quinta-feira, 12 de julho de 2012

ISABEL - 22 -

- Catherine Zeta Jones -
- 22 -
Na verdade, Toré abriu uma loja de artigos de automóveis onde ele era o mecânico ou, pelo menos dava a orientação precisa, e o outro era o senhor Paulo Nogueira mais conhecido pelo sobrenome. A loja de autopeças foi aberta na rua principal do bairro onde havia outras lojas concorrentes. Seus preços accessíveis davam a vantagem de vender muito mais. Quem procurava adquirir um disco de embreagem procurava de imediato por Toré, pois sabia ser ele o dono do conhecimento de todas as peças de auto. A loja ficava em um andar térreo do prédio, pois no andar de cima era a morada do senhor Nogueira e de sua família. A loja era ampla, de duas casas já compradas pela firma resultando em um comprimento de doze metros de frente e trinta metros de extensão. Com o nome sugestivo de Loja São Cristóvão, padroeiro dos motoristas a nova empresa tinha todo o sortimentos de artigos para auto, incluindo equipamentos sonoros.  Toré continuava a residir na rua chama da Linha (do trem) e a sua esposa aproveitava o tempo para fazer o vestuário do bebê. Em certa ocasião, parou um automóvel na frente da casa. Era mesmo Toré. Ele adquirira o carro por preço de ocasião e tudo o que havia necessidade de reparos ele mesmo fazia ou um mecânico José Pereira era também o responsável pelos acertos. Quando o carro estacionou na porta a mãe de Toré indagou quem seria o tal, com voz mais ou menos lenta e olhando para trás do ponto onde estava sentada em sua máquina de costura.
Dulce:
--- Quem é? – indagou de modo estranho a mulher olhando para a porta.
Otilia:
--- Toré! Com certeza ele veio apanhar alguma coisa! – respondeu Otilia torando a linha com os dentes.
Mas Toré estava ali para mostrar o seu primeiro carro. Foi assim ele a dizer:
Toré:
--- Olha o nosso carro! – sorriu Toré a mostrar o auto na porta da casa.
Otilia:
--- Não disse ser ele. Menino! Um carro?! – falou a mulher totalmente assustada com a nova aquisição de Toré.
Toré:
--- É o seu presente por conta da barriga! – sorriu Toré repleto de alegria.
A mulher sorriu e logo saiu da cadeira onde estava e o beijo ternamente. Foi um beijo prolongado, demorado até quando ele pode falar com a sua mãe, Dulce Pontes, a dizer ser o carro presente para as duas mulheres da casa. Dulce ficou feliz, mas logo após decidiu ser o presente apenas para o filho do casal a nascer.
Toré:
--- É pra todos vocês, então. Mulher, mãe e o rebento. – e agarrou a esposa e beijou em seu ventre amado. Toré nem parecia o homem de tempos atrás.
Na manha daquele domingo inicio da semana, Toré foi com a sua esposa para visitar o amigo Gonzaga e apresentar a nova aquisição: o carro. Era por volta das dez horas. O bar estava com seu comercio reduzido como era frequente em todo o domingo. Pessoas passavam vindas da Igreja Matriz após a Missa das nove horas. Toré ainda olhou em direção da Matriz e viu um grupo de pessoas. Com certeza era um batizado. Ele olhou e tirou a vista para descer com sua esposa Otilia. Por certo, Gonzaga esfregava a estopa no chão e, quando o automóvel estacionou em frente ao bar ele se soergueu e, depressa, pode ver Toré, esposa grávida e o carro. E de imediato foi logo a dizer:
Gonzaga:
--- Muito bem. Um belo carro, compadre! – ressaltou Gonzaga a seu amigo.
Toré:
--- Foi o que deu para compar. Ainda falta fazer uns reparos. – sorriu o rapaz apontando a lataria.
A mulher, Otilia, cumprimentou o seu compadre e saiu correndo para o interior do restaurante a chamar por Isabel.
Otilia:
--- Onde está o povo dessa casa? – indagou sorrindo a mulher.
Isabel:
--- Amiga! Até que enfim! – gritou exaltada a mulher do bar.
Otilia:
--- Pois é. A barriga me atormenta. Quais as novidades? – indagou Otilia a sorrir.
Isabel:
--- Mulher! Eu não te conto! Sabe que está internada? – indagou Isabel com olhos atentos.
Otilia:
--- A velha! – respondeu Otilia em cima da hora.
Isabel:
--- Como você soube? Pois é mulher. Dona Marina. O filho? Nem se sabe dele! Coitada! Eu tenho é pena! – relatou Isabel pela mulher Marina.
A conversa continuou por mais tempo com o relato de Marina. Talvez fosse gangrena ou mesmo diabetes. O restaurante estava fechado e toda a freguesia tomou o rumo do restaurante onde Isabel preparava almoço para os fregueses. A mulher já sabia como servir, pois o pouco tempo a permanecer na pensão lhe deu meios para servir aos contentos a vasta freguesia. Em um só tempo, havia também o atendimento da outra parte do restaurante. Enfim, terminava tudo em uma só tarefa. Nesse momento, além de Das Dores havia mais duas garçonetes a servir. Salário baixo. Isabel aprendeu com Marina a despachar as ninfas para a saída com seus homens. No domingo, ainda com sono apareceu uma das tais. Como não podia fazer nada se sentou em uma cadeira e deitou a cabeça na mesa do bar. Isabel olhou para a moça e depois sorriu para Otilia.
Otilia:
--- Vai ter muito que aprender. – falou muito baixinho a mulher.
Isabel voltou a olhar a moça e depois disse a Otilia assuntos de interesse de ambas.  Enquanto isso, Gonzaga tratava de olhar de perto o carro novo de Toré. Lá pras tantas, Gonzaga falou em uma herança. Ele estava para receber um sítio no interior dado por herança  à sua provável mãe.
Gonzaga:
--- Sabe? Eu sou filho adotivo. Desde muito cedo eu descobri ser filho adotivo. Mas eu não ligava para tal. Agora, um advogado me procurou para dizer ser eu filho único de Maria Francisca de Algarve. Ela morreu e me deixou por herança um sítio enorme. O caso é que eu tenho de procurar alguns documentos e provar ser filho adotivo do pessoal que me criou. – falou sem pressa o homem.
Toré:
--- A sua mãe morreu quando? – indagou o rapaz.
Gonzaga:
--- Não sei. O advogado me informou ter ela ser vítima de um acidente de carro. Porém não deu detalhes. – falou o homem
Toré;
--- Agora me veio um pensamento. A mulher que andava por aqui, corcovada, morreu quando você se casou. Ela foi acidentada por um carro quando a gente estava na Igreja, Interessante! – falou o rapaz com um pouco de desconfiança.
Gonzaga:
--- Eu soube desse acidente. Foi próximo a Igreja. – detalhou o homem.
O rapaz ficou a olhar o seu compadre e nada falou.

AUTOMÓVEL

Nenhum comentário:

Postar um comentário