quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Nove -

- SERES -
- 09 -
FALAS
O Doutor Hermógenes Andrade rebuscou os seus apontamentos e se voltou para a menina Linda Rosset demostrado agrado e falou depois de desfeita a hipnose a que foi submetida à menina, naquele instante ter tudo estado bem e ela, então, poderia acordar ao sinal do médico.  A garota recobrou os sentidos normais e ainda indagou se estava tudo muito bem, pois em nenhum instante a garota se lembrava do acontecido. Ela olhou em sua volta de observou os estragos feitos pelos espíritos vindos dos lugares úmidos, sujos e mal cheirosos e se estremeceu de temor. O medico Hermógenes relatou a menina ter sido aquilo um vento o qual assolou seu consultório. Era tudo normal. E a garota Linda se tranquilizou de vez. De suas vestes ela retirou pequenos farrapos deixados pelos os maus espíritos. E então indagou ao médico o que seria aquilo. O medico explicou que foram acidentes da ventania.
Linda:
--- Minha mãe? Onde está minha mãe? – indagou a menina um tanto preocupada a se virar da cadeira.
Dalila:
--- Estou aqui, filha. Eu quero saber se é possível retirar a infante da sala? – quis saber a mulher.
O seu pai adotivo também se acercou de Linda e procurou ouvir o medico a respeito do terrível assunto. Além do casal, estava próximo o doutor Edgar a se limpar da sujeira envolvida em sua roupa. O médico Hermógenes procurava soerguer a mesa com a tampa de vidro e os objetos caídos ao chão. Tudo era uma balburdia e esse incidente levaria tempos para se recompuser. Edgar também acudiu ao seu amigo recolhendo alguns objetos sem saber onde colocar ao certo. Alguns estavam partidos e os pedaços jogados por entre cadeiras. O médico preferiu dizer poder levar a menina, pois lago em seguida estaria a se reunir com os seus pais. Dona Dalila, cheia de rapaz. Levou a garota até a sala de espera e a deixou com a doméstica, moça que ficou do lado de fora. O barulho feito pelos fantasmas, a doméstica apenas ouviu e se acovardou em querer saber de tudo, pois Dalila fez sinal para não se perguntar coisa alguma.
Dalila:
--- Está tudo bem. Fique com Dorinha. – disse a mãe à sua filha-sobrinha.
E de imediato, Dalila Rosset voltou para o consultório médico. A mulher, apesar de falar com calma, estava bastante nervosa por todo o acontecido. Linda não sabia no feito naquela manhã pelas figuras vampirescas a atormenta a vida de cada qual. E assim, Dalila procurou nem pensar de momento no assombroso assunto e não colher maiores impressões. A menina não sabia coisa alguma do acontecido.
Hermógenes:
--- A garota deve ficar bem. De agora em diante ela está com um espírito protetor. Um “anjo da guarda” por assim dizer. De momento a menina terá que ir todas as sessões do Centro para assim colher maiores doutrinas dos espíritos maiores. A questão da mulher que a ela aparece não está resolvida. Hoje, o espírito não se manifestou. Eu não sei por que. Talvez por ação de espíritos enfermos. São muitos os espíritos que nos atormentam todos os dias. Não raro nós nem sabemos. Mas eles estão a nossa volta. Muitas vezes nós despertamos com muita raiva e não sabemos a razão. Tem casos estranhos acontecendo aqui na Terra. São espíritos a vagar de outros mundos. Existe nesse nosso espaço da Via Láctea bilhões de outras estrelas com centenas de Terras, digamos assim. Essas Terras têm bilhões de seres vagando de um mundo a outro. Nós nem pensamos assim. Porém é a pura verdade. – tentou explicar o médico.
Logo após o tratamento no consultório, todos os componentes da sessão partiram para as suas casas ou locais de trabalho. Edgar Penteado logo que pode seguiu para a sua repartição. No seu birô já estava um amontoado de papeis para serem despachados. Apesar de não ter observado, no outro lado da praça estava a esguia figura de uma moça. Ela apenas observava o homem desde o momento em que Edgar entrou na repartição. Com um pacote na mão, a mocinha Nair contemplava com atenção a figura do homem. Ele, na noite anterior, a ajudou bastante. Nair queria apenas agradecer o favor. Seu pai estava em ânsias. Talvez ele durasse mais alguns dias. Quando acordava pela manhã, o pai de Nair procurava com insistência a garrafa de pinga. Isso ele fez naquela manhã de terça feira. Era costume assim fazer o homem. Ele nem pensava em tomar uma xicara de café. Apenas queria cumprir o seu vício. Após certo tempo, vomitaria tudo. Com o vômito vinha à tosse. E tossia demais. Nair sabia terem sido contados os dias. Hoje, amanhã ou depois. Naquele instante Nair comprara o medicamento. Porém não sabia a razão de tanto esforço. Teria de leva-lo ao seu pai já moribundo e trágico. Ela não saiba quando o seu pai sentia fome ou não. O homem já não tragava comida. Para ele, tudo era mal cheiroso e insuportável. Nem mesmo o banho tomava. A água buscada no chafariz do Motor a ficar na metade da rua era apenas para cozinhar e utilizar em outras coisas, como o café da manhã e da noite. Nair recolhia o dinheiro para pagar a dona responsável pelo chafariz. A água era trazida em latas. Não raro Nair declarava a mulher só pagar no dia seguinte. A mulher não reclamava, pois sabia da doença do pai da moça. E assim, o choro vertia a todo instante sempre nas horas de aflição. A irmã mais velha cuidava do pai quando Nair se ocupava com outros afazeres. Na verdade era aquele um clamor terrível. Casa pequena e modesta com uma das paredes já quase a cair. A casinha onde guardava o sanitário ficava no final da casa. Era lá que os demais faziam as suas necessidades fisiológicas. Na rua, todas as casas tinham latrinas de barro. As privadas eram mal cheirosas. Para se proteger dos insetos os usuários cobriam com uma tampa de madeira. Uma fossa era tudo que havia para receber as fezes. Quando Nair tinha maior necessidade, percorria a rua e pedia o auxilio de uma tia, irmã da sua mãe e então se banhava com meia lata de água para não gastar demais. Não raro, Nair saia de casa para tomar banho de mar e aproveitar para tirar o as no banheiro da delegacia de policia, local próximo à beira-mar. Em outras ocasiões, Nair se banhava nas casas de gente rica a ficar na estrada de uma rua na margem da praia. Nessas casas, em uma delas, trabalha outra tia. A moça aproveitava o conhecimento da mulher o por lá também tomava o seu banho por volta das 11.00 horas da manhã. Entre uma coisa e outra ela ajudava a tia no lavar dos lençóis, toalhas entre outros panos como ceroulas, calças de homens e vestidos de senhoras.  Essa era a vida de Nair, ainda bem jovem.
Um homem passou a caminhar com o seu cão pela praça com destino ignorado. Um vendedor de missangas rumava com destino ao bairro onde havia o Mercado Publico. O Bonde chegou ao seu ponto vindo do alto da Cidade deixando os seus passageiros no local próximo a Recebedoria de Rendas. Gente entrava e saia desse prédio. Um bêbado atravessou a praça com seus passos trôpegos. Enfim, a moça Nair, deu meia volta e seguiu com o seu embrulho levando o medicamento do seu pai. A moça ainda olhou para a Recebedoria e dai seguiu em frente, quase correndo a passar por entre pessoas bem ou mal vestidas. A hora avançava e ela sabia muito bem quando em sua casa havia de chegar. O sol causticante tomava conta da capital do Estado. Um cheiro enorme de comidas bem feitas tomou o ar nas imediações do Grande Hotel.
Ao meio dia, Edgar Penteado estava no Grande Hotel para refastelar-se com os bons pratos servidos pelo major Teodorico, o homem que era dono do estabelecimento de acolhidas aos viajantes ou dos que sentiam o cheiro extasiante de sua hotelaria. O piano  estava sempre a tocar sob o empenho de um ilustre senhor. Os garçons corriam de mesa em mesa para servir aos mais inquietos dos hospedes. O bar servia de tudo e completo. Uísque, champanhe, vinhos dos mais finos para o melhor paladar e uma invejável culinária onde era servido os finos  pratos de um moderno estilo. Frutos do mar eram o mais amplo a servir. Entre esses, havia também os pratos da terra onde podia escolher os mais apetitosos. Na hora máxima do almoço estavam presentes os homens de escol com suas belas senhoras e as filhas em tempo de casar. Homens falavam de coisas acontecidas aqui ou acolá e todos gargalhavam quando de um assunto mais a par de sorrir. Entre tantos os convivas estava Edgar Penteado e, à mesa chegava o seu dileto amigo, senhor Aderbal Macedo, dono de um escritório de compras e vendas de imóveis. Os dois homens começaram a conversar sobre assuntos da atualidade. Entre várias outras, veio à tona o acontecido naquela manhã no escritório de Aderbal. Ele sabia como aconteceu toda a tragédia se era que se pudesse chamar de tal modo.
Aderbal:
--- Quando abrir a porta de entrada eu vi o estardalhaço. Papéis em volta dos estofados, no chão, em cima das estantes, a mesa da máquina de escrever toda revirada, as gavetas dos birôs entre outras em desconformes. Tudo era um espalhafato. Eu mandei fechar a porta de entrada e dei ordens ao rapaz de não deixar entrar ninguém até eu voltar com a polícia. Demorou-se uma hora e meia quando eu voltei da delegacia. E então, o que eu notei? Tudo estava em completa ordem. Papéis bem postados, mesas não mexidas. Maquina no seu devido lugar. Tudo enfim estava calmo e tranquilo. O tenente verificou toda a sala, até mesmo o balcão e nada encontrou. Apenas um par de sandálias de menina com o nome gravado: “Ramona”! E quem é Ramona? Eu não sei! Ninguém sabe! O delegado levou as sandálias para a perícia a fim de dar algo a parecer.
Edgar:
--- Eu diria ser incrível. Contudo, como já estou acostumado com casos desse tipo, eu posso dizer ter isso circunstancias com a paranormalidade. Ramona é um forte indício. Por acaso você nunca ouviu falar num parente, vizinho, e pessoa bem distante com esse nome? – indagou de modo sutil o homem.
Aderbal:
--- Nunca. Nem sabia da existência de alguém com esse nome! Você sabe dizer o que significa? – indagou assustado o homem de negócios.
Edgar:
--- Bem. Ramona é um nome de tradição inglesa. A sua origem é inglesa. O seu significado é: Protetora. Pessoa que age com muita sabedoria. Mas quando o problema é seu, Ramona fica desnorteada. Sua generosidade já é percebida na infância. Ela entende a necessidade dos outros e sente-se ajudando como pode. Muito hospitaleira e disposta a lutar por seus ideais. Em síntese isso é Ramona. Você não teria lembranças de um alguém com esse nome? – perguntou Edgar de forma menos sutil.
Aderbal:
--- Não! Não! Não! Pessoa com esse nome, nunca pensei. E nem sabia de sua existência! – relatou atormentado o homem.
Edgar:
--- Então, é possível vir de outra geração. A vossa esposa como se chama? – quis saber por demais.
Aderbal:
--- Minha mulher? Ela é Jéssica! Qual o motivo? – perguntou Aderbal nutrindo dúvidas.
Edgar:
--- Jéssica é um nome inglês. “Abraçada pelo Senhor”. Pode ser uma razão. – fomentou com razão.

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