- SERES -
- 09 -
FALAS
O Doutor Hermógenes Andrade rebuscou os seus apontamentos e
se voltou para a menina Linda Rosset demostrado agrado e falou depois de
desfeita a hipnose a que foi submetida à menina, naquele instante ter tudo
estado bem e ela, então, poderia acordar ao sinal do médico. A garota recobrou os sentidos normais e ainda
indagou se estava tudo muito bem, pois em nenhum instante a garota se lembrava
do acontecido. Ela olhou em sua volta de observou os estragos feitos pelos
espíritos vindos dos lugares úmidos, sujos e mal cheirosos e se estremeceu de
temor. O medico Hermógenes relatou a menina ter sido aquilo um vento o qual assolou
seu consultório. Era tudo normal. E a garota Linda se tranquilizou de vez. De
suas vestes ela retirou pequenos farrapos deixados pelos os maus espíritos. E
então indagou ao médico o que seria aquilo. O medico explicou que foram acidentes
da ventania.
Linda:
--- Minha mãe? Onde está minha mãe? – indagou a menina um
tanto preocupada a se virar da cadeira.
Dalila:
--- Estou aqui, filha. Eu quero saber se é possível retirar a
infante da sala? – quis saber a mulher.
O seu pai adotivo também se acercou de Linda e procurou ouvir
o medico a respeito do terrível assunto. Além do casal, estava próximo o doutor
Edgar a se limpar da sujeira envolvida em sua roupa. O médico Hermógenes
procurava soerguer a mesa com a tampa de vidro e os objetos caídos ao chão. Tudo
era uma balburdia e esse incidente levaria tempos para se recompuser. Edgar
também acudiu ao seu amigo recolhendo alguns objetos sem saber onde colocar ao
certo. Alguns estavam partidos e os pedaços jogados por entre cadeiras. O
médico preferiu dizer poder levar a menina, pois lago em seguida estaria a se
reunir com os seus pais. Dona Dalila, cheia de rapaz. Levou a garota até a sala
de espera e a deixou com a doméstica, moça que ficou do lado de fora. O barulho
feito pelos fantasmas, a doméstica apenas ouviu e se acovardou em querer saber
de tudo, pois Dalila fez sinal para não se perguntar coisa alguma.
Dalila:
--- Está tudo bem. Fique com Dorinha. – disse a mãe à sua
filha-sobrinha.
E de imediato, Dalila Rosset voltou para o consultório
médico. A mulher, apesar de falar com calma, estava bastante nervosa por todo o
acontecido. Linda não sabia no feito naquela manhã pelas figuras vampirescas a
atormenta a vida de cada qual. E assim, Dalila procurou nem pensar de momento
no assombroso assunto e não colher maiores impressões. A menina não sabia coisa
alguma do acontecido.
Hermógenes:
--- A garota deve ficar bem. De agora em diante ela está com
um espírito protetor. Um “anjo da guarda” por assim dizer. De momento a menina
terá que ir todas as sessões do Centro para assim colher maiores doutrinas dos
espíritos maiores. A questão da mulher que a ela aparece não está resolvida.
Hoje, o espírito não se manifestou. Eu não sei por que. Talvez por ação de
espíritos enfermos. São muitos os espíritos que nos atormentam todos os dias.
Não raro nós nem sabemos. Mas eles estão a nossa volta. Muitas vezes nós
despertamos com muita raiva e não sabemos a razão. Tem casos estranhos
acontecendo aqui na Terra. São espíritos a vagar de outros mundos. Existe nesse
nosso espaço da Via Láctea bilhões de outras estrelas com centenas de Terras,
digamos assim. Essas Terras têm bilhões de seres vagando de um mundo a outro.
Nós nem pensamos assim. Porém é a pura verdade. – tentou explicar o médico.
Logo após o tratamento no consultório, todos os componentes
da sessão partiram para as suas casas ou locais de trabalho. Edgar Penteado
logo que pode seguiu para a sua repartição. No seu birô já estava um amontoado
de papeis para serem despachados. Apesar de não ter observado, no outro lado da
praça estava a esguia figura de uma moça. Ela apenas observava o homem desde o
momento em que Edgar entrou na repartição. Com um pacote na mão, a mocinha Nair
contemplava com atenção a figura do homem. Ele, na noite anterior, a ajudou
bastante. Nair queria apenas agradecer o favor. Seu pai estava em ânsias.
Talvez ele durasse mais alguns dias. Quando acordava pela manhã, o pai de Nair
procurava com insistência a garrafa de pinga. Isso ele fez naquela manhã de
terça feira. Era costume assim fazer o homem. Ele nem pensava em tomar uma
xicara de café. Apenas queria cumprir o seu vício. Após certo tempo, vomitaria
tudo. Com o vômito vinha à tosse. E tossia demais. Nair sabia terem sido
contados os dias. Hoje, amanhã ou depois. Naquele instante Nair comprara o medicamento.
Porém não sabia a razão de tanto esforço. Teria de leva-lo ao seu pai já
moribundo e trágico. Ela não saiba quando o seu pai sentia fome ou não. O homem
já não tragava comida. Para ele, tudo era mal cheiroso e insuportável. Nem
mesmo o banho tomava. A água buscada no chafariz do Motor a ficar na metade da
rua era apenas para cozinhar e utilizar em outras coisas, como o café da manhã
e da noite. Nair recolhia o dinheiro para pagar a dona responsável pelo
chafariz. A água era trazida em latas. Não raro Nair declarava a mulher só
pagar no dia seguinte. A mulher não reclamava, pois sabia da doença do pai da
moça. E assim, o choro vertia a todo instante sempre nas horas de aflição. A
irmã mais velha cuidava do pai quando Nair se ocupava com outros afazeres. Na
verdade era aquele um clamor terrível. Casa pequena e modesta com uma das
paredes já quase a cair. A casinha onde guardava o sanitário ficava no final da
casa. Era lá que os demais faziam as suas necessidades fisiológicas. Na rua,
todas as casas tinham latrinas de barro. As privadas eram mal cheirosas. Para se
proteger dos insetos os usuários cobriam com uma tampa de madeira. Uma fossa
era tudo que havia para receber as fezes. Quando Nair tinha maior necessidade,
percorria a rua e pedia o auxilio de uma tia, irmã da sua mãe e então se
banhava com meia lata de água para não gastar demais. Não raro, Nair saia de
casa para tomar banho de mar e aproveitar para tirar o as no banheiro da
delegacia de policia, local próximo à beira-mar. Em outras ocasiões, Nair se
banhava nas casas de gente rica a ficar na estrada de uma rua na margem da
praia. Nessas casas, em uma delas, trabalha outra tia. A moça aproveitava o
conhecimento da mulher o por lá também tomava o seu banho por volta das 11.00
horas da manhã. Entre uma coisa e outra ela ajudava a tia no lavar dos lençóis,
toalhas entre outros panos como ceroulas, calças de homens e vestidos de
senhoras. Essa era a vida de Nair, ainda
bem jovem.
Um homem passou a caminhar com o seu cão pela praça com
destino ignorado. Um vendedor de missangas rumava com destino ao bairro onde
havia o Mercado Publico. O Bonde chegou ao seu ponto vindo do alto da Cidade
deixando os seus passageiros no local próximo a Recebedoria de Rendas. Gente
entrava e saia desse prédio. Um bêbado atravessou a praça com seus passos
trôpegos. Enfim, a moça Nair, deu meia volta e seguiu com o seu embrulho
levando o medicamento do seu pai. A moça ainda olhou para a Recebedoria e dai
seguiu em frente, quase correndo a passar por entre pessoas bem ou mal
vestidas. A hora avançava e ela sabia muito bem quando em sua casa havia de
chegar. O sol causticante tomava conta da capital do Estado. Um cheiro enorme
de comidas bem feitas tomou o ar nas imediações do Grande Hotel.
Ao meio dia, Edgar Penteado estava no Grande Hotel para
refastelar-se com os bons pratos servidos pelo major Teodorico, o homem que era
dono do estabelecimento de acolhidas aos viajantes ou dos que sentiam o cheiro
extasiante de sua hotelaria. O piano
estava sempre a tocar sob o empenho de um ilustre senhor. Os garçons
corriam de mesa em mesa para servir aos mais inquietos dos hospedes. O bar servia
de tudo e completo. Uísque, champanhe, vinhos dos mais finos para o melhor
paladar e uma invejável culinária onde era servido os finos pratos de um moderno estilo. Frutos do mar
eram o mais amplo a servir. Entre esses, havia também os pratos da terra onde
podia escolher os mais apetitosos. Na hora máxima do almoço estavam presentes
os homens de escol com suas belas senhoras e as filhas em tempo de casar.
Homens falavam de coisas acontecidas aqui ou acolá e todos gargalhavam quando
de um assunto mais a par de sorrir. Entre tantos os convivas estava Edgar
Penteado e, à mesa chegava o seu dileto amigo, senhor Aderbal Macedo, dono de
um escritório de compras e vendas de imóveis. Os dois homens começaram a
conversar sobre assuntos da atualidade. Entre várias outras, veio à tona o
acontecido naquela manhã no escritório de Aderbal. Ele sabia como aconteceu
toda a tragédia se era que se pudesse chamar de tal modo.
Aderbal:
--- Quando abrir a porta de entrada eu vi o estardalhaço.
Papéis em volta dos estofados, no chão, em cima das estantes, a mesa da máquina
de escrever toda revirada, as gavetas dos birôs entre outras em desconformes.
Tudo era um espalhafato. Eu mandei fechar a porta de entrada e dei ordens ao
rapaz de não deixar entrar ninguém até eu voltar com a polícia. Demorou-se uma
hora e meia quando eu voltei da delegacia. E então, o que eu notei? Tudo estava
em completa ordem. Papéis bem postados, mesas não mexidas. Maquina no seu
devido lugar. Tudo enfim estava calmo e tranquilo. O tenente verificou toda a
sala, até mesmo o balcão e nada encontrou. Apenas um par de sandálias de menina
com o nome gravado: “Ramona”! E quem é Ramona? Eu não sei! Ninguém sabe! O
delegado levou as sandálias para a perícia a fim de dar algo a parecer.
Edgar:
--- Eu diria ser incrível. Contudo, como já estou acostumado
com casos desse tipo, eu posso dizer ter isso circunstancias com a
paranormalidade. Ramona é um forte indício. Por acaso você nunca ouviu falar
num parente, vizinho, e pessoa bem distante com esse nome? – indagou de modo
sutil o homem.
Aderbal:
--- Nunca. Nem sabia da existência de alguém com esse nome!
Você sabe dizer o que significa? – indagou assustado o homem de negócios.
Edgar:
--- Bem. Ramona é um nome de tradição inglesa. A sua origem é
inglesa. O seu significado é: Protetora. Pessoa que age com muita sabedoria.
Mas quando o problema é seu, Ramona fica desnorteada. Sua generosidade já é
percebida na infância. Ela entende a necessidade dos outros e sente-se ajudando
como pode. Muito hospitaleira e disposta a lutar por seus ideais. Em síntese
isso é Ramona. Você não teria lembranças de um alguém com esse nome? –
perguntou Edgar de forma menos sutil.
Aderbal:
--- Não! Não! Não! Pessoa com esse nome, nunca pensei. E nem
sabia de sua existência! – relatou atormentado o homem.
Edgar:
--- Então, é possível vir de outra geração. A vossa esposa
como se chama? – quis saber por demais.
Aderbal:
--- Minha mulher? Ela é Jéssica! Qual o motivo? – perguntou
Aderbal nutrindo dúvidas.
Edgar:
--- Jéssica é um nome inglês. “Abraçada pelo Senhor”. Pode ser uma razão. – fomentou com razão.
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