sábado, 18 de agosto de 2012

ISABEL - 29 -

- Kristen Stewart -
- 29 -
TRAGÉDIA
Em um dia de uma semana bem depois do domingo na Fazenda, estava Francisco, por volta da meia noite a acordar a sua mãe Isabel cujo sono não fazia acordar. O menino sacudiu para um lado e para o outro e depois de alguns minutos a mulher abriu os olhos e, assustada, indagou por tanto sacolejar:
Isabel:
--- Que foi menino? Queres urinar? – indagou a mulher a se levantar da cama.
O garoto apenas disse o que estava a falar.
Francisco:
--- Mãe! Eu vi uma menina! – respondeu o garoto meio atrapalhado.
Isabel procurou acordar de vez e indagou:
Isabel:
--- Vai urinar? Que menina? Quando? Vamos fazer xixi! Ora! – reclamou a mulher cheia de sono por ter passado o dia a trabalhar.
Francisco:
--- Foi! Eu vi! Ela toda de branco! E me disse que vai ser minha irmã! – reclamou o garoto.
Isabel:
--- Tá certo! Vamos fazer xixi! Ai que sono! Tu me acordaste para dizer bobagens? Ora! – rezingou a mulher puxando o garoto para ir até o banheiro.
Francisco:
--- Mas eu não quero fazer xixi, mainha! – reclamou o garoto.
Isabel:
--- Ah vai! Agora! Faz xixi aí! E logo! Ora se senhor! Sabe que horas são essas? Moleque! – rosnou a mulher com sono interrompido.
Francisco:
--- Maínha! A senhora não sabe. Mas a menina vem por esses dias! – relatou o menino a fazer xixi sem querer.
Isabel:
--- Faz xixi de uma vez! Ou te puxo as orelhas! – disse de vez a mulher com olhos bem abertos e se curvando sobre o garoto.
E Francisco acabou por fazer xixi sem querer e voltou para o seu leito. Por sua vez, Isabel foi ver se conciliava o sono. O marido roncava como um porco. A mulher olhou bem a cara de Gonzaga e depois se deitou e enrolou com o lençol. A  mulher bem pensou em morar em uma casa melhor, com mais espaço, fruteiras, jardins, terreno vazio pela frente. E nesse pensamento ela conciliou o sono. Na manhã seguinte, Gonzaga acordou e procurou a mulher, mas essa já estava de pé. Gonzaga saiu com pressa para o bairro distante onde abria o bar no horário da manhã.  Ao chegar ao local encontrou as domesticas fazendo o asseio do balcão, cadeiras e outras já coavam o café para os fregueses. Havia gente a conversar na porta de entrada do Bar e lego a porta se abriu. As pessoas entraram e tomaram assento à mesa. Isabel chegou meia hora após e foi para de dentro da pensão arrastando o seu filho e indagou aos homens o que eles queriam. A resposta foi a mesma para cada um.
Fregueses:
--- Cuscuz e café! – sorriram todos.
A mulher não achou graça com a piada e voltou para dentro ordenando ser servido o café normal com cuscuz. Nesse ponto Gonzaga já tomado banho e logo saiu da casa a procura de frutas e outras coisas vendidas no Mercado Público. Isabel olhou para o marido e sentiu vontade de mandar trazer algo,  mas no mesmo instante esqueceu. O menino Francisco surgiu ainda com a chupeta na mão e nada falou. Apenas ele se atracou às pernas de sua mãe sem nada soletrar. A mulher notou a presença da chupeta e logo disse:
Isabel:
--- Vai guardar essa chupeta e lave a cara! – disse Isabel dando uma tapa no traseiro do garoto.
O menino olhou para Isabel e sorriu. Em seguida rumou para dentro da casa. Nesse momento um consumidor entrou no bar e foi logo a dizer:
Consumidor:
--- Mataram dez. Dois carros se chocaram de frente. Foi vapite vupite! De uma tacada só. Os corpos estão estendidos na estrada. – fez ver o homem limpando sua testa molhada de suor.
Outro:
--- Foi aqui? – indagou sem se assustar um dos outros.
Consumidor:
--- Foi inda agora. Eu passei por lá. No entroncamento. – relatou o consumidor.
Outro:
--- Alí é um perigo. De outra vez foi por causa de uma vaca. – disse mais o outro.
E a conversa rolou por mais algum tempo com as garçonetes servindo as mesas aos chegaram mais cedo e Isabel a ouvir a conversa dos consumidores.  Nada dizia. Apenas ouvia. E ao mesmo tempo recordou um acidente havido no interior. O caminhão saiu da feira com uma carga por cima e gente metida até em jarras. Outros se apoiavam de qualquer jeito na carroceria do caminha com uma perna do lado de fora e outra para dentro. Próximo à boleia seguiam três rapazes, ajudantes do caminhão. Foi uma tragédia anunciada. Na estrada de barro um menino correu para apanhar uma bola. Nesse momento o motorista torceu a direção para o lado de dentro, mas o caminhão foi por cima de um barranco levando tudo aos trambolhões emborcando em seguida. Mulheres, crianças, moças, rapazes e gente de mais idade foram arremessados fora.  Desastre terrível. Mortos, estavam oito. Outros saíram feridos com gravidade. Os moradores de perto socorreram os feridos. O menino pegou a sua bola e saiu para a sua casa. A mãe do menino clamou a Deus:
Mãe:
--- Ai meu Deus! Menino! Chega para fora! – gritava a mulher.
Por sua vez um vizinho apenas disse:
Vizinho:
--- Vai virar! – e sacudiu o cachimbo de lado e cuspindo a gosma do fumo para um lado.
Foi uma verdadeira tragédia aquela no interior do sertão. O motorista morreu esmagado pelas ferragens do caminhão.
Isabel:
--- Coisa triste! – resmungou Isabel ao relembrar a tragédia anunciada.
O dia correu tranquilo como qualquer dia. Os beberrões já chegavam ao meio do entardecer alheio da vida e caiam a dormir em algum carro ao abandono posto pela oficina ao largo da casa onde apenas se ouvia o martelar das peças em andamento para ser posta no veículo. Antes do final da tarde os mecânicos corriam ao Bar de Isabel para entornar uma bicada de cachaça. No instante do fim do dia um homem chegou e se escorou assim como pode no balcão do bar e olhou para o salão antes de fazer a pergunta. Isabel estava a contar o apurado do dia e nem sequer notou o homem. Ela ouviu quando uma garçonete apenas respondeu:
Garçonete:
--- Está sim. É essa! – respondeu a garçonete.
Isabel se voltou para saber do que se tratava. E o homem respondeu:
Homem:
--- Dona Isabel. Eu estou aqui a mando de sua mãe. Ela está adoentada. O seu padrasto faleceu há alguns meses. Depois a mulher ficou acabrunhada. E agora adoeceu de vez. E mandou saber se a senhora podia ir até ao município para ver como está na verdade. – disse o homem um pouco sem saber se era a mesma mulher.
Isabel:
--- Quem é o senhor? – indagou a mulher ao portador da má sorte.

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