sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CREPÚSCULO - 38 -

- Dorothy Muniz -
- 38 -
PRAÇA
O subtenente Aquiles Gafanhoto era todo um só. Jamais ele pensou em ingressar na Farda. E então, nesse momento, o comandante da Força Aérea o distinguia como o subtenente da Aeronáutica. E Aquiles não queria nem um tanto. Ser quase um oficial era demais para Aquiles. Sem estudo, caçador de Tejo, homem vivedor de olhar os astros era por fim um subtenente. Por isso mesmo Aquiles Gafanhoto estava de peito cheio naquele momento. Quando passasse pela Guarda, ele nem se importava em receber continência. Mesmo assim, era nesse momento uma obrigação bater continência. Quem importava ter essa obrigação? E quando chegasse a sua tapera a mulher certamente nem o reconheceria. Por tanto, nesse momento, ele agora era um suboficial de verdade. Porém o que Gafanhoto não sabia era que as suas obrigações teriam de ser redobradas. Ele era agora a despeito de tudo um homem militar e ser capaz de estudar como todo oficial da caserna. O Comando da Força Aérea teria nele um elevado instrutor para as mais difíceis tarefas do regimento. E foi assim que Gafanhoto, após tirar toda a sua documentação de civil militar, iniciar os regulares estudos de um suboficial e ter a inclusão de dar aulas aos demais oficiais sobre tudo o que era preciso aprender. Uma de suas primeiras tarefas foi a de explicar algo ter ele nunca sabido a seu respeito: o caso de Jesus. O Comandante lhe fez perguntas tão altas a respeito do assunto que Gafanhoto não teve a esperança de responder. Uma das quais foi a de Jesus não ter sido o primeiro Rei dos Judeus. Gafanhoto se lembrava do que o seu pai lhe dizia quando ele era menino. E desta forma respondeu ao seu Comandante.
--- Bem, Meu Comandante. Essa história me foi contada por meu pai. Ele já é morto. Mas, no tempo antigo, antes de Jesus, mais de quinhentos anos antes da chegada de Jesus, o povo de Jerusalém, como da França, da Inglaterra e da Escócia eram dominado pelo Exercito Romano. E com isso, Roma constituiu o seu Império como bem se diz: Monarquia, República e Império. Com esse poder, Roma governou todas essas nações. E se assumiram a condição de nações. Houve um tempo, na idade de oitocentos anos que Roma dominava a Palestina. E veio então os revoltosos. Para bem falar, oitocentos anos não são oito anos e nem quarenta anos. São oitocentos anos de subjugo de um povo por outro. Com isso, os insurgentes ameaçaram Roma. Isso bem antes de Jesus. Conforme as escrituras judaicas esse era um tempo de discórdia. Houve um revoltoso cujo nome era Simão de Tereia que tocou fogo no Palácio de Herodes. Bem. Esse insurgente, que viveu bem antes de Jesus, se proclamou Rei dos Judeus. E desse modo morreu. O Governo Romano mandou seus soldados trucidar Simão. E foi então jogado ao tempo onde apodreceu. Isso está gravado na Pedra das Revelações do arcanjo Gabriel. Quando Jesus nasceu, ele novo, já ouvia contar as historias de Simão de Tereia. E há quem diga que Jesus assumiu os mesmos passos do seu antecessor. Veja bem. Nesse tempo se matava judeus como se matava carneiros ou cabras. Houve uma época que o exercito romano tinha pregado em duas mil – veja bem – duas mil cruzes de judeus revoltosos. E eu acho esse numero pequeno, pois a sanha de oitocentos anos dá para mais que esse número. – concluiu Aquiles Gafanhoto.
O comandante da Base calou por certo tempo olhando firme para Aquiles sem dizer palavras. Ele talvez pensasse como alguém que não tinha estudo sabia tão bem do que ele mesmo não sabia! E ainda sentiu mágoas em não promover Aquiles a capitão. Pelo menos a capitão. Após esse tempo o Comandante da Base chamou Gafanhoto para os dois almoçarem juntos. Agora que o homem era também da Farda, não viu por que negar. E assim foram o Comandante e Gafanhoto.
No meio do acaso o Comandante ouviu o relato de Gafanhoto sobre o município onde eles estavam:
--- Aqui em Panelas, tempos passados, não era município. Isso aqui era uma vila. Pequena até. No centro da vila tinha um casarão de primeiro andar, de um lado. A rua era um nome esquisito: Brejo. É...Não havia iluminação elétrica em toda a vila. Tinha um motor que fornecia luz elétrica apenas para algumas casas. Inclusive a do coronel Honório, o dono do casarão. Do outro lado da rua tina uma casa de dez janelas e duas portas. Eram as casas principais da Rua do Brejo. Na metade da rua, pelo lado da casa simples tinha um pé de Tatajuba, frondoso e alto. Nessa tatajubeira tinha uma feira que estava aberta dia e noite. Era em uma esquina de rua. Na continuação da rua que fazia travessa com a do Brejo, o senhor entende, tinham casebres de mulheres de qualquer preço. Eu era menino nesse tempo. Depois a vila foi extinta e surgiu o município. O cassarão do coronel Honório ainda existe. É da família. –  foi o que contou o novo homem da Farda Aquiles Gafanhoto.  
--- O senhor é sábio e inteligente, senhor Aquiles Gafanhoto. Eu não entendo porque o seu pai pôs o nome de um inseto?! – quis saber o Comandante a matutar com a palavra inseto.
--- Não foi ele, meu comandante. Era porque no tempo de criança eu brincava com insetos, inclusive o gafanhoto. Quando era tempo aqui se enchia de gafanhoto. E ainda quando é tempo tem peste deles. – sorriu Aquiles com tal assunto.
O Comandante ficou a olhar serio para o homem Gafanhoto e depois de algum tempo fez a pergunta que há tempos lhe afligia. E por isso o Comandante fez a pergunta:
--- O que me inquieta é Jesus. Nós estamos em um país cuja doutrina é o cristianismo. Sei. Tem outras religiões. Mesmo assim, tudo vai para o cristianismo. E o que é que o senhor entende disso tudo? – quis saber o Comandante meio cabisbaixo.
Gafanhoto sorriu leve, não querendo levar para outras questões. Mesmo assim, ele respondeu;
--- Comandante, veja bem. Hoje, nesse mundo que habitamos tem para mais de quinze mil religiões. Cada um que faça a sua. Porém, para mim, nesse mundo existem três ou quatro religiões. E desse pequeno numero, temos três. Das três temos duas. Essas são as mais fortes: o cristianismo e o judaísmo. Mesmo que não vivam em guerras, elas têm a primazia de serem as mais influentes. Os servos dos Judeus e os servos do Papa. Mas para se chegar a um denominador comum vamos por parte. Hoje, a religião católica tem o maior numero. Veja bem: o catolicismo tem por base o anglicanismo, da Inglaterra; o catolicismo da Rússia, até mesmo o protestantismo da Alemanha ontem tem a Igreja Luterana, fundada por Matinho Lutero, sacerdote e teólogo. Por sinal ele foi frade.  Três religiões. Mas, e a quarta é a do Islamismo. Foi fundada por Maomé, tendo muito antes, milênios até, seguida por Abraão, Moises e o próprio Jesus. O Islamismo tem por base o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Enfim, quatro religiões. Com isso a Igreja Católica é a maior do que o judaísmo. Contudo, o judaísmo tem as suas leis sagradas. E estão nesse caso os livros sagrados, ou seja, o Pentateuco. Quer dizer: Torá. Esse é maior livro da Bíblia dos Judeus. Os judeus definem a Bíblia Hebraica como a aliança entre Deus e os Filhos de Israel. Desde criança eles estudam o Livro Sagrado – o Pentateuco. Agora vem a mitologia de Jesus. Há muito que se falar. Pelo o que meu pai me ensinou, Jesus foi uma espécie de homem revoltado com o regime imposto pela guarda romana. Há oitocentos anos que Roma dominava Jerusalém. E Jesus foi um dos muitos que se insurgiram contra essa lei de Roma. Por isso foi ele crucificado. Mesmo assim, antes dele ter morrido de verdade, pregado na Cruz, uns seus amigos o tiraram e levaram para outro local. Por lá eles – os amigos – trataram dos ferimentos ou chagas de Jesus e ele ficou curado. Daí veio a ressureição do Cristo, tão explorada pela Igreja Católica. E Jesus, curado, saiu de Jerusalém e já tendo casado com Maria Magdalena foi viver na Gália, hoje França. O meu Comandante entendeu bem?. – perguntou ainda duvidado o homem Aquiles Gafanhoto.
--- Entendi. Entendi. – respondeu o Comandante da Base. – Mas, o senhor me falou a pouco tempo do seu sobrenome. E não me falou sobre o nome. Quem foi Aquiles? – indagou o Comandante para comprovar a verdade o homem então subtenente.
Aquiles então deu um sorriso com moderação. E falou em seguida.
--- Meu Comandante, meu pai teve o costume de não sobrenome nos seus filhos. O meu, por exemplo, é Aquiles e só. Mas, segundo meu pai, Aquiles foi um herói da Grécia.  E um dos participantes da Guerra de Tróia. O personagem principal e maior guerreiro da Ilíada, romance escrito por Homero. – sorrio outra vez o homem.
O Comandante da Base sorriu e depois de algum tempo fez ver.
--- Correto. O teu pai, para quem não tinha estudo, escolheu bem o teu nome. – falou com gesto o brioso Comandante.
Após o almoço, os dois homens saíram do lugar o foram passear no campo de pouso do aeroporto. O comandante a ver os pilotos a fazer pouso ou arremetida com os seus modernos aviões caça e outros pilotos a sobrevoar a vastidão dos morros onde o vento uivava para todo o lado. Alguns dos aviadores vinham a conversar entre eles e ao passar pelo Comandante da Base bateram continência. Depois saíram a conversar e entraram cantina da Base a sorrir. O Comandante ficou a olhar os pilotos e nada falou. Após  certo tempo o coronel indagou de Gafanhoto como é que faria para conhecer as catacumbas que estavam em cima do Monte Sagrado.
--- O senhor que visitar só por fora? – indagou meio confuso o homem Gafanhoto.
--- Sim. Visitar. Porque os relatórios apontam como uns locais sagrados. E eu desejo ver de perto. – relatou o coronel sem mostrar entusiasmo.
--- O caso está afeto agora com o taifeiro de nome Anunnaki. Mas eu posso ir com o senhor, comandante. Agora, tem um fator. Nas catacumbas não se entra. Elas estão fechadas com portas de níquel-bronze. No local, tem a primeira. Essa tem um lago muito grande. A segunda é guardada por morcegos. A terceira, por escorpiões; a quarta por serpentes. São dez ao todo. A última por uma pedra gigante. Quem for, tem que decifrar o nome que existe na pedra. Ele tendo decifrado a pedra é aberta. E depois a pedra se fecha. Então a pessoa tem que decifrar um novo código para abri-la outra vez. Se não conseguir, a pessoa morre lá dentro no salão trancado entre as pedras. -  disse por precaução o homem Gafanhoto.
--- E esse nome é o que? – perguntou o coronel meio descrente.
--- Nomes. Alegorias. O caso é que essas alegorias mudam dia e noite. Ou sempre que são abertas. - falou atento o subtenente Gafanhoto.
--- Em que língua? – indagou um tanto confuso o coronel.
--- Das Estrelas, meu coronel. Das estrelas! – responde o subtenente Gafanhoto.

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