- Charlize Theron -
- 46 -
Naquela mesma tarde Armando Vidigal retornou a capital deixando a direção do veiculo na responsabilidade de sua noiva, Norma. Eles foram até a mansão da praia onde trocaram de roupas. Na saída do município, Norma Vidigal pegou um atalho para evitar passar pelo local do acidente da manhã. Eles se conservaram calados. No meio do caminho, Armando dormiu por causa do cansaço da lida vivida pelo rapaz. O automóvel corria veloz por entre a estrada a fora depois de deixar a via de atalho. Eram já cinco horas da tarde quando Norma estacionou o auto na porta de sua casa. Foi então que Armando despertou. Meio zonzo, o rapaz indagou a moça se já estava em sua casa.
--- Chegamos agora. – respondeu Norma ao descer do automóvel.
--- Eu vou para a redação do jornal fazer a matéria. – relatou Armando boqueaberto.
--- Antes vai tomar café. Eu estou cheia de náusea. – retrucou a moça.
--- Não tenho nem apetite, - disse o rapaz descendo do carro.
--- Mas tome assim mesmo. Fortalece. Depois você vai dormir. – sorriu a moça.
--- É verdade. Mas eu venho aqui, antes. – disse Armando um tanto desconfiado.
Com isso, a moça sorriu.
Logo ao chegar à redação do jornal A IMPRENSA, o rapaz notou presença no seu interior. A repórter Marta Rocha estava a fazer matéria para a segunda feira, quando nem era preciso fazer noticias para o jornal. De vestido levantado ate as coxas, mostrado bem ampla a sua formosura, ela nem ligou para o fato ao ver Armando Viana. Apenas indagou sobre sua presença naquele inicio de noite da redação.
--- Acidente na estrada. E o que fazes? – indagou Armando ao mesmo tempo.
--- Acidente na praia com um helicóptero. Canindé está revelado as fotos. – expôs Marta.
--- Ah Bom. Eu tenho também umas fotos para ele revelar. – narrou Armando.
--- Bata que ele está lá dentro. – expôs Marta.
E Armando Viana se voltou para o laboratório sem perder a oportunidade de olhar com maior afinco as pernas desnudas de Marta. A moça nem ligou para o fato, pois estava a redigir com pressa, pois logo teria de sair. Ao ver Armando se retirar do recinto, Marta ainda disse sobre o acidente daquela tarde.
--- Três mortos. Piloto, co-piloto e um cinegrafista. – relatou Marta a Armando.
--- Aqui são treze mortos de dezessete feridos. – retribuiu Armando sem sorrir.
--- Dia de cão. – conversou Marta sem se virar nem descer o vestido continuando a mostra as coxas.
E Armando bateu a porta para entregar o filme ao seu amigo Canindé. Esse veio com pressa e foi logo dizendo.
--- Estou ocupado. – falou Canindé fotografo.
--- Tem mais esse filme. – relatou Armando.
--- Ora merda! Quantas cópias? – indagou Canindé.
--- Veja qual a melhor. Vou fazer a matéria. – respondeu Armando.
--- E tem matéria? – estranhou Canindé ao receber o filme.
--- Tem. Tem. Vou bater. – disse Armando cabisbaixo.
Após algum tempo Marta terminou de redigir a sua matéria e entregou a Armando dizendo das fotos estarem com Canindé. E então, a moça saiu às pressas. Armando ainda indagou como a moça fez a cobertura. Ela nem mais ouviu e desceu as escadas dando para a rua do jornal e foi embora. Com certo tempo apareceu Canindé e entregou as fotos de Marta dizendo serem as de Armando entregues logo após.
O Jornal A Imprensa teve de fazer um extra para noticiar os dois fatos de maior importância naquela segunda feira. Na manhã da segunda feira estava Canindé e Armando a escutar as conversas no café do mercado publico. Era cedo da manhã e, como de costume, Armando já estava verificando os preços da carne verde, pois temia nova subida de preço. A mulher da banca de café era quem mais reclamava.
--- Isso é uma desgraça. Subiu de novo. – reclamava dona Gloria a todo custo.
--- Sirva rato. – relatou um consumidor a sorrir.
--- Só se for. – reclamou Dona Gloria entrando e saindo do café.
Canindé se despediu de Armando Viana dizendo que “ia ali” e desceu os degraus da escada de trás do Mercado.
--- Aonde você vai? – perguntou preocupado Armando.
--- Te interessa? Vou ali! – disse Canindé com cara de zanga.
--- Ora porras! Interessa sim! – respondeu Armando com toda a zanga.
Logo mais tarde Armando Viana estava em seu Gabinete a despachar quando, de repente, entrou no recinto o jornalista José Fernandes. Não foi imediata surpresa para Armando, pois o Secretario havia mandado um recado para o jornalista. E queria vê-lo o mais breve possível. Os dois jornalistas começaram a conversar sobre assuntos diversos até chegar ao ponto preferido do Secretário.
--- E então? – perguntou José Fernandes.
--- Bem. Nem vou falar em ordenado. Quero você na direção do Jornal A IMPRENSA. – relatou o Secretário Armando ao seu colega.
--- É danado! Só isso? – perguntou José Fernandes.
--- Só. Eu acumulo hoje esse cargo. E tenho que por uma pessoa de minha maior confiança para dirigir o jornal. E é só isso. – falou Armando se espreguiçando na poltrona.
--- Você sabe que eu tenho outro emprego? - indagou Fernandes a sorrir.
--- Nem sei e nem quero saber. Você vai dirigir A IMPRENSA e pronto. – reclamou Armando.
--- E quanto você me paga? – sorriu Fernandes olhando de frente Armando.
--- Sei lá! Dois mil reis. Estamos conversados. Você vai a partir de hoje e pronto. Você tem os melhores repórteres do Estado. Certo? – indagou Armando.
--- Está bom. Mas deixa-me eu pedir demissão do seu segundo jornal. Então, eu vou para o outro. – sorriu Fernandes sem muita pressa.
--- É HOJE!!! Estamos entendidos? – falou sério o Secretário Armando.
--- Escute bem. Eu preciso de um emprego para minha esposa. Uma sinecura por assim dizer. – sorriu Fernandes.
--- Lá vem você com sua sacanagem. Vá. Vá. Eu sabia que era assim. Ponha no meu Gabinete. – relatou Armando.
--- Tá doido? Prá você devorá-la? – argüiu Fernandes a sorrir.
--- Vai dar. Pega o bonde e suma daqui. HOJE! – voltou a lembrar Armando.
--- Tá bom seu doutor, Tá bom. É hoje. E pronto. – sorriu Fernandes e se levantou para sair do Gabinete.
Armando Viana ficou a olhar o rapaz a sorrir também. Nesse momento, entrou no Gabinete o seu velho amigo Canindé com as suas “novas” noticias. E foi dizendo:
--- É fogo! Muito fogo! Quero um repórter! Uma fábrica de tecido esta ardendo em chamas. As fotos eu já fiz. Manda um repórter para colhera o assunto. E depressa! – reclamou Canindé.
--- Tá bom. Você chama Jota Bulhões. Ele está ai. – declarou Armando dizendo a seguir ser o novo redator chefe o rapaz José Fernandes.
--- Ah Bom. Ele vai saber o que é bom pra tosse. – de imediato se virou para Fernandes.
--- Pois é amigo. Só me arranjam cargas d’água. Só falta me trazer um trem, pegando fogo no mar! Chama Bulhões! – relatou o novo redator do Jornal A Imprensa.
E foi assim que Fernandes começou o seu primeiro dia como chefe de redação do jornal