quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 08 -

- Antje Traue -
- 08 -
TERREMOTO
Um dia depois do terremoto, a Municipalidade, os Governos do Estado e do País, entrou de prontidão máxima diante da catástrofe avassaladora a qual dizimou milhares de pessoas além de animais domésticos ou não. O País tomou por cuidado uma epidemia de cólera diante da vital consequência do tremor seguido da onda gigante. O Governo do Município decretou emergências em seus diversos setores. As aulas foram suspensas a partir da segunda-feira tanto das escolas do Município com nos colégios do Estado e nos da esfera federal. A Prefeitura sustou todo e qualquer pagamento, menos o do pessoal autárquico. E o Estado seguiu o mesmo esquema. A emissora de televisão ficou fora do ar desde a noite de sexta feira e até um Farol da Marinha teve sua estrutura abalada a deixá-lo sem iluminação própria. Houve pânico total da cidade e Municípios vizinhos onde o terremoto foi sentido. Na costa havia milhões de toneladas de entulho levadas pela onda gigante. Um navio encalhou na entrada da barra empatado a saída de qualquer embarcação de grande ponte. A ponte de ligação entre a Cidade ficou derreada sem favorecer a passagem de veículos desde a noite fatal quando houve o tremor. O vento, a chuva e a onda marinha tinham feito o resto. O sismo foi apontado como o primeiro e maior devastador do País. A falta de energia elétrica persistia em boa parte da cidade. Ferrovias foram destroçadas e, pelo menos três mil pessoas morreram na primeira contagem um dia depois. As perdas materiais somaram cifras incalculáveis. Os bairros pobres da cidade foram os mais sacrificados. O prefeito do Município esteve em um bairro afetado onde recebido com clamor e lágrimas. O homem declarou ter sentido o mesmo pavor que a gente pobre sentiu.
Prefeito:
--- Minha gente humilde. Eu posso lhe contar. Eu me borrei todo na hora do tremor. Foi uma coisa incrível esse negocio. Ondas gigantes vinham para cima do calçadão. E entrou de rua adentro. Fez miséria como pode. O monturo está no mesmo local. A remoção é difícil. Têm geladeiras, fogões, equipamentos de som e tudo mais que se deixou em casa. É uma calamidade total. Casas derreadas. Ruas bloqueadas. É o fim essa miséria. Eu vim aqui porque aqui é que o povo pobre mais sofreu. Eu peço que vocês me ajudem. Eu garanto cobrir as despesas com seus parentes mortos. – reclamou o prefeito da cidade.
O Governo divulgava através de parcos meios ter feito urgente pedido ao Governo Federal para ajuda de comida e roupas. A Cruz Vermelha montou barracas para dar ajuda aos necessitados pela calamidade. Organismos assistenciais estavam preparados para socorrer as famílias mais sofridas com o terremoto. Na segunda feira foi feriado, pois o comercio não pode funcionar devido noticias de saque e para se restabelecer em seus  estoque destroçados pelo fenômeno intempestivo. Os telefones de emergência continuavam paralisados e não havia meios de atendimento urgente à população esquecida pela sorte.  
Ajudas particulares começaram há chegar dois dias depois do terremoto seguido de onda sísmicas do mar. O que era visto podia ser de gente humilde a fretar os caminhões e vir trazer alimentos básicos para a população desassistida. E com essa ajuda veio também de milhares de pessoas a levar as populações desabrigadas o seu auxilio e socorro. Em todos esses casos, estavam presentes Otto e Vanesca a angariar da forma como podiam e direcionar as famílias sobreviventes em meio do caos. Essa era uma ajuda não passada em jornais, pois Otto e Vanesca não tinham tempo de dar entrevista a nenhum profissional da impressa. Eles estavam no campo como os flagelados também estavam. O casal não podia contar por inteiro o número de construções danificadas. O casal apenas anotava como podia em um mapa a ajuda fornecida as demais angustiadas famílias. Do seu trabalho, Otto não deu mais importância e Vanesca obedecia à mesma disciplina:
Otto:
--- É hora de se fazer algo por alguém necessitado. – relatava Otto entre meio de conversa.
E era assim a ser feito no meio daquela situação aflitiva do povo pobre da capital. E com isso não desistia em ajudar as vítimas com resolução e luta. Quando não era uma coisa, era outra. Sem saber mais do seu trabalho, Otto tratava em construir abrigos com divisórias de papelão para cada família. Crianças eram as que mais tinham assistência por parte de Otto e Vanesca sempre a cuidar dos meninos maltrapilhos a chorar em busca de um parente desaparecido. A jovem moça não para de ajudar no meio de tão grande aflição. O maremoto tinha parado, mas a força de Vanesca ainda era de luta. O fato tornou-se tão conhecido, pois outras pessoas procuram também ajudar aos dois heróis anônimos na tragédia daquela sexta feira de lazer. 
As ondas de maré, como se traduzia esse fenômeno perdia o sentido para o macaréu de extraordinária altura. O macaréu é o choque das águas de um rio caudaloso com as ondas da maré enchente. O fenômeno sempre ocorre com a mudança da lua ou quando acontece um sismo no oceano. Diante de tal calamidade quem reside em áreas costeiras quase sempre está sujeito ao fenômeno das ondas gigantes.  Sabedor disso, Otto continuava a trabalhar de forma incessante, nem se importando com mar ou com terremoto. Era o seu sentido ajudar as vitimas da angustiante tensão emocional. O rio Amarelo prosseguia com as águas turvas não facilitando as pessoas carentes a buscar alimentos tão comuns em qualquer época do ano. O rio sofreu danos ameaçadores com a onda da sexta feira. Não tratado, assim o rio continuava turbulento e perigoso para todos os buscadores de alimentos, como goiamuns ou peixes de tamanho reduzido. Tais alimentos não apareciam de modo algum. O homem havia dito de uma enorme mortandade de peixes. Com certeza eram pescados apodrecidos pela maré gigante. O terremoto contribuiu para tal mortandade.
Uma semana depois de extenuantes sacrifícios Otto já estava exausto. E, certa manhã, ele não pode mais trabalhar. O rapaz, certa hora, ao pegar em uma folha de papelão, sentiu a cabeça rodar e não dizendo coisa alguma ele próprio desmaiou, A sua noiva, gritou aflita vendo o rapaz caído ao chão e se agarrou com ele a todo custo. As pessoas olharam admiradas. Mas Vanesca gritava sem sessar e a pedir socorro:
Vanesca:
--- Socorro! Socorro! O rapaz está morrendo!!! – gritava e chorava a um só tempo a sua noiva.
Foi então ter vindo quatro homens e arrastado Otto para local tranquilo. O carro foi acionado e seu motorista pegou o rapaz e o colocou no banco de trás. Vanesca seguiu com Otto, a chorar de tanta dor e compulsiva ordenou ao motorista seguir depressa para alguma casa de saúde uma vez seu noivo ter desmaiado sem qualquer motivo aparente. O motorista seguiu na companhia de outro homem. Esse dizia apenas ser um desmaio do exaustivo trabalho ter um homem feito nos últimos dias. E ainda indagou se não seria melhor leva-lo a tenda da Cruz Vermelha onde estavam os paramédicos. A moça, desesperada, disse não, pois um hospital era bem melhor. O homem ver fez ter os hospitais todos lotado por conta do terremoto seguido da onda gigante. A moça, desatinada, nada queria saber e apenas reclamava:
Vanesca:
--- O hospital! O hospital! Eu quero o Hospital! – reclamava a moça a chorar.
Depois de seguidas voltas o motorista entrou no Hospital Central onde havia um movimento demasiado para o atendimento aos pacientes. Camas montadas no pátio externo; espaços feitos com lonas para deixar pacientes; mulheres e homens ao desmaio; crianças desnutridas a chorar intermitente; velhos caídos ao chão para poder ser atendidos. Um caos total era o terror do hospital. Para o carro entrar foi um tremendo sacrifício. Outros veículos tomavam-lhe a frente. O motorista, desesperado com a barulheira dos carros e outros motoristas e as reclamações das pessoas, todas espremidas como sardinhas, resolveu ficar fora e levar o doente em seus braços ajudado pelo homem que vinha ao lado e pela noiva do moribundo. Maca não tinha. O motorista foi mais desesperado. As enfermeiras passavam para um lado e para o outro sem dar a menor atenção. Era gente demais. Talvez mil ou duas mil pessoas no espaço reservado apenas a carros. U maqueiro passou correndo pelo jornalista sem dar a menor satisfação. Vanesca encontrou uma cama desocupada, pois o paciente era removido para o interior do hospital. Disse a moça com toda vontade para se por Otto naquele espaço pequeno em baixo de uma tenda de campanha.
Vanesca:
--- Aqui! Aqui! Ponha Otto aqui! É ruim, mas é melhor! Aqui! Vamos depressa! – falou alarmada a moça caída aos prantos.
E daí passou a agarrar um voluntario da saúde e fez o moço atender de qualquer forma ao rapaz sem precisar de maiores recursos. O atendente procurou se desvencilhar da moça e ela mostro sua identidade de jornalista. Não se sabe como, mas o rapaz de pronto verificou o  pulso de Otto e providenciou a medicação adequada em casos graves  ou mais ou menos graves de um enfermo. Era uma gritaria ensurdecedora de pessoas a pedir soro ou outra coisa qualquer. Uma mulher chegou a uma enfermeira e mostrou seu dinheiro para pagar a consulta de um ferimento na perna. A enfermeira deu o dinheiro de volta e apenas disse:
Enfermeira:
--- Aqui é um hospital! Tome seu dinheiro! Ele não vale nada! E a senhora pode morrer que não me faz falta– respondeu a enfermeira bastante colérica. E saiu arrogante.
A mulher infernizada saiu de qualquer forma à procura de um médico qualquer. No seu caminhar, tropeçou e caiu. A enfermeira olhou a queda e ainda ressaltou:
Enfermeira:
--- Se eu soubesse que tinha uma praga tão boa não tinha gasto com essa mulher. – enfatizou a enfermeira.

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