- Antje Traue -
- 08 -
TERREMOTO
Um dia depois do terremoto, a
Municipalidade, os Governos do Estado e do País, entrou de prontidão máxima
diante da catástrofe avassaladora a qual dizimou milhares de pessoas além de
animais domésticos ou não. O País tomou por cuidado uma epidemia de cólera
diante da vital consequência do tremor seguido da onda gigante. O Governo do
Município decretou emergências em seus diversos setores. As aulas foram
suspensas a partir da segunda-feira tanto das escolas do Município com nos
colégios do Estado e nos da esfera federal. A Prefeitura sustou todo e qualquer
pagamento, menos o do pessoal autárquico. E o Estado seguiu o mesmo esquema. A
emissora de televisão ficou fora do ar desde a noite de sexta feira e até um
Farol da Marinha teve sua estrutura abalada a deixá-lo sem iluminação própria.
Houve pânico total da cidade e Municípios vizinhos onde o terremoto foi sentido.
Na costa havia milhões de toneladas de entulho levadas pela onda gigante. Um
navio encalhou na entrada da barra empatado a saída de qualquer embarcação de
grande ponte. A ponte de ligação entre a Cidade ficou derreada sem favorecer a
passagem de veículos desde a noite fatal quando houve o tremor. O vento, a
chuva e a onda marinha tinham feito o resto. O sismo foi apontado como o
primeiro e maior devastador do País. A falta de energia elétrica persistia em
boa parte da cidade. Ferrovias foram destroçadas e, pelo menos três mil pessoas
morreram na primeira contagem um dia depois. As perdas materiais somaram cifras
incalculáveis. Os bairros pobres da cidade foram os mais sacrificados. O
prefeito do Município esteve em um bairro afetado onde recebido com clamor e
lágrimas. O homem declarou ter sentido o mesmo pavor que a gente pobre sentiu.
Prefeito:
--- Minha gente humilde. Eu posso
lhe contar. Eu me borrei todo na hora do tremor. Foi uma coisa incrível esse
negocio. Ondas gigantes vinham para cima do calçadão. E entrou de rua adentro.
Fez miséria como pode. O monturo está no mesmo local. A remoção é difícil. Têm
geladeiras, fogões, equipamentos de som e tudo mais que se deixou em casa. É
uma calamidade total. Casas derreadas. Ruas bloqueadas. É o fim essa miséria.
Eu vim aqui porque aqui é que o povo pobre mais sofreu. Eu peço que vocês me
ajudem. Eu garanto cobrir as despesas com seus parentes mortos. – reclamou o
prefeito da cidade.
O Governo divulgava através de
parcos meios ter feito urgente pedido ao Governo Federal para ajuda de comida e
roupas. A Cruz Vermelha montou barracas para dar ajuda aos necessitados pela
calamidade. Organismos assistenciais estavam preparados para socorrer as
famílias mais sofridas com o terremoto. Na segunda feira foi feriado, pois o
comercio não pode funcionar devido noticias de saque e para se restabelecer em
seus estoque destroçados pelo fenômeno
intempestivo. Os telefones de emergência continuavam paralisados e não havia
meios de atendimento urgente à população esquecida pela sorte.
Ajudas particulares começaram há
chegar dois dias depois do terremoto seguido de onda sísmicas do mar. O que era
visto podia ser de gente humilde a fretar os caminhões e vir trazer alimentos
básicos para a população desassistida. E com essa ajuda veio também de milhares
de pessoas a levar as populações desabrigadas o seu auxilio e socorro. Em todos
esses casos, estavam presentes Otto e Vanesca a angariar da forma como podiam e
direcionar as famílias sobreviventes em meio do caos. Essa era uma ajuda não
passada em jornais, pois Otto e Vanesca não tinham tempo de dar entrevista a nenhum
profissional da impressa. Eles estavam no campo como os flagelados também
estavam. O casal não podia contar por inteiro o número de construções
danificadas. O casal apenas anotava como podia em um mapa a ajuda fornecida as
demais angustiadas famílias. Do seu trabalho, Otto não deu mais importância e
Vanesca obedecia à mesma disciplina:
Otto:
--- É hora de se fazer algo por
alguém necessitado. – relatava Otto entre meio de conversa.
E era assim a ser feito no meio
daquela situação aflitiva do povo pobre da capital. E com isso não desistia em
ajudar as vítimas com resolução e luta. Quando não era uma coisa, era outra.
Sem saber mais do seu trabalho, Otto tratava em construir abrigos com
divisórias de papelão para cada família. Crianças eram as que mais tinham
assistência por parte de Otto e Vanesca sempre a cuidar dos meninos
maltrapilhos a chorar em busca de um parente desaparecido. A jovem moça não
para de ajudar no meio de tão grande aflição. O maremoto tinha parado, mas a
força de Vanesca ainda era de luta. O fato tornou-se tão conhecido, pois outras
pessoas procuram também ajudar aos dois heróis anônimos na tragédia daquela
sexta feira de lazer.
As ondas de maré, como se
traduzia esse fenômeno perdia o sentido para o macaréu de extraordinária
altura. O macaréu é o choque das águas de um rio caudaloso com as ondas da maré
enchente. O fenômeno sempre ocorre com a mudança da lua ou quando acontece um
sismo no oceano. Diante de tal calamidade quem reside em áreas costeiras quase
sempre está sujeito ao fenômeno das ondas gigantes. Sabedor disso, Otto continuava a trabalhar de
forma incessante, nem se importando com mar ou com terremoto. Era o seu sentido
ajudar as vitimas da angustiante tensão emocional. O rio Amarelo prosseguia com
as águas turvas não facilitando as pessoas carentes a buscar alimentos tão
comuns em qualquer época do ano. O rio sofreu danos ameaçadores com a onda da
sexta feira. Não tratado, assim o rio continuava turbulento e perigoso para
todos os buscadores de alimentos, como goiamuns ou peixes de tamanho reduzido.
Tais alimentos não apareciam de modo algum. O homem havia dito de uma enorme
mortandade de peixes. Com certeza eram pescados apodrecidos pela maré gigante.
O terremoto contribuiu para tal mortandade.
Uma semana depois de extenuantes
sacrifícios Otto já estava exausto. E, certa manhã, ele não pode mais
trabalhar. O rapaz, certa hora, ao pegar em uma folha de papelão, sentiu a
cabeça rodar e não dizendo coisa alguma ele próprio desmaiou, A sua noiva,
gritou aflita vendo o rapaz caído ao chão e se agarrou com ele a todo custo. As
pessoas olharam admiradas. Mas Vanesca gritava sem sessar e a pedir socorro:
Vanesca:
--- Socorro! Socorro! O rapaz
está morrendo!!! – gritava e chorava a um só tempo a sua noiva.
Foi então ter vindo quatro homens
e arrastado Otto para local tranquilo. O carro foi acionado e seu motorista
pegou o rapaz e o colocou no banco de trás. Vanesca seguiu com Otto, a chorar
de tanta dor e compulsiva ordenou ao motorista seguir depressa para alguma casa
de saúde uma vez seu noivo ter desmaiado sem qualquer motivo aparente. O
motorista seguiu na companhia de outro homem. Esse dizia apenas ser um desmaio
do exaustivo trabalho ter um homem feito nos últimos dias. E ainda indagou se
não seria melhor leva-lo a tenda da Cruz Vermelha onde estavam os paramédicos.
A moça, desesperada, disse não, pois um hospital era bem melhor. O homem ver
fez ter os hospitais todos lotado por conta do terremoto seguido da onda
gigante. A moça, desatinada, nada queria saber e apenas reclamava:
Vanesca:
--- O hospital! O hospital! Eu
quero o Hospital! – reclamava a moça a chorar.
Depois de seguidas voltas o
motorista entrou no Hospital Central onde havia um movimento demasiado para o
atendimento aos pacientes. Camas montadas no pátio externo; espaços feitos com
lonas para deixar pacientes; mulheres e homens ao desmaio; crianças desnutridas
a chorar intermitente; velhos caídos ao chão para poder ser atendidos. Um caos
total era o terror do hospital. Para o carro entrar foi um tremendo sacrifício.
Outros veículos tomavam-lhe a frente. O motorista, desesperado com a barulheira
dos carros e outros motoristas e as reclamações das pessoas, todas espremidas
como sardinhas, resolveu ficar fora e levar o doente em seus braços ajudado
pelo homem que vinha ao lado e pela noiva do moribundo. Maca não tinha. O
motorista foi mais desesperado. As enfermeiras passavam para um lado e para o
outro sem dar a menor atenção. Era gente demais. Talvez mil ou duas mil pessoas
no espaço reservado apenas a carros. U maqueiro passou correndo pelo jornalista
sem dar a menor satisfação. Vanesca encontrou uma cama desocupada, pois o
paciente era removido para o interior do hospital. Disse a moça com toda
vontade para se por Otto naquele espaço pequeno em baixo de uma tenda de
campanha.
Vanesca:
--- Aqui! Aqui! Ponha Otto aqui!
É ruim, mas é melhor! Aqui! Vamos depressa! – falou alarmada a moça caída aos
prantos.
E daí passou a agarrar um
voluntario da saúde e fez o moço atender de qualquer forma ao rapaz sem
precisar de maiores recursos. O atendente procurou se desvencilhar da moça e
ela mostro sua identidade de jornalista. Não se sabe como, mas o rapaz de
pronto verificou o pulso de Otto e
providenciou a medicação adequada em casos graves ou mais ou menos graves de um enfermo. Era uma
gritaria ensurdecedora de pessoas a pedir soro ou outra coisa qualquer. Uma
mulher chegou a uma enfermeira e mostrou seu dinheiro para pagar a consulta de
um ferimento na perna. A enfermeira deu o dinheiro de volta e apenas disse:
Enfermeira:
--- Aqui é um hospital! Tome seu
dinheiro! Ele não vale nada! E a senhora pode morrer que não me faz falta–
respondeu a enfermeira bastante colérica. E saiu arrogante.
A mulher infernizada saiu de
qualquer forma à procura de um médico qualquer. No seu caminhar, tropeçou e
caiu. A enfermeira olhou a queda e ainda ressaltou:
Enfermeira:
--- Se eu soubesse que tinha uma
praga tão boa não tinha gasto com essa mulher. – enfatizou a enfermeira.
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