- Thaila Ayala -
- 50 -
REENCONTRO
Maria
Clementina confirmou que sim apesar da mulher estar, a saber, com tanto amargor
em tornar ciente de Valdivino ter sido apenas um mendigo por essas plagas de
ninguém. Enquanto dizia das suas lacrimosas angústias Clementina procurava
estancar o pranto em seu rosto a pensar do ente um dia tão querido se largar na
mendicância ao revés da sorte. A moça, sua menina, vinte anos, agarrava-se com
a sua mãe a dizer ter Clementina um pouco de calma, pois tudo se aplacava de
vez. A moça tinha o nome de Suzana, uma escolha do próprio pai, Valdivino por
lembrar uma melodia antiga a passar em um cinema campal. Um dia Valdivino ouviu
a tal melodia e nunca mais esqueceu. Enquanto as duas companheiras de aflição
naufragavam suas mágoas a mulher Maria José telefonava para o bar a procura de
falar com Isabel. Foi um instante rápido. Maria José lhe disse ter de vir para
a sua casa em companhia de Valdivino, pois estava no local a senhora Clementina
e a filha do casal de nome Suzana.
Maria:
---
Valdivino tem uma filha. Ele deu o nome de Suzana quando era ainda pequena.
Venha logo e não diga nada a ele. Deixa ver como ele se sai. – falou alegre
Maria José.
Isabel:
---
Espera que eu tô chegando! Clementina! – disse em voz baixa, porém sorrindo a
mulher.
Em
dado instante Isabel chamou um taxi e mandou Valdivino vir também. Era um
negócio a ser feito com urgência. Isso Isabel dizia. O homem ouviu o recado e nada perguntou.
Apenas obedeceu as suas ordens. Gonzaga estava a chegar. E ainda indagou pouco
atribulado.
Gonzaga:
---
Aonde vai assim? – falou alto o homem ao ver a mulher desesperada.
Isabel:
---
Psiu! – faz a mulher com um dedo na boca a fazer silêncio.
Isabel
entrou no auto a seguir Valdivino. O taxi largou com pressa e Gonzaga fez o
mesmo. Parecia uma corrida de veículos da polícia ou um certame e carros de
corrida. O Taxi seguiu por ruas menos transitáveis seguidos pela caminhoneta de
Gonzaga a proferir impropérios contra todos os buracos existentes em plena rua.
O taxista largava em desarvorada carreira a indagar de Isabel se era caso de
vida ou morte. A mulher respondia:
Isabel:
---
Mais ou menos! É por aqui! Vá nessa direção! – explicou a mulher a sorrir
suavemente.
Taxista:
---
É a mesma casa? – perguntou o taxista procurando olhar a buraqueira existente
no caminho
Isabel
a sorrir de leve respondeu:
Isabel:
---
Sim! É a mesma! – falou a mulher cheia de esperança.
O
taxista parou em frente da casa e, em seguida, a caminhoneta de Gonzaga. A
mulher abriu a porta para seu Valdivino sair e, com bastante pressa, Isabel foi
à porta da casa. Nesse dado momento Maria José, sorrindo franco, se aproximou
da porta e logo foi dizendo:
Maria:
---
É ela mesma! – o sorriu a valer.
Nesse
dado instante também chegou a sua residência o homem Gonzaga, marido de Isabel,
aturdido com tudo com o feito e procurou a mulher para dizer-lhe algo. Mas foi
em vão. De repente, ele viu o senhor Valdivino quase a chorar de emoção e dizer
para a filha e a mulher de modo inquieto:
Valdivino:
---
Vocês aqui? Não pode ser! – declarou o homem aturdido com a presença das duas
damas.
A
moça se atracou com seu pai. Há muito tempo não avistava o homem. Talvez uns
dez anos ou coisa assim. Foi um abraço feliz de puro sentimento. Ela deitou sua
cabeça ao ombro de velho pai e a mulher a chorar ficou alegre apesar dos
pesares. De imediato, Clementino se voltou para Valdivino e com ânsia o abraçou
com muito afeto. Foi um tempo sem fim. Os três amores a unir em comunhão
ardente para um longo e sincero tempo talvez. De imediato, Racilva aportou à
porta, com alegria expressiva a olhar os ternos amores em contentamento feliz.
A rua se encheu de gente a procura de saber o acontecido naquela casa. Seu
Gonzaga, ainda confuso, chamava o motorista para ver os instantes de anseios e
regozijo delirantes. Mais que depressa, Maria José foi buscar uma garrafa de
champanhe para brindar o solene
acontecido daquela manhã quase tarde. Foi uma festa a jamais findar.
Racilva, no meio de toda a gente ingeria a bebida, Após dois cálices, a menina
moça já estranha o chão.
Racilva:
---
Estou zonza! – declarava a mocinha cheia de sorrisos.
A
garota de Valdivino, chamada Suzana, também sorria a valer. Abriram-se mais
garrafas e fizeram-se mais brindes. Isabel não sabia se chorava o se sorria.
Era um acorde em um só canto. A senhora Salete, alarmada, perguntava apenas:
Salete:
---
O que é isso minha gente?! Só peia muita! – dizia a mulher mãe de Isabel.
Isabel:
---
Alegria, minha mãe! Alegria! Você se lembra de Clementina? – perguntava Isabel
já meio tonta.
Salete:
---
Quem não conhece essa velha? Thunc! – fez a mulher Salete a seguir para o seu
quarto.
Maria:
---
Brindemos aos noivos! – proferia Maria José já completamente tonta.
Salete:
---
Noivos? Que noivos? Imagine! – respondeu dona Salete ao se deitar após o
almoço.
E
a festa continuou de meio a fora com muitas bebidas para todos os da casa a
brindar o casal de noivos – bem idosos até – a estar saltitando de alegria.
Clementina um pouco acanhada e Valdivino já bem alegre até demais, com seus
goles de champanhe misturados com cerveja e vinhos do Porto e outros mais. A
saudação a todo instante era acompanhada por um enaltecido brinde com vivas a
toda hora. Na rua, o pessoal ficava admirado com tanta alegria, coisa nunca
vista naquela casa a beira mar de um homem taciturno e sempre rude. Depois veio
Isabel para dar maior vida e, por fim, o mendigo a quem as pessoas votavam na
imensidão da festa. Menos corriam e davam cambalhotas. Moças sorriam por ter a
casa inundada de convivas todos pobres. Racilva chegou com um sanfoneiro
encontrado no meio da rua e esse deu maior improviso a festa a tocar xotes,
maracatus e baiões para divertir a moçada e a gente adulta a dançar de qualquer
modo. Era uma algazarra total de gente miúda e graúda. Até um reporte queria
fazer fotos do festejo. Com tanta gente a brincar, o reporte se viu embaraçado
tendo a câmera indo ao chão. Pescadores a passar olhavam o folguedo e
comentavam entre si a festa fora de hora a se fazer na casa ao lado. O fole do
velho sanfoneiro se misturava com o som da radiola. E assim, ninguém sabia mais
o certo ou errado para dançar o folguedo a misturar algo de novo ou de velho.
Em instantes Gonzaga saiu no carro para buscar mais bebidas, pois a festa
estava animada. Ele foi e voltou com toda a pressa. Para o motorista do taxi
era tempo de dançar com uma mulher gorda até demais. E ele nem sabia quem era a
tal. Apenas dançava e bebia goles de rum a misturar com outras bebidas. A festa
já chegava às três horas da tarde. Ninguém percebeu um avião cargueiro em
direção do mar bravio. O aparelho vinha quase lambendo os telhados das casas.
Alguém ainda falou:
Alguém:
---
Que barulho é esse? – falou uma mulher em sua casa distante do “assustado” a se
fazer na casa de Isabel.
O
avião passou tão baixo dos telhados das casas – algumas de palha – a derrubar
pratos e panelas do fogão de barro. Alguém gritou desesperado.
Alguém:
Dois:
---
Ave Maria! É o fim do mundo! – gritou outra mulher querendo segurar a panela de
barro.
Mesmo
assim, o avião veio a todo custo procurando o oceano e ali amerissou de
qualquer forma após colidir com as pedras da praia. Pescadores estavam próximos
ao desastre apenas tiveram tempo de ouvir o barulho. A seguir, alguém disse:
Alguém
Três:
---
Olha o monstro! – gritou um pescador a querer escapar do enorme avião.
O
aparelho bateu na água e de imediato naufragou quase por completo. Os ocupantes
do enorme avião apenas tiveram tempo de abrir a porta e saltar para dentro da
água. Na casa de Isabel alguém gritava por causa do barulho ensurdecedor da aeronave ao passar tão baixa e com gigantesca
velocidade. O seu tamanho para quem ainda por sorte avistava era descomunal. E
todos gritavam assombrados com o temor momentâneo do avião cair no chão.
Isabel:
---
Ave Maria! Ele vai cair! – rezava a mulher a temer de medo.
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