- Natalia Rodriges -
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Às duas horas da tarde teve início à reunião do Conselho do Jornal A IMPRENSA. Logo no começo teve a apresentação de Armando Viana como o novo Secretario do Conselho. Estavam presentes os diretores do órgão e os membros do Conselho Fiscal em numero de três. Ao todo estavam presentes seis representantes, sendo três do Conselho do Jornal e outros três do Conselho Fiscal. Apenas os três membros do Conselho do Jornal tinham direito a voto. Os demais membros tinham a incumbência de analisar tudo que fora tomado na reunião. E seguida esses membros teriam direito a voto. Nessa parte do Conselho Fiscal nenhum dos membros do Conselho do Jornal teria presença. Na pauta do dia o assunto principal era a suspensão da tiragem do Diário Oficial do Estado e do Município da Capital. A matéria era de prescindível urgência e o Diário Oficial não mais seria publicado até o Governo efetuar o pagamento de suas dívidas para com o Diário. Em outra instancia tinha a suspensão das matérias do Governo e do Município. Pois assim a reunião era decisiva para tal circunstancia. Ao final foi decidido suspender a publicação do Diário Oficial e da publicação de matérias de interesse do Estado e Município. A decisão do Conselho foi submetida ao Conselho Fiscal que imediatamente aprovou. Logo apos feito um memorando dirigido ao Governo do Estado e ao Prefeito da Capital informando ter sido daquela data em diante suspensa a publicação dos dois jornais oficiais até os poderes públicos quitarem seu débito existente.
O Governador tomou o caso como uma afronta ao poder público. Per seu lado, a Prefeitura providenciou o pagamento do débito o mais rápido possível, pois afinal o volume da conta não era tão elevado. Com isso ficou suas penso por prazo indeterminado a conta junto ao Diário Oficial da parte do Governador, uma vez ter envolvimento de várias Secretarias de Estado. Mesmo assim, ainda no dia seguinte não houve a publicação do Diário Oficial do Município. As matérias promocionais do Governo foram vedadas. E o Jorna A IMPRENSA procurou dar maior cobertura ao candidato da oposição. Esse nome sequer era cogitado como forte expressão para vencer a luta. Targino Oscar de Alencar era o seu nome sustentado para Governo do Estado tendo como candidato ao Senado José Balduino, nome simplesmente desconhecido da massa de eleitores. Com a divulgação de seus nomes, o Governado ficou possesso. Irritado ele garantiu pagar as suas contas em um prazo de, no máximo trinta dias. O Jornal continuou a publicação de matérias espetaculares. A partir de então a oposição tomou maior folego com seus principais candidatos ao Governo e ao Senado promovendo passeatas e comícios em todos os grandes centros do interior do Estado. A força oculta onde estava à proteção encoberta dos dois candidatos ao Governo e ao Senado patrocinou a panfletagem surgida da noite para o dia em todos os recantos do Estado. Armando Viana, nesse caso, em nada aparecia, como também não apareciam os ilustres senhores do corpo do Jornal.
Na mais recente de opinião pública divulgada nos jornais, apontava o Governado atual com uma preferencia de 52% centos dos votos dos eleitores contra 48% dos votos do seu virtual oponente desconhecido até pouco tempo da grande massa do eleitorado popular. Com o decorrer do tempo, esse percentual caiu mais ainda. A circulação do Diário Oficial do Estado se deveu por força de um habeas corpus impetrado pelo Governo devendo ficar o gesto final quando fosse julgado o mérito da questão. Porem foi um impacto em todos os campos, inclusive na Educação, perdida em um concurso para merendeiras e até mesmo professores. Outro prejudicado foi a Segurança Pública, a Saúde – sem poder adquirir novos lotes de medicamentos e demais órgãos do Estado como um todo. Havia falta de combustível para as viaturas da Polícia Militar e, com isso, o conceito de Targino Alencar crescia em número de preferencia. A água também sofreu duro revés com a greve dos servidores da empresa. Enquanto a empresa de energia elétrica estava em total decadência. Viam-se cartazes pregados nas luminárias convidando o Governado para deixar o cargo:
--- Fora o Governador! – relatavam as faixas pregadas nos postes.
Paulo Barra, agora era de fato o homem mais forte do jornal, devendo a isso o favor recebido de Armando Viana sem aparecer como de costume em todas as edições do Jornal. Armando estava sempre por perto ouvindo as reclamações dos repórteres e não poder mais contar com os realizes das assessorias. Essas matérias eram feitas pelos próprios repórteres. Eles eram funcionários do Estado e de quebra trabalhavam também para o Jornal A IMPRENSA. Não fora isso, o caso do Governador tomou os ares do Legislativo Estadual. Os poucos deputados que ainda faziam oposição, relatavam desde o editorial do jornal até as faixas pregadas nos postes da cidade onde era mais parecido um carnaval. E o Governo estava sem banca para falar aos seus correligionários o estado de coisas. Um Secretário importado da Capital Federal só sabia beber, pois raras vezes alguém encontrava o homem em seu gabinete.
--- Foram várias vezes que se encontrou o Secretario de Comunicação no pé do morro com uma mulher pouco desejável, senhores deputado. – relatou um deputado de oposição ao falar da Tribuna da Casa.
Por conta de tal pronunciamento houve uma celeuma em todo o plenário com os deputados da situação inflamados querendo maiores explicações por tal desrespeito a um homem público e em nome da Casa repleta de gente e de repórteres. O deputado de oposição não se recusou em dar maiores explicações e mostrou uma sequencia de fotos tiradas do meio do matagal com o Secretario de Comunicação com as nádegas expostas fazendo um verdadeiro atoo sexual com uma moça secretaria de trabalho mantido pelo seu patrão, o Governador. Isso foi demais. E ele explicou ter o Secretario de Comunicação vindo da Capital Federal para se divertir a seu bel prazer com uma funcionária do seu Gabinete. Houve tamanha discussão nesse sentido que a presidência dos trabalhos decidiu dar a sessão por encerada. Os repórteres e comentarias de rádio e de jornais foram os primeiros a chegar a suas oficinas de redação. Todos os jornalistas levavam fotografias do Secretário de Comunicação consigo como prova das declarações do parlamentar da oposição. O parlamentar distribuiu tais fotos com a impressa. O Palácio ficou assustado. Homens e mulheres, funcionário do Poder a boca baixa se perguntavam:
--- E agora? O “homem” vai tremer nas bases! – diziam o s servidores.
--- Eu acho é pouco. Esse cafajeste! – relatavam outros.
--- Sei não. Pode acontecer uma viravolta nisso! – comentavam os de pouca fé.
--- Quem é a sirigaita? – indagava alguém.
--- É uma que “ele” – o Secretario colocou para ser secretária só para ele. – comentava alguém.
Desde que o Jornal A IMPRENSA suspendeu a publicação de matérias do Governo, o Chefe do Executivo, depois de dois fracassos, buscou um jornalista de fora do Estado para ocupar o cargo vagante. Seu nome era Moacir Porto. Homem de boa altura, nem magro e nem gordo, falante ao extremo, barba feita e um bigode espesso igual aos homens de antigamente. Ele queria apenas o cargo e conversar asneiras com o Governador. Costumeiramente, durante a tarde era frequente ele está embriagado pelas doses de uísque. Era assim a boa vida de Porto. Enquanto o Jornal deixava de publicar artigos de interesse do governo, esse retirou do carro posto a serviço na redação do jornal. De inicio, os repórteres ficaram assustados de modo com a situação. Porém, Armando Viana, em sua segunda reunião do Conselho havida dois dias após, ele falou aos representantes da necessidade de um carro para o serviço da reportagem, uma vez ter sido o carro do governo retirado para as oficinas do Poder. Os homens do Conselho advogaram ter isso fundamento. Porém, o Jornal teria de pagar mais gente. Armando disse novamente ter de pagar era o mínimo. Havia espeço em publicidade. E com a renda dos espaços haveria recursos suficientes para tal. E ademais, o Jornal publicava o Diário Oficial, quando todas as firmas faziam publicação dos seus balanços. E, por conseguinte, o jornal, a baixo custo, teria a publicação também da segunda parte do balanço evitando ter os mesmos a publicação em outro órgão de imprensa. Tal debate levou a tarde inteira. E no seu final chegou-se a conclusão de ter o aval de todos os componentes do Conselho.
Na semana seguinte o veículo estava comprado e os espaços de publicidade vendidos. E foi assim ter o Jornal superado esse problema. Sendo o Jornal mais forte da Capital, era proposto se contratar mais dois fotógrafos e resolver de vez o caso dos estagiários como era com Marta Rocha, uma estagiaria até findar o seu curso de Jornalismo, caso que ainda nem começara a frequentar a Universidade. Porém, havia a realização de um curso de Jornalismo em uma universidade particular ainda pouco divulgada e, evidentemente, conhecida. Tal assunto foi levantado pela própria Marta em conversa com Armando Viana.
--- Que você acha? – indagou Marta.
--- Pode ser. E tem outro em uma Fundação da Capital. – argumentou Armando
--- Fundação! Mas o Governador não está em guerra com o Jornal? – salientou Marta.
--- Agora. Veja bem. Agora. Porém o diploma vale para toda a sua vida. – deu sua orientação o rapaz.
--- Vou pesquisar. – sorriu Marta que estava fazendo a sua coluna.
Outra bomba estourou no dia seguinte ao pronunciamento do Parlamentar de oposição: o corte do contrato de trabalho com o novo Secretário das Comunicações. Moacir Porto só teve o trabalho de arrumar as suas malas e seguir viagem rumo ao desconhecido. A secretária do ilustre homem, essa nem se ouviu falar da carreira que deu. E estava o Governador na mesma enrascada de sempre: sem um secretário. E sem também um órgão aceitando as suas matérias a não serem as purulentas. E veio uma nova pesquisa de opinião publica. Dava-se como certa a vitória em principio de um primeiro turno do candidato de oposição, Targino Alencar, para o Governo do Estado e de José Balduino para o Senado. Diante desse novo aspecto o Governador resolveu quitar os débitos com o Diário Oficial do Estado sem querer mais esperar pela leitura da sentença do mérito, pois tal caso levaria muito tempo. E o Jornal teve suas dívidas quitadas. Contudo, não abriu mão da cobertura ao candidato Targino e ao seu companheiro Balduino para o Senado. Apesar do Diário Oficial do Estado circular trazendo todas às meterias bloqueadas a redação do jornal continuava inflamado com Armando Viana e Paulo Barra de arrasar o governo. A cobertura aos Sindicatos era o maior destaque do Jornal. E no Legislativo, um jornalista por dentro da cena procurava dar maior destaque aos deputados de oposição, fomentando até a cassação de mandato do Governador. Dizia ele em sua coluna do Jornal:
--- Falasse em cassação do Governador por não gerir como deve o acerto da coisa pública. - relatava o jornalista.
E o povo na rua comentava:
--- Essa é grave! – diziam os comentaristas de ocasião.
No Palácio, a conversa seguia o mesmo tom:
--- O homem não veio hoje. – relatavam os demais funcionários.
--- Eu nem quero me meter nisso. – confessava o outro.
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