavimentação subiu do seu nível de solo por causa do rompimento da pavimentação feita em escombros. As residências de frente da Casa de saúde vieram abaixo trazendo morte e destruição total e soterrando seus moradores. Em alguns pontos da cidade edifícios tombaram de vez abrindo-se em um esquema de “V”.  As casas de moradas de um pavimento ruíram por completo. A ponte de ligação norte-sul se rompeu de vez. Automóveis, ônibus, caminhões e mesmo carroças de tração animal ficaram soterrados pelo abalo. A grande ponte norte-sul pelo Rio Amarelo veio abaixo de qualquer forma como brinquedo.  O Aeroporto Central ficou ao desleixo com suas aeronaves tombadas de qualquer forma. Não se falava em epicentro, pois nem se sabia o que motivou o sismo. As estações de radio e TV ficaram fora do ar no mesmo instante. Alguém pedia por socorro através de equipamento de radio amador, mas na verdade sem sucesso. Outros Hospitais da cidade sofriam da mesma agonia. Era o verdadeiro advindo caos da capital. Engatinhando como podia, Vanesca se voltou para a suíte onde estava Otto, percorrendo um andar de cima. No meio dos escombros encontrou enfermeiras e seus ajudantes a chorar recuperando frascos de medicamentos. A maca hospitalar estava no meio do caminho na subida de um andar para outro sem se poder nem mesmo se mexer. Após vários minutos Vanesca alcançou a porta da suíte onde estava a enfermeira Irmã Cecília a procura de ajuda para dar apoio ao enfermo Otto. Esse não se movia dado o estado de sono ao qual foi submetido. Vanesca adentrou a suíte e logo se pôs a ajuda da Irmã Cecília, toda coberta de fuligem vinda do espaço. A Irma tossia com o engasgo da poeira reinante no ambiente e em toda a cidade. Um escuro véu se abateu sobre a capital aduzindo ser  aquele instante inseguro o de maior contratempo. Era um véu enegrecido toldando até mesmo o sol. A enfermeira deu uma olhadela e depois se voltou ao labor com a ajuda da parceira tentando consertar a cama onde estava a dormir o rapaz. Com o impacto do sismo a cama se desajeitou virando ao contrario e fazendo do enfermo um verdadeiro janota. As duas auxiliares juntaram força para consertar a cama de modo a repor em seu verdadeiro local. Porém, tudo estava escuro, a não ser por uma luza vaga a entrar pela janela. Era por essa janela que Vanesca notou o enegrecido véu a dominar o ambiente. A Irmã Cecilia também já notara o véu negro. No corredor da frente passavam pessoas na correria para socorrer algum paciente ou para salvar sua própria pele. O gritar de assombro de alguém se tornava a se repetir:
Alguém:
--- Tragam o extintor! Tragam o extintor! Tem muito fogo! – gritava sem esperanças uma pessoa.
Talvez fosse um fogo mesmo de maior consequência. A iluminação elétrica do Hospital em seu gerador não estava a se refazer. Isso, porém, nem conseguia alertar as duas moças. Elas tentavam a todo custo trazer de volta a cama de Otto. A se olhar para frente por entre a janela da suíte, se podia notar o alvoroço dos pobres indigentes e as aberturas das fendas no asfalto. Por ali não se podia trafegar a lugar algum. Alias ninguém pensava em sair de seus locais sofridos e miseráveis  de inquieto labor vez os quais todos estavam a se levantar, socorrer os enfermos solitários ou mesmo a procurar algum parente. As crianças pobres eram as mais inquietas daquele nostálgico momento sempre a chorar e acudir o auxilio de sua mãe ou parente. Após muito esforço a enfermeira Cecilia e a noiva de Otto, senhorita Vanesca conseguiram repor a cama em seu devido lugar. Mas em consequência tudo era muito vago. A falta de energia era o mais grave. E não adiantava se pedir por ajuda pois todos os enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal de apoio estavam a correr de um lado para outro a procura de algo para poder prestar socorro ou simplesmente para se livrar de um hecatombe maior, as catástrofes naturais de o terremoto.
O sol empalideceu por completo e o véu negro dominou todo aquele ambiente. A desordem abafou o ambiente hospitalar. Fora, eram os gritos por socorro de toda gente. Carros virados eram o mais visível. A Irmã Cecilia, condoída pela situação logo declarou:
Cecília:
--- Vou descer e ajudar toda aquela gente sofrida. A senhora fique aqui com o seu noivo! – alertou a Irmã procurando uma saída de emergência para se por ao lado dos miseráveis.
Vanesca nada respondeu. Apenas ficou a moça agoniada com a tragédia o terremoto assustador.
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 13 -

- Lana Del Rey -
- 13 -
IQUITOS
O médico ficou admirando a beleza suave de Vanesca antes de entrar na verdade da historia do enteógeno, o tema da conversa mantida entre os dois. O enteógeno é uma substancia onde a pessoa pode ingerir e na continuação entra em um transe psicodélico e se mante fora da realidade chegando a pensar ser ela um próprio Deus. É por isso ser o enteógeno vindo do grego querendo dizer Deus interior. Os condicionados nada sabem a respeito do estágio neurovegetativo do enteógeno. Atravessando uns bons segundo o doutor Melo voltou à conversa acercando-se do birô para dizer ser a cidade de Iquitos no Peru próximo à fronteira com a do Brasil, cerca de três mil quilômetros.
Melo:
--- A Ayahuasca é uma árvore. Iquitos fica a três mil quilômetros da fronteira brasileira. A Ayahuasca é usada a milhares de anos pelas tribos da floresta. O Xaman utiliza a Ayahuasca para tratar do enfermo de várias doenças. Por isso, os Xamans consideram o chá um remédio sagrado e não uma droga recreativa. Ao dizer dos Xamans as pessoas vindas da cidade vêm em busca de uma vida espiritual. A ingestão do chá permite uma nova relação com a pessoa. Os adeptos encontram no chá uma relação consigo mesmo, com o Universo e até com Deus. – explicou com muita calma o médico.
Vanesca:
--- Meu Deus do céu! Quer dizer que eu bebi esse chá e o que pensei não era verdade? – indagou extasiada a moça.
Melo:
--- Eu sei que a Ayahuasca é misturada com outras plantas nativas, como a Chacrona. Essa planta inclui atividade antibiótica. Em casos os pacientes têm visões alucinógenas. Tal substancia não se compromete com a corrente sanguínea. Na cidade, tem agente de turismo a ajudar os visitantes a encontrar os xamãs confiáveis. Os agentes de viagem que pode muito ser mulher, chegam a falar que a Ayahuasca faz parte da cultura do seu povo. É uma tradição se tomar o chá. As pessoas procuram tomar o chá do Santo Daime quando não estão bem equilibradas. – explicou o medico.
Vanesca:
--- Mas é natural se tomar o chá naquele país? – indagou atônita a moça.
Melo:
--- Na verdade as pessoas procuram os Xamans para participar de uma cerimônia. Pelo se sabe a Ayahuasca tem “ajudado” muitas pessoas com problema psicológico. Eles dizem estar mais sintonizados com os seus problemas. Eles se sentem mais felizes neste mundo.  E chegam a dizer ter se sentido melhor conexão com o Cosmo. É tanto que os xamãs introduzem do chá uma substancia conhecida por nome de “Céu” ou “cielo”.  – sorriu com vagar o médico.
Vanesca ficou bem mais abismada com as explicações das pelo Doutor Melo. E quanto o homem parava ela voltava a prosseguir.
Vanesca:
--- Continue! Continue! – alertou a moça como se tudo estava a acontecer de novo para o ser conhecer.
Medico sorriu em silencio e deu a prosseguir a sua conversa se ajeitando na cadeira. Dessa vez ele retornou a posição de ficar bem próximo ao birô e faz a sua palavra.
Melo:
--- Escute. Mas escute mesmo. Quando uma pessoa “bebe” a sua porção do Santo Daime, ela se transporta para “o espaço”. A senhora entendeu? – indagou o médico a fazer a alusão com as mãos por sobre sua cabeça dando o sinal de se transpor.
A moça ficou ainda mais curiosa. E não para de falar para o médico;
Vanesca:
--- Continue! Continue! – declarava a moça com enorme curiosidade nos efeitos da poção.
E o medico sorriu mais uma vez em silencio. Por fim voltou a contar sobre os efeitos do Santo Daime.
Melo:
--- Há pessoas que buscam no Santo Daime a explicação para um determinado problema. E por isso tomam a infusão. Tais pessoas tomam banhos de flores. É uma purificação da pessoa. O Xamã toma a droga para poder guiar os participantes. Os que já participaram da cerimonia dizem que beber a Ayahuasca não é nada fácil. A pessoa se liberta de todas as toxinas. É tanto que não se permite a beber a infusão a pessoas que estejam a tomar medicamento de tarja preta. Não raro a pessoa vomita tudo que tem no seu organismo. E além do mais, a pessoa passa um bom período de alucinação até o Santo Daime perder o seu efeito.  – calou o médico.
Vanesca:
--- Eu sei disso. O efeito dura de cinco a seis horas. Algumas pessoas superam a crise em quatro horas. Mas comigo foi de seis horas. É horrível! Com o tempo de sessões a gente vai se acomodando e se toma o chá mesmo em casa. Apesar de não ser recomendado. – falou a moça em tom de abandono.
Melo:
--- Quer dizer que estou ensinando o Padre Nosso a Vigário! – sorriu o doutor pela ânsia mulher.
Vanesca:
--- Não. De forma alguma! Eu estou querendo é entender o porquê da coisa! – falou depressa a moça.
Melo:
--- É isso mesmo. Os Xamãs contam que a droga permite abrir a mente para o encontro com o Divino. Os Xamãs chamam a Ayahuasca de televisão da floresta, pois as visões parecem estar em uma tela. Tem gente que se mudou para Iquitos para viver um mundo da Ayahuasca. Há que diga ter o Santo Daime curado do vicio da embriagues ou da droga. O que os dependentes dizem é que a Ayahuasca escolhe as pessoas. E não o contrário. O certo é que o iniciado sempre acredita ser ele uma espécie de Deus.  – falou de vez o médico psiquiatra.
Nesse ponto da conversa entre o Doutor Melo e a moça Vanesca, algo de súbito ocorreu. Um tremor de Terra a sacudir a todos por alguns segundos. Foi algo tão terrível como se estivesse a envergar todo o consultório. O medico procurava se apoiar no birô e nada conseguia. Vanesca caiu ao solo vendo as dependências do prédio da mesma forma querer sucumbir. Vidros caiam ao chão. Estantes viraram para um lado e outro. As lâmpadas apagaram de vez. E uma escuridão mortal enveredou de vez pela sala. Na sala do Doutor Melo um lustre despencou da parte de cima da cobertura do ostentoso edifício e se espatifou no chão. Molduras de retratos de coleções despencaram também de vez. Ouviram-se tenazes gritos aterradores por todo o corredor do edifício. Enfermeira a cair ao chão derramando todos os frascos de soros e medicamentos. O enfermo passou deitado em sua cama tão ligeiro que ninguém pode deter. Era um verdadeiro pandemônio o que se estava vendo por todo o prédio. Vanesca, caída ao chão, tentava se soerguer naqueles incertos segundos, porém não podia. O terremoto prosseguiu por alguns segundos e o povo foi tomado de pânico em todas as dependências do Hospital. Do lado de fora, nas tendas armadas para socorrer os doentes, era igual situação. Os enfermos caíram de suas camas e o povo todo era com se recebesse uma ducha de água quente. Esse povo se estendia pelo chão de qualquer forma como sendo levado por uma força gigante e aterradora. Brados horrendos e inquietantes  se ouviam. Crianças e idosos eram os mais prejudicados pelo terremoto. Carros tombaram e ficaram de rodas para cima como se fossem brinquedos de crianças. Um barulho ensurdecedor vibrava por todo canto do Hospital e da cidade. Nem mesmo o gerador de energia da Casa de Saúde foi possível ativar naquele hipotético instante. Após ligeiros segundos Vanesca se apoio em uma estante que veio abaixo e se manteve em pé, meio aturdidas com todo o tremor. O Medico também se levantou atordoado procurando divisar algo a sua frente. Tudo estava às escuras e nada se podia enxergar. O coração de Vanesca batia forte como se fosse sair por sua boca. O doutros Melo parecia ter engolido uma porção de fuligem. Era todo a tossir. O seu consultório estava ao desalinho e ele não podia enxergar um palmo a sua frente. O medico tentou escapar dos entulhos espalhados pelo chão e seguir até a porta. No caminho topou com a moça e se foi ao chão. Ele não podia divisar entre um e outro espaço. O tremor provocou uma cortina de poeira. Parecia ter sido o gabinete atingido por uma avalanche de terra como se estivesse caído em cima do homem. Vanesca então meio aturdida nem sequer conseguia atinar a porta do consultório. Na verdade, eram tudo feito as avessas. Em um distinto instante a moça ficou atenta e começou a gritar por qualquer coisa. Ela nem sequer pode perceber ter um médico caído sobre si. Com todo o jeito a moça indagou:
Vanesca:
--- É o senhor? – reclamou a moça estando por baixo do médico.
Melo:
--- Desculpe. Onde está a porta! – procurava divisa o médico a porta de seu consultório.
Vanesca:
--- Não sei. Eu estou amassada pelo senhor. – gritava a moça quase sem forças.
Melo:
--- Tenho de achar a porta! – disse de qualquer forma o médico.
 
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 12 -

- Rachel Weisz -
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AYAHUASCA
O médico se ajeitou em sua cadeira levando o corpo para trás e pondo as mãos na cabeça de forma a segura-la e olhou deveras atento à jovem moça sem dizer palavras. Passados alguns segundos, com o inquieto estado da moça o médico resolveu falar com esmero cuidado. Vanesca não suportava o silencio do homem. Foi necessário ele falar para deixa-la confortável. Nesse ponto Vanesca suspirou aliviada. Mesmo assim, por pouco tempo. A pergunta de chofre aturdiu  mais a moça em sua intranquila emoção. O homem fez a pergunta crucial.
Médico
--- Escute bem. Pense antes de responder. O paciente já teve experiência com entorpecentes? – fez a pergunta o médico.
Vanesca deslizou na cadeira e afinal respondeu:
Vanesca:
--- Que tipo de entorpecente? – indagou a moça meio sem vontade de falar.
O médico se ajeitou na sua cadeira, puxou o pacote que continha os exames para perto dele e resolveu falar com cuidado.
Médico:
--- A senhora deve saber. Os jovens procuram uma variedade de substancias. LSD, Ecstasy, maconha, dentre outras. É uma forma de desinibir a pessoa. Na Universidade são bem comuns essas drogas. E por acaso, o paciente usou de tal droga, pelo menos quando vocês se conheceram? – indagou o médico.
O suor frio percorreu a espinha de Vanesca. Ela sabia das historias de anfetaminas a envolver o rapaz. Porém para negar ou dizer a verdade, era um dilema crucial. Pelo menos Vanesca poderia dizer não saber de usos de substancias estimulantes pelo uso de Otto. Foi uma viagem cruel a qual fez a moça. Pelo menos das citadas pelo médico Vanesca teria certeza de não se fazer uso. Mas existia o Santo Daime, o chá poderoso feito na selva brasileira pelos índios. O chá retirava das pessoas as consequências agressivas com que se portava o adepto da infusão. A moça não sabia ao certo como era feito o Santo Daime. Apenas eles viajaram a um local não muito distante da cidade onde, por força de um amigo de redação, os dois foram apresentados ao Xamana, o homem dito ter o poder de curar. De então em diante, o casal costumava ir ao Centro chamado de Luz do Universo. Na primeira vez a graciosa moça se tremeu de medo e ouviu do amigo ser tudo fantasia de sua mente. Eles saltaram do carro e se pôs a caminho até a Cabana onde estavam reunidos os adeptos do sagrado Santo Daime. Na hora na qual chegaram havia  silencio profundo. Um moço perguntou de ondes eles estavam vindos. Os três disseram. O rapaz ouviu e com pouco de tempo mando-os entrar. Na entrada da sala havia outro homem. Esse perguntou do que precisavam. Eles responderam estar ali para conhecer o Santo Daime. Ao serem perguntados se era promessa eles disseram não ter promessas.  Apenas eles queriam conhecer o enteógeno da doutrina considerado como poderoso e sagrado. Otto sabia ter a dietilamida ácido lisérgico – LSD – o poder alucinógeno mais potente do que havia e ter sido criado em 1943 por um físico suíço. O cientista buscou o conhecimento através da literatura antiga. A droga já fora usada entre gregos e romanos. Houve uma conversa entre o casal quando Otto declarou ser o LSD o mais potente alucinógeno do mundo. Embora estivesse fazendo calor, o gabinete do doutor melo tinha um aparelho de ar condicionado. Esse frio fez com que Vanesca se encolhesse toda antes de responder a questão
Nesse momento a moça se curvou e após alguns segundo levantou a cabeça para dizer ao médico
Vanesca:
--- O que viu dizer nada tem a ver com a polícia? – indagou a moça.
E o médico respondeu tranquilo.
Melo:
--- De forma alguma. É assunto puramente científico. – disse o médico.
Vanesca:
--- Muito bem. Eu ouvi falar sobre os enteógenos desde o primeiro ano da Universidade. Foi no tempo em que conheci Otto. Era uma época de repressão. O Exercito estava todo nas ruas. E nós nos escondíamos por trás dos enteógenos. Mas não era o LSD. Esse enteógeno se ouvia apenas falar. Isso foi na época dos Beatles e do Woodstock. Esse foi um festival norte americano. O Woodstock como o senhor bem sabe. Era uma agitação total. Era como se fossem os homens das cavernas. Houve prisões, delação, enforcamento e coisa e tal. Horrível! E eu estava no meio desta confusão. Um dia alguém falou em um remédio milagroso que se estava a vender em uma cidade próxima. Eu fiquei atenta para o caso, mas não dei muita importância. Passado o tempo e um colega de redação me perguntou se eu queria conhecer o tal falado Santo Daime. Eu tremi nas bases. Porém, já com Otto, eu me prontifiquei em conhecer. Isso já faz muito tempo. Eu já estava no jornal. E Otto também se prontificou em ir. Então nós, certo dia, seguimos direto para o local indicado.  Por sua vez o amigo. .... Eu prefira omitir o nome do amigo. ...Pode ser? – indagou a moça meio acanhada.
Melo:
--- Pois não. Como quiser. -  disse o homem a se curvar na cadeira onde estava sentado de braços também postados sob o peito.
Vanesca:
--- Pois bem. Nós fomos a Cabana uma vez. Mas, nós sentimos a sensação de estarmos em um lugar remoto e tão lindo como se fosse a outro mundo. E não tinha essa coisa de Deus e de nada. Eu mesmo passei por essa sugestão. Depois eu perguntei a Otto e ele disse o mesmo. Era uma loucura. Eu fiquei daquela forma por seis ou sete horas. Depois dessa nossa viagem, voltamos na tenda para mais uma sessão de beleza. Era uma beleza sim senhor. Um êxtase. E dessa viagem ficamos amigos do Xaman e ele nos dá ou vente garrafas para nós tomarmos nos dias em que não podemos ir à sua tenda. – contou com um pouco de temor a moça.
O medico se voltou para falar com Vanesca de uma forma seria e tranquila como se estivesse a contar uma grata história antes não falada. E disse então.
Melo:
--- A senhora tem conhecimento de que é feito o Santo Daime? – indagou calmamente o médico.
Vanesca:
--- De fezes? – a moça sorriu.
Melo:
--- Não. De uma planta existente na Amazônia. Essa planta e Ayahuasca. A senhora entendeu? – indagou calmamente o médico.
Vanesca:
--- Aya o que? – falou com bastante atenção a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. É uma planta de grande altura. Os homens da floresta coletam as folhas e misturam com outras ervas e então eles fazem o chamado Santo Daime. – sorriu o medico se espreguiçado de novo.
Vanesca:
--- Nossa Mãe. Eu tinha certeza que era apenas um chá! – relatou a moça ao ter tal conhecimento.
Melo:
--- Não. É uma droga bastante perigosa e potencialmente forte. Nos ambientes fechados os médicos chegam a fazer exames com pacientes. Porem com bastante cautela. Essa droga, ela é usada apenas num contesto religioso. Mas se tem notado que o paciente tem o desejo de se ligar a uma coisa muito mais profunda. – relatou com paciência o médico.
A moça curvou a cabeça como se quisesse chorar. Mas não fez nenhuma menção de choro. Apenas passou  certo tempo daquela forma a pensar em si e no seu noivo. Provavelmente ele não tinha conhecimento do tal poder da droga. O sabor amargo do chamado chá era mais potente do que as mais poderosas bombas destrutivas. De certa forma era ela uma bomba destruidora. Ayahuasca era bem mais forte do que o poder de uma bomba como a de Hiroshima ou Nagasaki. E ela lembrou ter ouvido falar ter muita gente no encalço dessa maravilhosa bomba. Era de fato um cataclismo universal.  Por isso mesmo voltou a indagar ao médico.
Vanesca:
--- Como é o nome mesmo do Santo Daime? – indagou meio alucinada a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. Hoje se fazem verdadeiras “romarias” em busca desse chá. Pessoas do mundo todo. E as pessoas seguem até Iquitos, no Peru para conhecer o Santo Daime.   – explicou o médico.
Vanesca:
--- Onde fica essa cidade? – indagou nervosa a moça.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 11 -

- Rani Mukhrerjee -
- 11 -
EXAME
Eram passadas mais de duas horas do momento quando Otto foi levando para o interior do hospital e Vanesca não obtinha de qualquer notícia. Ela voltou a ligar para a sua cunhada Eleanor para relatar tal fato. Mas o seu celular estava sem crédito e não adiantava ligar para o telefone de casa. A moça foi quatro vezes ao toalete existente na suíte e da última vez nada fez. Vanesca olhou para ver as horas e não surtia efeito. Em um desses momentos, entrou na suíte a enfermeira a alegar ser o noivo da moça internado na UTI. Era caso normal. Nada de mais dizia a enfermeira, Irmã Cecília. Mesmo assim, a moça não se conformou e disse ser preciso de informação mais segura da parte do médico doutor Fonseca. A Irmã relatou ser ele quem mandou internar o paciente na UTI. Mas não por caso anormal. Era apenas precaução da medicina.
Irma:
--- A situação na cidade ainda está um alvoroço. É preciso cautela. Ele – Otto – não tem nada demais. Mesmo assim foi melhor deixa-lo em uma UTI onde se pode dar melhor atenção. – salientou a Irmã Cecília. Peço que a senhora tenha calma. Se precisar de roupas aconselho ir à sua casa. O rapaz Otto vai estar seguro na UTI. – comentou a Irmã.
Nesse ponto Vanesca teve que chorar por ver não poder fazer nada. Enfim, Vanesca obedeceu a recomendação da Irmã e deixou a suíte a procura de um taxis para buscar o seu automóvel deixado pela manhã no local onde Otto sofreu o desmaio. Em não muito tempo, Vanesca estava já com o seu automóvel e assim pode colocar mais crédito no celular e seguir até a residência de Otto, onde a sua mãe estava por demais em aflição. Vanesca sossegou a todos, inclusive ao pai do rapaz a dizer-lhe ter calma,  pois o médico era por demais competente e não precisava a ninguém ficar preocupado. Vanesca tomou um pouco de café e disse ter de sair para ver como estava o seu apartamento. Ela teria de trocar de roupas e voltaria ao Hospital onde passaria a noite. De qualquer modo, ela não saberia dizer por quanto tempo o seu noivo ficaria internado na UTI.
Vanesca:
--- Provavelmente deve ele ficar até amanha. É o que eu penso. – disse a moça.
Na manhã do dia seguinte, Vanesca acordou com um susto. Eram os maqueiros a entrar com seu noivo para deitá-lo na cama. Otto estava a dormir sedado por medicamentos. No mesmo instante entrou a enfermeira, Irmã Cecília. E logo após o doutor Melo o segundo médico a observar o enfermo. A enfermeira mantinha-se em silencio. O médico fez exames no paciente o logo após retornou para o seu gabinete. A noiva de Otto ficou menos preocupada e disse a Irmã Cecília ser ele – o médico – o segundo a ter acesso à suíte de Otto.
Cecília:
--- Ele é psiquiatra! – respondeu com calma a Irmã.  
Então, Vanesca se acomodou em seu canto, um acolchoado, e ficou a supor o feito em Otto, pois na verdade o rapaz era adormecido totalmente. De imediato ela se levantou e olhou de perto o semblante do seu noivo para perceber ser ele mesmo. E sorriu com afeto. Após ajeitar o cobertor em torno de Otto, a moça deu mais uma olhadela no semblante do noivo e se voltou com muita calma para o seu local. Posta no sofá, Vanesca olhava para Otto e passava a vista em uma publicação cientifica alí largada por alguém.  Na entrada do Hospital continuava o vespeiro com a multidão se aglomerando em torno dos seus parentes a fazer barulho por tudo e por nada. Veículos entravam e saiam com vagar apenas a buzinar constante. As sirenas eram ouvidas dos carros de polícia ou de veículos de pronto socorro. Prantos de crianças, gemidos de anciãos entre o gritar das mulheres e o falar dos homens eram casos tão comuns que já não faziam diferença para a noiva. Entre uns casos e outros havia as ofertas de água de coco ou de água gelada, amendoins, pasteis e coisas simples.  O sono voltou a conciliar a noiva Vanesca ela então adormeceu. Quando eram oito horas, a jovem noiva despertou, E notou uma mulher fazer o esfregado no quarto como se tudo estivesse sujo dentro da suíte. A moça olhou para o local ao lado e não viu mais a Irmã Cecília. Por acaso Vanesca indagou da mulher do asseio.
Vanesca:
--- A senhora sabe dizer para onde foi uma Freira que estava sentada aqui ao lado? – indagou a moça posta ao vexame.
Mulher:
--- Ela saiu quando eu entrei. – respondeu a mulher a esfregar o chão forrado.
Nesse instante, Vanesca se voltou para a porta da suíte e seguiu até o seu umbral. Porém logo depois se arrependeu e se voltou a sentar na sua poltrona, a olhar bem para o seu noivo inda a dormir. A moça se inquietou de uma dor nas costas  e fez massagens no local onde dava maior pontada. Após ser feita a massagem ela voltou a cochilar enquanto a servente esfregava o chão. Outro ajudante da servente entrou no quarto mostrando uns vidros de aromatizantes e ainda indagou da mulher se podia deixa-lo no local.
Servente:
--- Borrife! – respondeu a mulher fazendo um gesto com o seu dedo polegar a estender a mão.
Pouco antes das nove horas da manhã daquele mesmo dia, a Irmã Cecília entrou na suíte e deu cumprimentos a sua colega de quarto, como não a tivesse visto há vários dias. Na sequencia a Irmã aconselhou a Vanesca ir até ao Gabinete do Doutor Melo, psiquiatra, pois o médico lhe queria ver por algum tempo.
Irmã:
--- Pode ir. Eu fico. – disse a Irmã Cecília a Vanesca.
A moça a ouviu e olhou por mais uma vez como estava Otto e relatou ter que seguir as instruções da Irmã. E de repente se voltou à porta e seguiu viagem ao gabinete do Doutor Melo. Ao chegar ao gabinete não viu mais alguém. A sala estava fechada. Contudo, de um momento a porta foi aberta como por um milagre e apareceu o homem postando a sua veste de médico e fez menção de que a moça podia entrar. Com bastante cuidado, a olhar para um canto e outro do gabinete, Vanesca se adentrou na sala ainda pedindo desculpas pelo aperreio em não ter trocado de roupa. O medico postado em pé por trás do seu birô de atendimento apenas sorriu. E, além do mais a convidou a sentar. Como uma magia a porta foi fechada. A moça estremeceu de medo, pois não sabia como se fizera tal mecanismo. O médico apenas declarou:
Melo:
--- Controle remoto. – e mostrou o instrumento de fechar e abrir a porta.
Com a explicação a moça ficou mais tranquila. A sentar na cadeira do Gabinete do médico Vanesca voltou o olhar para tudo o que havia ali dentro. No birô, uma porção de papeis, com certeza, exames. O médico batia com os seus dedos, uns contra os outros a altura de sua boca a olhar fixo para Vanesca. Após um breve espaço de tempo, o doutor Melo voltou a conversa. E foi logo a dizer:
Melo:
--- O seu noivo está bem. Ele está apenas sedado por conta da alta de pressão súbita. E então perguntaria a senhora: há quanto tempo está noiva com o rapaz? – indagou o médico.
A moça estava com a vista presa ao monte de papel e ouviu o médico a lhe dizer. Então Vanesca respondeu de pronto:
Vanesca:
--- Dois anos. Quase dois. Mas nos conhecemos há mais tempo. – contemporizou a moça.
O médico anotou em um caderno. E depois falou sem graça.
Melo:
--- O paciente. ... Desculpe! O teu noivo tem parentes? – indagou com leveza o médico.
A mossa sorriu e deu logo a resposta:
Vanesca/:
--- Ah. Ele tem. Uma irmã, a mãe e o seu pai. Mas o pai teve problemas de saúde. Não precisa anotar. – disse a moça a sorrir.
Melo:
--- Não tem importância. Mas a senhora sabe de hábitos do seu noivo? – indagou o médico.
Vanesca:
--- Hábitos? Que hábitos? Bebidas? Eu sei disso. – comentou com surpresa.
 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 10 -

- Debora Falabella -
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SILÊNCIO
Antes de sair da suíte hospitalar o médico fez um gesto. Logo a noiva entendeu. Ele preparava uma injeção para aplicar na veia de Otto. E fez. Era um tranquilizante. A enfermeira lhe passou a tabuleta com o modo em que estava o paciente. A enfermeira não falou. Mas Vanesca compreendeu ser um calmante ou coisa do igual valor. Logo após a aplicação o medico Fonseca se dirigiu a Vanesca e disse ter  feito a Otto um medicamento para tranquilizar.
Médico:
--- Talvez ele durma por algumas horas. Depois eu volto. Obrigado. – falou Fonseca a  Vanesca e logo saiu advertindo a enfermeira ter ela  a ficar na suíte até chegar nova enfermeira.
E foi com isso com certeza que ele saiu da sala. Os maqueiros olharam para o medico e nada perguntaram. Eles saíram também. A enfermeira verificou de novo o paciente e saiu para se sentar. Vanesca indagou se a enfermeira estava ali por acaso ou se na verdade era funcionária do Hospital.
Vanesca:
--- A senhora está aqui por acaso ou é enfermeira do hospital? – indagou a moça.
Enfermeira.
--- Sou da Cruz Vermelha. – falou a enfermeira colocando seus petrechos na bolsa.
Vanesca:
--- Ah. Muito obrigado. Eu também estou prestando assistência a Cruz Vermelha. Ele também. Foi um desmaio que Otto teve. Então eu pedi ajuda. O rapaz trouxe Otto. Muita gente aqui. Nunca pensei. – falou a moça a toda pressa.
Enfermeira:
--- Isso é normal. Tem casos mais graves entre os enfermos. Cólera, principalmente. – falou a enfermeira.
Vanesca:
--- Ave Maria. Cólera? – indagou surpresa a moça.
Enfermeira:
--- Desnutrição. Isso é o que tem. – voltou a falar a enfermeira.
O assunto parou por um instante. Nesse espaço o médico entrou na companhia de uma freira. E deu liberdade a outra Enfermeira. Ao se voltar para a Freira logo lhe disse:
Médico:
--- Esse caso é meu. Não entra mais ninguém aqui. A senhora fica por um período. Depois nós acertaremos. – relatou o medico a Freira.
A enfermeira fez um sinal de ter entendido, como se falasse. – Sim senhor! – e calou. O médico voltou a verificar Otto e logo saiu. Após o médico sair a Freira foi até o canto onde estava a dormir o rapaz. O olhou bem e disse:
Freira:
--- Dorme. – e em silêncio voltou para a sua poltrona a passar a ler uma revista católica.
Vanesca ficou calada por breves instantes. E depois voltou a falar. A Freira fez um aviso para Vanesca não fazer barulho. A moça entendeu. Mas mesmo assim, perguntou:
Vanesca:
--- A senhora e Freira? – indagou a moça com cautela.
Freira:
--- Noviça. Mas tenho curso de enfermagem. – sorriu apenas com os lábios a Noviça.
Vanesca:
--- Ah bom. Estou mais tranquila. Ele é meu noivo. – falou em murmúrio a moça.
A Noviça sorriu e calou. Vanesca parou alguns minutos e voltou a falar em sussurro para a Irmã Noviça quase de supetão.
Vanesca:
--- Qual é teu nome, por favor? – indagou a moça.
Noviça:
--- Cecília. É o meu nome. – respondeu a Noviça sem pestanejar.
Vanesca:
--- Ah bom. Cecília. A Padroeira da Música. Latim. – sorriu a moça.
A Noviça apenas sorriu e não tirou a vista da leitura da sua revista. Nesse instante, Vanesca se levantou da poltrona onde estava e saiu, devagar, para o outro canto da sala onde fez uma ligação com o seu celular para a casa de Otto. Quem atendeu foi Eleanor, a solteira das três irmãs. Vanesca contou tudo o que houve, mas dizendo ter naquele ponto o médico verificado a condição de Otto e ele estava positivamente bem. Ao perguntar se podiam receber visitas, Eleanor teve a resposta não muito feliz.
Vanesca:
--- Eu vou perguntar ao medico. Quando ele voltar para a visita. Então eu digo a vocês. – disse a moça com bastante cuidado.
Quando Vanesca ligava o celular para a sua cunhada, e a mãe de Otto se aproximava, então entrou no quarto do rapaz o medico Dr. Fonseca todo atribulado. Em sua companhia veio outro médico, Dr. Melo. Eles – os dois – confabularam e logo a seguir entraram dois auxiliares portando uma maca. Os assistentes ficaram parados. A Irmã Cecilia se aproximou do medico e ficou a escutar a conversa. Nesse ponto, Vanesca pediu licença a sua cunhada e se voltou com pressa para os médicos. Dos dois a moça não ouviu uma palavra. Os maqueiros seguiram para a cama de Otto e desataram a bolsa de soro. Logo a seguir puseram Otto na maca e então os dois atendentes ficaram a esperar. Os médicos ainda confabularam. Em seguida o Dr. Fonseca relatou a Vanesca ter de ir com o paciente para fazer uma tomografia computadorizada.
Vanesca:
--- Que? Tumor? – falou a moça espantada e quase empalidecida.
Médico.
--- Exames. – e voltou a relatar o médico. E deu ordem para os maqueiros seguirem.
Os maqueiros obedeceram e a enfermeira Cecília seguiu com os dois rapazes. Quanto aos médicos esses voltaram pelo mesmo corredor. Vanesca ficou perplexa. Ela queria seguir também com os ajudantes hospitalares. Mas a conversa do médico não consentia tal motivo. De imediato um torpor tomou conta de Vanesca e a moça, quase ao desmaio procurou se sentar na poltrona onde estaria a esperar o fim daquele drama. Ela procurou telefonar para Eleanor. Na certa contaria tudo o que houve. Mas relutou um pouco e deixou cair seu celular. Ao passar alguns minutos fez ligação para a Fazenda. Ela queria falar com alguém. O celular não deu linha. Vanesca se perturbou. E gritou a baixa voz:
Vanesca:
--- Merda! Merda! Merda! – e ficou alheia ao tempo.
Na entrada do hospital, as barracas estavam armadas. Um vai-e-vem de pessoas para serem atendidas. Era muita gente, ao se olhar do alto do edifício do Hospital. Um enxame. Mas pareciam vespas a penetrar em uma colmeia. Num dado instante, houve um incidente. Uma mulher a gritar desvairada e apontar para um maqueiro. Nesse ponto Vanesca estava na janela da suíte. A multidão procurava agarrar a mulher. Porém sem êxito. Em determinado instante a mulher agarrou de uma garrafa e sacudiu contra o maqueiro. Esse já estava distante. A garrafa não o atingiu. A mulher gritava aos brados. A polícia chegou ao local. A mulher apontava para a tenda. A polícia segurava a mulher. Um verdadeiro inferno se formou entre o aglomerado de gente. Muita gente mesmo. A mulher tentou escapar e um policial deu um canga-pé. A mulher caiu ao solo e houve uma celeuma. As pessoas gritavam a todo custo para a polícia. E mostravam ao que parece uma vítima. Vanesca ficou impressionada com a real situação. De momento, a mulher foi presa em um camburão. Na barraca, s homens procuravam acudir um doente ou morto. Vanesca se apoiou na janela. E evitou em chamar a segurança do hospital.
Vanesca:
--- Nessa Senhora! Que coisa horrível! – falou a moça diante do desespero das pessoas.
 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 09 -

- Meenakshi Thapar -
- 09 -
SENTIDO
Após algum tempo Otto recobrou o sentido para a alegria de sua noiva. Tao logo se refez, o rapaz teve que deixar o local onde estava deitado para dar lugar a novo paciente. Mesmo assim, ele ainda não podia caminhar a contento. A sua respiração era um pouco ofegante e Vanesca teve de pedir ajuda aos maqueiros para por o noivo em outro local. Bem mais que urgente Vanesca procurou algo para o seu noivo se abanar. O rapaz não atinava com coisa alguma. Apenas Otto perguntava algo no seu delírio, talvez a procura de um note book ou coisa assim para poder fazer matéria de jornal. Vanesca ficou bem mais preocupada e então procurou um médico para dizer o que se passava com Otto. Mas, médico não havia a disposição, pois todos estavam ocupados com casos mais graves. Os maqueiros saíram e deixaram Vanesca apenas só. Ela e o homem do carro. Esse homem foi quem ajudou a trazer o rapaz para o hospital. De repente, Vanesca vislumbrou a figura de um médico. Ele vinha a caminhar quase que depressa entre a multidão formada no pátio interno do Hospital. A moça não reconheceu quem ele era. Mas, mesmo o puxou pela manda da túnica alertando de um enfermo a passar mal. O médico quis se soltar da moça. Foi então ter Vanesca o reconhecido entre tantas pessoas. O Doutor Fonseca, cliente do seu pai. Ela alertou para o médico:
Vanesca:
--- Doutor? O senhor não me está reconhecendo? – falou alarmada a moça.
Médico:
--- Não! Deixa-me passar, faz favor! – falou sem modos o médico.
Vanesca:
--- Eu sou Vanesca, filha do Coronel Bulhões. – gritou a moça para o medico ouvir.
O médico então divagou para ter certeza de quem era o coronel. E finalmente quis saber de quem era mesmo o Coronel. E Vanesca respondeu irritada:
Vanesca:
--- Seu colega de farda! – respondeu arrogante a moça.
Médico:
--- Ah bom. Onde está Bulhões? – quis saber o médico.
Vanesca:
--- Não é o meu pai. É o meu noivo. Ele está alí numa cadeira. Teve um desmaio. E agora já se lembra do meu pai? – perguntou meio tranquila a moça.
Médico:
--- Claro. Claro. Bulhões. Colega de farda. E onde está Bulhões? – indagou o medico se encaminhado para onde Otto estava.
Vanesca:
--- Na fazenda. Eu fiquei. Estou no serviço de ajuda aos enfermos. Meu noivo também. Ele teve um desmaio. Eu trouxe para o Hospital. Ele tornou e não diz coisa com coisa. – falou depressa a moça.
Médico:
--- Onde está a enfermeira? – indagou o medico a procura de uma enfermeira.
Isso foi quando uma enfermeira passava com pressa a socorrer outro enfermo. O médico pegou pela manga do avental e mando a enfermeira verificar a pressão do paciente. A enfermeira relutou a dizer ter de ir para outro serviço. O medico então mandou a moça verificar a pressão do paciente, pois naquela hora era estava requisitada para atender ao homem enfermo e nada mais.
Médico
--- Verifique a pressão! E a senhora está convocada para atender a esse paciente! É só! – respondeu o médico com plena brutalidade a enfermeira.
Dito isso o doutor Fonseca saiu às pressas em direção à entrada do Hospital. No caminho ordenou a dois maqueiros a buscar o paciente Otto e trazê-lo depressa para a entrada e nada mais. Os maqueiros ficaram surpresos com tal ordem a olhar um para o outro. Em seguida foram buscar Otto e por lá perguntaram.
Maqueiro:
--- Quem é o paciente? – perguntou um dos maqueiros.
Enfermeira:
--- Esse! – disse a enfermeira enquanto verificava a pressão de Otto.
Os dois corpulentos homens foram até Otto e, com cuidado, removeram o rapaz para a cama e postaram de bruços para cima. Com bastante cuidado rumaram eles para a porta do Hospital onde estava a esperar o doutor Fonseca a bater com as mãos para trás. Ao chegar à entrada do Hospital, onde havia um montão de gente uma atendente buscou saber o nome do paciente. O médico disse com certa imprudência que a jovem procurasse um quarto para o paciente.
Médico:
--- Um quarto, por favor! – declarou irritado o médico.
Atendente:
--- Mas não tem quarto aqui, doutor! – fez ver a moça de forma inquieta.
Médico:
--- Arranje! – disse o homem de forma áspera.
Atendente:
--- Mas como, se não tem? – disse a enfermeira de forma branda e inquieta.
Médico:
--- Pois vai assim mesmo. Entrem! – disse o medico as maqueiros.
Os maqueiros entraram e foram direto para o elevador. Quando chegaram à porta do elevador um deles falou com mansidão.
Maqueiro:
--- É o terceiro andar? – perguntou um dos maqueiros.
O médico Fonseca e continuou a olhar o número dos andares e a bater com as mãos postadas nas costas.
Os maqueiros entraram no espaço do elevador juntamente com a enfermeira, a noiva do rapaz e o medico doutor Fonseca. A chegar ao terceiro andar, o medico se dirigiu a uma porta fechada reservada a pacientes de primeira classe. Alí ele ordenou ter o paciente a ser internado e providenciar o que fora necessário. À enfermeira, ele disse:
Médico:
--- A senhora fique aqui até eu providenciar uma substituta. – concluiu o doutor Fonseca.
Enfermeira.
--- Sim senhor. Como o senhor manda! – respondeu a enfermeira com verdadeiro rancor.
Por esse tempo, no andar térreo um rapaz procurou saber da atendente quem era o médico a ordenar a procura de um quarto para Otto. E a jovem respondeu sem saber:
Atendente:
--- Sei lá! Eu não peguei nem o nome do doente! – disse a moça constrangida com a situação.
Rapaz:
--- Ele é quem manda aqui? – perguntou o rapaz.
Atendente:
--- Ele é o dono desse Hospital. E o diretor também. – relatou a moça um tanto acanhada.
Rapaz:
--- Prá ver. Uns tem tudo. Outros não têm nada! – relatou o rapaz.