- Sherlyn Chopra -
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MORTE
Foi uma inquietude de morte a
vivida pela mulher. Ao mesmo tempo, os três filhos ao desespero clamavam pelo
pai não se deixar levar por aquela fenda enorme a se abrir no chão coberto pelo
rio. Com todo esforço possível o homem se segurou em galhos de árvores a descer
e fez o impossível para se firmar até chegar, ao longo do percurso a uma
abertura melhor e ali conseguir pular para fora da cratera, já todo moído de
cansaço e esgotamento. A cratera prosseguia em direção a serra como uma
serpente a devorar sua presa. Corpos de gente de animais se viam passar vindo
das demais localidades do saco cobertos pela lama onde estava a residir o
vaqueiro. De imediato Nina se abraçou com o seu homem ao mesmo tempo ter os
filhos a fazer. Chagas olhou para a cratera de enorme tamanho e viu passar os
corpos das pessoas mortas. A aflição tomou conta daquela família atormentada
pelo terror da morte. Nina e os seus três filhos se agarraram a Chagas com toda
força dada por Deus. O homem, inquieto, tentou prosseguir o caminho e, mesmo
assustado pelo terror vivido também não parava de chorar pela emoção vivida e o
escapar do extermínio certo. E a fenda varava o espaço em busca da mata fechada
do monte. Outros corpos seguiam para o além, pelo visto de Chagas. Ele então
procurou local mais seguro e caminho até o seu casebre todo falido pelo
terrível estrondo ainda ameaçador. Aves, porcos, cavalo tinham fugido do seu
cercado a procura de melhor amparo. Chagas olhou desolado para o casebre e
caminhou com seus filhos e a mulher para local mais seguro. Em instante o homem
parou e voltou o olhar para a tremenda fenda vista de longe e por fim comentou.
Chagas:
--- Eta lasqueira! Eu escapei
por pouco. – falou Chagas a se tremer todo.
A mulher abraçada com o homem
apenas chorava assim como seus três filhos.
O prefeito da cidade, empossado
logo após a morte do titular em um acidente na capital do Estado, estava se
deslocando para a sua fazendo quando a terra tremeu, rachou e em seu interior
havia um mar revolto de lama. Orestes era o seu nome. No instante em que a
Terra estremeceu o homem, em seu carro, também estremeceu de pavor. Ela não
atinava ser aquele o terremoto algo tão impressionante a ponto de mover toda
uma população de um lado e de outro. Ao seu lado seguia o vaqueiro José. Esse
também ficou alarmado com o estrondo havido. A distância percorrida pelo o novo
Prefeito não permitiu para ele ver o estrago ocorrido na cidade. Apenas o homem
estremeceu de pânico diante do balançar das árvores existentes à margem da
estrada como se todas viessem ao chão batido. Dado o inicio o Prefeito Orestes
não atinou o certo. E o vaqueiro José apenas disse:
José:
--- Trovão!!! – falou alarmado
o homem
O prefeito verificou em varias
direções e perguntou:
Prefeito:
--- Que estrondo é esse?! –
indagou sobressaltado o chefe do executivo municipal.
José:
--- Parece um trovão na serra!
– falou alarmado o vaqueiro.
A essa altura o Prefeito
Orestes estava bem distante do centro da cidade. Ele olhou para todos os lados
e observou uma casa velha e de dentro saiu uma mulher a segurar o seu filho. A
mulher olhou para o céu e nada percebeu. Apenas observou e tocou caminho em
direção oposto a procura talvez de alguém. O Prefeito olhou muito bem para a
mulher e teve a intenção de dizer.
Prefeito:
--- Senhora! O que sucede? –
indagou aquela autoridade.
A mulher olhou em volta teve a
intenção de responder:
Mulher:
--- Parece um estrondo! Talvez
seja a mina! – falou alarmada a mulher começando a correr.
José;
--- Pra onde ela vai? – indagou
o vaqueiro ao prefeito.
Prefeito:
--- Não sei. O chão está
balançado! – falou o homem com temor.
José:
--- Tudo está tremendo senhor
Orestes! – falou com terrível alarme o vaqueiro.
E a Terra tremia como samambaias
ao vento. O prefeito desistiu de falar com a mulher. Essa já estava longe, na
carreira dada à procura de alguém, talvez o homem ou a sua mãe. Com certeza. E
o certo foi o Prefeito entrar no seu veículo e caminhar em direção a sua casa,
em um sítio bem ao longe da cidade. A Terra tremia e o homem, ao solavanco,
corria sem trégua para alcançar de vez a sua casa. E tão logo chegou encontrou
um pandemônio. A sua mulher abraçada a sua filha menor implorando socorro em
preces comoventes. O pessoal da casa estava todos do lado de fora a procurar o
destino do trovão inconsequente e ameaçador. Era isso o sentir do pessoal. O
povo do sitio também estava alarmado com o terror do chão àquela altura dos
acontecimentos. José vaqueiro estremeceu de temor e logo saiu do carro em busca
da senhora do Seu Orestes, a dona Diná para acudi-la sem temor de algo suceder
por parte do marido de Diná. Mas esse também veio em socorro da mulher e
segurou a menina caçula. Essa menina estava a tremer de pavor pelo acontecido.
A terra tremia cada vez mais e o vaqueiro largou a patroa e foi ao encontro de
sua mulher a correr em desabalada carreira para um canto qualquer. Tudo era confusão na fazenda. Mulheres e
homens, meninas e mocinhas sem contar com os rapazes e idosos. Galos, galinhas,
porcos, carneiros, ovelhas, bodes, cabras além do gado. Todos estavam
desatinados. Os animais com a correria da gente grande. E o pessoal a temer o
fim do mundo, com certeza. Uma mulher de vaqueiro foi dizer ser aquele o final
dos tempos:
Mulher:
--- O pastor disse no seu
sermão ser esse o final dos tempos! – fez vez horrorizada a mulher evangélica.
Marido:
--- Cala tua boca, peste!
Queres por fim a tudo?! – indagou alarmado o marido.
Um homem vindo a cavalo da
cidade foi logo contar o sucedido.
Jagunço:
--- O sino da Igreja veio ao
chão! – falou alarmado o homem.
O Prefeito Orestes nem sequer
notou o que o homem acabara de dizer. O Prefeito estava atormentado com o
estado de sua filha, aflita a chorar bastante e ele a tomou nos braços indo
para mais além da casa grande. A mulher Diná procurava buscar a filha amada
pedindo em clamor;
Diná;
--- Eu quero a minha filha! Eu
quero a minha filha! – soluçava a mulher em busca da menina.
O Prefeito já não prestava
atenção ao dizer da mulher. Apenas seguia sem rumo acalentado a menina enquanto
os estrondos prosseguiam constantemente. O jagunço, alarmado, falou para
qualquer um.
Jagunço:
--- Pessoal! A cidade está
arruinada! Não tem mais nada onde se anda. Nem padre, nem delegado, nem juiz.
Ninguém! – relatava inquieto o jagunço;
Foi a vez de outro jagunço ir
ao encontro do homem e perguntar:
Jagunço 2:
--- Mas ninguém mesmo? – quis
saber assustado o outro jagunço.
Jagunço 1:
--- Não! A gente só encontra
cadáver no chão. – falou desesperado o jagunço.
Jagunço 2;
--- Mas o prefeito é o homem! –
relatou exaltado o outro.
Jagunço 1:
--- E o que se faz agora? –
tremia o jagunço ajudado pela Terra.
Nesse ponto se aproximou o
vaqueiro José em meio do tumulto gerado em toda a fazenda com o pessoal às
tontas sem saber para onde seguir. E de pronto indagou:
José:
--- O que houve Penetra? –
indagou sem saber o motivo da conversa.
O jagunço se virou e, alarmado,
voltou a contar a história:
Penetra:
--- A cidade está acabada! Os
caminhões de gasolina caíram no buraco! – fez ver alarmado o jagunço.
José:
--- Que buraco? Que buraco? –
indagou perplexo José Vaqueiro.
Penetra:
--- O chão se abriu! E tudo foi
caindo no buraco! Gente, bicho e até mesmo os caminhões! – relatou sem sentido
o homem.
José:
--- Meu Deus do Céu!!! Buraco?!
– quis saber com precisão o vaqueiro.