- Sylvia Kristel -
- 40 -
A PARTIDA
Nesse
mesmo dia em uma casa de campo, o salão estava com os mais senhores da situação
onde o deputado estadual Sandoval Quaresma era o líder do bando. Pouco se
conversava entre os demais presentes. Apenas um deles chamou pela atenção do
deputado para reportar ter o nome de Mão Branca ser espalhado pelas emissoras
de rádio e televisão. Nos jornais, apenas no dia seguinte. O parlamentar ouviu
o relato do seu peito-largo e olhou em volta podendo a cada qual falar. Ele
queria saber se alguém a não tinha mais nada para contar. Como ninguém se
moveu, ele mesmo falou:
Quaresma:
---
Bom! É melhor assim! Enquanto a Policia diz ter sido morto o tal, nós não temos
nada a temer. Agora, eu não aprovo o erro de Mão Branca em atacar um homem
inocente. E por que ele errou, pergunto eu. – e voltou a olhar os seus cruéis
pistoleiros.
Ninguém
falou. Nem mesmo o próprio assecla Mão Branca. Isso deixou muito mais irritado
o deputado por o homem não querer falar. E fez o deputado perguntar de viva
voz:
Quaresma:
---
Heim? Heim? Heim? Fale quem fez esse “desastre”. – gritou o parlamentar a
detestar o silencio feito..
O
deputado se levantou se sua cadeira estofada e, com as mãos traz com a sua
barriga enorme começou a voltear a mesa de reunião. O passo miúdo fazia do parlamentar uma
verdadeira fera capaz de esganar todos e a tudo. Após um curto espaço de tempo, um fulano
falou:
Mão
Branca:
---
Bem Deputado! Eu agi pensado ser aquele o homem marcado para morrer como o
senhor mandou. – parou desconfiado de falar.
Quaresma:
---
Eu mandei? Eu mandei? Eu mandei? Quem viu eu mandar matar aquele pobre miserável! –
indagou o deputado com a maior ira do mundo.
Mão
Branca:
---
Eu cumpro ordens, senhor deputado. – respondeu Mão Branca um pouco cabisbaixo.
Quaresma:
---
Cumpre ordens? Cumpre ordens? Cumpre ordens? Pois devolva a vida do vendedor de
verduras, ou seja, lá o que for. Você é um borra botas! OUVIU BEM! Heim? Heim?
Heim? BORRA BOTAS! - instigou o
parlamentar apoiado à mesa com olhar sério e voz calorosa.
Mão
Branca:
---
Isso eu não posso fazer. Devolver a vida do infeliz. – chorou Mão Branca com a
cabeça abaixada.
Quaresma:
---
O que eu vou falar ao Governador e meus velhos parlamentares do interior do
Estado?! Lindolfo! Cumpra o que tem a
fazer! – falou o homem tremendamente constrangido.
Lindolfo:
---
Sim senhor Coronel! Levanta cabra frouxo!
- disse em seguida o pistoleiro de aluguel.
Mão
Branca:
---
Espere aí! Você não pensa em me matar?! – falou Mão Branca sacando o seu
revolver.
Em
seguida soaram três disparos. Era o feito de Lindolfo. Mão Branca se encolheu
todo com a mão do ventre, cara amarga e revolver para cima. Com isso detonou a
arma. A bala pegou no teto da casa. Mão Branca caiu ao chão se contorcendo pra
morrer.
Após
esse incidente, o deputado estadual Sandoval Quaresma se deslocou até ao
Palácio do Governo onde fez um relato a portas fechadas sobre o acontecido a
dizer ser o rapaz morto pela manhã um alguém. Em nada o rapaz estava no
programa da eliminação de bandoleiros, caso a resolver apenas com os
pistoleiros contratados pelo Governo, apesar de não se saber ao certo quem era
o arquiteto do plano. O Governado ouviu o deputado Quaresma e, após algum tempo
o despachou como se nada de mais tivesse ocorrido. No plano do Governo tinha
gente do alto interior, e os quatro-paus eram homens destemidos para matar ou
até morrer. Os quatro-paus eram elementos criados do cerrado e viviam prontos
para qualquer chamado, não importa do qual lado. A ação havida horas antes foi
motivo de “apagar” sem deixar vestígios um erro cometido pelo criminoso Mae
Branca, chamando assim por causa de um par de luvas conduzidos pelo
quadrilheiro quando era encaminhado para matar. No seu lugar, outro assumia,
pois o anterior já estava morto e fincado em local seguro.
Porém
a ação do deputado vasou depressa. Uma cozinheira ouviu os disparos de arma de
fogo quando foi morto o tal Mão Branca. Apesar de ser empregada do deputado
Quaresma, a doméstica se assustou com os tiros e não foi por acaso ter a mulher
contada à sua filha o fato ocorrido. Nervosa como tal, a cozinheira amedrontada
apenas dizia.
Cozinheira:
---
Não diga nada a ninguém! A ninguém! Ouviu? – ela indagou temerosa.
Filha:
---
E eu com isso? Ora! – e deu uma rabissaca, fez um thunc e saiu de perto da
cozinha da casa.
Três
bandoleiros bem armados saíram da casa de campo a levar o corpo de Mão Branca
para deixa-lo ao leu entre as matas intricadas, fechadas mesmo, onde nem cobra
se ouvia, pois a praga de gafanhotos dizimou as serpentes. E lá sacudiram a
carcaça e lá o marginal ficou até quando o Deus dará. Na cozinha da casa a mulher sempre olhava
para um lado e para outro a ver se alguém de fora chegara. Não avistou nada,
Apenas os três pistoleiros. Esses voltaram de sua missão e se enfurnaram na
casa grande. A mulher ouviu uma discussão entre os marginais e não deu a maior
ou menos importância. Os marginais queriam saber quem ficava como o líder do
grupo depois da morte de Mão Branca.
Marginal
1
---
Vamos votar pra ver quem dá as cartas. – alegou o quadrilheiro.
Marginal
2
---
Votar que nada! O patrão já decidiu! Fica Lindolfo! – relatou o segundo com
tirania.
Marginal
3
---
Eu prefiro o voto! – fez vez um terceiro todo esticado na cadeira de quatro
pernas.
Marginal
4
---
Uma bala nem falar! – acudiu o quarto pau mandado insinuando a ordem emanada do
deputado Quaresma.
Marginal
5
---
Homem! Vocês decidam, pois eu vou tirar uma soneca. – falou o pistoleiro Lindolfo
puxando o chapéu a cobrir os olhos e alí mesmo dormitar na cadeira fofa do
parlamentar.
Os
quatro jagunços se entreolharam e apostaram em Lindolfo como o homem pronto
para assumir a missão, pois nada havia mais a discutir.
Marginal
3.
---
Tá bom. É assim mesmo. Fica Lindolfo. Passem as luvas brancas para ele. –
discursou o bandido sanguinário.
As
luvas brancas era um estilo dos quadrilheiros em usar quando eram marcados para
matar alguém. Podia ser um Príncipe ou outro pau-mandado ou peito-largo. Após
tanta acirrarão o grupo passou as luvas para Lindolfo. Esse estava como a
cochilar com as pernas esticadas sobre a mesa e o chapéu a cobrir-lhe os olhas
que nem sequer a dar importância ao fato. Lindolfo tinha um corpo esguio,
ligeiramente alto, mãos alvas, dedos rápidos e usava duas armas estilo 45. Ele
passava o dia disparar com suas armas para ter certa a pontaria. Quando não era
um revolver, ele usava um rifle. Os demais jagunços também faziam o mesmo.
Mesmo assim, nem todos acertava o alvo como Lindolfo fazia sempre. Depois de
atirar em garrafas ou em outras espécies de mira o bandoleiro guardava a sua
arma não deixando de fazer uma roda com o revolver para poder colocar no
coldre. Essa era a sina diária dos pistoleiros criados das gotas do sertão
bruto onde o destino era atirar para matar.
Têm
casos peculiares dos bandoleiros, Um dele foi o de carregar a arma para atirar.
Esse tal pistoleiro fez o seu carro e ficou de tocaia para matar um homem rico
da idade para a qual fora mandado, Passou o dia com o jagunço à espreita da
vítima. Mas o sono foi maior, Ele dormia quando foi acordado por um tropel de
cavalo, De imediato o home acordou e foi para onde poderia acertar do homem. E
fez mira, puxando o gatilho para acertar no alvo, Atirou e errou, Um tiro
certeiro se voltou contra o jagunço. O homem atirou certeiro e o pistoleiro foi
acertado. Depois de alguns minutos, o homem chegou até o bandoleiro e observou
ter o homem morrido com um único disparo de sua arma. Nesse ponto o homem
procurou a identidade do bandoleiro e pode ver que ele era o único despachado
da matar a sua pessoa àquela hora do dia. O homem saiu e partiu para onde devia
ir, O cadáver ficou exposto ao sol quente da tarde. Eram para mais de três
horas e fazia calor infernal naquelas pedreiras.
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