- CANNES -
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DIVERSÃO
Em dias a seguir, as duas amigas se
enfurnaram na estrada em busca de um clima ameno. E assim, as núbias conheceram
Cannes e suas elegantes partes. Mulheres com artes e cismas não usavam parte de
cima a mostrar inteiramente em nu, os seios. Nair calou e admirou. Tantos seios
a descobertos ao seu modo. Desmedidamente as damas nem prestavam atenção às
duas estrangeiras vindas de alguma parte de fora da cidade. Na praia havia um
sentido: banho de sol e de mar. A língua a falar era uma balburdia. Gente de
todos os países. Ou quase todos. Havia guerra. E muita! China, Rússia, Vietnam,
Coreia! Nem por isso o povo se importava.
Nair:
--- Guerra? – indagou alarmada.
Lenira:
--- Combates! Qualquer coisa desse modo.
– declarou sem grande importância a virgem.
Nair:
--- Combates? Como? – indagou plenamente
assustada.
Lenira:
--- Pei! Dei! Pum! – fez a moça a
estirar o braço ao longe.
Assim era Cannes. Barcos ancorados a
espera do seu comando. Muitos! Uma enormidade! A praia de Cannes era algo
mavioso. Delirante! Algo incomum! Tardiamente a elegante virgem Nair encetou
olhar por toda orla. E a contemplar, se estremeceu:
Nair:
--- Loucura! – fez questão em declarar.
Lenira:
--- Chique! – comentou sem surpresa com
sua elegância.
Nair:
--- Praias! Praias! Praias! – declarou fora
de si.
Cannes, uma vila, conheceu progresso em
1946, um ano após a II Guerra. Festival do Cinema começa, então, nesse ano. O
grande concorrente é o Festival de Hollywood.! Fogos de artificio, explosões de
luzes, cores vivas do mundo são alguns exemplos. Desenho de brilhantes joias.
Diamantes, turmalinas e ouro! Cobiçadas por colecionadores, as joias são um
luxo para poucos. O grande público tem
rara chance de conferir de perto mais de 400 peças. Clientela exclusiva onde se
inclui as famosas atrizes. Criações afamadas pela mistura de materiais e
variedade de formas e temas! Esculturas de emoções! Diretores, pintores e
fotógrafos: a maior atração! Filmes, cartazes e documentos de arquivos!
Identidade visual representa a história do cinema. Podia-se notar a
extravagancia feita por mansões ao longo da imensa praia cercada de arvores e carros. Gente muita era o toque da
elegância. O mar então era a sua epopeia histórica. Narrado em versos o
conjunto de acontecimentos pode representar a fidelidade dos fatos com
relevante conceito.
Lenira:
--- Isso é a França! – saltitou cantando
e contente de braços abertos.
O veículo levado por Lenira até a praia
era um Porsche, modelo para as grandes marcas. O mais emblemático modelo da
cultuada marca. O Porsche era de origem alemã, lançado em 1931. O veículo
rodava cinquenta mil quilômetros por toda Europa. Isento de ferrugem, o carro
seguia incólume a sua trajetória colhendo inclusive lendas.
Nair:
--- Como conseguintes este? – indagou
sem saber a origem do carro.
Lenira:
--- O Porsche? Meu pai! É um auto de um
Conde! Parece! O Conde reserva para clientes de alta roda! Meu pai se
identificou. Comandante! – sorriu a moça a conduzir o carro pela estrada.
Nair:
--- Nossa! Conde? – indagou perplexa.
Lenira:
--- Sim. Conde. Duque. Não me lembro. –
falou com maestria.
Nair:
--- Não é qualquer um? – perguntou
assustada.
Lenira:
--- Não. Não. Apenas os Nobres. Gente de
elevada riqueza. – sorriu.
Nair:
--- E Edgar? – quis saber a moça porque
ele não.
Lenira:
--- Ele é pobre. Nós somos perante um
duque. Duque é um homem ligado a um Rei. –sorriu a dirigir o carro
Nair:
--- Rei? Que Rei? – quis saber
atormentada a moça.
Lenira:
--- Rei! Rei! Você sabe o que é um Rei?
– indagou solene a moça.
Nair:
--- Não! Mas no Brasil teve um Rei! Dom:
não sei o que! – falou acabrunhada.
Lenira:
--- Dom Pedro. – acertou a moça e a
dirigir o Porsche.
Nair:
--- Parece! Deve ser! Um gorducho! –
falou acabrunhada.
Lenira:
--- Olha! Tenha cuidado no que fala! –
respondeu a moça de dedo em riste.
Nair:
--- Eu não sei de nome dos outros! –
reclamou abusada.
Lenira:
--- Outros? Outros? Ele era o Rei! –
reclamou esbravejando.
Nair:
--- É! Pode ser! Mas nada adianta! E
onde ele está? – indagou preocupada.
Lenira:
--- Quem? O Rei? Ele já é morto! –
resolveu por a questão a ferros.
Nair:
--- Morreu? E Rei morre? – perguntou a
imaginar.
Lenira:
--- Não!
Vira troféu! – respondeu mal agradecida.
Nair:
--- Chata! Abusada! Eu apenas pergunto!
– com os olhos marejando.
Lenira:
--- Agora vai querer chorar? Claro!
Claro! O Rei também morre! Rei, Rainha. O diabo a sete! – respondeu irada.
Nair:
--- Você poder ser mais delicada. –
respondeu com mágoa.
Lenira:
--- Escute! Escute bem! Eu vou dizer uma
vez! Escute! Eu, meu pai, minha avó, meu tio! Todos! Inclusive você! Nós,
portanto! Nós! Preste atenção! Nós somos todos pobres! Não importa quanto nós
temos! Meu pai é Comandante de UM avião! Agora! De quem é esse avião? Meu tio
tem uma fazenda! Mas, de quem é ou era a fazenda? Agora! Nós. ...Eu, voce, meu
pai, minha avó! Nós todos somos pobres! Não importa quanto temos em dinheiro!
Milhões! É a quantidade! Mas somos pobres! Preste atenção! Nós somos pobres!
Agora, tem gente rica! Bilionária! Dinheiro em monta! Esses, os ricos, são
ricos! São Nobres! Esses são Lordes! Consul! Duque! Conde! Rei! Rainha! Esses
são fortes! Pode não ter um tostão! Mas são Lordes! A diferença é a mente!
Aqui! Olhe! (mostra sua mente)! Voce está vendo? Mente! Aqui! Quem é rico no
Brasil, não importa! Ele não tem status! Estilo! Eles são pobres! Entende
agora? – perguntou a nívea à virgem contando tudo nos seus dedos.
Nair
--- Mas. ...Mas. ...Mas. ...- e chorou
em demasia.
Lenira:
--- Pobres! – disse novamente a virgem.
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