- Cameron Diaz -
- 11 -
ANCIÃ
Certo
dia, não muito longe dos atuais acontecimentos, estava Gonzaga a limpar a
frente do barraco, encurvado de modo como fosse à anciã. Pela rua próxima e
onde estava localizado o barraco, passavam carros, ônibus e gente. Gente das
oficinas e moradores das imediações. Na parte do alto de onde ficavam as
oficinas tinham várias moradias. Casas todas de pessoas como se podia dizer:
gente rica. E eram dessas e de outras casas existentes no local que vinha o
pessoal a conversar coisas simples ou de interesse particular. Nesse ponto, da
rua mais ao largo, cruzando com a rua do barraco, vinha também à anciã em seu
andar muito lento. Após uma eterna passagem, a anciã cruzou com Gonzaga. Esse
continuava a recolher o tal famoso lixo. Mas não era lixo. Eram apenas
carteiras vazias de cigarros e alguns matos existentes a crescer no aceiro do
barraco. E a anciã se aproximou de Gonzaga. Olhou a mulher muito bem para o
homem. Esse nada importou continuando a colher seus maços vazios de cigarros.
Estava Isabel a olhar Gonzaga e a mulher. Os dois bem próximos. Isabel nada
falava. Apenas olhava a anciã e Gonzaga. O tempo era de estio e nada havia para
interromper o afazer do homem. Por isso mesmo ele continuava a catar o mato e
as carteiras de cigarros. Foi nessa hora que a mulher se aproximou e disse a
Gonzaga:
Anciã:
--- Meu
filho! Faz tempo! – falou a alquebrada anciã.
Gonzaga
foi tomado de surpresa e olhou para a anciã e apenas respondeu:
Gonzaga:
--- Ô
minha vó! Estou apanhando o lixo! – respondeu Gonzaga sem entender muito bem o
que ouviu da mulher de idade avançada.
A mulher
continuou seu caminhar lento pela estrada da vida. Ela, a anciã, ainda teria a
seguir pelo tempo ignoto do entardecer da sua paciência estranha. Era ela e a
estrada da vida onde tamanha aflição não encontraria em pura beleza da vida passada.
Isabel olhava para a anciã e nada mais perguntava quem era a senhora dos sonhos
antigos de amor. Por fim, Isabel quis saber mais algo a respeito da mulher e
perguntou a Gonzaga quem era aquela mulher.
Isabel:
--- Você
conhece aquela velha? – quis saber Isabel.
Gonzaga
se soergueu e disse apenas:
Gonzaga:
--- Ela
passa quase sempre nessa rua. Eu a conheço de vistas. O pessoal a chama de
minha vó. – respondeu o homem e voltou a apanhar seus papeis.
Isabel se
deu por satisfeita e voltou à cozinha. Otilia continuava a servir cerveja aos
clientes. Esses chegaram logo cedo da manhã. Entre os tais, seu Vinício, o
homem que vendia cigarros retirados do depósito de vendas da empresa. Esse
estava em plena conversa com Otilia sobre o caso de Toré, o rapaz do crime de
morte havido na frente do bar há alguns dias. Na verdade, a moça não tinha a
menor intenção em ouvir as agourentas frases ditas a respeito de quem já morreu
e por qualquer motivo sequer. E assim, pôs-se a fazer de conta de estar a ouvir e de um modo ou de outro
pedia licença para atender a alguém no balcão. Era um jovem. Ele se deparou com
Otilia de modo assombrado. Contudo, ainda assim, o rapaz indagou de quem
poderia falar sobre um crime de morte havido há pouco tempo naquela rua. Otilia
então se voltou para Isabel:
Otilia:
---
Isabel. Tem gente! - disse a moça a
ficar ao lado de trás onde Isabel ficaria.
De braços
cruzados sobre a cintura, um pouco acima, Otilia ficou a esperar sobre qualquer
assunto. Ela não queria se haver com nada daquilo. Dentro do bar, Otilia já
estava ciente do assunto a querer propalar por seu Vinício. De outro lado, era
um rapaz de fora. Ela nem sabia quem era o novato. Quando o rapaz tocou no
assunto, Otilia logo se ausentou e chamou por sua companheira. Isabel veio logo
e perguntou ao rapaz não deixando de olhar inquieta para Otilia.
Isabel
--- Pois
não! O que precisas? – indagou Isabel a olhar para trás vendo a figura de
Otilia com a cara bastante sisuda.
O rapaz
se voltou um pouco para olhar Otilia e essa nada fez para sair do seu ângulo de
visão. Então o moço voltou a falar se Isabel sabia dizer sobre o crime de morte
havido há alguns dias naquela cercania. Isabel voltou a olhar para Otilia e
respondeu de volta ao rapaz.
Isabel:
--- Só vi
dois rapazes agarrados. Era gente demais por aqui e eu nem dei atenção. –
respondeu Isabel ao rapaz sabendo estar relatando uma grossa mentira.
Rapaz:
--- Só
estava à senhora aqui? – voltou o rapaz a indagar.
Isabel:
--- Eu.
Só. A outra moça estava na cozinha. Mas se mal pergunto: o senhor é da polícia?
– retornou a pergunta ao rapaz.
Rapaz:
--- Não.
Eu sou irmão do morto. Apenas estou procurando me inteirar apenas da situação.
– respondeu o rapaz sem tirar o olho de Otilia.
E então
Gonzaga, sujo do lixo, se aproximou do rapaz. E indagou para o mesmo:
Gonzaga:
--- O
senhor já esteve a falar com o delegado? – indagou Gonzaga completamente suado.
O rapaz
se voltou naquele instante para ver melhor o homem. E logo falou:
Rapaz:
--- Eu
falei com o delegado. E ele não soube precisar de mais nada. Eu estou a
procurar saber por o morto está com um relógio de pulso da marca Mido. Esse
relógio era meu. É por isso que estou a perguntar por quem viu a briga. – disse
o rapaz acautelando-se.
Gonzaga:
--- Ah.
Bom. Eu não estava aqui, na hora. Mas relógio eu não ouvi falar. O corpo ficou
estirado no calçamento e Isabel foi quem cobriu com um lençol. E se tinha ou
não algo de valor, o médico é quem pode saber. – relatou Gonzaga empurrando o
caso para outro lado.
Isabel:
--- Eu
não vi nenhum objeto com o morto. Ao que parece ele já andava por outros bares.
Eu não sei se ele ainda estava com esse relógio. – deu o seu parecer a jovem.
Rapaz:
--- Mas
alguém me disse que a vítima estava com o relógio. – replicou o rapaz.
Gonzaga:
---
Amigo. Quando alguém está morto aparece alma de tudo o que lugar para depenar
aquele que já morreu. Não restam duvidas. – tranquilizou Gonzaga batendo nas
costas do rapaz.
Nesse
momento Otília resolveu falar.
Otilia:
--- Na
verdade eu vi um relógio. Era parecido com o que eu tenho. Olhe! – mostrou o
seu braço ao rapaz.
O rapaz
olhou de longe e viu que não era o seu relógio. E disse logo em seguida:
Rapaz:
--- Não.
Não esse. Era um relógio banhado a ouro. Grande, por sinal. – fez ver o rapaz.
Otilia:
---
Pensei que fosse. Esse aqui é meu. Eu
comprei na loja. Tenho até a nota de venda, E foi há três dias. – respondeu
Otilia querendo sentir o impacto do que a jovem declarou.
Isabel.
--- Eu vi
quando Otilia fez a compra. Não era esse. E, aliás, eu tenho outro igual ao
dela. Quer ver? – indagou Isabel.
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