- Crislayne Barbosa -
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CARRASCO
Naquele mesmo dia, no inicio da
tarde, chegava à bodega da Vila da Lagoa, parte mais afastada da cidade o algoz
pistoleiro Teodoro Fogaça. Homem frio e de boa estatura, aparente magro, mas de
musculatura rígida, ele era um verdadeiro sanguinário. De inicio parou à porta
da bodega a olhar para dentro e ver os açougueiros presentes sem falar palavra
alguma. O pessoal olhou temeroso para o feroz pistoleiro a entrada da bodega, e
nada falou. Apenas os abjetos homens de contrato ficaram a olhar de banda o
pistoleiro. O chapéu achatado ao meio, abas largas, cinturão de balas a
percorrer o peito fazendo o X e outro cinturão a rodear a cintura com duas pistolas
ligeiramente abertas do corpo, essa era a sanha assassina do bandido mais
parecendo um abutre. Sua cara era ossuda, olhos fundos e boca fina. O seu
marchar era lento. O calçar era botas compridas até o meio das pernas. Para
quem o visse, aquele era um homem mau. Muito vagaroso Teodoro se acercou do
balcão onde pelo lado de dentro estava o bodegueiro. Olhando com aparentes
quatro olhos o dono da bodega já sabia de quem se tratava. Mas ficou atento ao
pedir do homem mau. O verdugo se escorou no balcão se virando para a entrada do
ar e disse apenas:
Teodoro:
--- Bebida! – falou tranquilo o
homem mau a olhar os que estavam a beber no bar.
O bodegueiro parecia até um
autômato e largou a seguir uma garrafa e um copo sem dizer palavra alguma.
Apenas serviu ao verdugo. Teodoro agarrou da garrafa pele garganta e o copo com
a mão direita então as levou para uma mesa próxima e se sentou em um tamborete
a estar desocupado. Sempre a olhar a clientela e a não dizer palavra alguma.
Após tomar um gole da bebida Teodoro apenas perguntou:
Teodoro:
--- Mulheres? – indagou sem
outras palavras o pistoleiro.
O homem do bar apontou para a rua
cujo nome era Vai quem Quer.
Homem do bar:
--- Logo alí! - referiu-se o
homem a apontar a rua.
Teodoro nada falou a esse
respeito. Apenas ele perguntou a seguir:
Teodoro:
--- Comida? – e se virou para o
bodegueiro.
Bodegueiro:
--- Carne de porco! – respondeu o
bodegueiro.
Teodoro se voltou para ver os homens
do bar. E mesmo assim, se pronunciou.
Teodoro:
--- Um pouco! – falou Teodoro sem
ver reação dos bandoleiros ali presentes.
Com voz gutural e um pouco baixa,
Teodoro dizia o necessário.
Uma mulher parecia estar a ouvir
de detrás dos montes de sacos e logo foi assar a carne de porco. Mas foi um
assar tao rápido e deu parecer ter estado pronta para se servir. Pois no
imediato a mulher surgiu de trás dos sacos com a frigideira ainda aquecida e a
servir a carne de porco assada. A mulher vestia um traje de seda em vermelho e
nada fez de agrado para o seu consumidor do acaso. Apenas serviu e pronto.
Teodoro no voltar da mulher lhe indagou algo nesse estilo:
Teodoro:
--- Sai? – indagou Teodoro.
Mulher:
--- Com ordem dele! – falou a
mulher sem sorrir e se encaminhou para trás dos sacos.
E Teodoro continuou a sua
refeição atento a todos os outros bandoleiros. Na parte externa da bodega,
alguns pistoleiros estavam sentados em tamboretes. Eles nada falaram quando
Teodoro entrou. Um ferreiro batia ferradura de cavalos em um estábulo um pouco
afastado. E uma mulher transitava pela calçada do bar. A passar pelo cavalo de
Teodoro observou apenas o animal. E a mulher notou um rifle preso à sela. Na
garupa havia um saco de dormir entre outras coisas. A mulher olhou sem dar fé.
Apenas olhou. E ao chegar da esquina da bodega, ela dobrou e seguiu marcha. Os homens
nada falaram.
Com poucos minutos, quando
Teodoro ainda fazia a sua refeição, outro bandoleiro entrou pela porta da
bodega e a caminhar como um solitário bandoleiro se acercou de Teodoro. Esse
estava a mordiscar as costeletas de porto e levantou apenas a vista em direção
ao bandoleiro de chegada. Nada Teodoro falou. Apenas esperou o bandoleiro falar.
O homem estranho vestia roupas comuns de gente do mato e tinha segurado na
parte direita do corpo um revolver e nada mais. Depois de alguns segundos o forasteiro
falou:
Forasteiro:
--- Teodoro? – perguntou o
forasteiro.
Teodoro ainda comer costelas
apenas respondeu:
Teodoro:
--- Quem pergunta? – indagou
Teodoro.
Forasteiro:
--- Anselmo! O professor quer
falar com o senhor! – falou o homem a Teodoro
Teodoro baixou a vista e nada
respondeu. Após terminar o seu repasto caminhou até o balcão e atirou umas
medas para o balconista e se voltou para o bandoleiro. Apenas falou:
Teodoro:
--- Professor! – em um tom de
quem confirmava o pedido.
Os dois bandoleiros caminharam a
cabana do Professor no alto da montanha. Era uma cabana muito simples. O
professor se mantinha então naquele local onde pouco saía para a cidade ou a
vila da Lagoa. Na Vila mantinha a bodega e outras ocupações a lhe render
numerário. O homem era forte, gordo, barbudo e um pouco idoso. Em tempos
passados o homem fora professor em um grupo escolar. Após certas
inconveniências abandou o ensino e passou a viver da bodega, dos alugueis de
pistoleiros, das casinhas de prostituição e algo mais a lhe render proventos.
Nunca ele falou de sua renda com tudo isso. E nem ninguém perguntava a ele. O
que ele fazia era acerto com os patrões de outras regiões quando necessitavam
de um acerto de contas. E ele se mantinha afastado de toda confusão para não
dizer ser ele o autor, muitas vezes de morte. Para se chegar à cabana tinha de
se andar uma porção. Muito de longe ele avistava o pessoal vindo em sua busca. Os olhava e sentava em uma cadeira de forro já
um tanto afundada. Quando o combinado chegava o Professor lhe estendia a mão,
quando “amigo”. Do contrario, nada fazia.
E foi assim dessa fez. Nada largou para Teodoro. Apenas o ouvia indagar:
Teodoro:
--- Aqui estou! – fez ver
Teodoro.
Professor:
--- É com o prefeito! – respondeu
o Professor.
O pistoleiro balançou a cabeça de
modo afirmativa. E apontou com um dedo:
Teodoro:
--- Prá lá ou pra cá! – deduzindo
o local do encontro.
Professor:
--- Vá por fora. O capaz lhe
fornece o caminho! – apontou o dedo para o bandoleiro.
Teodoro se deu por satisfeito e
agradeceu com um gesto a oferta do Professor. Puxou o homem das rédeas de seu
cavalo e se largou a caminhar na companhia do seu orientador. Pelo visto, o
encontro se daria fora do sitio do senhor Prefeito, local só sabido pelo
salteador acompanhante. E foi um longo caminho para ser feito. Teodoro olhava
sempre para Anselmo esse nada comentava. Ao cabo de uma hora, Teodoro se
acercou do local quando o salteador lhe falou:
Anselmo:
--- É aqui! – falou Anselmo ao
bandoleiro.
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