- Anna Paquin -
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TERRA
Os satélites naturais postos
pelo homem na face da Terra ficam a uma distância de vinte a trinta e cinco mil
quilômetros, na exosfera. Tem esses a função de “trocar” informações entre o
espaço sideral e a base terrestre. Tais satélites perderam a sua comunicação
com a base e o homem desconhecia a veracidade do fato. O terror voraz espacial
foi jogado pela cauda do cometa “Gato”
para “destruir” toda e qualquer comunicação de bases da Terra e o espaço. Até
parecendo um cometa “inteligente” a
ser capaz de qualquer coisa para impedir as Nações do Solo a se fazer
comunicar. Tudo isso foi observado pelo capitão Eikki Launis do seu barco
colhendo as diversas impressões de diferentes ângulos de transmissão em código
“Morse” de homens do telégrafo
atribulados com as “bolas de fogo” a
cair vertiginosas. Em certo instante Eikki até sorriu ao monitorar um
comentário de um macanudo a proferir
algo muito bem misterioso.
Macanudo;
--- Se não fosse a telegrafia
nós estávamos “perdidos” nesse espaço. – comentou em código o telegrafista.
Eikki Launis obtinha
informações de diversas áreas, como Marinha, Aeronáutica, Exército e dos
operadores particulares de diversos pontos do País e do Mundo. Já não havia
sinais legíveis de todo o canto da Terra. Porém, a usar antenas Terra-a-Terra,
como se escondesse tudo das ogivas nucleares do cometa esse telegrafistas
conseguiam “trabalhar” com maior presteza mesmo estando com energia elétricas
sem poder de força. Eikki pode saber da
explosão de um vulcão no interior do País formando rios de lavas a cobrir
imensos campos da Terra onde houve o cataclismo. Um porto naval foi destruído
de um momento para outro por um enorme petardo da cauda do cometa. Na verdade,
foi um pavor a tomar conta da gente do porto onde não se podia nem contar ao
menos com precisão o numero exato de mortos. De um telegrafista da França o
capitão colheu a informação de casos incomuns onde cemitérios de abriram
despejando para fora os mortos ali sepultados. No México, outra informação da
explosão sem precedentes de uma refinaria de petróleo. Mas o telegrafista não
sabia ao certo o número de mortos podendo ser vultoso. Dos Estados Unidos
chagavam informes a definir o caos nos centros de proteção a uma guerra
cibernética. Da Rússia, informes de igual destino com a destruição total da
Marinha de Guerra. Da China, o Centro de Defesa Cibernética fora completamente
destroçado pelas ogivas do inteligente cometa. Casos de igual monta Eikki
recebeu da Índia, Espanha, Vietnam. Era
o despedaçar indiscriminado do chamado “Livro
de Bambu”.
Eikki:
--- Nós estamos no fim do
mundo! – comentou para si de forma entristecida o capitão.
Otto estava parado, com as mãos para trás, encruzadas, a olhar para cima a frente do campanário, algo ter ele feito
quando era menino. Os sinos estavam tronchos em seu lugar como quase a cair. E Otto não se lembrava de nada além dos
campanários. Ao seu lado estava Vanesca a
olhar a quase multidão a ocupar a Catedral. Em certa ocasião Vanesca lembrou ter passado em frente
àquilo que foi uma Igreja: Universal. A
que buscava atender o conflito com a Igreja do Vaticano. Por sinal Universal é
em tradução completa Igreja Vaticana. Tal Templo fora destroçado por uma ogiva
imensa a cair sobre o seu teto causando a morte de um milhar de pessoas
postadas no local para fazer oração a qualquer preço. A Universal era a Igreja
a crescer vertiginosamente em todo o território e no exterior. Esse estrago não
apenas naquela capital, pois se tinha informação da catástrofe em outros
Templos de igual filosofia. Um calafrio sacudiu a moça e depois de tudo ela se
voltou para Otto a indagar;
Vanesca:
--- Você esta friento? –
indagou Vanesca se encolhendo toda.
Otto:
--- Um pouco. O vento está
gelado. Não tem sol. Nuvens baixas. Muita chuva. Relâmpagos a todo instante. E,
além disso, os torpedos celestes. – reportou sem muita lástima o rapaz.
Um sacerdote se aproximou do
casal em meio à multidão para saber se estavam procurando alguém. De forma
lacônica, Otto respondeu não, pois só queria ajudar a quem estava a necessitar
de auxílio. O sacerdote então sorriu e o levou para dentro do Templo Católico
onde estavam outros atendentes a ajudar como fora preciso os doentes do corpo e
do espírito. A Catedral era ampla e Otto
se lembrou de ter estado naquele local.
Otto:
--- Padre Mario? – indagou Otto
ao sacerdote.
Sacerdote:
--- Ele está por aqui. Nós
somos poucos. Mas tem quem ajude. Os membros da Igreja Batista, Presbiteriana,
Assembleia de Deus e mesmo os das Igrejas menores. Todos estão se ocupando com
cada qual. – relatou o sacerdote um pouco apressado com as mãos nos peitos como
se está rezando.
Vanesca
se desviava de um doente e de outro, com todo o cuidado e seguiu em frente
olhando os enfermos a pedir ajuda e os técnicos de enfermagem a oferecer sempre o que podiam. Os altares
estavam cheio de velas, todas acessas, com os peregrinos a rezar suas preces
fervorosas. Se fosse sentir o cheiro das velas, a pessoa não tinha a atenção do
odor das chagas dos doentes de cama. Uns gemiam de dor ou de mágoa. Outros
pediam uma esmola em troca de qualquer coisa, pois dinheiro não existia em
canto algum. As pessoas já não pensavam mais no valor do dinheiro. Uns trocavam
uma cabra por um punhado de farinha. Outros nem isso. Era comum se ver pombos
serem trocados por um negócio qualquer. Em outras celas o esmoler se valia de
tudo para comer. Até ratos. Urina de bebê valia uma prece para um doente. Os “Batistas” oravam enquanto ajudavam o pessoal. Esse era o desengano de todos na nave da
Catedral. De momento, o Sacerdote olhou
para Otto e indagou:
Sacerdote:
--- O jovem tem estudos? – foi
o que o padre indagou.
Otto:
--- Jornalista. Quando tinha
jornal. Isso é. – falou Otto com complacência.
Sacerdote:
--- Ah, bom! Estudos hoje não
valem muita coisa. Mesmo assim é um fator fundamental. – refez o padre ao se
persignar diante do altar mor.
E seguiu a caminha o Sacerdote
em enfermos e defuntos. Os peregrinos pediam-lhe a bênção e o Sacerdote fazia o
sinal da cruz. Vanesca olhava um
defunto e três rapazes o apanhavam com pressa para levar a algum local onde se
fazia o sepultamento.
Alguém:
--- Morreu de tristeza. –
lamentava uma anciã ao ver o cadáver ser posto nas costas de um rapaz.
O padre abençoou o morto em um
olhar de piedade. Isso era coisa a fazer cem vezes por dia, a bem dizer. Em
seguida o Sacerdote seguiu caminho acompanhado por Otto e Vanesca até a
entrada reservada para os padres. No meio do caminho para subir a escada o
Sacerdote encontrou outro padre. Esse lhe confidenciou algo. O jovem Otto não
ouviu bem o que se estava a repor. Apenas virou as costas e conversou com sua
noiva coisas do passado. Quase em seguida o Sacerdote chamou Otto e as três
pessoas continuaram a seguir caminho de escada a cima. O Sacerdote andava muito
apressado e dizia a Otto ter um rádio de comunicação no seu quarto onde ele
podia ouvir as notícias alarmantes do cometa dadas por macanudos de qualquer parte de onde ele estivesse. As mais recentes
diziam ter a Terra sido nocauteada:
Sacerdote:
--- Já foram atingidas cidades
com 170 inundações. Outras por 70 tornados. E poucas por 22 cheias. Em resumo:
145 milhões de pessoas perderam a vida nessa história. O Vaticano sofreu duras consequências com as cheias. Em suma:
ocorreram 370 desastres naturais sem contar com os daqui do nosso Estado. – fez
ver o padre desenganado da vida. - Há
quem diga ser tudo isso ocorrência bíblica. O Armagedom. Esse é o grande dia “da peleja de Deus travada
entre os poderes demoníacos da ‘besta’ e dos reis da Terra, com seus Exércitos”.
– reportou cheio de temor o Cura.
Otto aguçou sua atenção e pesquisou
em sua mente o sentido da palavra “Armagedom”. E logo ele tomou por certeza ser
o Har Meggido ou topo do Monte Megido. Na tradução do Apocalipse,
o Armagedom será o confronto cósmico final entre as forças do bem e os poderes
do mal, no qual será decidido, para sempre, quem é digno de adoração. Na
história de Israel, já foram travadas diversas batalhas no local. Mas na Bíblia esse é o último juízo de Deus. E Otto voltou a indagar ao Sacerdote.
Otto:
--- Mas Senhor. O senhor
acredita mesmo nessa história? – indagou com dúvida o rapaz.
O Sacerdote se virou para Otto
e sorriu. Em sequencia voltou a falar na Batalha do Monte Megido.
Sacerdote:
--- Veja bem meu rapaz. Está
escrito na Bíblica – capitulo 16 – “Então,
derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do Santuário, do
lado do trono, dizendo: Feito está! E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões,
e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a
terra; tal foi o terremoto forte e grande. E a grande cidade se dividiu em três
partes, e caíram as cidades das nações. Todas as ilhas fugiram, e os montes não
foram achados; também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com
pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de
pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo
grande”. – fez ver compassivo sacerdote.
Otto escutou todo o falar do sacerdote e não teceu mais comentários.
Talvez ele tivesse ouvido outra historia a respeito do tal Deus. Talvez.
Talvez. E se encaminhou para o quarto escuro do Sacerdote e ficou a escutar os
sinais de Morse a fornecer informes
surpreendentes dos últimos acontecidos. Do seu canto, Vanesca se apoiou no braço do rapaz e ouviu quase assombrada aquilo
tudo informado pelo sacerdote. No canto do quarto estava a imagem de São João
Evangelista imponente e majestoso como nunca d’antes a moça chegara a ver. Em
outra parte do quarto apertado estava a Virgem Maria como a observar a moça em todas
as suas nuances.
- FIM -
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