segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ISABEL - 50

- Thaila Ayala -
- 50 -
REENCONTRO
Maria Clementina confirmou que sim apesar da mulher estar, a saber, com tanto amargor em tornar ciente de Valdivino ter sido apenas um mendigo por essas plagas de ninguém. Enquanto dizia das suas lacrimosas angústias Clementina procurava estancar o pranto em seu rosto a pensar do ente um dia tão querido se largar na mendicância ao revés da sorte. A moça, sua menina, vinte anos, agarrava-se com a sua mãe a dizer ter Clementina um pouco de calma, pois tudo se aplacava de vez. A moça tinha o nome de Suzana, uma escolha do próprio pai, Valdivino por lembrar uma melodia antiga a passar em um cinema campal. Um dia Valdivino ouviu a tal melodia e nunca mais esqueceu. Enquanto as duas companheiras de aflição naufragavam suas mágoas a mulher Maria José telefonava para o bar a procura de falar com Isabel. Foi um instante rápido. Maria José lhe disse ter de vir para a sua casa em companhia de Valdivino, pois estava no local a senhora Clementina e a filha do casal de nome Suzana.
Maria:
--- Valdivino tem uma filha. Ele deu o nome de Suzana quando era ainda pequena. Venha logo e não diga nada a ele. Deixa ver como ele se sai. – falou alegre Maria José.
Isabel:
--- Espera que eu tô chegando! Clementina! – disse em voz baixa, porém sorrindo a mulher.
Em dado instante Isabel chamou um taxi e mandou Valdivino vir também. Era um negócio a ser feito com urgência. Isso Isabel dizia.  O homem ouviu o recado e nada perguntou. Apenas obedeceu as suas ordens. Gonzaga estava a chegar. E ainda indagou pouco atribulado.
Gonzaga:
--- Aonde vai assim? – falou alto o homem ao ver a mulher desesperada.
Isabel:
--- Psiu! – faz a mulher com um dedo na boca a fazer silêncio. 
Isabel entrou no auto a seguir Valdivino. O taxi largou com pressa e Gonzaga fez o mesmo. Parecia uma corrida de veículos da polícia ou um certame e carros de corrida. O Taxi seguiu por ruas menos transitáveis seguidos pela caminhoneta de Gonzaga a proferir impropérios contra todos os buracos existentes em plena rua. O taxista largava em desarvorada carreira a indagar de Isabel se era caso de vida ou morte. A mulher respondia:
Isabel:
--- Mais ou menos! É por aqui! Vá nessa direção! – explicou a mulher a sorrir suavemente.
Taxista:
--- É a mesma casa? – perguntou o taxista procurando olhar a buraqueira existente no caminho
Isabel a sorrir de leve respondeu:
Isabel:
--- Sim! É a mesma! – falou a mulher cheia de esperança. 
O taxista parou em frente da casa e, em seguida, a caminhoneta de Gonzaga. A mulher abriu a porta para seu Valdivino sair e, com bastante pressa, Isabel foi à porta da casa. Nesse dado momento Maria José, sorrindo franco, se aproximou da porta e logo foi dizendo:
Maria:
--- É ela mesma! – o sorriu a valer.
Nesse dado instante também chegou a sua residência o homem Gonzaga, marido de Isabel, aturdido com tudo com o feito e procurou a mulher para dizer-lhe algo. Mas foi em vão. De repente, ele viu o senhor Valdivino quase a chorar de emoção e dizer para a filha e a mulher de modo inquieto:
Valdivino:
--- Vocês aqui? Não pode ser! – declarou o homem aturdido com a presença das duas damas.
A moça se atracou com seu pai. Há muito tempo não avistava o homem. Talvez uns dez anos ou coisa assim. Foi um abraço feliz de puro sentimento. Ela deitou sua cabeça ao ombro de velho pai e a mulher a chorar ficou alegre apesar dos pesares. De imediato, Clementino se voltou para Valdivino e com ânsia o abraçou com muito afeto. Foi um tempo sem fim. Os três amores a unir em comunhão ardente para um longo e sincero tempo talvez. De imediato, Racilva aportou à porta, com alegria expressiva a olhar os ternos amores em contentamento feliz. A rua se encheu de gente a procura de saber o acontecido naquela casa. Seu Gonzaga, ainda confuso, chamava o motorista para ver os instantes de anseios e regozijo delirantes. Mais que depressa, Maria José foi buscar uma garrafa de champanhe para brindar o solene  acontecido daquela manhã quase tarde. Foi uma festa a jamais findar. Racilva, no meio de toda a gente ingeria a bebida, Após dois cálices, a menina moça já estranha o chão.
Racilva:
--- Estou zonza! – declarava a mocinha cheia de sorrisos.
A garota de Valdivino, chamada Suzana, também sorria a valer. Abriram-se mais garrafas e fizeram-se mais brindes. Isabel não sabia se chorava o se sorria. Era um acorde em um só canto. A senhora Salete, alarmada, perguntava apenas:
Salete:
--- O que é isso minha gente?! Só peia muita! – dizia a mulher mãe de Isabel.
Isabel:
--- Alegria, minha mãe! Alegria! Você se lembra de Clementina? – perguntava Isabel já meio tonta.
Salete:
--- Quem não conhece essa velha? Thunc! – fez a mulher Salete a seguir para o seu quarto.
Maria:
--- Brindemos aos noivos! – proferia Maria José já completamente tonta.
Salete:
--- Noivos? Que noivos? Imagine! – respondeu dona Salete ao se deitar após o almoço.
E a festa continuou de meio a fora com muitas bebidas para todos os da casa a brindar o casal de noivos – bem idosos até – a estar saltitando de alegria. Clementina um pouco acanhada e Valdivino já bem alegre até demais, com seus goles de champanhe misturados com cerveja e vinhos do Porto e outros mais. A saudação a todo instante era acompanhada por um enaltecido brinde com vivas a toda hora. Na rua, o pessoal ficava admirado com tanta alegria, coisa nunca vista naquela casa a beira mar de um homem taciturno e sempre rude. Depois veio Isabel para dar maior vida e, por fim, o mendigo a quem as pessoas votavam na imensidão da festa. Menos corriam e davam cambalhotas. Moças sorriam por ter a casa inundada de convivas todos pobres. Racilva chegou com um sanfoneiro encontrado no meio da rua e esse deu maior improviso a festa a tocar xotes, maracatus e baiões para divertir a moçada e a gente adulta a dançar de qualquer modo. Era uma algazarra total de gente miúda e graúda. Até um reporte queria fazer fotos do festejo. Com tanta gente a brincar, o reporte se viu embaraçado tendo a câmera indo ao chão. Pescadores a passar olhavam o folguedo e comentavam entre si a festa fora de hora a se fazer na casa ao lado. O fole do velho sanfoneiro se misturava com o som da radiola. E assim, ninguém sabia mais o certo ou errado para dançar o folguedo a misturar algo de novo ou de velho. Em instantes Gonzaga saiu no carro para buscar mais bebidas, pois a festa estava animada. Ele foi e voltou com toda a pressa. Para o motorista do taxi era tempo de dançar com uma mulher gorda até demais. E ele nem sabia quem era a tal. Apenas dançava e bebia goles de rum a misturar com outras bebidas. A festa já chegava às três horas da tarde. Ninguém percebeu um avião cargueiro em direção do mar bravio. O aparelho vinha quase lambendo os telhados das casas. Alguém ainda falou:
Alguém:
--- Que barulho é esse? – falou uma mulher em sua casa distante do “assustado” a se fazer na casa de Isabel.
O avião passou tão baixo dos telhados das casas – algumas de palha – a derrubar pratos e panelas do fogão de barro. Alguém gritou desesperado.
Alguém: Dois:
--- Ave Maria! É o fim do mundo! – gritou outra mulher querendo segurar a panela de barro.
Mesmo assim, o avião veio a todo custo procurando o oceano e ali amerissou de qualquer forma após colidir com as pedras da praia. Pescadores estavam próximos ao desastre apenas tiveram tempo de ouvir o barulho. A seguir, alguém disse:
Alguém Três:
--- Olha o monstro! – gritou um pescador a querer escapar do enorme avião.
O aparelho bateu na água e de imediato naufragou quase por completo. Os ocupantes do enorme avião apenas tiveram tempo de abrir a porta e saltar para dentro da água. Na casa de Isabel alguém gritava por causa do barulho ensurdecedor da aeronave  ao passar tão baixa e com gigantesca velocidade. O seu tamanho para quem ainda por sorte avistava era descomunal. E todos gritavam assombrados com o temor momentâneo do avião cair no chão.
Isabel:
--- Ave Maria! Ele vai cair! – rezava a mulher a temer de medo.
 

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