- Ceia com Madalena -
(Jesus e Maria Madalena foram casados)
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O dia amanheceu chuvoso. Em alguns bairros da capital não se podia sair de casa logo cedo da manhã. As residências se encontravam bloqueadas pela lama. Em outros bairros mais sofridos houve deslizamento de terra levando as casas, apartamentos e mocambos de morro a baixo. Carros não podiam trafegar devido o lamaçal existente. Várias crateras surgiram com o esforço das aguas. Em uma delas, um carro foi engolido de vez. Em outra cratera em um bairro nobre, um cano de agua ficou exposto e a passagem de carro ficou interrompida. As pessoas mais carentes viviam dramas sem fim. Os que dormiam ao relento procuraram abrigo em portas de edifícios. No bairro de Cidade Alta as pobres pessoas negociantes de cajus, mangas, sapoti entre outras frutas tiveram que armar as suas bancas do lado de dentro do Mercado Publico. No bairro do Conjunto Novo Mundo o drama era o mesmo sem ninguém poder sair de casa por conta do rompimento de uma adutora e a causa de levar grande parte da estrada por onde os carros e ônibus transitavam:
--- É o mundo todo. - dizia alguém.
--- É chuva que nem o diabo aceita. – gritava outro todo encolhido com parecia um galo com frio.
A manhã passou assim em vários pontos da cidade. Suzana Barreto era quem lamentava a sua sorte de não poder passar para, de tarde, caminhar para o trabalho. Todos os trechos da cidade estavam interrompidos. Para por fim a preguiça, Suzana armou-se de uma vassoura e foi fazer a limpeza da frente da casa. Mesmo assim, quando acabava de varrer um pouco vinha à chuva de novo e a moço tinha de refazer o que estava feito. O telefone tocou e a doméstica foi quem atendeu. Em seguida chamou Suzana.
--- É para a senhora. – e chamou a domestica a sua patroa.
Suzana veio depressa e atendeu ao chamado. Quem estava ao telefone era Paulo Barra, seu chefe, morador de um apartamento próximo a casa de Suzana. Ele falou:
--- Bom dia Suzana. Hoje, temos que seguir por outro caminho. Você se prepare, pois a viagem será mais alongada. Já estou providenciando o material para qualquer necessidade. – falou Paulo Braga sem espanto e nem temor.
A Prefeitura. Corpo de Bombeiros, Patrulha de Trânsito e pessoal de apoio entre mais outros órgãos foram acionados logo cedo da manhã para prestarem socorro aos mais atingidos pela chuva constante caída na cidade. Era um trabalho deveras sem parar entre todos os operários e técnicos e sofrida agonia. A cada instante chegavam mais patrol para ajudar no serviço. Temia-se ocorrer algo mais grave a todo andamento do serviço. O negócio era tão grave para os operários nos deslizamentos de terra que eles não suportavam tamanha aflição.
Às duas horas da tarde, com a chuva amenizada, o Conselho do Jornal estava reunido para ver o mais interessante do que aconteceu nas recentes eleições. Estava presente o jornalista recém-empossado, Armando Viana, como era já o seu costume: atender plenamente a todas as convocações feitas. Na ocasião, o presidente do Conselho, Mateus Coimbra, o mais velho de todos os Conselheiros, deu o surpreendente aviso:
--- Desejo informa que estará presente também alguém que não é do Conselho. Porém faz parte de nossa amizade. Eu peço a licença de chamar o convidado. – relatou o presidente.
Todos os Conselheiros ficaram em silencio enquanto Mateus Coimbra delegava a um membro para dar entrada ao visitante. Feito isso, o presidente esperou um instante até que o visitante entrou na sala do Conselho acompanhado de um conselheiro e mais dois homens. Todos eles estavam devidamente trajados com terno completo. Para surpresa total de Armando Viana, o visitante era tão somente o senhor Teodomiro Vidigal e seus dois genros. O homem era tão somente aquele defensor da eleição de Targino Alencar, para Governo, e José Balduino, para o Senado. Esse homem representava um grupo de todo o Estado o qual defendia a candidatura dos eleitos. Armando tremeu de susto ao apertar a mão de Teodomiro Vidigal naquela hora, pois não sabia ser ele o homem o qual havia de decidir sobre o destino de um político.
--- Boa tarde, presidente Coimbra. Bom tarde secretário e deixe-me apertar a mão desse novo e nobre jovem no Secretariado desse Conselho. Causa-me surpresa a escolha de tão jovem Conselheiro. – dizendo isso Teodomiro apertou a mão de Armado, abraçou com afeto e depois passou aos demais Conselheiros o mesmo aperto de mão. Em seguida sentou próximo a Armando Viana, ficando entre o Presidente do Conselho e o Secretario em questão. Os seus dois genros sentaram em poltrona logo abaixo do presidente Coimbra. Dai em diante teve inicio a sessão com cordiais saudações do Presidente Coimbra ao visitante, aludido ter o mesmo já um largo conhecimento de Armando Viana, pois esteve próximo de ser o seu sogro, não fora o destino de levar a sua filha para um mundo obscuro de forma tão rápida. E ainda ele teceu breves comentários sobre a situação do casarão “Mundo Velho”. A despeito de ter sido parcialmente destruído, o casarão estava sendo reconstruído. Ao ouvir ser citado o nome de Norma Vidigal, então Armando Vidigal sentiu leve comoção e chorou de verdade.
A reunião levou toda a parte da tarde, com Teodomiro Vidigal, a força oculta da campanha política fazendo seus largos comentários sobre o desempenho do candidato Targino Alencar sabendo ser um nobre homem capaz de alavancar o sofrido Estado da pobreza absoluta para um caminho de maior luz. A cada momento em que falava ele sempre se lembrava da sua filha dileta, Norma Vidigal, aduzindo ter a sua lembrança a mais forte emoção entre tudo o que já fora feito. Armando Viana, ouvindo as palavras de Teodomiro, lembrava-se de momentos ditos pela moça dele não saber de uma força maior para se colher de fato um candidato a alavancar um pleito.
--- “Ninguém se faz por si. Tem forças ocultas por trás de um candidato!”. – costumava dizer Norma Vidigal. Com tais recordações Armando Viana não parava de chorar baixinho.
Ao final, Teodomiro Vidigal abraçou muito apertado o seu amigo Armando ao dizer algo por ele não entendido. Apenas Teodomiro lhe chamou de “bodinho”. O rapaz sorriu pleno pelo agrado do homem a sua pessoa.
Quando eram oito horas da noite Armando Viana entrou atarefado em seu apartamento com uma porção de livros. Marta Rocha já estava no local e ofereceu uma xicara de café bem quente a Armando. Ele agradeceu e aceitou. Após colocar o embrulho no birô, ele falou a Marta;
--- Tem vários volumes aqui de livros. Eu gostaria que você visse. São artigos sobre o Santo Graal. Importante mesmo! – relatou Armando a Marta.
--- Santo quem? – indagou assustada com o rosto franzido a moça ao olhar um dos volumes.
--- Santo Graal. Está aqui. Veja! – mostrou Armando um dos livros a Marta.
--- Que Santo é esse? – perguntou a moça fazendo breve leitura do livro.
--- É ela. Uma Santa. Veja bem! – fez questão em dizer Armando a moça.
--- Vou ler com atenção. – relatou Marta ao rapaz.
E a moça leu com atenção um dos livros postos no birô por Armando, vendo figuras, pinturas, quadros e muita historia contada com relação ao Santo Graal. Inclusive teve um dos quadros onde aparecem Jesus e Maria Madalena, tendo à frente, na mesa posta da Ultima Ceia. Nessa mesa está uma toalha branca atada com um nó no meio mostrando a união dos dois como sendo casados. A moça então se assustou sobremaneira com a figura vista e a união dos dois como sendo marido e mulher. E então indagou de Armando:
--- Mas eles eram casados? E eu não sabia! A Igreja sempre disse ter sido Jesus um profeta. Mas não diz ter sido Jesus casado do Madalena. Aliás, em já ouvira falar ser ela prostituta! – fez ver Marta ao seu companheiro de aposento.
--- Veja bem a história. Você está no começo. Jesus foi um homem com eu. Ele foi canonizado em 325 pelo Concílio de Nicéa. Esse quadro foi pintado por Juan de Juanes, pintor renascentista espanhol. Ele viveu até o ano de 1579. Leia. Veja o que diz o Santo Graal. – fez ver Armando Viana
--- E diz aqui: Madalena vestido vermelho - cor de sangue. A mesa redonda faz lembrar os Cavaleiros da Távola Redonda. – fez notar a moça.
--- E tem outros eventos: a roupa vermelha cor de sangue faz um V. Este é o símbolo do Cálice. Quer dizer – Graal. A figura também faz um M. Isso retrata Madalena ou matrimônio. – disse mais Armando Viana.
--- Tem aqui uma mulher com um bebê no colo. E tem outra figura de Madalena grávida, um óleo de George de La Tour. Veja! – declarou Marta com espanto.
--- Tem outro quadro de Botticelli mostrando Maria Madalena grávida. Ele foi Grão Mestre do Priorado de Sião. Olhe bem com atenção. – relatou Armando Viana a Marta.
--- E tem uma estátua em Notre Dame em Paris, com Maria Madalena grávida. Veja você. – fez ver Marta com olhos radiantes de alegria.
--- Tem mais: pintura de Frei Angélico, renascentista. Maria Madalena com sua filha no colo. A filha tem o nome de Sara. A criança traz um vestido cor-de-rosa. Na outra mão, Madalena tem um Vaso de Alabastro. – fomentou Armando.
--- Eu vou ler tudo. Já comecei. Tem uma passagem de Lucas, em seu versículo 10 que Maria Madalena escolheu a parte boa, que não lhe será tirada. Isto é: Jesus. – fez vez Marta Rocha.
--- Uma parte: Madalena significa Magdala ou Torre, cidade onde ela nasceu. E Torre é o posto mais alto na comunidade. Madalena tem o posto de Rainha. - refletiu Armando.
--- Tem outro quadro do pintor renascentista, Frei Angélico em que mostra a Matriarca sentada em um Trono em forma de Torre. Ele faz referencia a sua posição de Rainha. Madalena é uma Rainha. – os olhos brilharam de tanta felicidade que Marta teve.
--- O Frei Angélico era um monge católico e foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1982. – confirmou para o seu prazer Armando Viana
E maça Marta Rocha continuou a sua leitura sobre o Santo Graal percorrendo desde o ano de 591 quando o Papa Gregório I em seu sermão de páscoa declarou ser Maria Madalena, irmã de Lázaro, era a mesma pessoa. No Jantar em Betânia – citada por Mateus e Joao, a Torre (Maria Madalena) antecipa a unção de Jesus para o sepultamento, função que era designada às esposas. O Vaso de Alabastro mostra bem mostra bem o Jantar de Betânia.
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