- Irene Jacob -
- 34 -
DESTINO
Desse momento em diante, quando
o dia começava a finda, o Coronel Araújo ficou pensativo qual destino era o de
sua família. Enquanto Eugênio observava a face estranha do Coronel, ele ficou
taciturno a olhar o céu nublado e o cometa a estar bem além da Terra, embora
não tivesse oportunidade de enxergar. Apenas as bolas de fogo a vir e incendiar
as árvores nas alturas do monte. Em diversos lugares, era o que ventilava
Eugenio. As bolas de fogo a incendiar as usinas atômicas e outras produções de
energia, carro, moto e tudo mais. Era uma calamidade a se devastar na Europa,
Ásia, Estados Unidos, Brasil, Oceania e África.
Eugenio:
--- É no mundo todo, para bem
dizer. As bolas caem assustadoramente. E tocam fogo em tudo. Não é só na mata.
Navios, barcos de pesca, veículos e nas indústrias sem se contar com as
cidades. – refletiu o homem com a cabeça abaixada a coçar o barro com seus pés.
Coronel:
--- Não me diga uma coisa
dessas! Até a Marinha? – indagou alarmado o senhor.
Eugenio:
--- Isso nem se conta. Marinha,
Aeronáutica, Exército e outras organizações. Os gigantes reservatórios de água
da China e ou mesmo do Brasil. Esses estão desmoronando! – relatou o homem
quase a chorar.
Otto:
--- Na capital já sofremos
esses desmandos. E no agreste está da mesma forma. Eu não sei nem o que diga.
Não adianta se esconder. Eu já estava informado dessa tragédia há algum tempo.
Mas não era assim. O cometa de uma cauda enorme. Vai ser chuva de pedras por
muito tempo. - refletiu o jovem
Coronel:
--- Em outras palavras: Não há
escapatória! – pronunciou o coronel Araújo.
Eugenio:
--- Não digo tanto. Mas quem
puder se esconder que se proteja. – falou lacrimoso o homem.
O Coronel Araújo olhou para a
distância como a procura de algum lugar encravado em uma montanha, porém não
disse nada. O sinal da noite se aproximava, pois o sol encoberto das cinco
horas já estava a mostrar ser uma noite aquecida em meio às explosões das bolas
de fogo caídas do céu. De momento, Otto olhou para a distância e relatou;
Otto:
--- Talvez chova ainda hoje. –
relatou o jornalista olhando o tempo.
Eugenio:
--- É provável. Pelo visto, é
provável. – disse o ermitão.
Coronel:
--- Assim, é melhor seguir um
pouco mais enquanto é dia. – falou o coronel coçando barba inexistente.
Em tal momento Otto falou para
o sogro para ele ser melhor ficar com o ermitão Eugenio, uma vez ter o homem um
equipamento de rádio escuta e Otto estava a par de tais comunicações, apesar de
não ter a mesma destreza de Eugenio. Nesse momento, Vanesca correu para Otto
dizendo:
Vanesca:
--- Se você fica eu também
fico! – abraçou o rapaz pelo braço com uma cara ingênua.
Otto olhou de repente e falou:
Otto:
--- É melhor você ir com a
família. É mais seguro. – reportou o
rapaz.
Eugenio:
--- Se ela quiser, pode ficar
também. Comida não falta. Tudo plantado na minha horta. – falou o enigmático
senhor.
Otto:
--- Eu sei. Mas as bombas são
constantes. Pode um cair logo em cima da casa. – relatou com maior temor.
Eugênio:
--- A propósito: o senhor
entende de rádio? – indagou o ermitão.
Otto:
--- Fiz o curso. Algum tempo
tive um transverte. Mas com a mudança de casa, deixei tudo desligado. Ligava
apenas para aquecer. – respondeu com receio o rapaz.
Eugenio:
--- Eu opero mais em
telegrafia. Mas tem fonia também. Com o tempo assim, creio não haver mais gente
fazendo rodada. – explicou desconfiado o eremita..
Vanesca voltou para onde estava
o pai para dizer-lhe ter de ficar com o seu noivo, pois não queria deixa-lo só
no meio do mato e do fogo.
Coronel:
--- Eu não concordo. Mas se é
assim que você quer nada posso fazer. – respondeu o velho pai.
A caravana partiu em direção
incerta e o casal rumou para a casa de Eugenio temendo as bolas de fogo
ameaçando cair a qualquer instante próxima a residência do ermitão. Quando
cerrou a noite a ventania forte sacudiu todas as árvores ao redor. Com a
ventania veio à chuva. No inicio, devagar. A continuar, bem mais forte arrastando
tudo mato afora. O cata-vento gerava igual a um louco. A chuva ácida tinha
características de um avassalador temporal onde não se podia enxergar há um
metro de distancia. Trovões e relâmpagos cortavam o céu de luto enfrentando as
ogivas vindas do cometa. Tudo era verdadeira loucura entre os assombros da
tormenta e o rasgar da cauda do cometa. Na casa onde estava Otto, Vanesca e
Eugenio procuraram mais seguro abrigo. O homem ermitão chamou os dois namorados
para descer por um galpão onde o homem guardava alimentos. Era um celeiro para
os dias de seca. No espaço, se guardava de tudo um pouco, coisas do plantio do
quintal. Muito bem protegido o local dava abrigo a quem fosse mesmo diante de
tanta chuva. De fora, as porta da sala batiam sem temor como se fossem
brinquedos de crianças. No celeiro, sem luz, apenas com um lampião, mesmo assim
Vanesca tremia de frio e temor.
Vanesca:
--- Isso é uma loucura
infernal! – relatou a moça com maior temor da vida.
Eugenio:
--- É chuva mesmo minha
senhora. – disse o homem a sorrir.
Uma zoada foi ouvida e Vanesca
se assustou. Temerosa correu para os braços do noivo a perguntar tão
assombrada estava.
Vanesca:
--- Que é isso? – olhando para
baixo e com um levantado.
Eugenio sorriu e respondeu:
Eugenio:
--- Ratos. Tem alguns por aqui.
Mas não ofendem. – sorriu o ermitão.
Vanesca:
--- Ratos? – e procurou se
trepar com as duas pernas em cima de Otto.
Otto:
--- É. Ratos. Ratos silvestres.
Devem estar correndo com medo da chuva. – explicou o noivo.
Vanesca:
--- Ai meu Deus. Tira-me daqui.
Tenho nojo de ratos. – disse a moça se esperneando toda.
Otto:
--- Ora! Eles só querem fazer
cócegas nos teus pés. – argumentou o noivo diante do medo da moça.
E a briga contra os ratos não
demorou muito tempo. Um trovão assustador espocou próximo a casa e o barulho
feito foi tremendo. A moça se exasperou e de momento quis correr para algum
lugar por temor ao fogaréu do relâmpago. Assim, o noivo se sentiu livre do peso
da moça. Em seguida Otto torceu os braços e fez uma:
Otto:
--- Ufa! Que peso! – sorriu o
homem.
O ribombar dos trovões e o
corte célere dos relâmpagos tornaram a enxurrada mais forte do lado de fora da
casa de Eugenio. Uma tormenta sem par a descer de morro abaixo colhendo tudo a
sua frente. A chuva intensa se tornou mais ainda acolhida pelo trovejar e os
partidos troncos das árvores a descer na vertiginosa tormenta. Era
impressionante para quem podia divisar a hecatombe avassaladora da cheia
provocada pela tormenta. Árvores retorcidas em meio à montanha de lixo formado
pelos galhos e folhas vindas do cimo do morro. Os amantes acompanhados de
Eugenio nada podiam relatar do sofrido chão aberto em pela noite pelo dilúvio
advindo. Montanhas de entulhos se foram casa afora denotando ser aquele o dia
final.
Vanesca:
--- Meu pai! – gritou a moça ao
desespero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário