sábado, 9 de junho de 2012

ISABEL - 11 -

- Cameron Diaz -
- 11 -
ANCIÃ
Certo dia, não muito longe dos atuais acontecimentos, estava Gonzaga a limpar a frente do barraco, encurvado de modo como fosse à anciã. Pela rua próxima e onde estava localizado o barraco, passavam carros, ônibus e gente. Gente das oficinas e moradores das imediações. Na parte do alto de onde ficavam as oficinas tinham várias moradias. Casas todas de pessoas como se podia dizer: gente rica. E eram dessas e de outras casas existentes no local que vinha o pessoal a conversar coisas simples ou de interesse particular. Nesse ponto, da rua mais ao largo, cruzando com a rua do barraco, vinha também à anciã em seu andar muito lento. Após uma eterna passagem, a anciã cruzou com Gonzaga. Esse continuava a recolher o tal famoso lixo. Mas não era lixo. Eram apenas carteiras vazias de cigarros e alguns matos existentes a crescer no aceiro do barraco. E a anciã se aproximou de Gonzaga. Olhou a mulher muito bem para o homem. Esse nada importou continuando a colher seus maços vazios de cigarros. Estava Isabel a olhar Gonzaga e a mulher. Os dois bem próximos. Isabel nada falava. Apenas olhava a anciã e Gonzaga. O tempo era de estio e nada havia para interromper o afazer do homem. Por isso mesmo ele continuava a catar o mato e as carteiras de cigarros. Foi nessa hora que a mulher se aproximou e disse a Gonzaga:
Anciã:
--- Meu filho! Faz tempo! – falou a alquebrada anciã.
Gonzaga foi tomado de surpresa e olhou para a anciã e apenas respondeu:
Gonzaga:
--- Ô minha vó! Estou apanhando o lixo! – respondeu Gonzaga sem entender muito bem o que ouviu da mulher de idade avançada.
A mulher continuou seu caminhar lento pela estrada da vida. Ela, a anciã, ainda teria a seguir pelo tempo ignoto do entardecer da sua paciência estranha. Era ela e a estrada da vida onde tamanha aflição não encontraria em pura beleza da vida passada. Isabel olhava para a anciã e nada mais perguntava quem era a senhora dos sonhos antigos de amor. Por fim, Isabel quis saber mais algo a respeito da mulher e perguntou a Gonzaga quem era aquela mulher.
Isabel:
--- Você conhece aquela velha? – quis saber Isabel.
Gonzaga se soergueu e disse apenas:
Gonzaga:
--- Ela passa quase sempre nessa rua. Eu a conheço de vistas. O pessoal a chama de minha vó. – respondeu o homem e voltou a apanhar seus papeis.
Isabel se deu por satisfeita e voltou à cozinha. Otilia continuava a servir cerveja aos clientes. Esses chegaram logo cedo da manhã. Entre os tais, seu Vinício, o homem que vendia cigarros retirados do depósito de vendas da empresa. Esse estava em plena conversa com Otilia sobre o caso de Toré, o rapaz do crime de morte havido na frente do bar há alguns dias. Na verdade, a moça não tinha a menor intenção em ouvir as agourentas frases ditas a respeito de quem já morreu e por qualquer motivo sequer. E assim, pôs-se a fazer de conta  de estar a ouvir e de um modo ou de outro pedia licença para atender a alguém no balcão. Era um jovem. Ele se deparou com Otilia de modo assombrado. Contudo, ainda assim, o rapaz indagou de quem poderia falar sobre um crime de morte havido há pouco tempo naquela rua. Otilia então se voltou para Isabel:
Otilia:
--- Isabel. Tem gente!  - disse a moça a ficar ao lado de trás onde Isabel ficaria.
De braços cruzados sobre a cintura, um pouco acima, Otilia ficou a esperar sobre qualquer assunto. Ela não queria se haver com nada daquilo. Dentro do bar, Otilia já estava ciente do assunto a querer propalar por seu Vinício. De outro lado, era um rapaz de fora. Ela nem sabia quem era o novato. Quando o rapaz tocou no assunto, Otilia logo se ausentou e chamou por sua companheira. Isabel veio logo e perguntou ao rapaz não deixando de olhar inquieta para Otilia.
Isabel
--- Pois não! O que precisas? – indagou Isabel a olhar para trás vendo a figura de Otilia com a cara bastante sisuda.
O rapaz se voltou um pouco para olhar Otilia e essa nada fez para sair do seu ângulo de visão. Então o moço voltou a falar se Isabel sabia dizer sobre o crime de morte havido há alguns dias naquela cercania. Isabel voltou a olhar para Otilia e respondeu de volta ao rapaz.
Isabel:
--- Só vi dois rapazes agarrados. Era gente demais por aqui e eu nem dei atenção. – respondeu Isabel ao rapaz sabendo estar relatando uma grossa mentira.
Rapaz:
--- Só estava à senhora aqui? – voltou o rapaz a indagar.
Isabel:
--- Eu. Só. A outra moça estava na cozinha. Mas se mal pergunto: o senhor é da polícia? – retornou a pergunta ao rapaz.
Rapaz:
--- Não. Eu sou irmão do morto. Apenas estou procurando me inteirar apenas da situação. – respondeu o rapaz sem tirar o olho de Otilia.
E então Gonzaga, sujo do lixo, se aproximou do rapaz. E indagou para o mesmo:
Gonzaga:
--- O senhor já esteve a falar com o delegado? – indagou Gonzaga completamente suado.
O rapaz se voltou naquele instante para ver melhor o homem.     E logo falou:
Rapaz:
--- Eu falei com o delegado. E ele não soube precisar de mais nada. Eu estou a procurar saber por o morto está com um relógio de pulso da marca Mido. Esse relógio era meu. É por isso que estou a perguntar por quem viu a briga. – disse o rapaz acautelando-se.
Gonzaga:
--- Ah. Bom. Eu não estava aqui, na hora. Mas relógio eu não ouvi falar. O corpo ficou estirado no calçamento e Isabel foi quem cobriu com um lençol. E se tinha ou não algo de valor, o médico é quem pode saber. – relatou Gonzaga empurrando o caso para outro lado.
Isabel:
--- Eu não vi nenhum objeto com o morto. Ao que parece ele já andava por outros bares. Eu não sei se ele ainda estava com esse relógio. – deu o seu parecer a jovem.
Rapaz:
--- Mas alguém me disse que a vítima estava com o relógio. – replicou o rapaz.
Gonzaga:
--- Amigo. Quando alguém está morto aparece alma de tudo o que lugar para depenar aquele que já morreu. Não restam duvidas. – tranquilizou Gonzaga batendo nas costas do rapaz.
Nesse momento Otília resolveu falar.
Otilia:
--- Na verdade eu vi um relógio. Era parecido com o que eu tenho. Olhe! – mostrou o seu braço ao rapaz.
O rapaz olhou de longe e viu que não era o seu relógio. E disse logo em seguida:
Rapaz:
--- Não. Não esse. Era um relógio banhado a ouro. Grande, por sinal. – fez ver o rapaz.
Otilia:
--- Pensei que fosse. Esse aqui é meu.      Eu comprei na loja. Tenho até a nota de venda, E foi há três dias. – respondeu Otilia querendo sentir o impacto do que a jovem declarou.
Isabel.
--- Eu vi quando Otilia fez a compra. Não era esse. E, aliás, eu tenho outro igual ao dela. Quer ver? – indagou Isabel.

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