- Jennifer Aniston -
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TRABALHO
O trabalho
árduo durou à noite/madrugada sem trégua. Com a ajuda dos soldados o negocio
não foi mais rápido porque não podia consentir. A procura de vivos era intensa.
Naquela noite também se teve a ajuda do Corpo de Bombeiros e de Ambulância do
Hospital “Miguel Couto”, o hospital central da cidade. O tumulto era imenso com
a chuva torrente a cair. Grito de ordens se ouvia a todo instante de um
superior. Homens de paragens próximas se ajuntaram para socorrer as vítimas.
Nem mesmo o trem teve permissão de trafegar, pois a rua ficava próxima à
estrada de ferro. Gente modesta que plantava e colhia capim bem abaixo da linha
do trem também veio em socorro das vítimas. Quando alguém cansava, esse era
encostado e outro assumia o seu lugar. O alvoroço se ouvia por conta dos
veículos particulares tentando os seus motoristas ajudar de qualquer forma. Na
verdade, a rua virou uma tragédia para os seus moradores. Quando o dia
amanheceu, a chuva amenizou e se podia enxergar o monte de destroços por toda a
artéria. Nas demais ruas do bairro, a situação era
calamitosa. Mesmo assim, não houve tragédia como na Rua da Salgadeira. O gado
posto no curral para o abate diário teve de ser transportado para locais mais
distantes.
Homens:
--- O que é
isso meu Deus?! – lamentava um homem a chegar aquela hora da manhã.
E os demais
confirmavam a tragédia sofrida por toda a população da rua e adjacências.
Homens;
--- Além de
queda, coice! – ilustrou o homem a temer a real situação de que morava no alto
da linha da estrada de ferro.
As alegres
mulheres da pensão “Maria Boa” já estavam no local do drama a tentar auxiliar
de qualquer forma as pessoas desassistidas. Nesse ponto, de manhã bem cedo,
apareceu no local à moça Nara, seu filho de braço e mais o seu pai. Era um sábado.
Dona Ceci ficou a cuidar de um forte café e levar para quem estivesse a
necessitar. Outros moradores também fizeram o mesmo. O homem do pão não
apareceu por causa da padaria onde ele trabalhava ter sofrido danos com as
chuvas da noite. Os penitentes operários estavam ocupados no refazer suas
máquinas. Por isso, não havia pão para se entregar. A padaria mais próxima
ficava na Avenida Rio Branco há mais de quinhentos metros de distancia. Era
onde se podia comprar o pão da manhã. No Mercado da Cidade o assunto principal era
a tragédia da Salgadeira. Carne verde não apareceu para os homens talhadores.
Comentários:
--- O Governo
precisa tomar atenção para retirar o povo daquele local! – resolveu discutir um
dos quais.
Outros:
--- Eu também
acho! – relatou alguém no café da banca do mercado.
Quem:
--- Todo mundo
acha mais ninguém faz nada! – disse alguém ao sorver seu café bem quente.
Principal:
--- Quem você
acha que é? Eu sou um Vereador! – disse o homem arrogante.
Nesse ponto
“Quem” sorriu e completou:
Quem:
--- Quem disse
que você é vereador? Bem quisera! Perdestes até o último vintém. – sorriu o
“Quem” a beber seu café. E após o homem se levantou, pagou a conta e saiu.
O “Principal”
ficou bufando de raiva a olhar o outro. Ao chegar à porta do Mercado o “Quem”
se voltou para olhar o “Principal”, ajeitou o chapéu na cabeça, sorriu e
partiu.
No sábado,
nove horas da manhã quando o sol estava se firmando no ambiente, Nara estava em
sua casa a dedilhar o seu violão e a balançar o seu neném. E de súbito um homem
bateu à porta. Ela se levantou para saber quem era o tal e, de imediato estava
a entrar em sua casa o amigo Eurípedes a vestir roupa simples nem parecendo um
médico. E ao entrar Eurípedes foi logo a cumprimentar a amiga. De relance olhou
para o piano a estar coberto por um lençol. Ele se ateve em perguntar como não
ter dado a devida importância. Ela sorriu de uma forma amável e em seguida
declarou:
Nara;
--- Chuva
muita! Eu coloquei um lençol em cima do piano. – se voltou para o instrumento e
se voltou de imediato para Eurípedes.
O rapaz sorriu
de uma forma sem querer e foi em seguida ao ponto inicial. Ele falou não ter
podido ir ao Teatro “Carlos Gomes” uma vez ter chovido bastante naqueles dias.
Houve enchentes nas ruas do bairro da Ribeira e o Teatro sofreu com isso. A
Casa de Espetáculos era em um local de cheias, pois o canto era antigamente um
lago ou a margem do rio Potengi. Quando o Teatro foi construído não se pensou
nas cheias vindas com o inverno, com certeza.
Eurípedes:
--- O local
está todo encharcado. Não tem espetáculo hoje, amanhã. E, quem sabe? Depois de
amanhã! – relatou entristecido o rapaz.
Nara ouviu o
relato e ficou a pensar na situação da garagem. Talvez a garagem não tivesse
sido atingida. De qualquer forma, era necessário de saber a opinião de Fred.
Foi isso no que pensou a moça. Por certos minutos ela calou. Estava embalando o
Neto, seu filho amado. E então se locomoveu até o berço onde o bebê estava. Ela
olhou para Neto e sorriu. Então soergue a face para o amigo e fez questão em
relatar:
Nara:
--- Você
pensou nos nomes da diretoria? – indagou como não querendo.
O rapaz calou
um pouco e depois falou. Ele disse “não”, pois nem sequer teve tempo. Seria
necessário ver com os outros membros. No momento, todo mundo estava alheio à
questão vez ter o temporal arrasado com muita gente, principalmente os
moradores de bairros pobres. Algumas casas de pessoas ricas também sofreram
inundações O desespero era em toda a cidade. Bonde perdido nas linhas em cantos
distantes e essas coisas.
Eurípedes:
--- Eu vi
chegar ao Hospital gente de acometida de difteria, faringite, bronquite. Coisa
triste. – comentou o médico em sua emoção com os pacientes.
Nara:
--- Foi
temporal intenso. Uma rua aqui perto teve suas casas derrubadas. – relatou com
tristeza.
Eurípedes:
--- Qual rua?
– indagou sem preocupação o rapaz.
Nara:
--- Salgadeira.
Fica logo abaixo. Descendo. – falou Nara rolando a mão dando por entender.
Eurípedes:
--- Na Rua do
Motor houve também casas caindo. – balançou a cabeça em desengano.
Nara:
--- A
Prefeitura devia tomar cuidado com essa gente. Imagine a Redinha! – falou ao
desgosto.
Eurípedes.
--- Situação
grave é a de Aldeia Velha. – relatou o homem desenganado e triste.
Nara;
--- Aldeia Velha?
Lá? – apontou a moça para o local.
Eurípedes;
--- Sim.
Aldeia Velha era um sítio morada do Índio Potiguassu. Ainda hoje é conhecida
por esse nome. Estão querendo mudar para Igapó. – falou com a cabeça abaixada o
rapaz.
Nara;
--- Ah. O
índio! – falou a moça meio alheia.
O vento frio
de uma manhã de sol já era o sinal de um dia melhor. Dona Ceci tinha saído para
assistir à Missa em companhia de seu marido Sisenando. Esse saiu para ir buscar
os jornais do dia enquanto a mulher ficou mesmo na Catedral. Ele tinha estado
na Rua Salgadeira logo cedo da manhã em companhia de sua filha. Ao voltar,
Sisenando tomou café com bolo, pois o pão não havia por causa da chuva
torrencial da noite-madrugada. E também,
Sisenando teria que ir ao Mercado ver se encontrava no local um par de sapatos,
pois o que usava era também bastante velho. Os outros tinham sido molhados e
assim ficaram imprestáveis. Era um tipo de calçado de não aguentar chuva. O
sapato abria logo o solado. Era até interessante. Os sapatos ficavam batendo
com assola no chão e subiam até ao ponto de partida fazendo uma zoada bem
peculiar. Os jornais da cidade não saíram àquela hora o que fez Sisenando rumar
o Mercado. Nesse percurso, Sisenando encontrou um velho amigo, membro da
Maçonaria. Esse homem vinha quase a correr e na ocasião teve de recitar ao
velho amigo:
Amigo:
--- O doutor
está em coma. – relatou o velho amigo a Sisenando.
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