quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O FIM DO MUNDO - 12 -

- Rachel Weisz -
- 12 -
AYAHUASCA
O médico se ajeitou em sua cadeira levando o corpo para trás e pondo as mãos na cabeça de forma a segura-la e olhou deveras atento à jovem moça sem dizer palavras. Passados alguns segundos, com o inquieto estado da moça o médico resolveu falar com esmero cuidado. Vanesca não suportava o silencio do homem. Foi necessário ele falar para deixa-la confortável. Nesse ponto Vanesca suspirou aliviada. Mesmo assim, por pouco tempo. A pergunta de chofre aturdiu  mais a moça em sua intranquila emoção. O homem fez a pergunta crucial.
Médico
--- Escute bem. Pense antes de responder. O paciente já teve experiência com entorpecentes? – fez a pergunta o médico.
Vanesca deslizou na cadeira e afinal respondeu:
Vanesca:
--- Que tipo de entorpecente? – indagou a moça meio sem vontade de falar.
O médico se ajeitou na sua cadeira, puxou o pacote que continha os exames para perto dele e resolveu falar com cuidado.
Médico:
--- A senhora deve saber. Os jovens procuram uma variedade de substancias. LSD, Ecstasy, maconha, dentre outras. É uma forma de desinibir a pessoa. Na Universidade são bem comuns essas drogas. E por acaso, o paciente usou de tal droga, pelo menos quando vocês se conheceram? – indagou o médico.
O suor frio percorreu a espinha de Vanesca. Ela sabia das historias de anfetaminas a envolver o rapaz. Porém para negar ou dizer a verdade, era um dilema crucial. Pelo menos Vanesca poderia dizer não saber de usos de substancias estimulantes pelo uso de Otto. Foi uma viagem cruel a qual fez a moça. Pelo menos das citadas pelo médico Vanesca teria certeza de não se fazer uso. Mas existia o Santo Daime, o chá poderoso feito na selva brasileira pelos índios. O chá retirava das pessoas as consequências agressivas com que se portava o adepto da infusão. A moça não sabia ao certo como era feito o Santo Daime. Apenas eles viajaram a um local não muito distante da cidade onde, por força de um amigo de redação, os dois foram apresentados ao Xamana, o homem dito ter o poder de curar. De então em diante, o casal costumava ir ao Centro chamado de Luz do Universo. Na primeira vez a graciosa moça se tremeu de medo e ouviu do amigo ser tudo fantasia de sua mente. Eles saltaram do carro e se pôs a caminho até a Cabana onde estavam reunidos os adeptos do sagrado Santo Daime. Na hora na qual chegaram havia  silencio profundo. Um moço perguntou de ondes eles estavam vindos. Os três disseram. O rapaz ouviu e com pouco de tempo mando-os entrar. Na entrada da sala havia outro homem. Esse perguntou do que precisavam. Eles responderam estar ali para conhecer o Santo Daime. Ao serem perguntados se era promessa eles disseram não ter promessas.  Apenas eles queriam conhecer o enteógeno da doutrina considerado como poderoso e sagrado. Otto sabia ter a dietilamida ácido lisérgico – LSD – o poder alucinógeno mais potente do que havia e ter sido criado em 1943 por um físico suíço. O cientista buscou o conhecimento através da literatura antiga. A droga já fora usada entre gregos e romanos. Houve uma conversa entre o casal quando Otto declarou ser o LSD o mais potente alucinógeno do mundo. Embora estivesse fazendo calor, o gabinete do doutor melo tinha um aparelho de ar condicionado. Esse frio fez com que Vanesca se encolhesse toda antes de responder a questão
Nesse momento a moça se curvou e após alguns segundo levantou a cabeça para dizer ao médico
Vanesca:
--- O que viu dizer nada tem a ver com a polícia? – indagou a moça.
E o médico respondeu tranquilo.
Melo:
--- De forma alguma. É assunto puramente científico. – disse o médico.
Vanesca:
--- Muito bem. Eu ouvi falar sobre os enteógenos desde o primeiro ano da Universidade. Foi no tempo em que conheci Otto. Era uma época de repressão. O Exercito estava todo nas ruas. E nós nos escondíamos por trás dos enteógenos. Mas não era o LSD. Esse enteógeno se ouvia apenas falar. Isso foi na época dos Beatles e do Woodstock. Esse foi um festival norte americano. O Woodstock como o senhor bem sabe. Era uma agitação total. Era como se fossem os homens das cavernas. Houve prisões, delação, enforcamento e coisa e tal. Horrível! E eu estava no meio desta confusão. Um dia alguém falou em um remédio milagroso que se estava a vender em uma cidade próxima. Eu fiquei atenta para o caso, mas não dei muita importância. Passado o tempo e um colega de redação me perguntou se eu queria conhecer o tal falado Santo Daime. Eu tremi nas bases. Porém, já com Otto, eu me prontifiquei em conhecer. Isso já faz muito tempo. Eu já estava no jornal. E Otto também se prontificou em ir. Então nós, certo dia, seguimos direto para o local indicado.  Por sua vez o amigo. .... Eu prefira omitir o nome do amigo. ...Pode ser? – indagou a moça meio acanhada.
Melo:
--- Pois não. Como quiser. -  disse o homem a se curvar na cadeira onde estava sentado de braços também postados sob o peito.
Vanesca:
--- Pois bem. Nós fomos a Cabana uma vez. Mas, nós sentimos a sensação de estarmos em um lugar remoto e tão lindo como se fosse a outro mundo. E não tinha essa coisa de Deus e de nada. Eu mesmo passei por essa sugestão. Depois eu perguntei a Otto e ele disse o mesmo. Era uma loucura. Eu fiquei daquela forma por seis ou sete horas. Depois dessa nossa viagem, voltamos na tenda para mais uma sessão de beleza. Era uma beleza sim senhor. Um êxtase. E dessa viagem ficamos amigos do Xaman e ele nos dá ou vente garrafas para nós tomarmos nos dias em que não podemos ir à sua tenda. – contou com um pouco de temor a moça.
O medico se voltou para falar com Vanesca de uma forma seria e tranquila como se estivesse a contar uma grata história antes não falada. E disse então.
Melo:
--- A senhora tem conhecimento de que é feito o Santo Daime? – indagou calmamente o médico.
Vanesca:
--- De fezes? – a moça sorriu.
Melo:
--- Não. De uma planta existente na Amazônia. Essa planta e Ayahuasca. A senhora entendeu? – indagou calmamente o médico.
Vanesca:
--- Aya o que? – falou com bastante atenção a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. É uma planta de grande altura. Os homens da floresta coletam as folhas e misturam com outras ervas e então eles fazem o chamado Santo Daime. – sorriu o medico se espreguiçado de novo.
Vanesca:
--- Nossa Mãe. Eu tinha certeza que era apenas um chá! – relatou a moça ao ter tal conhecimento.
Melo:
--- Não. É uma droga bastante perigosa e potencialmente forte. Nos ambientes fechados os médicos chegam a fazer exames com pacientes. Porem com bastante cautela. Essa droga, ela é usada apenas num contesto religioso. Mas se tem notado que o paciente tem o desejo de se ligar a uma coisa muito mais profunda. – relatou com paciência o médico.
A moça curvou a cabeça como se quisesse chorar. Mas não fez nenhuma menção de choro. Apenas passou  certo tempo daquela forma a pensar em si e no seu noivo. Provavelmente ele não tinha conhecimento do tal poder da droga. O sabor amargo do chamado chá era mais potente do que as mais poderosas bombas destrutivas. De certa forma era ela uma bomba destruidora. Ayahuasca era bem mais forte do que o poder de uma bomba como a de Hiroshima ou Nagasaki. E ela lembrou ter ouvido falar ter muita gente no encalço dessa maravilhosa bomba. Era de fato um cataclismo universal.  Por isso mesmo voltou a indagar ao médico.
Vanesca:
--- Como é o nome mesmo do Santo Daime? – indagou meio alucinada a moça.
Melo:
--- Ayahuasca. Hoje se fazem verdadeiras “romarias” em busca desse chá. Pessoas do mundo todo. E as pessoas seguem até Iquitos, no Peru para conhecer o Santo Daime.   – explicou o médico.
Vanesca:
--- Onde fica essa cidade? – indagou nervosa a moça.

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