- Jennifer Love Hewitt -
- 40 -
CONFISSÃO
O homem se
mostrou grosseiro e puxou o cinturão de sua veste preso à cintura e mostrou com
arrogância à menina-moça. E lhe disse de forma bruta e colérica estar naquele
sitio não por brincadeira, mas por sua obrigação e ninguém faria com ele o que
se pensava. E ameaçava bater na moça se ela resistisse. E Margarida não temia o
açoite do cinturão esbravejando como podia ter a moça o seu direito de proteger
a sua honra.
Margarida:
--- Eu não vou casar com ele! Não vou casar! Não
vou! Ele não toca em mim! E eu não fiz nada de errado! Não fiz! Não fiz! –
gritava a moça ainda a segurar as suas tranças da mão do velho.
Amaro Castro
cada vez mais irritado queria porque queria saber da moça à razão pela qual a
mesma pôs fogo no homem. Isso era tudo.
Amaro:
--- Não
importa saber disso. E por qual razão a senhorita atirou no rapaz? – indagou
colérico o velho.
A moça se
debatia até afirmar:
Margarida:
--- Ele é um
bruto! Ele me desonrou! Deixa meu cabelo! Me solta! –gritava a mocinha sem ter
meios de se livrar do seu algoz.
Disse a moça a
cuidar de suas tranças. Na sala ampla onde eles estavam também surgiram alguns
vaqueiros. Esses ficaram a olhar calados. Apenas, de quando em quando um olhava
para o outro e torcia a cabeça para um lado como quem dizia: “A moça tem
razão”. Se isso era verdade ou não pouco importava então ao velho. Ele apenas
atormentava a moça a dizer a razão de ter atirando no homem do caminhão. De
lado de fora da casa, algumas mulheres se baixavam para ouvir a trágica e real
situação da virgem. Alguma dizia a outra:
Uma:
--- Eu não
disse que havia fogo?! – falava amedronta a mulher.
Duas:
--- Cala tua
boca! Tu sabes de nada! – comentava a outra como querendo ouvir melhor.
Três:
--- A menina
está buscando saída! – relatava a terceira.
Quarta:
--- Pára de
conversa! Eu quero ouvir a zanga! – atrapalhava outra mulher.
E na sala
grande de jantar o senhor das terras, colérico, enrolando na mão o seu cinturão
feito de correia de touro, torcia a cara para depois indagar de Margarida, sua
filha de criação o que mais atormentava;
Amaro:
--- Quer dizer
ter ele atrapalhado sua vida? Foi? – disse com bastante raiva o criador de gado
A moça chorava
com a cabeça abaixada por entre os joelhos para depois relatar:
Margarida:
--- Aquele
bruto me pegou à força e me sacudiu o carro. Nós saímos daqui e ele arranjou
umas broas. Foi tudo o que eu comi. Inda fiz os troços. – chorava a garota como
nem se sabe.
O vaqueiro
presente disse para o outro:
Vaqueiro:
--- Tá vendo?
Não te disse? O bicho é cabreiro. – disse o vaqueiro com seu entusiasmo.
Amaro Castro
soltou as tranças da mocinha e se soergueu a olhar para os vaqueiros presentes
para então proclamar sem nenhum entusiasmo:
Amaro:
--- Vamos à
casa da peste. Você vai, está ouvindo? -
falou ele com rispidez à moça.
E o dono da
terra buscou caminho imediato, levando consigo o vaqueiro Tomaz e mais dois
vaqueiros tendo ao seu lado a jovem Margarida, está completamente com a cara
abusada, chorando ainda a se lembrar do tiro desfechado contra Salvador. O tiro
disparado não teve mira e a arma detonou de qualquer forma indo a bala se
alojar na omoplata de Salvador. O homem, ao sentir o impacto do disparo não
teve jeito e foi ao chão. Ao se ouvir o disparo os vaqueiros correram para o
auxilio do motorista e alguém notou a moça Margarida saindo da porta de trás da
casa grande e a mulher tomando-lhe a arma a dizer desaforos. Foi uma corrida de
louco naquele instante, cada qual a fazer algo para estancar o sangue, atrás o
ferimento com bandagem improvisada. Teve alguém que arranjou folhas de mato
para por em cima. Os vaqueiros contaram com ajuda das suas mulheres e após
algum tempo, Salvador foi levado, montado em um cavalo para o Hospital de Santa
Cruz, único existente na região. No seu caminhar, o motorista se contorcia de
dor e teve a ajuda de outro vaqueiro. Esse homem tomou as rédeas do bruto e caminhou
devagar, colocando o doente à sua frente e o vaqueiro a seguir a trotar o
animal. Eram quatro vaqueiros. Foi essa
a conversa ter ouvido o dono das terras.
Ao chegar à
residência de Salvador, após várias informações de onde o motorista estava o
dono das terras, senhor Amaro Castro, notou um aglomerado de gente. O homem não
quis saber pessoalmente de mandou o seu vaqueiro Tomaz perguntar onde morava o
motorista. O pessoal olhou espantado para o vaqueiro e alguém declarou com
pouca conversa:
Alguém:
--- O morto?
Aqui mesmo. Nós estamos fazendo “quarto”. Vamos “beber” a vida de Salvador. –
relatou alguém do meio.
Tomaz:
--- Mas ele
morreu? – indagou espantado o vaqueiro.
Alguém:
--- De morte
matada. Acertaram o pobre homem. Sei não. Só pode ser coisa do “tinhoso”. – fez
a conta o homem.
Tomaz:
--- E eu posso
visitar? – perguntou o vaqueiro um pouco assombrado.
Alguém:
--- Pode. Todo
mundo pode. Como é sua graça? – indagou o homem.
Tomaz:
--- Meu nome é
Tomaz. Inda ontem eu tive com ele. Ele: vivo de dar sorte. Agora me vem à
notícia que alguém furou o pobre. – relatou Tomaz ao entrar na casinha de
taipa.
Alguém:
--- Mas parece
que foi tiro. O médico extraiu a bala. E ele não suportou a morte. – confessou
o homem.
Tomaz
verificou bem o morto e viu ser ele mesmo. Salvador. E se benzeu com o sinal da
cruz saindo em seguida até o carro estacionado a boa distancia. Tomaz andava
freando os pés para não correr. Ele de cabeça baixa e muito calado. O homem que
o atendeu se despediu e foi para o interior do mocambo. No seu caminhar, de
longe Tomaz olhava para o seu patrão por baixo da vista. E por lá chegou há
algum tempo. Então logo declarou.
Tomaz:
--- Morto. –
declarou o vaqueiro
Amaro;
--- Quem?
Morto? Morto mesmo? – indagou o patrão com espanto.
Tomaz;
--- Eu vi o
defunto. Tá lá esticado no caixão. Morto de não dá jeito. – falou o vaqueiro a
sacudir seu chapéu para espantaras moscas.
Amaro:
--- Como é que
pode? O homem morto? Uma balinha de nada! – foi o que disse o patrão
Tomaz:
--- É. Mais o
rombo foi feio. Era para matar touro brabo. – falou ressentido o vaqueiro.
Amaro:
--- Tá vendo
coisa ruim? Tu nasceste apenas para dar prejuízo aos outros! – falou brabo o
dono das terras.
Nesse ponto a
ninfa caiu em desespero procurando por todos os meios abandonar o carro. Seu
Amaro Castro a conteve com a maior força possível e prosseguiu viagem de volta
a exclamar coisas desastrosas com a moça. Ela apenas chorava.
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