- DANÇA -
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ATITUDE
De forma estabanada, entra no salão de
espera do Hotel o comandante Ricardo França com aparência de excêntrico louco.
À sua volta estavam pessoas de vários estilos e classes. Algumas a conversar
com modéstia de modo murmurante. Outras, nem tanto. Ouviam-se gargalhadas
indecentes com exímias pessoas envolventes e por demais crentes. Algo a estar
em prenuncio de maldizentes. Eximias mulheres a passar contentes a sorrir
deveras inocentes. Cuidado! Há perigo na esquina! Sinal fechado para gente! Aguente!
Carros a transitar em vários sentidos! Demora! Sinal aberto! Povo atravessa.
Mulheres, amigos, amantes. Dois conversam sem sentir. O beco dos amores.
“L’allée de l’amour”! Eles estão decididos.
Um
--- Corre! – diz o rapaz romântico.
Dois
--- Espera! – grita a moça ao desespero.
De fundo, musica a tocar distante onde
nada mais de espera. A cantora de voz atrevida e nostálgica a dar seu ritmo
atraente. “Non... rien de rien... Non... Je ne regrette rien”. Em outros ecos
dissonantes, atraentes, infantis era a melodia a tocar sem pressentir. A música
de cabaré e o tango na vitrola de aparência a definir noite envelhecida. E nada
a chorar.
E no Hotel, salão de espera um jovem
atraente busca atendente a resolver caso banal. Ele e a moça. Com certeza,
esposa. Ou não. Por quê? Ingentes a passar constante, ritmo itinerante. Os elevadores
sempre cheios de casuais os quais medrosos insólitos. Insensato o comandante
fala:
França
--- Celtas! – comentou pouco exaltado.
Nair;
--- Quem? – despertou de seu
enternecimento.
França:
--- Os celtas viveram em Notre Dame! –
relatou alarmado
Edgar:
--- E o que tem a ver isso com os cós
das calças? – indagou suave e estúpido.
França:
--- Heim? O que a haver? Bem! Nada. Quer
dizer. Eles eram e ainda é um conjunto de povos organizados em múltiplas
tribos. Boa parte da população da Europa pertencia às etnias celtas.
Lenira;
--- E? .... – perguntava a núbia a
querer sorrir.
França:
--- E o que? Estou a falar de um povo!
Sinha não me apetece bem o que! Ora que merda! Esse povo. ... - e foi amargamente
interrompido por sua filha.
Lenira:
--- Ô meu paisinho querido do amor
divino, eu suponho que o senhor não sabe ter os celtas a origem de 1900 anos
antes de Cristo. É um povo de pastores oriundos das estepes. Na península
Ibérica a maior parte da população é celta. Os celtas são gauleses e do outro
lado, na Escócia, Irlanda e Bretanha. As suas manifestações artísticas possuem
bastante originalidade. Eles eram guerreiros de capacetes com chifres e asas.
Asterix era um gaulês celta. As suas comemorações de festas eram feitas de
crânios dos inimigos. Os celtas eram considerados “bárbaros”. A sua organização
social era o clã. Os sacerdotes eram druidas. A sua religião exaltava as forças
telúricas, ou seja: Mãe Terra. A mulher era soberana no domínio da Natureza. Os
celtas adoravam um grande número de divindades: Taitiu, Macha e Epona a deusa
do cavalo. As riquíssimas narrativas mitológicas celtas são transmitidas em
forma de poemas. Contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho onde a menina
representa o Sol devorado pela noite do
Inverno, representado pelo lobo. Veja bem: Verão e Inverno. As estações do ano.
Quer saber mais meu pai? – indagou de forma inocente pondo a mão direta em
ondas ao falar nas estações do ano.
França:
--- Onde você soube de tudo isso? –
indagou exaltado
Lenira:
--- Não fique apenas no “ar”. – sorriu a
núbia
França:
--- Quer ar? – fez questão em saber por
sua curiosidade.
Lenira:
--- Nuvens, meu pai. Nuvens! – sorriu
compenetrada.
França:
--- E eu julgava ter descoberto o
segredo da abelha rainha. – quis falar dessa forma.
Lenira:
--- Nuvens! Nuvens! – relatou outra vez
a linda moça.
Edgar:
--- Eu não sabia da verdadeira historia
de Chapeuzinho Vermelho. Na verdade, faz sentido. Inverno e Verão. Eram a forma
de se juntar as verdadeiras peças. Voce viu isso aonde? – quis saber o
advogado.
Lenira:
--- No Beco da Lama ou por um lupanar da
esquina! – resolveu a questão.
Nesse instante Lenira se levantou da sua
fofa cadeira e saiu a gargalhar.
Com o passar dos dias, viagens, teatro,
cinema, óperas e tantos assuntos a mais, eis enfim ter chegado o tempo do real
matrimonio. Volumosa festa por demais importante. A ingênua noiva Nair Pereira
era uma combinação de êxtase e deslumbramento. Tudo era um real enigma da
eternidade. A Catedral de Notre Dame, às cinco horas da tarde estava com seleto
numero de convidados. Porém a festa seria mesmo no salão à parte da Casa “Estilo”
onde se servia de tudo ou mais. O noivo chegou às pressas na Catedral, antes
das cinco. Ele em companhia da sua suave e elegante dama, a senhorita Lenira. A
hora de observar um e outros, e sorrir contente, a virgem núbia não parava de
reclamar por ter de deixar a noiva no ambiente do Hotel. Para a moça não
importava quantos homens e mulheres ficaram para ornar a prima dama. Todos os
que ficaram nas dependências do Hotel eram magos especialistas em arranjos. O
matrimonio levou a Paris a esposa do Comandante Ricardo, a senhora Clara, seu
filho Nestor em companhia da noiva e uns poucos convidados. Toda gente era a
suprema corte dos sem quase nada. Nestor se mostrava impaciente com o seu
traje. Ele reclamava dos “espinhos” os quais se mostravam a sentir com o seu
sacro paletó. A sua noiva, Norma Cortes desatinava por causa dos reclamos do
amado noivo. E vez por outra, na Catedral de Notre Dame, a linda imaculada dava-lhe
um cutucão com eximia maldade. No altar estava o padre gordo, baixo e
irreverente. Em sua companhia os dois acólitos ou coroinhas. O sacerdote tinha
uma mania estranha de cuspir constante. Por sinal, ele não era francês. E
estava no local por acaso vindo da Escandinávia. As damas de honras eram
francesas. E o homem a conduzir a noiva, o esposo de Clara e pai dos penitentes
Nestor e Lenira. Constantemente Lenira conferia a hora caso não saber às
quantas. O seu Oráculo permitia a tudo se acalmar, pois a arte divinatória era
paciente e constante. Mesmo assim a musa não se contentava. A augusta Catedral
era um eminente pendor de arte sacra. Por seu interior quem a visitasse, se
orgulhava para sempre. Ambiente natural, por dentro a sua admirável forma dava
um cunho de penitencia a quem podia estar. As luzes de meio ambiente não
demonstravam a sua grandeza para os divinais contritos seres. Das arcadas
elevadas pendiam luminárias de variantes cores. O altar mor mergulhava em sua
suntuosidade o claro-escuro ambiental.
Um clarim se ouviu e na sequencia o
órgão do patamar frontal entoava o magistral hino de Felix Mendelssonhn e as
habituais Cantoras do Coro acompanhavam o litúrgico e tradicional hino; Marcha
Nupcial. Teve inicio o cerimonial. Com bastante vagar, veio à noiva ostensiva
de bela. O véu lhe encobria a face. Mesmo assim a núbia destemidamente chorava.
Ao seu lado, de braço dado, o Comandante Ricardo França. Logo atrás, as damas.
Quatro, por sinal. Com efeito, rica e deslumbrante a magistral solenidade. O
silencio imperava em meio a tanta gente. Convidados especiais. A navegar
constante, a linda e cativante virgem caminhava muito lenta. Com razão, a noiva
não tropeçaria em suas deslumbrantes vestes. E após alguns minutos era chagada
a hora do Comandante passar o encargo para desatento noivo. Ao vislumbrar
aquela deidade, Edgar não se conteve. E chorou de faustuosa emoção.
Após esse cerimonial os luxuosos noivos
seguiram à Casa “Estilo” onde ao som de magistrais músicas e louvores se lhes
acercavam os magnatas dos esplendores. Festas e mais festas se abrilhantavam
enquanto não dava a hora da Valsa Nupcial “Danúbio Azul” aos acordes de um
carrilhão a marcar a hora quando os dois amores dançariam no salão unido para
sempre. Apesar de ser uma casa de acolhimento a novos casais a gerencia
mantinha distancia com os pares a distanciar da insignificante importância. Tal
fato foi observado pela sobrinha do noivo, a meiga jovem Lenira.
Lenira:
--- Que horror! E eu a pensar ter a
França uma exímia festa! – julgou em si.
E Lenira dançou valsas e canções da
época com seu irmão Nestor abandonando os prazeres da vida para não mais cair
em desgosto. A suavidade das melodias levava em encanto a singela moça de
contornos atraentes. Em virtuosidade enlevou a virgem Lenira e essa dançava com
o seu irmão ou com seu pai e, provavelmente com demais mancebo a surgir
pedindo. E com esses distraídos devaneios as horas passaram para a outra margem
da vida. Valsas, valsas! Cações, canções! O eterno prazer da fulgurante
juventude. Era meia noite quando se ouviu o tocar do carrilhão e a valsa “Danúbio Azul” teve seu início com a
pura e casta emoção. Foi então que os elegantes noivos formaram seu par. A
maestria e o esmero era o toque contido de altivez. E dançaram os dois como
loucos em busca de um único sentimento incontido. A nova vida em começo de
ternura e íntimo majestoso ao casal a se unir para todo o sempre.
Lenira:
--- Valsa! Valsa! Valsa! – cantava e
dançava com braços abertos apenas a olhar o casal.
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