sábado, 14 de maio de 2011

DESEJO - 45 -


- Tamanna  -
- 45 -
No dia seguinte, um domingo, Armando Viana já tomara seus café da manha preparado ao saber da moça Ângela e servido também para a sua noiva, Norma Vidigal  e a própria Ângela. Foi uma manha tranqüila e os noivos conversaram a vontade sobre tudo. Por orientação de Norma, o melhor a fazer era tentar uma entrevista com a Abadessa. Uma matéria leve com um tempero muito especial era algo de fluente para o jornal. Sabia-se tão somente ser o Mosteiro um ambiente tranquilo e calmo com suas peculiaridades de um Mosteiro. Havia ali um local para os despejos dos dejetos e do sangue dos animais abatidos onde não raro as freiras estavam a fazer a limpeza. Eram freiras gordas as fazedoras do asseio do local. Havia também um salão onde se podiam ver as freiras mais idosas a passar todo o seu tempo a escrever os pergaminhos de um papel para outro. Era um salão lutuoso onde não se ouvia nem mesmo o bater de uma asa de mosca. As monjas faziam seus trabalhos em absoluto silencio. Norma costumava ir, quando menina, a esses locais, de mãos encruzadas para trás, e olhava cada uma as monjas a rubricar as páginas de suas brochuras em total e absoluto silencio. Disso eles – Norma e Armando – conversaram o tempo todo sem nem mesmo a menor emoção.
Após o café da manhã, com bolos, leite, pães e queijo, os dois noivos se arranjaram para sair a procura de autorização da Abadessa para poder fazer a matéria. Armando Viana seguiu logo a frente e se pôs no portão da mansão olhando o mar azul e encantos mil. Em vagas ondas acalentadoras se vislumbrava as jangadas mar a fora a pescar. Um leve ar soprava para o seu rosto e Armando lembrava as suas pecaminosas artes de feitiços. Ao estar em pensamentos tão melancólicos ele nem notara a presença de um homem um pouco baixo, pele morena, rosto redondo e roupas roídas ao de Armando se aproximar. O homem cumprimentou e passou em seguida. Com dois passos a mais, o homem voltou e se aproximou de Armando:
--- Bom dia novamente. O senhor mora nessa mansão? – perguntou o homem a Armando.
--- Bom dia. Eu não. Por quê? – indagou Armando curioso.
--- Não é por nada. Eu me chamo Djalma. Sou aposentado do Estado. Eu vim passando e notei o senhor aqui e resolvi perguntar. Sabe? Esse mar vai subir cinco metros. Aliás, ele já subiu em outras regiões do país. Engoliu parte das praias. Um farol foi tragado pelo mar. Tem casos de ruas e casas que foram destruídas. Eu vejo a hora dele subir por aqui também. – comentou Djalma meio atordoado.
--- Eu vi a noticia nos jornais. – relatou Armando.
--- É um perigo para quem mora perto do mar. Aqui deve ter uma distância de cinquenta metros da ultima maré! Não? – averiguou Djalma.
--- Deve ser isso. Não sei bem. – comentou Armando ao sentir a preocupação do homem.
--- Vou seguir. Depois nos veremos. – sorriu preocupado Djalma.
--- Certo. Tenha um bom dia. Agradeço pela sua preocupação. – relatou Armando.
E Djalma partiu em busca do desconhecido enquanto Armando o olhava a se distanciar e ao mesmo tempo verificava as ondas do mar bravio. Instante depois surgiu a sua volta a noiva Norma Vidigal, seguida de Ângela. Ao chegar ao portão, surgiu o homem do peixe trazendo dois pescados novos para entregar a Norma. Ela mandou Ângela levar para por na geladeira e agradeceu ao pescador dizendo:
--- Mais tarde eu pago! – sorriu Norma ao dizer isso para o pescador.
E então saiu pesa pelo braço do seu amado em direção ao carro do rapaz. Norma fez um aceno com os olhos ao se aproximar do carro como quem aprovara a escolha.
--- Belo. – disse Norma a sorrir.
--- Talvez. – relatou Armando em contrapartida.
O carro trafegava veloz na estrada de barro batido em direção ao Convento das Irmãs Clarissas onde provavelmente era rezada a Missa dominical vez que os sinos já repicavam por minutos a fora. Norma trajava um vestido de domingo de cor escura, mangas postas até a metade do braço e, certamente cobrindo-lhe até as pernas. Angela vestia um traje bem mais simples enquanto Armando trajava paletó. O veículo estacou por causa de um homem a se aproximar. Esse homem vinha com toda a pressa à procura do vilarejo das Três Bocas. Ao ver o carro parar de imediato o homem gritou alarmado.
--- O ônibus! O ônibus! O ônibus!. Tombou! O motorista. Ele caiu fora da estrada! Um cavalo manco está na estrada! – dizia alarmado o homem a Armando.
--- Como é? – indagou preocupado o motorista.
E a moça Norma também ficou preocupada com o dito do homem.
--- Que foi??? – perguntou alarmada Norma.
--- Como foi? – perguntou Armando ao homem em desespero.
--- Vou buscar a carroça. O senhor vá à estrada. Tem muita gente. O carro. Tem mortos! – alarmou o homem  em desatino.
Em seguida o homem correu para a vila. E Armando Viana olhou a noiva e se deparou com a missão de ir à frente até a estrada verificar o sucedido. Então, a Missa já era mais uma vez. Em destemor, Armando Viana pegou o carro de rumou para a estrada a fim de verificar o ocorrido àquela hora da manha, logo cedo do dia.
A estrada estava cheia de gente de um lado e do outro. Carros a buzinar frenéticos como se a pedir passagem. Um cavalo já quase morto agonizava a todo instante. Era o cavalo manco. As pessoas procuravam dar assistência aos feridos e mortos do ônibus virado de ponta a cabeça. O prefeito do município de Acauã, José Catingueira, procurava dar a sua ajuda a retirar mortos e feridos do interior de veículo tombado em baixo da ribanceira. A zoada era enorme das pessoas querendo dar ajuda aos enfermos. Norma Vidigal ao ver tanta gente relutou alarmada e pediu ao noivo Armando para sair do local.
--- É melhor.  É melhor. Vá para a sede do município. A casa do prefeito. – respondeu Armando a moça.
--- No seu carro? – perguntou Norma alarmada.
--- Sim. Pode ir. Com Angela. Eu me viro. – respondeu Armando atrás do começo da noticia.
O motorista do ônibus vinha em sua mão quando se deparou com o cavalo manco. No momento, o motorista não teve outra opção, a não ser puxar o carro para fora da estrada e cair no barranco levando todos os que estavam no veiculo de ladeira a baixo. Trezes pessoas morreram e dezessete outras ficaram gravemente feridas. No acidente, o motorista perdeu a vida. Ambulâncias de outros municípios acudiram o chamado do prefeito de Acauã e partiram em busca de feridos para levá-los ao hospital da Capital. Outros veículos particulares também fizeram o mesmo atendimento. Todos os carros chegados abriam portas para socorrer os doentes. O prefeito José Catingueira se preocupava em retirar mortos e feridos. Pouca atenção o teve para dar ao secretario de Governo, Armando Viana. O rapaz arregaçou as mangas e tocou a retirar os feridos do meio dos escombros do ônibus. Era um desatino total.
--- Ajuda aqui!!! – gritava alguém.
--- Esse está morto. – dizia outra pessoa.
--- Tem uma mulher grávida dentro do carro. – era outro a reclamar.
--- É incrível. Tem gente toda enroscada. – lamentava um prestador de socorro.
O tumulto do pessoal prosseguiu por horas a fio ate o inicio da tarde. Armando estava todo molhado de sangue e de barro pelo fazer de retirar os corpos dos mortos e machucados. As ambulâncias saiam em debandada com as vítimas feridas para o hospital da capital. Os pingos de óleo do carro virado era um risco de explosão a todo instante.
--- Cuidado com o óleo. O carro pode explodir. – gritava alarmado alguém.
Após intenso trabalho de duração continua, Armando Viana seguiu na companhia do prefeito de Acauã, José Catingueira, até a sua residência onde estava a sua noiva, Norma Vidigal para poder levar a moça até a sua residência na praia. Ele então olhou bem a sua roupa e viu tudo encharcado de lama, barro e sangue. Assim mesmo estava o prefeito do lugar. O suor a descer de sobre a testa e o corpo, deixava Armando completamente sujo. Pouco ou nada conversava ele com o prefeito. Apenas Armando estava alarmado com a prestação de socorro as vítimas do trágico desastre.  A população do lugar continuava a retirar pertences de alguém deixados de qualquer forma. O sol quente da tarde emplacava o mal estar na fisionomia de Armando Viana.
--- Vamos pra casa! – disse ele a sua noiva ao chegar a casa de prefeito.
--- Que imundice! – relatou alarmada a jovem moça.
--- Foi fogo se tirar aquela gente dos escombros. – relatou o prefeito quase a chorar.
--- Vou trocar de roupa em casa. – descreveu Armando ao prefeito.
--- Aquí tem roupa. – relatou o prefeito de Acauã.

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