quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ISABEL - 40 -

- Sylvia Kristel -
- 40 -
A PARTIDA
Nesse mesmo dia em uma casa de campo, o salão estava com os mais senhores da situação onde o deputado estadual Sandoval Quaresma era o líder do bando. Pouco se conversava entre os demais presentes. Apenas um deles chamou pela atenção do deputado para reportar ter o nome de Mão Branca ser espalhado pelas emissoras de rádio e televisão. Nos jornais, apenas no dia seguinte. O parlamentar ouviu o relato do seu peito-largo e olhou em volta podendo a cada qual falar. Ele queria saber se alguém a não tinha mais nada para contar. Como ninguém se moveu, ele mesmo falou:
 
 
 
Quaresma:
--- Bom! É melhor assim! Enquanto a Policia diz ter sido morto o tal, nós não temos nada a temer. Agora, eu não aprovo o erro de Mão Branca em atacar um homem inocente. E por que ele errou, pergunto eu. – e voltou a olhar os seus cruéis pistoleiros.
Ninguém falou. Nem mesmo o próprio assecla Mão Branca. Isso deixou muito mais irritado o deputado por o homem não querer falar. E fez o deputado perguntar de viva voz:
Quaresma:
--- Heim? Heim? Heim? Fale quem fez esse “desastre”. – gritou o parlamentar a detestar o silencio feito..
O deputado se levantou se sua cadeira estofada e, com as mãos traz com a sua barriga enorme começou a voltear a mesa de reunião. O  passo miúdo fazia do parlamentar uma verdadeira fera capaz de esganar todos e a tudo.  Após um curto espaço de tempo, um fulano falou:
Mão Branca:
--- Bem Deputado! Eu agi pensado ser aquele o homem marcado para morrer como o senhor mandou. – parou desconfiado de falar.
Quaresma:
--- Eu mandei? Eu mandei? Eu mandei? Quem viu  eu mandar matar aquele pobre miserável! – indagou o deputado com a maior ira do mundo.
Mão Branca:
--- Eu cumpro ordens, senhor deputado. – respondeu Mão Branca um pouco cabisbaixo.
Quaresma:
--- Cumpre ordens? Cumpre ordens? Cumpre ordens? Pois devolva a vida do vendedor de verduras, ou seja, lá o que for. Você é um borra botas! OUVIU BEM! Heim? Heim? Heim? BORRA BOTAS! -  instigou o parlamentar apoiado à mesa com olhar sério e voz calorosa.
Mão Branca:
--- Isso eu não posso fazer. Devolver a vida do infeliz. – chorou Mão Branca com a cabeça abaixada.
Quaresma:
--- O que eu vou falar ao Governador e meus velhos parlamentares do interior do Estado?!  Lindolfo! Cumpra o que tem a fazer! – falou o homem tremendamente constrangido.
Lindolfo:
--- Sim senhor Coronel! Levanta cabra frouxo!  - disse em seguida o pistoleiro de aluguel.
Mão Branca:
--- Espere aí! Você não pensa em me matar?! – falou Mão Branca sacando o seu revolver.
Em seguida soaram três disparos. Era o feito de Lindolfo. Mão Branca se encolheu todo com a mão do ventre, cara amarga e revolver para cima. Com isso detonou a arma. A bala pegou no teto da casa. Mão Branca caiu ao chão se contorcendo pra morrer.
Após esse incidente, o deputado estadual Sandoval Quaresma se deslocou até ao Palácio do Governo onde fez um relato a portas fechadas sobre o acontecido a dizer ser o rapaz morto pela manhã um alguém. Em nada o rapaz estava no programa da eliminação de bandoleiros, caso a resolver apenas com os pistoleiros contratados pelo Governo, apesar de não se saber ao certo quem era o arquiteto do plano. O Governado ouviu o deputado Quaresma e, após algum tempo o despachou como se nada de mais tivesse ocorrido. No plano do Governo tinha gente do alto interior, e os quatro-paus eram homens destemidos para matar ou até morrer. Os quatro-paus eram elementos criados do cerrado e viviam prontos para qualquer chamado, não importa do qual lado. A ação havida horas antes foi motivo de “apagar” sem deixar vestígios um erro cometido pelo criminoso Mae Branca, chamando assim por causa de um par de luvas conduzidos pelo quadrilheiro quando era encaminhado para matar. No seu lugar, outro assumia, pois o anterior já estava morto e fincado em local seguro.
Porém a ação do deputado vasou depressa. Uma cozinheira ouviu os disparos de arma de fogo quando foi morto o tal Mão Branca. Apesar de ser empregada do deputado Quaresma, a doméstica se assustou com os tiros e não foi por acaso ter a mulher contada à sua filha o fato ocorrido. Nervosa como tal, a cozinheira amedrontada apenas dizia.
Cozinheira:
--- Não diga nada a ninguém! A ninguém! Ouviu? – ela indagou temerosa.
Filha:
--- E eu com isso? Ora! – e deu uma rabissaca, fez um thunc e saiu de perto da cozinha da casa.
Três bandoleiros bem armados saíram da casa de campo a levar o corpo de Mão Branca para deixa-lo ao leu entre as matas intricadas, fechadas mesmo, onde nem cobra se ouvia, pois a praga de gafanhotos dizimou as serpentes. E lá sacudiram a carcaça e lá o marginal ficou até quando o Deus dará.  Na cozinha da casa a mulher sempre olhava para um lado e para outro a ver se alguém de fora chegara. Não avistou nada, Apenas os três pistoleiros. Esses voltaram de sua missão e se enfurnaram na casa grande. A mulher ouviu uma discussão entre os marginais e não deu a maior ou menos importância. Os marginais queriam saber quem ficava como o líder do grupo depois da morte de  Mão Branca.
Marginal 1
--- Vamos votar pra ver quem dá as cartas. – alegou o quadrilheiro.
Marginal 2
--- Votar que nada! O patrão já decidiu! Fica Lindolfo! – relatou o segundo com tirania.
Marginal 3
--- Eu prefiro o voto! – fez vez um terceiro todo esticado na cadeira de quatro pernas.
Marginal 4
--- Uma bala nem falar! – acudiu o quarto pau mandado insinuando a ordem emanada do deputado Quaresma.
Marginal 5
--- Homem! Vocês decidam, pois eu vou tirar uma soneca. – falou o pistoleiro Lindolfo puxando o chapéu a cobrir os olhos e alí mesmo dormitar na cadeira fofa do parlamentar.
Os quatro jagunços se entreolharam e apostaram em Lindolfo como o homem pronto para assumir a missão, pois nada havia mais a discutir.
Marginal 3.
--- Tá bom. É assim mesmo. Fica Lindolfo. Passem as luvas brancas para ele. – discursou o bandido sanguinário.
As luvas brancas era um estilo dos quadrilheiros em usar quando eram marcados para matar alguém. Podia ser um Príncipe ou outro pau-mandado ou peito-largo. Após tanta acirrarão o grupo passou as luvas para Lindolfo. Esse estava como a cochilar com as pernas esticadas sobre a mesa e o chapéu a cobrir-lhe os olhas que nem sequer a dar importância ao fato. Lindolfo tinha um corpo esguio, ligeiramente alto, mãos alvas, dedos rápidos e usava duas armas estilo 45. Ele passava o dia disparar com suas armas para ter certa a pontaria. Quando não era um revolver, ele usava um rifle. Os demais jagunços também faziam o mesmo. Mesmo assim, nem todos acertava o alvo como Lindolfo fazia sempre. Depois de atirar em garrafas ou em outras espécies de mira o bandoleiro guardava a sua arma não deixando de fazer uma roda com o revolver para poder colocar no coldre. Essa era a sina diária dos pistoleiros criados das gotas do sertão bruto onde o destino era atirar para matar.
Têm casos peculiares dos bandoleiros, Um dele foi o de carregar a arma para atirar. Esse tal pistoleiro fez o seu carro e ficou de tocaia para matar um homem rico da idade para a qual fora mandado, Passou o dia com o jagunço à espreita da vítima. Mas o sono foi maior, Ele dormia quando foi acordado por um tropel de cavalo, De imediato o home acordou e foi para onde poderia acertar do homem. E fez mira, puxando o gatilho para acertar no alvo, Atirou e errou, Um tiro certeiro se voltou contra o jagunço. O homem atirou certeiro e o pistoleiro foi acertado. Depois de alguns minutos, o homem chegou até o bandoleiro e observou ter o homem morrido com um único disparo de sua arma. Nesse ponto o homem procurou a identidade do bandoleiro e pode ver que ele era o único despachado da matar a sua pessoa àquela hora do dia. O homem saiu e partiu para onde devia ir, O cadáver ficou exposto ao sol quente da tarde. Eram para mais de três horas e fazia calor infernal naquelas pedreiras.
 

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