sábado, 21 de abril de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 26 -

- Vanessa Hudgens -
- 26 -
A IRMÃ
Ainda naquela manhã, o arremessador de punhais, armas preferidas,  Antero Soares conhecido por Antero Foguetão, chegou apressado em seu cavalo e procurou de imediato o seu companheiro Júlio Medalha, conhecido por Júlio Vento para deixa-lo em local seguro, pois foi em Fabiano, pistoleiro de aluguel a serviço do prefeito da cidade, ter ele arremessado o seu punhal causando morte instantânea. Ele não tivera receio da morte de Fabiano. Contudo era preciso confessar o seu feito ao Coronel, o deputado estadual doutor Marcolino Godinho, homem severo e brutal. A morte de Fabiano seria um caso à parte nos feitos de Antero. Mesmo assim, ele temia ser preso por um assassinato de um pistoleiro contumaz. E mesmo sendo preso, ele não demoraria na prisão, pois a morte de Fabiano tinha severas testemunhas para lhe defender. O homem pistoleiro também, Júlio Vento lhe disse não temer e procurar a dona da casa e esperar o caso esfriar. Isso, o pistoleiro Vento sabia muito bem desde ter matado um punhado de facínoras quando serviu ao Exercito. O arremessador de punhal seguiu um tanto constrangido para a casa grande à procura da dona da casa. Ao galgar os batentes de entrada da casa, viu duas mulheres a conversar algo. Isso não diria respeito. Apenas indagou sobre a dona da casa. E recebeu a resposta:
Mulheres:
--- Está lá dentro! – respondeu a lavadeira.
Enquanto isso, na casa da máquina, Júlio Medalha fazia aquilo de costume: um pato com óleo a despejar nos locais mais necessários de se fazer reparos. Ele, por vezes dizia:
Júlio:
--- Eita maquina boa. Mas vai precisar de reparos. A ventolina vai se acabar. É chamar alguém para fazer o reparo. Não que eu não possa. Mas. – divagava Júlio com seu conversar.
O quarto onde estava o motor de força era pequeno e a zoada do mesmo fazia como uma estaladeira onde pouco se ouvia a conversa entre mais de uma pessoa. E Júlio passava o dia todo nesse local apenas a ouvir zoada e nada mais. Era o costume da Farda onde o homem fazia o mesmo serviço.
Em poucos instantes uma mocinha veio avisar a patroa.
Mucama:
--- Lá fora tem duas freiras, dona Isadora! – relatou a mucama.
Cantídia:
--- Freiras? Se for dinheiro, não tenho! Ora! – disse a mulher com cara abusada.
A mucama ficou para trás com as mãos cruzadas e ainda declarou;
Mucama:
--- Que é que eu digo a elas? – perguntou a mucama.
Cantídia:
--- Deixa-me receber a visita! Que abuso! – disse a mulher deixando de lado o que estava a fazer.
E a mulher caminhou para frente da casa onde se encontravam as duas Freiras. O vento frio sobrava inquieto, porém de nada perturbava as Irmãs com as suas vestes longas de um preto rigoroso. As Irmãs olhavam o cercado e verificavam vacas, touros, cabras, carneiros, galinhas, bezerros e tudo mais havido ali a sua frente. Mesmo assim, pouca importância lhes davam aqueles animais. As Irmãs estavam mais para as verduras e legumes, coisas de todos os dias para elas fazerem. Vaqueiros, jagunços e mesmo as suas mulheres maltrapilhas eram negócios de todo o sertão bruto. Em suas capelanias no Mosteiro as Irmãs viviam de orações e mais distante dessa brutal realidade. Nesse Mosteiro, as Irmãs limpavam todos os dias os seus aposentos. Por lá existiam Igreja, dormitório, claustros, bibliotecas, refeitório, albergaria e campo de cultivo. Era um mundo à parte da vida de fora se viver em um Mosteiro. E nem sempre se ouvia falar de rezas e coisas mais das Irmãs a trabalhar. O sopro do vento frio não inquietava as Irmãs. Elas até gostavam e sorriam.
Foi nesse tempo de pecado onde apareceu a dona da casa. As cumprimentou e indagou o precisar. A Irma mais velha – entre as duas – disse apenas estar a procura do seu irmão de sangue. Era provável ser ele o hospedado do dono da casa. E o seu nome, a Irmã logo falou:
Irmã:
--- Renovato Alvarenga. Creio eu ser ele! – relatou a Irmã Josefina.
Na sala de visitas estava escondida Emília a escuta da conversa de dona Cantídia e a Irmã. Com surpresa a moça largou os pratos no chão fazendo um barulho tremendo. Isso até espantou a dona da casa. A mulher foi ver o acontecido e pegou de surpresa a empregada Emília toda inquieta sem saber o seu estado de coisas. E dona Cantídia foi quem falou:
Cantídia:
--- O que estás fazendo ai, moleca? – indagou abusada a dona da casa.
A mocinha nada podia responder e ficou pesa de espanto com a boca aberta e os olhos entontecidos de surpresa. O que a sua patroa falou de nada Emília ouviu. Nada era tao doloroso como ver Josefina à sua frente, tão de perto como devia parecer. A Irmã, na verdade, era uma Freira para a questão truncada de Emília, pois nunca acreditou de verdade na verdade dita por Renovato Alvarenga. Nesse momento, a verdade estava ali presente: a irmã de sangue do verdugo. A patroa de Emília não se cansava em perguntar:
Cantídia:
--- Hem moleca? Que estás fazendo ai? Responda! – dizia com aspereza dona Cantídia.
Foi então ter Emília ouvido um murmúrio distante. E sem saber aquilo a responder dobrou nos pés e voou para o interior da casa grande se enfurnando por completo no banheiro feminino onde se pôs a chorar amargamente.  Então, dai a mulher voltou para ouvir os reclamos da Irma e poder dizer alguma coisa.
Cantídia:
--- A Irmã é irmã de Renovato? Mesmo? – indagou a mulher com o rosto espichado para ouvir melhor.
Irmã Josefina:
--- Sim. Ele é o meu irmão de pai e mãe, com certeza, - respondeu Josefina toda calma.
Cantídia:
--- Meu Deus do céu! Quem diria? Uma irmã ser Freira. Caso me deixa de boca aberta. Olhe bem. Ele saiu há algumas horas para tratar do cavalo da minha filha. E deve voltar muito em breve. Eu não sei se eu mande a senhora espera-lo ou não. De qualquer forma, eu peço a senhora a tomar assento, pois a qualquer momento ele não tarda a chegar. – falou demais a mulher.
A Irmã Josefina agradeceu e se sentou na poltrona da frente da casa enquanto a outra Irmã, uma Noviça passou a pesquisa os amplos cercados por redor da casa grande. Em poucos instantes a outra cozinheira veio a servir café a Irmã Josefina com bolos e biscoitos. E na verdade estranhou a Irma Josefina está sozinha, pois a outra Irma estaria ali também. Tudo feito a mando de dona Cantídia, mulher soberba e dona da casa grande.  
Com o passar dos minutos a moça Emília se acercou da Irmã Josefina. Era bem visto em seus olhos Emília havia chorado um bocado, pois o tempo da demora norteou a Josefina. De qualquer forma, Emília se deu por conformada e sentou a beira da poltrona e dai foi longo o período de espera. Mas o tempo é o dono da paciência e, então, Emília indagou:
Emília:
--- A senhora é irmã de Renovato? – foi à pergunta feita por Emília.
Josefina:
--- Sim. Nós somos irmãos de sangue. Eu sou dele está aqui. E agora vim abraçar meu irmão. – sorriu leve a Freira.
Emília:
--- Ele me disse certa vez. Renovato é um homem atirado. Mas o tempo resolve tudo. Com certeza. – falou com imensa piedade a moça Emília.
Josefina:
--- Com certeza. O Senhor há de prover para Renovato um caminho. – sorriu leve a Freira. melhor
Com isso, Emília também sorriu.

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