- Isabelle Adjane -
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ENFERMEIRA
A
enfermeira se apressou e, sem contar conversa, fez uma injeção no braço da
mulher, dona Dulce Pontes, para tornar. Foi tão rápida a ação que ninguém se
deteve para ver, a não ser o enfermeiro Josino e a filha Luiza. O ruge-ruge de
pessoas continuava no corredor estreito. Gente passando; gente a espera; gente
com um dedo nos lábios a reclamar da demora. Gente de toda classe. A enfermeira
colocou a mulher em sentido normal a evitar maiores dissabores para a família.
A outra senhora, dona Otilia, também ao desmaio, estava sendo atendida em outra
parte do Hospital, vez ter a mesma ficando lúcida, apesar de um pouco
tranquila. O vozeiro das pessoas. Os maqueiros a passar com os indigentes; o
barulho que se fazia. Tudo isso deixava Luiza intranquila naquela hora da
manhã. Josino enfermeiro procurava controlar a mulher com palavras amenas. A
enfermeira ainda sorriu para Josino e disse ter a mulher Dulce a se recuperar
em instante. E de imediato se levantou
da cadeira feita de pau onde demais pessoas esperavam respostas dos seus
doentes. Josino indagou a enfermeira com estava a passar o filho de Dulce e a
enfermeira disse:
Enfermeira:
---
Volto já! – disse a enfermeira.
E
saiu dali como se estivesse a fazer as suas obrigações. Josino se, pois em ação
para ver como estava o enfermo Toré. De imediato, uma auxiliar se aproximou de
Luiza a perguntar e a mulher era parenta do internado doente.
Luiza:
---
Sou irmã. A mulher dele está ali.. – fez ver a mulher.
Com
uma prancha na mão a auxiliar respondeu precisar de informes mais precisos do
paciente cujo problema dava a impressão de ser feita cirurgia. Por isso mesmo a
auxiliar indagou do nome completo; estado civil; se já fizera algum tipo de
cirurgia; o seu estado de saúde; se tomava algum medicamento; se ele se
alimentara naquela hora. E tudo mais. Alguma resposta Luiza tinha de pronto.
Outras, só a mulher sabia. Dona Otilia.
A
moça agradeceu e saiu. Por alguns minutos voltou à enfermeira a dizer ter o
rapaz de ser cirurgiado ainda naquele dia. Disse isso e saiu. Luiza ficou
preocupada:
Luiza:
---
Então ele vai ficar internado? – indagou a irmã.
A
enfermeira já indo embora se voltou e sorriu. Luiza procurou falar com a esposa
de Toré para lhe contar as ultimas informações. A sua mãe ainda estava sentada
com a cabeça para trás em estado de sono. Otilia já pouco mais tranquila pelo
efeito do remédio, apenas ouviu o dito. Ela não sabia o que fazer naquela hora.
O enfermeiro Josino voltou com as suas informações a dizer ter Toré de ficar um
dia ou mais.
Josino.
---
Ele vai ser cirurgiado. Deve ficar um dia ou mais. Fica na indigência? –
perguntou o enfermeiro.
Luiza:
---
Heim? Indigência? Claro que não. Ponha numa sala mais confortável. – disse a
mulher.
Josino:
---
De primeira classe? – perguntou o enfermeiro.
Luiza:
---
Deve ser. – respondeu a mulher de olhos bem abertos.
Josino:
---
Os médicos estão vendo a hipótese de ser feito de forma mais tranquila. Talvez
hoje à tarde ele esteja recuperado. – falou o enfermeiro.
Luiza:
---
Ainda bem. Deus te ouça. – reclamou a irmã do enfermo.
De
outro lado, a rua onde se deu a tragédia estava toda guarnecida pela Polícia. O
corpo do homem continuava exposto no chão. Alguém trouxe uns jornais para cobrir o cadáver. Toda a área ficou
isolada deixando passar apenas pela parte defronte ao defunto. Muita gente a
olhar o trágico incidente. Cada qual tivesse sua história. Uns até em desacordo
com Toré.
Alguém:
---
Esse Toré tem instinto de mau. – relatava.
Outro:
---
Até não acho. – respondeu.
Terceiro:
---
Quem é Toré? O defunto? – perguntava um
desavisado.
Mulher:
---
Coitado do doido! Ele era doido, era? – indagava a mulher a passar.
Homem:
---
Pra mim está morto e bem servido! – fez vez um homem ao passar.
O
sol era aplacado pelas sombras das árvores plantadas no meio da rua. Eram
árvores gigantes, de seus vinte metros. As casas, mais sobrados. Defendiam a
quentura solar. Nem por isso deixava de fazer calor em todo meio-ambiente. A
polícia, em duas viaturas guarnecia o corpo da vítima. O rabecão chegou depois
das dez horas. Um médico olhou o corpo e mandou por dentro do rabecão. Ele fez
as anotações devidas e não disse nada. Dez e meia: tudo estava liberado. Então
ficaram apenas os comentaristas de oportunidade. Um repórter tomou nota e saiu.
A equipe de reportagem da Tv já estivera no local instante antes. Fez a
reportagem e saiu com pressa. O homem a vender sorvete continuava a oferecer a
sua mercadoria. Menino a vender castanhas; outro a vender pirulito. Um bêbado
se equilibrava para não cair em meio dos carros estacionados. O rabecão saiu.
A policia, também. Enfim, tudo voltava
ao normal. E a vida continuava. Em meio de toda a conversa alguém atinou:
Alguém:
---
Eu vi o morto instante antes. Aliás, ele estava por aqui há três dias. –
refletiu o homem.
Outro:
---
E quem era ele? – perguntou um passante.
Terceiro:
---
Talvez fosse inimigo de Toré. – disse o homem e prosseguiu viagem.
O
caso foi parar na delegacia. A identificação não foi possível fazer. A vítima
não conduzia documentos. O caso correu
para o setor de investigação. Dois policiais foram destacados para se por de
frente ao hospital. Um dos tais indagou a Silva, colega de oficio, se tinha a
conhecer o homem morto.
Silva:
---
Não sei quem era. Ouvia apenas o disparo de arma. – comentou o policial.
Policial:
---
Esse homem há uns tempos esteve da DP a procura de um relógio. – fez vez o
segundo policial quando estava no hospital.
Polivial-1
---
E por que você só disse agora? – perguntou o policial 1.
Policial-2
---
Eu estava querendo lembrar aquela fisionomia. Somente agora atinei. – relatou o
homem da polícia.
Silva:
---
Justamente. Você tocou na ferida. É o irmão do suicida. – comentou alegre o
investigador.
Policial-1.
---
É melhor a gente voltar para contar a versão. – relatou om agente 1.
Silva:
---
De qualquer forma o rapaz não vai receber alta hospitalar agora. Eu vou ficar
aqui e vocês podem ir. – disse o investigador.
Na
hora do almoço o pessoal de Toré não sabia como procurar comida. Silva
conseguiu uma quentinha e foi saborear defronte ao hospital. Josino enfermeiro
arranjou um almoço para as mulheres e a criança Silvia, filha de Toré. Ele
mesmo se serviu na cozinha do hospital onde trabalhava dia sim, dia não. Com o
acerto feito com a direção do hospital, arranjou-se de imediato um apartamento
no primeiro andar da casa de saúde. As ajudantes de enfermagem cuidavam de
levar todos os parentes de Toré para o devido quarto bem arejado. Apesar de
simples, era um quarto de primeira classe. Havia próximos a equipe de
enfermagem e outros a trabalhar constante. Um homem em seu computador a
dedilhar os seus afazeres. A moça nem pestanejava. Era apenas a digitar os
casos de emergência. Uma enfermeira saiu com pressa do recinto.
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