sábado, 23 de fevereiro de 2013

"NARA" - 10 -

- Natalie Wood -
- 10 -
DESATENTO
Por motivo alheio ao seu saber, o rapaz voltou e disse não ter ideia de qual seria o nome. Mesmo assim, ainda aventou em falar nomes como “Marechal do Ritmo” ou mesmo “Grupo Sabiá”. O caso foi à votação. E continuou a prevalecer o nome de “Garagem” vitorioso por um voto. Nara então sorriu por dentro de si e relatou ter posto o nome por motivo da turma está ensaiando em uma garagem. Na verdade, ela defendeu o estilo do grupo em ser Sabiá, pois era uma ave muito querida e de um catar doce.  Se houvesse desacordo Nara retiraria o nome de “Garagem”. E a turma se esquivou de votar por ter número pequeno para tal. E se seguiu em outras conversas como quanto eram os cantores. E então se deu a confusão. Cada qual que quisesse ser cantor. E a hora foi passando sem ninguém chegar a uma definição. E tudo acabou sem qualquer definição definitiva.
Na volta para casa, Nara resolveu abrir mais para o seu amigo Eurípedes e relatou não ser a intenção resolver a questão de uma vez por todas. Contudo, a questão ser a de todos falava e não se entendia. Desse modo muita gente a falar e nada a resolver. Nara tinha a intenção de se fazer um grupo formado por três ou quatro componentes e nada mais. Esses eram os que fariam o grupo. E tinha mais:
Nara:
--- Não se falou em diretoria. Quem manda ou não. Isso faz a questão importante. Alguém tem que presidir. Outro o de secretariar e um de tomar conta dos lucros e prejuízos. O grupo deve ser formado por três ou quatro pessoas não dependente de ser um componente de tal diretoria. – falou com certeza a moça.
Eurípedes:
--- Você tem razão. Ninguém pensou em tal caso. – falou o amigo de Nara.
A noite corria serena. Eram dez horas. O Bonde estacionou no ponto inicial e por uns instantes os passageiros tardios ocupavam seus bancos. Porém o motorneiro avisou está o Bonde sendo recolhido à estação do Baldo. E quem subiu tornou a descer, pois nada se podia fazer. O carro seguiu para à rua de Nara onde pouca gente andava a perambular. O carro entrou por uma esquina da rua e logo à frente parou. Euripedes notou um grupo de homens todos de preto vindos a conversar assuntos alheios a rapaz. Nara vislumbrou seu pai e saltou do carro a levar seu violão. Eurípedes ainda voltou a dizer sobre a próxima reunião. Ela ouviu e caminhou para a sua casa. Uma janela da casa em frente se abriu para alguém ver quem estava a chegar aquela hora tardia da noite. Em seguida, uma mulher robusta se trancou fechando da janela.
Dona Ceci dormia com a cabeça caída sobre o braço direito e o menino estava acordado fazendo um grunhido como de alguém ou criança pronta para sujar o pano vestido. Nara olhou para o neném e procurou ver se ele estava enxuto e notou os grunhidos feitos não era nada menos do que sujar a frauda. Quando Nara pegou o menino a sua mãe acordou quase sobressaltada indagou as horas. No mesmo instante entra na sala o velho Sisenando um pouco “eufórico” e fala para o pequeno:
Sisenando:
--- Ele está sujo? – perguntou o homem ligeiramente alcoolizado.
Nara:
--- Está. Vai agora para o banho. – reclamou a mãe do bebê saindo com pressa da sala de jantar para o seu quarto.
O pai ficou atônito com a zanga de sua filha e não sabia por qual motivo. Meio alcoolizado ele indagou de sua esposa qual foi à causa de tanto aborrecimento. A mulher disse não saber e se possível Ceci acharia melhor ir para o seu quarto, pois era tarde e ela era preciso dormir. E se levantou da cadeira e foi saindo. Sisenando nada se importou e deu de ombros. Ele foi então para o banheiro onde  tomaria uma ducha de água fria a qualquer preço.
Naquela noite/madrugada, o sonho atroz perturbou a mente de Nara. Ela sonhava está no Mercado da Cidade e observou vagas mercadorias expostas. Tudo no Mercado era ruim. Os locais eram poucos. Uma mulher pedia uma sopa de lagartixa. A moça ficou desnorteada com tanto abuso da mulher faminta. E com o passar das horas Nara viu um local de vender coisas velhas. Ela temeu. Mais outros locais, tudo de quinquilharias. Eram quinquilharias miúdas. E mais:  todos os que passavam sempre olhavam para as velharias. Para Nara, aquilo não era tão velho assim, em seu sonho. O homem do jogo do bicho conferia os seus pules para ver se tinha acertado em algumas apostas feitas. Outro chegava ao seu lado e oferecia um bilhete de um automóvel. Teve alguém a lhe oferecer frutas, todas verdes. Mesmo assim, Nara não desejava ver mais. Na saída do Mercado ela notou uma mulher a atravessar a rua para pegar o Bonde. E nessa angústia, o sonho terminou.
Foi uma náusea constante feita pelo sonho na mente de Nara naquela madrugada. A moça acordou sobressaltada e no restante da manhã o sonho não saía de seu pensamento. Às vezes sentia vontade de chorar. Angustia pesada por ela sofrida. Remorso e vontade de sumir. Um caso de paranoia e delírio. Foi assim ter Nara pensado do amargo sonho da madrugada.  Em um instante, ela verificou como estava a dormir o seu filho amado. Parecia um boneco de porcelana no jeito como dormia. Nara se impressionou com o bebê e observou terna como um garoto podia dormir tão repousado assim. E o tempo passou rápido quando Nara olhou para o seu relógio de cabeceira e viu já às cinco horas da manhã. A moça saiu para esquentar a água no fogão da cozinha. Dona Ceci acabara de chegar e olhou o céu vendo nuvens pesadas dando a impressão de chuva a qualquer instante. A mulher recolheu seus braços em forma cruzada e suspendeu os ombros.
Ceci;
--- Vai chover. – relatou a mulher se voltando para a cozinha.
Nara nada respondeu. Ela estava a acender o fogão como sempre fazia. Riscou quase uma caixa inteira de fósforos com o seu desespero de não acende por causa do tempo frio a estar a fazer. O               menino acordou. Nara ouviu a sua forma de chamar alguém. Era um ronronado. Ela ouvira muito bem. E de imediato a moça largou a chaleira ainda sem acender o fogão e foi buscar a criança. A sua mãe se encarregou de acender o fogo e por a chaleira. O marido de Ceci entrou no gabinete sanitário sem dizer nada. Pássaros gorjeavam nas árvores do quintal. As nuvens se acercaram. O tempo mudou. A chuva cai de repente. A passarada silenciou. As biqueiras começaram a jorrar. Um homem gritou na rua:
Homem:
--- Chuva! – gritou um homem.
O homem de entregar pão apenas bateu à porta da casa e chamou por quem estava:
--- Olha o pão! – gritou o padeiro.
Mais tarde, depois das oito horas da manhã Nara ainda pensado no sonho da madrugada estava ensaiando em seu violão e balançando o neném Neto no seu berço. Ela acompanha o sono da criança embalando o berço amarrado por uma tira indo do pé de Nara à pequena cama. As músicas cantadas por Nara tinham um acorde leve e embalava mais a criança.  A chuva era insistente com as biqueiras jorrando água aos borbotões. O homem do leite chegou bem atrasado e fez a entrega. Ele estava apressado e todo encharcado de lama. Por seu lado, Nara se preocupou. Foi dona Ceci quem recebeu o leite. Ela recebeu e entrou para a sala de jantar. O toque do violão lembrou a Nara os acordes de um piano. Ela não sabia por que. Apenas olhou para o móvel ao lado. Era o piano modelo vertical. Esse tomava menos espaço que o piano de cauda. Tal piano, sendo de cauda precisaria de um espaço maior. A observar o móvel Nara fez um leve sorriso. Mas fechou a cara em seguida.
Nara;
--- Bruto! Ignorante! Que está pensando? – foi o que refletiu a moça.  
Em tal momento ela notou a insistente chuva a cair copiosa. Então Nara se levantou e, na carreira, sacou de um lençol o qual cobria a sua cama e, de imediato, voltou fazendo daquele pano uma coberta para o piano temendo a chuva a cair e um respingo manchar a pintura do piano. Na rua, a enxurrada corria franca pela calçada formando uma lagoa a todo custo. A rua era início de uma descida e Nara viu as outras casas com suas portas e janelas fechadas.  O frio imenso açoitava o tempo.  Meninos desaforados corriam pela rua a tomar banho de chuva. Um entregador de compras passou com o balaio na cabeça, cambaleando por conta da pesada encomenda. O carro coletor de detrito vinha devagar, batendo a sineta e a buzinar constante advertindo aos constantes o carro do lixo. A meninada nem se importava com tal caso. Todos a gritar ensaiavam uma dança no meio da rua. Era o mundo todo a cair tão de repente por conta do temporal insistente. A terra escureceu de luto dado a tempestade arrasadora. Uma mulher moradora em uma casa quase em frente chamava seu filho de volta, pois o menino tinha a intenção de cair na borrasca. Um homem veio assustado do baixio e a gritar.
Homem;
--- Cuidado!!! A ponte do riacho do Baldo caiu!!! Cuidado!!! – gritava o home em desespero
O caminhão coletor nesse momento parou. O motorista quis saber do que estava a acontecer. E o homem apenas dizia para não seguir,  pois a ponte do Baldo caiu por conta  da tempestade abatida.

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