terça-feira, 24 de abril de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 29 -

- Crislayne Barbosa -
- 29 -
CARRASCO
Naquele mesmo dia, no inicio da tarde, chegava à bodega da Vila da Lagoa, parte mais afastada da cidade o algoz pistoleiro Teodoro Fogaça. Homem frio e de boa estatura, aparente magro, mas de musculatura rígida, ele era um verdadeiro sanguinário. De inicio parou à porta da bodega a olhar para dentro e ver os açougueiros presentes sem falar palavra alguma. O pessoal olhou temeroso para o feroz pistoleiro a entrada da bodega, e nada falou. Apenas os abjetos homens de contrato ficaram a olhar de banda o pistoleiro. O chapéu achatado ao meio, abas largas, cinturão de balas a percorrer o peito fazendo o X e outro cinturão a rodear a cintura com duas pistolas ligeiramente abertas do corpo, essa era a sanha assassina do bandido mais parecendo um abutre. Sua cara era ossuda, olhos fundos e boca fina. O seu marchar era lento. O calçar era botas compridas até o meio das pernas. Para quem o visse, aquele era um homem mau. Muito vagaroso Teodoro se acercou do balcão onde pelo lado de dentro estava o bodegueiro. Olhando com aparentes quatro olhos o dono da bodega já sabia de quem se tratava. Mas ficou atento ao pedir do homem mau. O verdugo se escorou no balcão se virando para a entrada do ar e disse apenas:
Teodoro:
--- Bebida! – falou tranquilo o homem mau a olhar os que estavam a beber no bar.
O bodegueiro parecia até um autômato e largou a seguir uma garrafa e um copo sem dizer palavra alguma. Apenas serviu ao verdugo. Teodoro agarrou da garrafa pele garganta e o copo com a mão direita então as levou para uma mesa próxima e se sentou em um tamborete a estar desocupado. Sempre a olhar a clientela e a não dizer palavra alguma. Após tomar um gole da bebida Teodoro apenas perguntou:
Teodoro:
--- Mulheres? – indagou sem outras palavras o pistoleiro.
O homem do bar apontou para a rua cujo nome era Vai quem Quer.
Homem do bar:
--- Logo alí! - referiu-se o homem a apontar a rua.
Teodoro nada falou a esse respeito. Apenas ele perguntou a seguir:
Teodoro:
--- Comida? – e se virou para o bodegueiro.
Bodegueiro:
--- Carne de porco! – respondeu o bodegueiro.
Teodoro se voltou para ver os homens do bar. E mesmo assim, se pronunciou.
Teodoro:
--- Um pouco! – falou Teodoro sem ver reação dos bandoleiros ali presentes.
Com voz gutural e um pouco baixa, Teodoro dizia o necessário.
Uma mulher parecia estar a ouvir de detrás dos montes de sacos e logo foi assar a carne de porco. Mas foi um assar tao rápido e deu parecer ter estado pronta para se servir. Pois no imediato a mulher surgiu de trás dos sacos com a frigideira ainda aquecida e a servir a carne de porco assada. A mulher vestia um traje de seda em vermelho e nada fez de agrado para o seu consumidor do acaso. Apenas serviu e pronto. Teodoro no voltar da mulher lhe indagou algo nesse estilo:
Teodoro:
--- Sai? – indagou Teodoro.
Mulher:
--- Com ordem dele! – falou a mulher sem sorrir e se encaminhou para trás dos sacos.
E Teodoro continuou a sua refeição atento a todos os outros bandoleiros. Na parte externa da bodega, alguns pistoleiros estavam sentados em tamboretes. Eles nada falaram quando Teodoro entrou. Um ferreiro batia  ferradura de cavalos em um estábulo um pouco afastado. E uma mulher transitava pela calçada do bar. A passar pelo cavalo de Teodoro observou apenas o animal. E a mulher notou um rifle preso à sela. Na garupa havia um saco de dormir entre outras coisas. A mulher olhou sem dar fé. Apenas olhou. E ao chegar da esquina da bodega, ela dobrou e seguiu marcha. Os homens nada falaram.
Com poucos minutos, quando Teodoro ainda fazia a sua refeição, outro bandoleiro entrou pela porta da bodega e a caminhar como um solitário bandoleiro se acercou de Teodoro. Esse estava a mordiscar as costeletas de porto e levantou apenas a vista em direção ao bandoleiro de chegada. Nada Teodoro falou. Apenas esperou o bandoleiro falar. O homem estranho vestia roupas comuns de gente do mato e tinha segurado na parte direita do corpo um revolver e nada mais. Depois de alguns segundos o forasteiro falou:
Forasteiro:
--- Teodoro? – perguntou o forasteiro.
Teodoro ainda comer costelas apenas respondeu:
Teodoro:
--- Quem pergunta? – indagou Teodoro.
Forasteiro:
--- Anselmo! O professor quer falar com o senhor! – falou o homem a Teodoro
Teodoro baixou a vista e nada respondeu. Após terminar o seu repasto caminhou até o balcão e atirou umas medas para o balconista e se voltou para o bandoleiro. Apenas falou:
Teodoro:
--- Professor! – em um tom de quem confirmava o pedido.
Os dois bandoleiros caminharam a cabana do Professor no alto da montanha. Era uma cabana muito simples. O professor se mantinha então naquele local onde pouco saía para a cidade ou a vila da Lagoa. Na Vila mantinha a bodega e outras ocupações a lhe render numerário. O homem era forte, gordo, barbudo e um pouco idoso. Em tempos passados o homem fora professor em um grupo escolar. Após certas inconveniências abandou o ensino e passou a viver da bodega, dos alugueis de pistoleiros, das casinhas de prostituição e algo mais a lhe render proventos. Nunca ele falou de sua renda com tudo isso. E nem ninguém perguntava a ele. O que ele fazia era acerto com os patrões de outras regiões quando necessitavam de um acerto de contas. E ele se mantinha afastado de toda confusão para não dizer ser ele o autor, muitas vezes de morte. Para se chegar à cabana tinha de se andar uma porção. Muito de longe ele avistava o pessoal vindo em sua busca.  Os olhava e sentava em uma cadeira de forro já um tanto afundada. Quando o combinado chegava o Professor lhe estendia a mão, quando “amigo”. Do contrario, nada fazia.  E foi assim dessa fez. Nada largou para Teodoro. Apenas o ouvia indagar:
Teodoro:
--- Aqui estou! – fez ver Teodoro.
Professor:
--- É com o prefeito! – respondeu o Professor.
O pistoleiro balançou a cabeça de modo afirmativa. E apontou com um dedo:
Teodoro:
--- Prá lá ou pra cá! – deduzindo o local do encontro.
Professor:
--- Vá por fora. O capaz lhe fornece o caminho! – apontou o dedo para o bandoleiro.
Teodoro se deu por satisfeito e agradeceu com um gesto a oferta do Professor. Puxou o homem das rédeas de seu cavalo e se largou a caminhar na companhia do seu orientador. Pelo visto, o encontro se daria fora do sitio do senhor Prefeito, local só sabido pelo salteador acompanhante. E foi um longo caminho para ser feito. Teodoro olhava sempre para Anselmo esse nada comentava. Ao cabo de uma hora, Teodoro se acercou do local quando o salteador lhe falou:
Anselmo:
--- É aqui! – falou Anselmo ao bandoleiro.

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