- Louise Cardoso -
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CUIDADOS
Eram
cinco horas da manhã daquele dia. O silêncio era total nos corredores do
Hospital. Nenhum ruído a se notar. No quarto onde estava Toré, a enfermeira
chegou apressada com os seus medicamentos para trocar e verificar o restante. A
auxiliar dormira um pouco. Porém estava acordada na cabeceira da cama tendo o
cuidado de verificar a pressão do paciente a cada duas horas. Sempre quando a
enfermeira chegasse pela madrugada, a auxiliar já estava pronta com o seu
serviço. Ela era uma moça aparentemente tímida e quase não falava com ninguém de
fora do quarto. A mulher Otilia dormia sossegada em um estofado posto ao lado
da cama do enfermo. Distante estava o investigador Silva de olhos abertos
parecendo não ter dormido um só instante. A enfermeira trocou os medicamentos
da sonda e verificou a bomba antes de olhar para a estagiária dando ordens
normais e corriqueiras advertindo-a com o dedo. E antes de sair verificou a
pressão do paciente. Esse acordou de seu sono. O investigador estava sentado em
sua poltrona a olhar o fazer da enfermeira. A senhora Otilia acordou de repente
e se voltou para o leito a verificar o estado de Toré. Ele já estava desperto.
O tubo de medicamento no braço esquerdo impossibilitava de qualquer movimento.
O ombro direito estava todo enfaixado, preso com o monte de gaze a correr até o
ventre ou mais acima um pouco. A auxiliar ao lado conservava-se de pé a olhar o
enfermo. Otilia indagou do marido:
Otilia:
---
Está bem? – indagou a mulher com lágrimas nos olhos.
Toré,
meio confuso, olhou em volta. Tudo era limpo. Nem uma poeira. Para qualquer
canto que ele olhasse apenas sentia a presença de limpeza. O procurou alguém e
encontrou o investigador Silva. E se voltou para a sua espessa a averiguar:
Toré:
---
Que estou fazendo aqui? Isso é verdade ou é sonho? – perguntou temeroso o
rapaz.
Otilia:
---
Tenha cuidado, meu amor. Você sofreu um ferimento e está agora em repouso. –
relatou a mulher com suavidade.
Toré:
---
Que ferimento? O meu braço. Está preso. E essa moça? – olhando em volta viu a
auxiliar.
Otilia:
---
Você está no hospital. E vai ficar curado. Dois ou três dias. – fez ver a
mulher.
Toré:
---
Curado? De que? – indagou o rapaz com o rosto amargo.
Otilia:
---
Do ferimento. – relatou a sua esposa a apontar para o seu ombro.
Toré:
---
Ferimento? E eu vou ficar aqui por causa disso? - (gemeu Toré ao sentir o
ferimento do ombro) e falou a seguir: - E aquele alí? É Silva? E estou preso? –
notou o rapaz.
Silva
se levantou de sua poltrona e veio até o rapaz. Logo informou:
Silva:
---
Não amigo. Eu sou apenas visita. – sorriu o homem.
Toré:
---
Ah bom! Então posso me levantar? – perguntou o rapaz a sua mulher.
Otilia:
---
Não! Agora não! Espere pelo médico. – disso a mulher.
E
por vez Toré olhou para ver suas vestes e observou está despido. Nesse momento
teve um susto. E falou.
Toré:
---
Minha roupa? Onde está minha roupa? Eu estou despido! – disse alarmado o rapaz.
Otilia:
---
Tenha calma! Eu mandei para o lavador. Vem já! – respondeu a mulher.
Toré:
---
E como vou fazer as minhas necessidades? – indagou inquieto o rapaz.
Auxiliar:
---
Tem uma aparadeira. Pode fazer o que quiser se sentir vontade. – falou a
auxiliar e voltou ao seu lugar de costume.
Toré:
---
E você o que faz aqui? – perguntou o rapaz se dirigido a auxiliar.
Auxiliar:
---
Eu estou pronta para servir o senhor. – respondeu a auxiliar.
E
se voltando para Silva:
Toré:
---
Está vendo? Tenho tudo, mas não tenho a minha liberdade! Que sorte! – resmungou
o rapaz
O
investigador sorriu e se voltou para a sua poltrona batendo com os dedos de uma
mão na outra. E de vez, respondeu:
Silva:
---
Essa é a vida de quem pode! – sorriu o policial.
E
a vida seguia tranquila a todo instante no decorrer da manhã. Às nove horas o
rapaz esteve com o seu sócio, Paulo Nogueira. Esse já esteve no Hospital na
tarde do dia anterior. O rapaz estava a dormir naquele instante. Paulo nogueira
apenas dissera a mulher de Toré ter a tentativa de morte ser bem repercutida da
cidade. E ele nada podia contar por que houve aquele incidente. Falava-se em
tal Mão Branca. Mesmo assim, Paulo Nogueira ignorava tal aspecto. Na verdade,
Toré tinha inimigos na cidade. E Paulo sabia da situação.
Paulo:
---
Até um Pastor! Ora veja só! – argumentava o sócio de Toré.
E
na manha daquele dia, Paulo Nogueira não falou mais em Pastor. Apenas
cumprimentou o rapaz desejando-lhe boa sorte e rápida recuperação. Ele – Toré –
podia ficar tranquilo, pois a oficina
estava em progresso. Nada mais a temer.
Logo
depois entravam no quarto a mãe e a irmã do rapaz doente. A velha chorava a
todo instante com a sua filha adotiva a puxar-lhe a manga da blusa.
Luiza:
---
Cala mãe. Não está vendo Toré? – falou murmurando a irmã do rapaz.
Mas
a mãe não se conteve, pois queria apenas abraçar seu filho. Mesmo assim foi
impedida pela auxiliar, pois o rapaz merecia cuidados especiais.
Dulce:
---
Que cuidados especiais são esses? Ele é
o meu filho e eu tenho direito de abraça-lo! – respondeu a mulher com
exorbitante raiva.
Luiza:
---
Mas a moça tem razão. Não vê o ferimento dele? – disse Luiza a apontar para o
ombro enfaixado do rapaz.
A
mulher se aquietou e foi movida por sua nora. E assim foi de sentar da cadeira
ao lado de Toré. Bem ao lado do braço ferido do rapaz. Alguns instantes após
entraram Isabel e seu marido, Gonzaga. A mulher cheia de alegria e com um saco
de frutas na mão para dar a Toré. O homem Gonzaga de postou ao largo. Apenas
cumprimentou o policial Silva. E dono da loja estava também ao lado e foi
cumprimentado por Gonzaga. Ambos dialogaram sobre o acontecido
Gonzaga:
---
Os jornais deram a notícia. – disse a murmurar o homem.
Paulo:
---
Eu vi. O caso do assassino também. –
falou em murmúrio o outro homem.
Toré:
---
O que estão conversando que eu não ouvi? – indagou ao desespero o rapaz.
Gonzaga:
---
Nada! Apenas a sua melhora assim tão rápida! – respondeu o cavalheiro.
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