domingo, 8 de maio de 2011

DESEJO - 39 -


- Isis Valverde -
- 39 -
Quando eram oito horas da manhã de sábado, Norma Vidigal e Armando Viana já estavam prontos para sair em direção ao Mosteiro das Irmãs Clarissas. Antes de eles partirem, o rapaz ficou a meditar com relação à aparição de um vulto estranho a ele pela madrugada na margem da praia. Tudo o que vinha a sua mente era do Coronel Epaminondas, dono de vastas terras ao largo do Município de Acauã, sede do velho vilarejo de Três Bocas nome dado pelo Coronel por causa das Três Bocas por ele feitas para enfrentar jagunços de outros Estados quando se sentisse perseguido pelos seus inimigos. O vasto terreno foi doado pelo Rei de Portugal, como outras terras também alcançadas por nobres posseiros. O vulto lhe havia dito não procurar mais a velha gruta da serra. E isso Armando não se conformou. Com a tempestade surgida uma semana atrás a íngreme serra ficou impenetrável. E por causa desse lamento cruel e maldito da natureza Armando Viana pensou em protelar a procura da gruta. E foi com isso ter ele dito:
--- O Coronel! – falou baixinho Armando de forma quase a não se ouvir direito.
Com o dito por Armando, a sua namorada voltou e perguntou a ele o que estava a dizer. O rapaz desconversou para não despertar maior atenção de Norma.
--- Nada não. Só estava pensando. Aliás, foi o Coronel Epaminondas, teu bisavô quem doou às terras para construção do Mosteiro? – indagou Armando a sua namorada Norma.
--- Sim. Foi ele mesmo. Quem me contou foi o meu pai. – sorriu admirada com a indagação do seu namorado a jovem Norma.
O rapaz ficou a cismar e após alguns minutos ele divagou ser bem melhor além de escrever apenas uma matéria sobre o Mosteiro, ir mais alem com a pesquisa. De qualquer forma, Armando tinha primeiro ouvir a Abadessa sobre os trabalhos feitos nas Três Bocas. E por isso, ele seguiria com a sua namorada, para melhor fazer a matéria. E dessa forma seguiu viagem com Norma Vidigal o seu namorado. No meio do caminho Armando falou baixo:
--- Santo Graal!! – falou baixinho Armando.
--- Alguma coisa? – perguntou Norma olhando bem a estrada de barro ainda molhada pelo vertiginoso temporal da última semana.
--- Não. Nada não. Apenas imaginei! – falou breve Armando sem entrar em detalhes.
--- Mas o que você disse? – indagou Norma cheia de perturbação.
--- Eu pensei em Graal. Só isso. – falou Armando se aprumando dos solavancos do carro.
--- Gral? O que é isso? – indagou a moça ao rapaz.
--- Gra-al. É assim o termo. Santo Graal. Sangue de Cristo. Sabe? – perguntou Armando.
--- Ah bom. Não. O que é? – perguntou Norma puxando o carro para um lado e para outro.
--- O Sangue de Cristo. – argumentou de novo o rapaz.
--- Ah. Nunca ouvi falar nisso. – respondeu a moça ao rapaz desviando o carro para um lado.
--- Isso tem a ver com A Ordem dos Templários. – relatou o rapaz.
--- Ah bom. E o que tem a ver as monjas com esse negócio? – perguntou Norma dirigindo com o maior cuidado o seu veículo.
--- Eu creio que nada. E nem vou perguntar qualquer coisa sobre o assunto a Abadessa. – falou Armando amuquecado no auto.
Quando o carro desceu em um buraco da estrada de barro, de imediato pendeu de um lado e ouviu-se um chiado em um dos pneus. Norma se agüentou no carro findo penso para um lado e olhou quase que depressa para os pneus de seu lado onde o carro tinha envergado demais. Ela olhou logo o de detrás e viu o pneu caído em uma panela, como se chamava o buraco e, mais que depressa, saltou do auto. Em amplo temor ela chamou o seu namorado Armando Viana para ver o que acontecera de fato. O rapaz desceu também do carro atolando seus pés em um buraco cheio de lama e olhou mais que depressa os seus sapatos, os vendo todos manchados pela lama. Ele nem chegou a pensar em Norma. A moça também sujou os sapatos e parte da saia com a lama despejada ao seu lado. Uma ocorrência pelo menos se ouviu Norma chamar não muito alto.
--- Merda!! Que bosta! – a moça disse ao ver sua saia toda melada de lama.
--- Eu também atolei o pé na lama. – relatou o rapaz passado pela frente do auto e chegar até ao lado de Norma.
--- Olha bosta! Eu achei ter furado o pneu. Vou dar partida e ver se saiu do buraco. – relatou a moça ao rapaz.
Em seguida, a moça deu partida e passou a primeira marcha no carro para tentar sair do buraco mesmo com o pneu baixo. Todo o sacrifício resultou em nada. Por mais esforço da moça, mais ainda o carro se atolava no buraco. Ela parou e se revoltou com o caso. E pediu a Armando Viana tentar empurrar o veículo para notar o resultado. O rapaz ficou na traseira do carro, pelo lado de fora e fez finca pé com toda a força, soerguendo um pouco o carro. Na direção, a moça viu o resultado negativo e desceu do auto para ajudar a soerguer também o velho-novo Buique. Foi um esforço deseperado dos dois namorados uma vez sem nenhuma força na direção, o carro nem se mexia.
--- Bosta!!! Merda!!! Logo agora! E na peste de um buraco! – gritou irritadíssima a moça.
--- Tenha calma. Vamos à luta. Você fica na direção e eu tento empurrar o carro. – relatou o rapaz já todo suado e melado de lama.
--- Bosta! E não passa ninguém numa hora dessas nessa estrada! – chorou a bela Norma.
--- Calma! Vamos lá! – reafirmou o rapaz todo melado de lama salpicada pelo veículo.
--- Calma uma bosta!!! Ele vai ou o mundo cai!! – chorou a moça de forma irritada.
E os dois amantes resolveram forçar o carro sempre e às vezes para trás com Norma Vidigal forçado o acelerador do veículo em primeira marcha de formas a tentar sair da “panela” a qualquer jeito. Com somente havia um pneu traseiros livres, o outro apenas gemia para sacudir mais lama na roupa de Armando Viana a essa altura  todo entijucado dos pés a cabeça com os seus olhos cheios do barro vindo da “panela” aberta bem no aceiro da estrada vicinal. E o tempo corria sem alguém a passar pela estrada capaz de socorrer a moça do seu atoleiro. Norma já estava desesperada. Ela olhava o relógio para ver as horas e já nem sabia se fazia meia hora ou mais de estar atolada naquela buraqueira. O pranto veio ainda mais e ela sem querer chorar, mais chorando e soltando praga a sorte a cruel sorte de estar amarrada em um buraco de ponta de estrada.
--- Merda!!! Merda!!! Merda!!! – proferia a moça de forma renitente a sua sorte cruel.
Um pouco mais de tempo e Armando olhou o céu vendo surgir cinzas nuvens prevendo mais inverno para aquela região. Ele olhou sua namorada depois de deixar a parte traseira do carro onde fizera força descomunal e disse a Norma.
--- Parece quem vem chuva. – reparou Armando a Norma sentada no banco dianteiro e com a cabeça postada na roda da direção.
--- Só faltava essa! Tomara que chova muito! Desgraça!!! – praguejou a moça com o rosto tenso de raiva.
E o tempo corria lento com a perspectiva de chover em toda aquela região. Armando voltou para trás do carro, forçando o veiculo a sair fora. Norma ajudou também ao rapaz empurrando na parte da porta dianteira sem lograr esforço algum. Os primeiros pingos de uma grossa chuva começaram a cair onde se encontrava os dois amantes. Com o passar de pouco tempo, a chuva engrossou  mais ainda fazendo com que os amantes se abrigassem dentro do carro. E a chuva foi se intensificado cada vez mais não havendo esperança de salvação do veículo. Já eram dez horas da manha quando a chuva resolveu cessar, porém deixando o céu nublado. Naquele momento, Norma viu um carroceiro com o seu filho pequeno e um cachorro em cima na carroça a se aproximar devagar. Ela teve a idéia de chamar o carroceiro para ajudar a tirar o seu automóvel do atoleiro e com o pneu baixo. Quando o homem chegou mais próximo ela acenou dizendo:
--- Moço. Me ajuda aqui a tirar esse carro do buraco. Choveu agora. E por cima de tudo o pneu está baixo. – lamentou com temor a moça.
--- Pois não. Vamos lá. A senhora já tentou tirar o carro com a marcha? – indagou o carroceiro.
--- Já! Já! Mas ele não sai do buraco. – falou Norma Vidigal.
--- Vamos ver se eu tenho condições. Eu vou amarrar o burro na dianteira e o animal fará força para puxar o carro. Está bem? – indagou o carroceiro todo molhado com a chuva.
--- É isso. Eu ligo o carro e o burro arrasta. – falou Norma se sentado na direção.
E nesse ponto, Armando Viana saltou fora do veículo para ajudar a empurrar o carro e com isso, o burro, o carroceiro e a força do rapaz faria com que o carro saísse do atoleiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário