sexta-feira, 1 de julho de 2011

DESEJO - 64 -

- Ashley Judd -
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Em dias depois do sepultamento de Norma Vidigal, o Jorna A IMPRENSA saiu com uma publicação de um editorial onde expressava a dor sentida por todos os servidores do Cartório e, por cima de tudo, também daquele matutino, órgão de maior credibilidade do Estado. Foi um editorial comovente até e destacava no seu final a vergonha de ter de afirmar a ausência de pelo menos na Santa Missa celebrada na Catedral da Cidade do senhor governador do Estado. Dizia o Jornal ter o Governador sequer acompanhado o féretro e quando era sabido ter naquela hora vespertina o dono do Estado, mas não do povo votante, se empanturrado de bebidas em uma “solenidade” para três ou quatro afiliados em seu Gabinete. Foi um rasga papel direto ao Governador querendo dizer ser daquele momento em diante o matutino independente, pois sequer tomou a importância de querer cobrar todo o desembolso do Governo para com a publicação de seus “avisos” no Diário Oficial do Estado, órgão publicado também pelas oficinas do Jornal em questão. O editorial foi igual a uma temerosa bomba para o Governador. Quem não entendia muito bem dos desaforos pedia a outra pessoa para ler e explicar. Uma foto da senhorita Norma Vidigal teve publicada em tamanho ampliado sem nenhuma explicação. Apenas o seu retrato com sinal de luto e o seu nome em baixo.
Houve um reboliço naquele dia no Gabinete do Governador. Ele só fazia irrequieto descompor o Ex-secretário e ameaçá-lo com bala. E dizia isso pondo o seu revólver em cima da mesa de trabalho. O Chefe a Casa Civil pedia calma ao Governador enquanto o candidato ao Governo, senhor Gilgamés Soares de Morais nada reportava. Apenas conserva baixo com seus auxiliares de imediato. A situação estava tensa e o secretário Chefe da Casa Civil conversou com o governado para que ele o autorizasse em poder ir ao apartamento de Armando Viana para convidá-lo a comparecer ao Gabinete, pois, afinal era ele ainda o secretário de Comunicação uma vez ter o substituto recusado o convite. O Governador deu a contragosto a autorização. Mesmo assim foi advertido de não ser importuno diante do Secretario demissionário.
--- Não faça ameaças e me entregue à arma. – reportou o Chefe da Casa Civil ao governador.
--- Pode deixar. Eu não vou usar a arma. Até porque está descarregada. – falou o Governador.
--- Muito bem. Eu vou ao apartamento do Secretário. – falou forte o Chefe da Casa Civil.
Armando Viana estava pronto para sair. Eram nove horas. Ele estava confuso depois da morte de sua amada Norma Vidigal. Parecia ter sido no dia anterior quando eles foram para a Mansão. E depois eram já quatro dias passados. A questão era ele entender o fato da moça ter um AVC ou trombose enquanto dormia. Não lhe fazia sentido ter esse enigmático fim a bela e doce moça cheia de candura e meiguice para dar. As correspondências chegavam e ele as apanhava e deixava em cima do birô do seu apartamento. Não lia sequer nenhuma. Eram todas do mesmo estilo. Só havia pêsames. Ele olhava para a Catedral por sua janela como se quisesse ter uma visão de Norma. À noite sonhou com a moça. Eles estavam alegres e brincalhões. Em certo momento, no sonho, ele chegou a pensar desse modo:
--- Quando acabar disseram ter você morrido! – sorriu Armando no seu sonho.
Norma sorria para valer. E disse ao rapaz:
--- Vamos jogar peteca? – perguntava Norma ao seu noivo.
Ele sorria e respondia então.
--- Eu perco todas. Você e sabida. – respondia Armando a sorrir.
E o velho homem Teodomiro respondia:
--- Joga pra baixo que ela não pega. – dizia o pai de Norma.
Armando sorriu e perguntou:
--- Onde o senhor estava escondido? – indagou Armando.
--- Alí! – dizia Norma a sorrir.                                                                                  
Armando acordou de repente, porém viu que tudo era um sonho. E ele começou a chorar com recordações amigas da moça. Apenas pensava se aquilo era tudo um sonho, uma quimera, ou se havia vida após a vida. Nesse ponto, alguém bateu a sua porta. Ele foi abrir e ali estava, de pé, a jovem jornalista Marta Rocha. Ela não sorria. Apenas relatou:
--- Julgava não encontra-lo. – disse Marta a Armando.
--- Não. Eu já ia sair mesmo. Vou à casa de Norma. Os pais estão abatidos com o caso. – falou Armando ainda a chorar da lembrança da jovem Norma.
--- Eu sei. É duro. Lamentável até. Eu passei só por passar. Estou na Prefeitura. – respondeu a jovem Marta Rocha.
--- Certo. Lembrança a quem me conhecer. Eu não tenho nem mesmo apetite para comer alguma coisa. Faz dia que eu não vou ao café do Mercado. – respondeu Armando chorando.
--- Mas você não pode se entregar assim! – reclamou a jovem Marta
--- Eu queria era mesmo morrer. Viver ao lado de Norma. Isso é o que devia acontecer. – respondeu Armando sempre a chorar.
--- Não senhor. Deus quis assim porque tem planos para você. – reprovou Marta ao rapaz.
--- Planos? Que planos? – zangou-se Armando com Deus. E voltou a sentar na cama macia onde esteve à noite toda.
E os minutos se passaram com a amargura por entre o coração do jovem rapaz. Marta olhava serena e compassiva o homem naquele instante alquebrado pelas incertezas da vida. E viu uma faca em cima da mesa. Ela sentiu vontade de guardar em algum outro local. Era temível ter Armando a intensão de por termo a sua própria vida. Com esse susto, Marta estremeceu:
--- O que foi? – indagou Armando alquebrado.
--- Nada não. – respondeu a moça ao rapaz.
Ele se levantou e pegou a faca. Temerosa, Marta ficou a olhar o sentido do homem. Ele olhou a faca mais atentamente e levou até a cozinha onde pôs em um armário de objetos de cozinha. Após esse trauma Armando retornou à cama onde estava e olhou para a moça:
--- Apenas uma faca! – lamentou com tristeza o rapaz.
Os minutos se passaram e alguém bateu à porta. De imediato, Marta correu para abrir ao em vez de Armando. O rapaz ficou de pé a espera dessa nova inesperada visita. A moça abriu a porta e cumprimentou a pessoa. Armando se ajeito e logo entendeu ser alguém do Palácio. O homem, acompanhado por dois outros homens indagou solene ser aquele o apartamento de Armando. A moça olhou para Armando e disse logo:
--- Visita para você. O Chefe da Casa Civil do Governo. – e abriu a porta quase escancarada de modo a poder passar o Secretário da Casa Civil.
Os três homens entraram. Apenas o Secretario falou. Ele disse lamentar o ocorrido, mas estava ali para convidá-lo a ir ao Palácio para conversar com o Governador do Estado. O Ex-secretário de Comunicação agradeceu a cortesia recebia e ao mesmo tempo voltou a dizer não ser mais Secretário do Governo e, de certa forma, estava a sair para um encontro em outro lugar. O Chefe da Casa Civil ouviu e respondeu com certa cerimônia.
--- Eu sei do fato. Mas o Governador quer desfazer o engano. – lamentou o homem.
--- Não houve engano. Eu pedi a demissão do Cargo. Isso é tudo. – comentou Armando.
--- Por favor. O senhor diga isso ao Governador. – lastimou o Chefe da Casa Civil.
--- Nada tenho a dizer. Apenas da dor que eu sinto ser mais forte ainda. – disse mais o homem angustiado com a perda de Norma.
O homem ficou parado na entrada do apartamento e olhou a moça Marta Rocha. E mais uma vez perguntou a Armando Viana:
--- É definitivo? – indagou o Chefe da Casa Civil.
--- Nada mais a declarar. – resolveu dizer Armando Viana.
--- Está bem. Eu transmito o seu recado ao Governador. - afirmou o Chefe da Casa Civil.
Com isso, os três homens do Governo saíram do apartamento. O Chefe da Casa Civil ainda agradeceu a Marta Rocha pela presteza recebida de sua parte. A moça nada respondeu e fechou a porta em seguida. Em seguida, Marta voltou para próximo de Armando e alegou ser o negócio mais complicado do que ele esperava.
--- Ora menina. Ele não entende o que eu sofro e manda um palerma desse me convidar para ser de novo o secretário de Governo. Ele é que vá para a merda. Eu agora não posso sofrer? Só ele?  Que se ferre. Se antes eu não queria, agora é que não quero mesmo. – relatou com toda a raiva Armando Viana.
Marta Rocha foi até a janela do apartamento e viu o carro do Governo se afastar de repente levando os três ocupantes mais o motorista. Ela ficou atenta para ver qual destino seguia o veículo e notou até o auto se afastar tomando rumo diferente ao que se costumava escoltar ao seguir com um automóvel. A moça temia os dois acompanhantes. Eles poderiam ser leões-de-chácaras do Governador a mando de pegar de qualquer jeito o ex-secretário de Comunicação com certeza.
--- Partiram com destino ao Palácio. – respondeu Marta temerosa.
--- Eu vou sair agora. Tenho que ir à casa de Norma. – relatou Armando Viana.
--- E eu volto á Prefeitura. Com certeza você não vai mais hoje ao Jornal! – indagou ao afirmar a moça.
--- As duas da tarde tenho uma reunião com  o Conselho. – respondeu Armando
--- Conselho? Que Conselho? – estranho a moça ao saber de tal Conselho.
--- É quem manda no jornal – respondeu Armando

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