domingo, 19 de agosto de 2012

ISABEL - 30 -

- Jennifer Lawrence -
- 30 -
MÃE
O homem se identificou e Isabel ficou alheia à pessoa. Havia muita gente a passar por onde Isabel morou. E outros eram de longe. Das capoeiras. Ela não conhecia o povo das capoeiras e muitos nunca pisaram em tal chão. O homem conversou ter moradia próxima à dona Salete e morava há pouco tempo, tendo alcançado seu Elias, o padrasto de Isabel. Seu nome era Antônio dos Santos e sempre viajava para as capitais tendo dessa vez ter ele  escutado falar no Bar de Isabel.  Como estava com o recado pronto então ele chegou até o bar.
Isabel:
--- E como o senhor descobriu ser eu a mulher que procurava? – perguntou.
Antônio:
--- A gente anda para um canto e outro. Quando eu ouvi falar em Isabel, eu pensei ser possível a dona que tanto procurava. – disse o homem sem assombro.
Isabel:
--- E se não fosse eu? – perguntou a mulher.
Antônio:
--- Eu tinha um palpite. Eu servir com o seu pai, Cabo Pestana, quando nós estávamos à procura dos cangaceiros. Um dia ele conheceu uma moça e se casou com ela. Dona Salete. A mulher teve uma filha. Pouco tempo depois Cabo Pestana morreu em um combate com os cangaceiros. Então ficou para mim: se for a moça a quem a procuro, por certo ela dirá se é a filha de Pestana. – comentou o homem.
Isabel teve enorme susto. Procurar a filha de um homem morto era por demais incerteza. Cabo Pestana era bem conhecido em todo o mato, nas grotas e nas capoeiras. Era um homem valente. E quem não era do grupo de Pestana sempre prestava reverencia ao velho Cabo. Ele morreu em combate quando punha bala na agulha. Os cangaceiros acertaram tiros e um dos tiros foi bem em cima dos olhos do Cabo Pestana. Mesmo assim, a luta continuou até o ultimo tiro. Os cangaceiros morreram um a um.  O Cabo Pestana foi levado para a sede do quartel e prestado as honras militares devidas. Isabel estava com três anos de idade. Nesse ponto a mulher chorou de magoa por não ter conhecido seu próprio pai. Apenas de histórias contadas pelo pessoal idoso.
Isabel:
--- Sou eu sim. Coitado do meu pai. Valente como um touro. E                morto por um tiro! – relatou a mulher a chorar de dor.
Antônio:
--- Pois é. Ele era um homem para ninguém por defeito. – fez ver o homem.
Isabel:
--- O senhor não quer entrar para nós podermos conversar? – indagou a mulher enxugando as lágrimas.
Antônio:
--- Aceito. Muito bem! Já é quase noite. Eu vim à cidade e devo voltar amanhã. – falou o homem.
E os dois prosearam como nunca. Isabel apresentou o seu marido.  Esse acabara de chegar. O carro ainda estava carregado de frutas. Ele chegara da Fazenda naquela hora. De imediato Gonzaga deu ordens para descarregar o carro e voltou a conversar com Antônio dos Santos sobre tudo e qualquer coisa, pois ainda não conhecia o homem apesar de ter sido apresentado como um velho amigo do pai de Isabel. E a perguntar sobre o homem Pestana ele ficou a conhecer mais da vida atrapalhada de sua mulher. Entre o mais e o menos Gonzaga teve o conhecer do nome de Pestana:
Isabel:
--- Ele se chamava João Gregório Pestana. Pouca gente sabe disso. – relatou a mulher.
Gonzaga:
--- O sobrenome é comum entre povos portugueses. Geralmente tem a ver algo semelhante com a pessoa e alguma coisa de deriva do sobrenome. Eu tenho o meu: Algarve. Certamente foi o nome de meus bisavôs ou coisa assim. – sorriu o homem.
E a conversa progrediu até às oito horas da noite quando Antônio teve de sair. Antes, porém, ele comentou ser seu nome Antônio dos Santos. Mas o pai de Isabel só o chamava por Ambrósio. Esse nome era do seu pai. Ele nunca discutiu por causa desse nome. No se despedir ele ouviu de Gonzaga o chamar:
Gonzaga:
--- Pois é Ambrósio. Nós nos encontraremos nesse caminho da vida. – sorriu o homem.
O visitante sorriu ao dizer até um dia.
Logo após o garoto Francisco se aproximou de sua mãe, Isabel, e, acanhado como sempre, deitou a cabeça no colo da mulher. Gonzaga observou o garoto e pensou em algo. Mas nada falou. Com o passar dos minutos, ele olhou o seu relógio e viu dá tempo em poder ir ao Teatro onde cuidava das senhas para o espetáculo da noite. Então o homem sorriu lembrando-se de como o pai de Isabel chamava o companheiro de luta. E falou:
Gonzaga:
--- Ora. Ambrósio! – e gargalhou.
Isabel:
--- O meu pai tinha dessas coisas. O povo já comenta. Certa vez ele disse à ordenança: “Tira esse jegue daqui”, falando bravo que nem onça. A ordenança estranhou o mandado e perguntou a ele que jegue era para por pra fora. Ele, que nem uma fera respondeu: “Essa peste desse cão”, respondeu meu pai. Ninguém disse nada. Mas os comentários vingaram, pois o cachorro passou a condição de “jegue”. – disse a mulher a gargalhar.
Gonzaga:
--- Imagine se ele chegasse a ser coronel! – gargalhou o homem.
Isabel:
--- Nem me fale – respondeu a mulher.
Dois dias depois Isabel, Gonzaga e o filho de ambos estavam na vila do Carvalho um pouco distante da sede do município de Aroeiras de onde Isabel fugiu há mais de cinco anos. Acertar a casa não foi difícil. Apenas duas ou três ruas  no centro do Carvalho. O  pessoal chegou de carro e isso bastou para todos admirarem  o feito. Ninguém pensava em Isabel ou na menina pobre a chegar de carro nos instantes do dia. “Ambrósio”  foi um dos que de imediato chegou até onde estava o carro de Gonzaga quando alguém falou em uma mulher vaidosa a saltar de um veículo de luxo. Nesse ponto “Ambrósio”, alarmado, procurou ver que estava a chegar à casa de dona Salete e notou de imediato as figuras de Gonzaga e Isabel. Tao logo refeito da surpresa “Ambrósio” deu suas boas vindas a chamar Isabel para ingressar em sua própria casa o que, de fato, Isabel sabia fazer muito bem. Mas ao mesmo tempo em que estavam na Rua Gonzaga e Isabel agradeciam fervorosos o anuncio dado por “Ambrósio”, pois o homem tinha sido aquele de anunciar ter Salete descuidado mal da “bola”. Isto é: do juízo. A meninada correu para ver de perto o carro. Uma mulher com o filho no colo apenas dizia:
Mulher:
--- Espia! Não é Isabel? – falava baixo para outra vizinha, uma velha cachimbeira.
A mulher, de dentro da sala respondeu:
Velha:
--- Grande bestidade! Ora basta! – retrucava à velha e cuspia para fora de casa.
A mulher,  dona Cícera, foi a mais cordial ao ver chegar a sua vizinha ou quase vizinha. Foi por sua casa ter Isabel  escapado da ação do seu padrasto, seu Elias. O homem tentou agarrar a moça para fazer coito. Isabel escapou e fugiu pulando a cerca do oitão. Cícera veio contente saudar a amiga a chorar com tanta emoção. Francisco, filho de Isabel e Gonzaga se segurou na saia de sua mãe tirando catota do nariz. Isabel repreendeu o menino. Porém esse continuou agarrado às suas pernas. Isabel, contente, cumprimentou a amiga Cícera e ao restante do pessoal enquanto Gonzaga comentava a distancia da vila com o seu amigo “Ambrósio”. Nesse ponto todos já estavam na porta da casa de Salete onde uma jovem, toda encolhida, procurava dar entrada a Isabel e ao seu marido e filho. Salete estava no quarto. A jovem era Ludmila, filha de outra irmã de Salete. Ela estava acanhada com toda aquela parafernália feita pelos vizinhos de Salete. Então, nada comentou de momento. Ludmila tinha um homem chamado Porcino. Tao logo soube do alvoroço, Porcino correu da bodega para a casa de dona Salete querendo matar a sua curiosidade. Era uma conversa tola a todos a fazer. Isabel tentou acender a lâmpada da sala, mas essa não deu luz.
Ludmila:
--- Tá queimada. – informou de forma imediata Ludmila.
Isabel:
--- Compra outra. – ressaltou Isabel.

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