sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ISABEL - 41 -

- Guilhermina Guinle -
- 41 -
PEIXE
Por volta às oito horas da manhã daquele mesmo dia, Maria José, já em casa de Isabel, de frente para o mar, estava a fazer o almoço do meio dia para a senhora Salete e demais pessoal, incluído o seu próprio filho, Paulo. Naquela hora o garoto brincava com os pedaços de ossos. Ele chamava aquela diversão de boi ou de caminhão. Os bois andavam nos caminhões. E era assim a brincadeira. O seu colega, Francisco, tinha caminhado para o jardim. Dessa forma, Paulo se encontrava só. Ele e a sua brincadeira com os ossos. A mãe estava a tirar a carne da geladeira e cortar os pedaços para quem comesse inclusive Salete ou dona Salete se assim a moça a tratasse. Foi nessa hora que um rapaz chegou até a porta da casa oferecendo peixes. Ela olhou de repente e logo falou:
Maria:
--- Quero não! – respondeu a mulher a espantar as moscas de seu rosto.
Pescador:
--- Faço barato prá senhora. – disse o pescador.
Maria:
--- Nem de graça. – respondeu a mulher.
Pescador:
--- São oito por cinco reais. – insistiu o homem.
Maria:
--- Virgem Nossa! Ainda tem peixe na geladeira. – respondeu a mulher sem achar graça.
Pescador:
--- Mas esses são novos. Eu peguei agora. – sorriu o rapaz a levantar a enfieira de peixe.
Maria:
--- Ora que abuso. Já disse não e pronto! – falou ríspida a mulher.
O pescador sorriu e saiu da porta da casa. A mulher veio de dentro e fechou a porta para não ter mais que ouvir tanta lamentação de pescador nenhum. Porém ela ouviu o tilintar no bolso de sua saia e, então, isso lhe prestou uma ideia. Ela puxou do bolso as moedas e o dinheiro de papel. Apenas contou o tanto e viu que dava para negociar. Maria José se voltou apressada e abriu novamente a porta para chamar o pescador. Debalde. O homem já havia desaparecido da rua. Ela então voltou para dentro da casa fechado a porta com certa força. Ao passar pelo quarto observou a mulher se estava acordada ou não. E nesse ponto, a mulher, deitada, falou para Maria José:
Salete:
--- O pescador. Ele está perto da casa. – falou mando a mulher.
Maria
--- Senhora? Como a senhora sabe? – indagou a mulher com surpresa.
Salete
--- O pescador. Ele está perto da casa. – falou com solidão a mulher.
Maria
---  Nossa! A senhora escuta? – indagou perplexa a mulher Maria
E a mulher nada mais respondeu. Salete se deitou como se fosse dormir. Maria José, num supetão, correu para a sala, abriu a porta e se topou com o pescador que ainda estava na porta a oferecer o pescado. E ele disse:
--- Compre essa enfieira. Não custa muito. A senhora me ajuda bastante. Compre. – recitou o pescador de pouca idade agarrando os seus peixes a altura do seu rosto quase a chorar.
Maria:
--- Tá bom. Eu fico com a corda. Mas sou dou esse trocado. Não tem muito. Depois o senhor passa por aqui e lhe dou o restante. – falou a mulher com voz serena.
Pescador:
--- Está bom. Eu passo depois. Amanhã, talvez. Sempre venho do mar. – e apontou para o mar.
Maria José olhou para o mar e se voltou para os pescados. Logo a seguir pôs o pescado em suas mãos e já estava a partir quando o rapaz indagou:
Pescador:
--- A senhora pode me arrumar um copo d’água? Estou morto de sede. – falou o rapaz.
Maria:
--- Posso. Pois não. Espere um instante. – falou a mulher inda para dentro da casa.
E lá por dentro sempre a olhar o pescador, apesar da porta está fechada, ela depositou a água em um copo e voltou com pressa para servir ao rapaz. Esse bebeu e depois indagou a mulher.
Pescador:
--- A senhora é daqui? – indagou o pescador a Maria José.
Maria:
--- Por que me faz essa pergunta? – falou a mulher recuando da porta.
Pescador:
--- Porque é a primeira vez que a observo. – falou o rapaz.
Maria:
--- Sou de perto. – falou a jovem moça querendo fechar a porta.
Pescador:
--- Ah bom. Na certa é casada. – falou desiludido o rapaz.
Maria:
--- Sou sim. Meu marido não tarda a chegar. – respondeu a jovem moça.
Pescador:
--- Ah Bem. Feliz é o homem que tem uma mulher como esposa. – disse o pescador com a cara de desiludido.
Maria:
--- Pois é. Ele é um bom homem. – falou a mulher.
Pescador;
--- Um bom? Pena! Eu seria bem melhor que isso se arranjasse uma esposa. – disse o pescador meio desiludido.
Maria:
--- Ah bom! Já conversou demais para o meu gosto. Dá licença! – e se apressou em bater a porta.
O rapaz saiu cabisbaixo, com as pernas das calças levantadas até ao meio da canela. E Maria ficou a escutar o passar do homem e nada mais. Num espaço curto de tempo ela ouviu uma voz lamuriosa a cantar uma modinha a falar de uma sertaneja. O cantar o homem vinha dos mares profundos e bravios com então um eterno namorado. Na canção ele pedia a Deus que lhe desse espaço para voar e ter o tempo de percorrer a natureza para não ver a sua amada a chorar. E o rapaz cantou a musica de forma tão suave a não momentos de espera para a virgem amada. Maria José sorriu e deixou o moço mergulhar os seus sentimentos imprevistos nas mágoas de uma nativa. A fonte do amor partido era mesmo o sacudir as ondas onde sereias de encanto navegam contemplativas para o fundo abismal da natureza.
O menino Paulo chamou a sua mãe por que nem mais. Apenas ele chamou. A mulher ouviu e correu para saber o que estava a se passar. E o menino abaixou a cabeça e tornou a empurrar o seu carro de animação. E depois de um curto tempo a criança indagou:
Paulo:
--- Mainha! Quando a gente volta? – indagou o garoto a brincar com seu carro de osso.
A mãe ficou a pensar no que responder. E de pronto lhe disse:
Maria:
--- Breve. Filho. Breve. – respondeu a mãe a enganar a criança.
Paulo:
--- Breve é quanto? – indagou o menino empurrar o seu carro fantasma.
Maria:
--- Breve é breve, filho. – e sorriu para a criança.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário