- Jannifer Aniston -
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Em poucos instantes os dois amigos, Armando Viana e José Canindé, o fotografo, chegaram à redação do jornal A Imprensa. Ao chegarem ao local Armando procurou o Redator Chefe e fez a entrega das matérias programadas para o dia seguinte. Entre os amigos presentes, os dois conversaram assuntos de jornais e então se despediram. Já eram quatro horas da tarde ou um pouco mais e Canindé voltou a lembrar Armando sobre o chamado do Governado. O homem disse não ter pressa pois o que fosse podia esperar um pouco. O argumento do rapaz chateou o fotógrafo o qual comentou abusado:
--- Tá bom. Você é quem sabe. Não está mais aqui quem falou! – respondeu abusado Canindé.
--- Ora merda. Eu tenho tudo que fazer em cima da hora?! – instigou o repórter.
Canindé nada respondeu. Saiu na frente balançado a cabeça para um lado e para o outro. O repórter parece ter se arrependido do feito e chamou Canindé fotógrafo para ir até o Palácio, pois, com certeza poderia ser algo de merecer fotografar. E Canindé confirmou dizendo:
--- Bosta! No fim você tem que pedir o penico! – falou bravo o fotógrafo.
Ao chegarem em Palácio o repórter foi de imediato para o Gabinete do Secretário de Impressa e enquanto o fotógrafo subia para a ante-sala do Gabinete do Governador. Foi então que Canindé chamou a atenção do repórter ao declarar sem medo.
--- É nessa sala palerma. Vamos subir. Ora. – reclamou o fotógrafo.
--- Eu sei seu bosta. Mas tenho que falar com o secretário. Merda! – falou feroz o repórter.
--- Pois vá atrás do secretário. Bicho frouxo. Trabalhar com esse palerma é o fim! – reclamou de qualquer modo Canindé.
--- Tá bom. Espere. Eu vou com você. Ora bosta! – rezingou Armando totalmente abusado.
Quando Armando entrou na ante-sala do Gabinete do Governador foi logo falando com a sua secretaria ao dizer ter o chefe lhe chamado e ele estava na ante-sala. A moça de bons modos pediu um momento a Armando Viana, pois o Governador estava atendendo um secretário e logo o rapaz era recebido. E não passou nem mesmo cinco minutos quando a moça abriu a porta para o rapaz entrar. Armando Viana não fez cerimônia e logo entrou deixando Canindé, o fotógrafo a esperá-lo sentado também na ante-sala. Canindé não fez cerimônia e balançou a perna como se dissesse:
--- Estou pronto! – e olhou o retrato do Governador com se aquilo fosse deveras por demais importantes.
A conversa durou pouco tempo. O Governador formulou convite para Armando Viana assumir a Secretaria de Imprensa. Um caso bastante simples. E Armando indagou do Governador sobre o outro Secretário. O homem disse que de bêbado estava completo. Armando sorriu. E pediu do Governador o contrato do fotógrafo Canindé com seu auxiliar nas reportagens a serem feitas pelo interior o Capital. O homem concordou com o pedido aduzindo ser o cargo passado no dia seguinte.
--- Será aonde, Governador? - perguntou o jornalista.
--- Aqui mesmo no meu Gabinete. – fez questão de frisar o Governador.
--- Posso chamar o fotógrafo para o senhor conhecê-lo? – indagou Armando preocupado.
--- Pode e deve. Porém eu já o conheço. – sorriu o homem.
Com três ou quatro passos apressados, Armando chegou até a porta por onde entrara e chamou Canindé. Esse fez uma careta como sempre fazia, arranjou seus equipamentos presos em um saco na cintura, preparou a máquina fotográfica e com pouco esforço se levantou fazendo um sinal com a cabeça como quem dizia:
--- O que é? Tem gente aí? – e chateado caminhou para a porta e de lá para o Gabinete.
--- Entra. Fale com o Governado. – disse baixo o seu amigo.
Sem outro meio de descompor Armando o fotógrafo entrou bem de mansinho até onde estava o Governador sendo recebido com entusiasmo por esse ao se levantar de sua poltrona de almofada e abraçar o “grande amigo Canindé” – dizia o chefe de Estado. Embora tímido, o fotógrafo agradeceu a deferência e indagou se havia de fazer alguma foto pela qual o Governador disse apenas.
--- Nada de fotos. Quero parabenizar a você por ser meu fotógrafo preferido. Amanhã você vai trabalhar junto com o novo Secretário de Imprensa. – disse feliz o Governador.
Canindé olhou para Armando sem entender muito E fez a pergunta com a cabeça. Armando lhe disse o não esperado. No dia seguinte ele estava a serviço do Gabinete. Não seria nada de mais do que já era feito. Apenas Canindé fotógrafo seria promovido a fotógrafo exclusivo do Governo. O fotógrafo sorriu e disse:
--- Mas em cima da bucha? – perguntou Canindé a Armando completamente assustado.
E todos sorriram. O Governado chamou pelo interfone a moça do Gabinete do lado oposto e mandou fazer a nomeação dos dois: Armando Viana e José Canindé Revoredo. Então estava terminada a sessão.
Naquela mesma tarde quando ambos saíam do Gabinete do Governador, Armando se despediu de Canindé fotógrafo e disse ter mais o que fazer naquele instante, afinal ele teria de anunciar a sua nomeação a Norma Vidigal e no dia seguinte apresentá-la como uma de suas amigas ao Governador. Mesmo assim, nada disse Armando deixou dito a Canindé. Apenas declarou ter de ir a um lugar.
--- Eu sei o que vai fazer! – respondeu sorrindo o fotógrafo.
--- Não é nada do que você pensa! – respondeu de cara trancada o seu amigo.
--- Eu venho de paletó amanhã? – indagou Canindé meio aturdido.
--- Deve vir. Se não tiver eu arranjo um. – respondeu Armando Viana.
--- Tá danado! E presta um dos teus? – perguntou Canindé sem entender ao certo.
--- A gente compra um na loja. Deixe comigo! – sorriu Armando para o fotografo.
--- Amanha você vai ao Mercado? – perguntou o fotógrafo.
--- Sim. É claro! – sorriu Armando para o fotógrafo.
--- Então a gente se encontrar por lá. – respondeu Canindé com sua bolsa de fotos preso a barriga.
E ambos se despediram indo Canindé para um lado e Armando para o outro. Ao chegar à esquina da rua do Cartório, o rapaz notou tudo fechado. Ele olhou para o seu relógio e verificou ser mais de cinco horas da tarde. O comércio já estava cerrando suas portas e mesmo a turma tagarela da Farmácia já partira para outros locais. Na Farmácia da esquina se reunia a turma da Maçonaria, todos os dias ao final da tarde para por em dias as suas tagarelices costumeiras. A Farmácia ficava posta na Rua da Palha, a mesma rua do Cartório onde trabalhava a jovem Norma. Ela era a filha do tabelião Teodomiro Vidigal de origem do velho Coronel Vidigal, o seu avô. Quando Armando passou pela frente do Cartório se recordou do fim de semana onde ele e Norma os dois ficaram em um belo e límpido lazer virginal. Ânsias e saudades sentidas. Armando então sorriu. Depois de ver fechado o Cartório, o rapaz caminhou até quase o final da rua. Gente vinda e indo como uma procissão. Ele procurou um veículo, pois o homem Teodomiro tinha um auto cujo uso não fazia nem um pouco. Era Norma aquele quem usava o veículo quase sempre. O carro devia estar parado em frente da casa. E foi nesse intento o rapaz procurou o veículo. Ela não contava a existência de uma garagem. Por isso, mais procurasse não encontrava o tal veículo. Mesmo assim, olhando atento para o interior das casas nobre, ele viu um retrato de Norma pendurado em uma parede. E disse:
--- Eureka!!! E essa aqui! – sorriu Armando ao era o retrato da bela jovem.
E bateu palmas em seguida. Um homem robusto surgiu como por encanto de uma poltrona escondida próximo a um rádio ligado. O rapaz tremeu em conseqüência de medo ao ver a figura daquele monstro à sua frente separado por uma parede. O homem indagou ao frágil rapaz relutante.
--- Pois não! – disse o homem de óculos escuros.
Armando Viana ainda temeroso perguntou quase a desmaiar.
--- É aqui que reside a senhorita Norma Vidigal? – perguntou Armando com leve temor.
--- Sim! Quem é o senhor? – perguntou o homem com muita calma.
--- Meu nome é Armando Viana. Eu sou amigo da senhorita Norma Vidigal. – respondeu o rapaz ainda tremendo de medo.
--- Um momento que eu vou chamá-la. – respondeu o homem.
--- Deixa papai. Eu sei quem é ele. Olá Armando. Que bons ventos te tragam. – disse a moça com alegria suprema.
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