- Rachel Weisz -
- 12 -
AYAHUASCA
O médico se ajeitou em sua
cadeira levando o corpo para trás e pondo as mãos na cabeça de forma a
segura-la e olhou deveras atento à jovem moça sem dizer palavras. Passados
alguns segundos, com o inquieto estado da moça o médico resolveu falar com
esmero cuidado. Vanesca não suportava o silencio do homem. Foi necessário ele
falar para deixa-la confortável. Nesse ponto Vanesca suspirou aliviada. Mesmo
assim, por pouco tempo. A pergunta de chofre aturdiu mais a moça em sua intranquila emoção. O homem
fez a pergunta crucial.
Médico
--- Escute bem. Pense antes de
responder. O paciente já teve experiência com entorpecentes? – fez a pergunta o
médico.
Vanesca deslizou na cadeira e
afinal respondeu:
Vanesca:
--- Que tipo de entorpecente? –
indagou a moça meio sem vontade de falar.
O médico se ajeitou na sua
cadeira, puxou o pacote que continha os exames para perto dele e resolveu falar
com cuidado.
Médico:
--- A senhora deve saber. Os
jovens procuram uma variedade de substancias. LSD, Ecstasy, maconha, dentre
outras. É uma forma de desinibir a pessoa. Na Universidade são bem comuns essas
drogas. E por acaso, o paciente usou de tal droga, pelo menos quando vocês se
conheceram? – indagou o médico.
O suor frio percorreu a espinha
de Vanesca. Ela sabia das historias de anfetaminas a envolver o rapaz. Porém
para negar ou dizer a verdade, era um dilema crucial. Pelo menos Vanesca
poderia dizer não saber de usos de substancias estimulantes pelo uso de Otto.
Foi uma viagem cruel a qual fez a moça. Pelo menos das citadas pelo médico
Vanesca teria certeza de não se fazer uso. Mas existia o Santo Daime, o chá
poderoso feito na selva brasileira pelos índios. O chá retirava das pessoas as
consequências agressivas com que se portava o adepto da infusão. A moça não
sabia ao certo como era feito o Santo Daime. Apenas eles viajaram a um local
não muito distante da cidade onde, por força de um amigo de redação, os dois
foram apresentados ao Xamana, o homem dito ter o poder de curar. De então em
diante, o casal costumava ir ao Centro chamado de Luz do Universo. Na primeira
vez a graciosa moça se tremeu de medo e ouviu do amigo ser tudo fantasia de sua
mente. Eles saltaram do carro e se pôs a caminho até a Cabana onde estavam
reunidos os adeptos do sagrado Santo Daime. Na hora na qual chegaram havia silencio profundo. Um moço perguntou de ondes
eles estavam vindos. Os três disseram. O rapaz ouviu e com pouco de tempo
mando-os entrar. Na entrada da sala havia outro homem. Esse perguntou do que
precisavam. Eles responderam estar ali para conhecer o Santo Daime. Ao serem
perguntados se era promessa eles disseram não ter promessas. Apenas eles queriam conhecer o enteógeno da
doutrina considerado como poderoso e sagrado. Otto sabia ter a dietilamida
ácido lisérgico – LSD – o poder alucinógeno mais potente do que havia e ter
sido criado em 1943 por um físico suíço. O cientista buscou o conhecimento
através da literatura antiga. A droga já fora usada entre gregos e romanos.
Houve uma conversa entre o casal quando Otto declarou ser o LSD o mais potente
alucinógeno do mundo. Embora estivesse fazendo calor, o gabinete do doutor melo
tinha um aparelho de ar condicionado. Esse frio fez com que Vanesca se
encolhesse toda antes de responder a questão
Nesse momento a moça se curvou e
após alguns segundo levantou a cabeça para dizer ao médico
Vanesca:
--- O que viu dizer nada tem a
ver com a polícia? – indagou a moça.
E o médico respondeu tranquilo.
Melo:
--- De forma alguma. É assunto
puramente científico. – disse o médico.
Vanesca:
--- Muito bem. Eu ouvi falar
sobre os enteógenos desde o primeiro ano da Universidade. Foi no tempo em que
conheci Otto. Era uma época de repressão. O Exercito estava todo nas ruas. E
nós nos escondíamos por trás dos enteógenos. Mas não era o LSD. Esse enteógeno
se ouvia apenas falar. Isso foi na época dos Beatles e do Woodstock. Esse foi
um festival norte americano. O Woodstock como o senhor bem sabe. Era uma
agitação total. Era como se fossem os homens das cavernas. Houve prisões,
delação, enforcamento e coisa e tal. Horrível! E eu estava no meio desta
confusão. Um dia alguém falou em um remédio milagroso que se estava a vender em
uma cidade próxima. Eu fiquei atenta para o caso, mas não dei muita
importância. Passado o tempo e um colega de redação me perguntou se eu queria
conhecer o tal falado Santo Daime. Eu tremi nas bases. Porém, já com Otto, eu
me prontifiquei em conhecer. Isso já faz muito tempo. Eu já estava no jornal. E
Otto também se prontificou em ir. Então nós, certo dia, seguimos direto para o
local indicado. Por sua vez o amigo.
.... Eu prefira omitir o nome do amigo. ...Pode ser? – indagou a moça meio
acanhada.
Melo:
--- Pois não. Como quiser. - disse o homem a se curvar na cadeira onde
estava sentado de braços também postados sob o peito.
Vanesca:
--- Pois bem. Nós fomos a Cabana
uma vez. Mas, nós sentimos a sensação de estarmos em um lugar remoto e tão
lindo como se fosse a outro mundo. E não tinha essa coisa de Deus e de nada. Eu
mesmo passei por essa sugestão. Depois eu perguntei a Otto e ele disse o mesmo.
Era uma loucura. Eu fiquei daquela forma por seis ou sete horas. Depois dessa
nossa viagem, voltamos na tenda para mais uma sessão de beleza. Era uma beleza
sim senhor. Um êxtase. E dessa viagem ficamos amigos do Xaman e ele nos dá ou
vente garrafas para nós tomarmos nos dias em que não podemos ir à sua tenda. – contou
com um pouco de temor a moça.
O medico se voltou para falar com
Vanesca de uma forma seria e tranquila como se estivesse a contar uma grata
história antes não falada. E disse então.
Melo:
--- A senhora tem conhecimento de
que é feito o Santo Daime? – indagou calmamente o médico.
Vanesca:
--- De fezes? – a moça sorriu.
Melo:
--- Não. De uma planta existente
na Amazônia. Essa planta e Ayahuasca. A senhora entendeu? – indagou calmamente
o médico.
Vanesca:
--- Aya o que? – falou com
bastante atenção a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. É uma planta de
grande altura. Os homens da floresta coletam as folhas e misturam com outras
ervas e então eles fazem o chamado Santo Daime. – sorriu o medico se
espreguiçado de novo.
Vanesca:
--- Nossa Mãe. Eu tinha certeza
que era apenas um chá! – relatou a moça ao ter tal conhecimento.
Melo:
--- Não. É uma droga bastante
perigosa e potencialmente forte. Nos ambientes fechados os médicos chegam a
fazer exames com pacientes. Porem com bastante cautela. Essa droga, ela é usada
apenas num contesto religioso. Mas se tem notado que o paciente tem o desejo de
se ligar a uma coisa muito mais profunda. – relatou com paciência o médico.
A moça curvou a cabeça como se
quisesse chorar. Mas não fez nenhuma menção de choro. Apenas passou certo tempo daquela forma a pensar em si e no
seu noivo. Provavelmente ele não tinha conhecimento do tal poder da droga. O
sabor amargo do chamado chá era mais potente do que as mais poderosas bombas
destrutivas. De certa forma era ela uma bomba destruidora. Ayahuasca era bem
mais forte do que o poder de uma bomba como a de Hiroshima ou Nagasaki. E ela
lembrou ter ouvido falar ter muita gente no encalço dessa maravilhosa bomba.
Era de fato um cataclismo universal. Por
isso mesmo voltou a indagar ao médico.
Vanesca:
--- Como é o nome mesmo do Santo
Daime? – indagou meio alucinada a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. Hoje se fazem
verdadeiras “romarias” em busca desse chá. Pessoas do mundo todo. E as pessoas
seguem até Iquitos, no Peru para conhecer o Santo Daime. – explicou
o médico.
Vanesca:
--- Onde fica essa cidade? –
indagou nervosa a moça.
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