- VENUS ESCARLATE -
- 11 -
Ao notar a presença de uma casa bem um chalé de tempos idos Racilva alargou os seus lindos olhos e fez pergunta a sua amiga Walquiria. Ela queria saber de quem era àquela casa enorme de grande ornada quase na margem do lago. A amiga sorriu e respondeu:
--- É do tempo do meu bisavô. Mas durante tão logo tempo já fizeram leves modificações na estrutura da casa grande. – respondeu Walquiria a sorrir.
--- Como é grande a casa. Puxa! Ele morava nela? - - indagou Racilva espantada com o casarão
--- Ele, meu avô, meus tios e até Glauco morou na casa. Passava um tempo. É distante a casa e por isso nem se pensava em morar. Eles vinham nos sábados, domingos, feriados e outras datas festivas. – respondeu Walquiria a sorrir.
--- Glauco morou na casa? – indagou inquieta Racilva.
--- Ele e a mulher. Mais os criados. Ela, você sabe? – indagou Walquiria surpresa.
--- Sei. Ele falou. Disse-me ter ela morrido com um ano de casamento. – expôs Racilva.
--- Ela era fraca. Eu penso que eles se casaram e ela já era fraca – falou baixinho – do pulmão
--- É capaz de ter sido assim. – falou Racilva de modo bem baixo.
--- Quando eles se casarão já estavam a namorar a um bocado de tempo. – falou Walquiria
--- Ela era daqui mesmo? – perguntou sempre baixo a moça Racilva.
--- Era da família Agar. Ela se chamava Adélia Agar. Não sei de juntou o nome de Rodrigues. Deve ter juntado. Mas se conhecia como Adélia Agar. O nome da família. – falou um pouco sisuda a moça Walquiria.
--- Vamos à casa? – perguntou impaciente Racilva.
--- Vamos. Glauco está olhando a lagoa. Os bichos. Tem é Garça. Veja! – articulou Walquiria
E as moças a cavalo rumaram para a casa de campo da família onde apearam da montaria. Logo em seguida Walquiria rumou para a casa se adiantando de Racilva. Essa sentia um tremor nas pernas e chegou a dizer a amiga.
--- Estou tremendo! – falou Racilva a sua amiga.
--- Tolice. É o costume de andara cavalo. Você nunca tinha andado a cavalo? – quis saber Walquiria.
--- A primeira vez. – respondeu Racilva passando as mãos nos quartos.
Então Walquiria abriu a porta quase sempre encostada porque a mulher da limpeza vivia naquela casa para cuidar de tudo. Por isso, a porta estava apenas encostada. As duas moças entraram no recinto e Racilva viu com surpresa um enorme retrato de mulher de tamanho natural armado bem na frente da sala onde se podiam ver outros retratos menores. De susto, a moça se inquietou temerosa, com certo temor até e em seguida indagou a Walquiria:
--- É ela? – perguntou com muito receio de a mulher poder descer do retrato onde estava.
--- É. Adélia Agar. Uma bela mulher. E se acabar tão nova. Mal do tísico. – falou prudente a outra moça.
--- Imagino! – relatou ainda com espanto a moça Racilva.
Nesse momento entrou na sala onde estavam as duas amigas com certeza a conversar, o homem Glauco Rodrigues. E logo foi cumprimentando as duas felizes ninfas.
--- Admirando a nossa coleção? – indagou Glauco sem querer sorrir.
--- Sim. Estou a mostrar os retratos dos meus antepassados. – respondeu Walquiria sem compunção ou temor.
--- São quadros de uma época remota. – fez questão em dizer o senhor Glauco.
Temerosa com aquele quadro de Adélia Agar, por isso mesmo Racilva procurou não opinar sobre o estado das coisas já então vividas. Um tremor lhe sacudiu o corpo por inteiro e um frio repentino se fez presente. Racilva se conteve e nada falou. O quadro a mulher era o mais a lhe assombrar, pois ali estava a parte perdida de um passado remoto no qual se cobria Glauco. Um terror atroz assomou Racilva e tão logo, o mais que depressa, ela procurou sair do recinto procurando a varanda para ver os gansos, os pássaros, as garças, os veados e outros mais a procurar o lago onde podiam saciar a sede.
Temerosa com o desaparecimento de Racilva, a sua amiga Walquiria se enveredou ligeiro a caminho chamando-a para ver as colheres de pau, o pilão de duas bocas, os ferros de engomar, os cabides de madeira, os espelhos da cômoda e mais utensílios onde estavam guardados a antiga memoria da casa grande. Objetos antigos como louças, pratarias, móveis, relógios, objetos de farmácia entre mais, toda a antiguidade da vida camponesa dos famosos Generais. Ao chegar à varanda, Walquiria encontrou apenas a moça a chorar pelo que pode observar de repente. Walquiria ainda perguntou:
--- Por que choras? – indagou Walquiria a sua nova amiga a passar as mãos pelos seus cabelos caídos sobre a testa.
O tempo passou depressa enquanto Racilva chorava. Um pranto lânguido e temeroso. Ela apenas chorava. Enquanto sua amiga acalentava da dor sentida por algum motivo. Nesse momento se acercou das duas ninfas o homem Glauco e quis saber o motivo daquele pranto infantil.
--- Nada não. É tolice minha. – relatou em soluços a moça Racilva procurando enxugar as lágrimas pendentes no seu rosto.
--- Vamos continuar a visita a casa, senhorita! – reclamou Glauco para ver se quebrava aquele sentimento de dor.
Ao voltar à sala da casa, Racilva relutou por um instante em prosseguir por causa do retrato em tamanho natural a ex-mulher de Glauco. A meiga senhora tinha um olhar natural de uma mulher de extasiante beleza. Seus cabelos tinham a cor de um sol a irradiar e a cobrir-lhe os largos e voluptuosos ombros. Corpo terno em bem acabado de uma dama sensual e flamejante. Braços longos e bem cobertos por um vestido de cetim. Ao seio, uma joia rara e cara. À mão esquerda uma bolsa de veludo transparecendo ter ainda mais prendas. O vestido branco lhe acobertava todo o corpo a terminar nos pés. Aquilo era uma miríade eterna das estrelas crepusculares. Racilva olhou mais uma vez e sem querer para a singular foto e baixou a cabeça intermitente. Por sua, Walquiria a amparando e Glauco relatou ser o que estava exposto apenas uma fotografia.
--- Como você a amor! – relatou de forma baixa a moça Racilva a chorar lágrimas de dor.
--- Tenha calma. É apenas uma foto. – falou devagar o rapaz procurando afagar as lágrimas da moça.
--- Eu sei, sim. Mas como era bela a tua esposa. Tem tudo para não se trair por nem mais um minuto. Vê-se nela a sobriedade de uma dama bem educada e plena como a modesta rosa, conhecedora do amor profundo de quem a adorava. Nunca, ninguém pode ter imenso anseio e ventura de desejar como a esta dama plena e querida. Soberba mulher no esplendor da vida. Para mim ela era a nobreza da verdade íntegra. – falou emocionada a moça ao seu amigo Glauco.
E continuou a chorar como uma santa no máximo pudor.
Eram pouco antes das dezoito horas quando os três companheiros de excursão ao bosque chegaram a casa grande do coronel Fabriciano onde rapazes, moças, senhoras, senhores, vaqueiros e suas primas-damas se esquentavam no salão armado ao lado do verdadeiro local. Eles dançavam e cantavam músicas típicas do interior nordestino ao som de violas, cavaquinhos, pandeiros, violão, triângulos e das quatro grandes sanfonas de cento e vinte baixos puxadas pelos melhores sanfoneiros da região. O coronel Fabriciano, sua mulher, Maria do Rosário, o seu filho coronel Arthur e sua mulher dona Nair assistiam a tudo do alto do terraço onde demais pessoal também gritavam comemorado os oitenta anos de vida do coronel Fabriciano. Era uma loucura só aquela festa de fim de tarde. O braseiro estava acesso a queimar as carnes gordas do gado morto e fogos de artificio sacudiam o céu festejando o aniversariante mal cabido em sua fama. O leilão começaria pela noite, após e jantar do pessoal para saber quem dava mais por uma novilha, um boi gordo, uma vaca amojada entre outros tantas oferendas: cabras, carneiros, bodes, novilhas e mesmo até galinhas.
Quando chegaram à festa os amigos Glauco, Racilva e Walquiria o coronel nem mesmo prestou a atenção imbuído a folia do arraial onde toda a aquela gente estava a comemorar o aniversariante do dia. Dona Nair, esposa do coronel Arthur foi quem viu primeiro e grupo e convidou Racilva a chegar para próximo para ver como tudo ocorria. Ela chamou Racilva por ser a moça estranha a tudo aquilo que se festejava. E Racilva, cansada, aceitou o convite de dona Nair dizendo:
--- Estou cansada no passeio. – sorriu breve Racilva.
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