quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CREPÚSCULO - 50 -

- Rachelle Lefevre -
- 50 -
PENH
Sábado de qualquer semana.  Cinco horas da manhã. Orlando Martins de Barros já estava acordado desde as quatro horas. Depois dos asseios matinais ele foi para o alpendre do casarão a olhar para o firmamento e ver não ter presença de chuva. O jeep do coronel Juca (João Tenório de Alencastro) estava estacionado na frente de sua casa. Orlando Martins trouxe o carro na noite anterior quando deixou o seu automóvel estacionado no Hotel Cassino, de sua propriedade. Era um velho jeep, do tempo da II Guerra Mundial, usado bastante durante aquele combate entre os países aliados e a Alemanha, governada por Adolf Hitler. Era o tempo do nazismo – Partido Nacional Socialista -. Terminada a Guerra, os norte-americanos queriam se ver livre dos entulhos e o jeep foi um deles. O coronel adquiriu o veiculo a preço de banana. O jeep era um veículo raquítico, mas de muita força atravessando atoleiros e muito mais. Parado há algum tempo, o carro agora estava na fazenda Mombaça de propriedade de Orlando Martins de Barros. O autocarro era o orgulho do seu proprietário, senhor coronel João Tenório de Alencastro. Na verdade, para o coronel Juca aquele era na verdade o seu cofre de seda. Algo sem preço. Mesmo assim, orgulhoso de si, Juca cedeu o veículo ao seu amigo, Orlando Martins de Barros. E nesse tempo, olhando de cima, no alpendre de onde estava o doutor agrônomo bem dizia ter aquele carro por mais alguns instantes quando teria que ir ao logo da Serra do Monte Sagrado com a sua filha Marina quando ele mostraria um dos mais intrigantes mistérios por ele desvendado: o local de montagem tão buscado das naves espaciais por demais autoridades do País.
Em instantes surgiu na varanda Marina, a sua primeira filha dileta. Seus vinte e poucos anos não eram o suficiente para lhe tirar a sedução de uma menina de quine anos. Já quase pronta para viajar ao encontro do chamado pé de baobá que o seu pai avisara ter, Marina olhou para o carro. E fez uma cara de alguém que não gostara nem um pouco. Por fim perguntou:
--- É nessa lata que nós vamos? – indagou a moça com uma cara trincada.
--- Vai chamar de lata ao seu dono, moleca! – respondeu com cara feia o seu pai.
--- Tá bom! Basta! – falou a moça um tanto emburrada e saiu para o interior de casarão reclamando as mil e uma desgraças.
--- Que foi? – indagou Laura, esposa de Orlando Martins,
--- A merda de um baobá! Ora! – respondeu enervada a moça Marina e entrou no banheiro.
--- Baobá? Que diabo é dez? – indagou Laura sem entender ao certo.
Meia hora depois, quando Orlando Martins já havia se recomposto com a refeição matinal, o veículo seguiu a estrada a todo custo. Pulava para aqui, pinoteava para lá e seguia entre intrincado matagal roçando em pés de pau o velho jeep. Marina era a quem mais sofria com o balançar do carro. E reclamava às alturas.
--- Essa merda não tem jeito, não? – reclamou despenteada a moça a sentar no banco da frente do velho jeep a rosnar por entre a mata.
--- Tenha calma! O bichinho está se ajeitando! – sorriu Orlando procurando acalmar a filha dileta.
--- Calma um pinico! Estou a bunda toda dolorida! – reclamou esbravejando Marina
O homem não aguentou com o disparate solto pela filha e soltou bela gargalhada. E a moça por demais acovarda encolheu os braços em seus seios. Não foi preciso porque de novo o jeep continuou a salta de um lado apara outro na estrada improvisada aberta pelo motorista Orlando Martins.
--- Lá vem merda! – gritou a mocinha quanto e jeep saltou para um lado.
E assim feito o percurso inteiro da viagem com a moça a reclamar das ameaças do jeep. Por fim, Orlando parou a viatura em um determinado ponto e por fim desceu, chamando a filha para também descer. Era mata fechada. Os pés de pau mediam cerca de vinte metros de altura. Marina saltou do carro e ficou a procurar um pau que teria no local. Porem nada avistava.
--- E o baobá? – perguntou a moça completamente desprevenida com o assunto.
---Não tem baobá. Eu inventei para evitar perguntas. – relatou o homem a sua filha.
--- Agora basta! Até eu caí na esparrela! – falou desgostosa a moça.
Na gente dos dois havia uma majestosa edificação quase encoberta pela mata virgem. Orlando sorriu com vagar e chamou a atenção da filha para o que ele estava a apontar. Não era menos, não era mais do que um enorme hangar todo lacrado para quem estava fora. Uma maravilha dos séculos. Há quanto tempo foi feito aquela engenhosa morada, não se podia supor. Apenas que era uma primorosa construção. Para qualquer pessoa que vissem cairia estarrecida como que fenecesse. Era aquele um babilônico templo com seu majestoso enigma inigualável para os dias atuais. O enigmático templo, solar de luxuosos deuses. No começo dava-se a impressão de se estar em um modesto hangar de fabricação de naves extraterrestres. Porém a continuar se podia vislumbrar um verdadeiro solar dos deuses. Ornado com umas torres em forma retangulares; descendo para uns telhados em sinal agudo indo ficar até o segundo andar; depois tinha uns pilares arrodeando toda a circunferência do edifício; após esse primeiro andar é que vinha um verdadeiro santuário dos deuses. Por consequência, era o portal de bronze de entrada ou saída das naves espaciais quando concluídas. Enfim, era um majestoso templo das verdadeiras divindades. Diante dessa imponente construção, sem saber como entrar no edifício milenar Orlando Martins olhando para a sua filha, por fim exclamou:
--- Pronto. Chegamos à fábrica de naves espaciais. – disse o homem com temor.
--- Meu Deus do Céu!!! É isso tudo?! –exclamou com espanto a moça Marina com os olhos esbugalhados de temor e assombro.
--- É esse. Eu não tinha percebido a magnifica construção de como era feita essa usina de naves! – falou Orlando Martins a contemplar o suntuoso templo.
Por fim, com o suor batendo-lhes a face, eles se aproximaram de um gigantesco portal de bronze onde tudo era hermeticamente fechado. E eles ficaram abismados com esse esplêndido lugar. Ao chegarem eles bem próximo do portal de bronze, eis que o enigmático e soberbo portão de cerca de vinte metros de altura e quarenta de largura esse por si só se moveu. E sem qualquer barulho a porta gigante se abriu. Os visitantes estavam extasiados com tamanha beleza e formosura que se lhe apresentavam. Nem sequer podiam falar diante de tanta perfeição. E uma voz ecoou de dentro do magnifico salão de espera.
--- Entrem, por favor. Não façam cerimônia. – falou em voz forte um cavalheiro a vestir trajes exuberantes.
Como impelidos por uma magnifica e impetuosa imagem eternizada através de mãos abençoadas o pai e a filhar foram compelidos a entrar no vetusto recinto feito de um material estranho e acabado. Os nossos pobres mortais se viram em meio a um redemoinho de emoções esplendorosos como nunca estiveram a visitar em sua desprovida e elementar existência.
O homem esbelto, firme e resoluto sorriu ao contemplar os dois visitantes um tanto incompreensíveis diante daquela formosura. E nessa altura o ser falou sem temer:
--- Tendes vós aqui um belo exemplar de uma nave espacial. Veja! – e o ser apontou para a nave que estava por trás de uma cortina talvez de veludo.
Orlando e Marina se voltaram em breve movimento harmonioso para o local onde tinha armada a cortina de veludo e seda, bem ao gosto dos portentosos orientais e viram a descer do alto uma nave espacial.
--- Nossa Senhora! – declarou a moça entre os lábios abertos.
O homem extraterrestre sorriu e declarou:
--- Essa é Penh, o novo modelo de nossas naves. – falou sem receio o homem apresentador da nave.
A moça ficou a admirar a nave e com receio de tocar em suas ferramentas parecendo feitas de um material sensível ao toque humano. E encolheu a mão. O seu pai também teve a precação de não tocar no objeto. Com isso, o extraterreste falou de modo a desfazer o temor dos dois nativos.
--- Pode-se tocá-lo. Isso é níquel. Quase tudo é níquel. Tem suas implicações. Os engenheiros fazem de um modo a que o níquel não se envergue. – sorriu o extraterrestre ao contemplar a nave.
Com essa explicação, Marina resolveu tocar de leve no objeto. E imediatamente ela percebeu uma escada a descer lenta e vagarosamente. E um raio de luz azul envolveu os dois seres como que fossem atraídos para o interior da nave.
--- Não temas. É um raio de precaução. Ele nada faz. – declarou com calma o extraterrestre.
Orlando Martins, temeroso, falou de qualquer forma.
--- E quem fez o raio descer? – indagou surpreso o agrônomo.
O extraterrestre respondeu com muita calma.
--- Apenas o toque da senhorita Marina. – falou o extraterrestre.
A moça, aterrada, relatou ao seu pai.
--- E ele sabe meu nome! Como? Eu não falei quem eu era! – declarou alarmada a jovem Marina.
O extraterrestre sorriu e respondeu:
--- Eu sei tudo sobre os senhores. Desde quando vós saístes de vossa casa. E muito antes até. Nós, os de Nhã, de há muito temos contato com vós. – relatou soberbo o homem das estrelas.

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