terça-feira, 21 de agosto de 2012

ISABEL - 32 -

- Sophia Loren -
- 32 -
MARIA JOSÉ
No dia seguinte, logo pela manhã, Isabel já estava acordada com o seu menino. O marido de Isabel acordou um pouco antes. E no oitão da casa ele estava a verificar como se cobria o casebre quando, ainda cedo, surgiu o seu companheiro de conversa, Antônio dos Santos, bem mais conhecido por Gonzaga pela a alcunha de Ambrósio, pois assim o chamava o antigo cabo da polícia o senhor Pestana. Do lado de fora do casebre Ambrósio pigarreou como se estivesse a chamar de vez Gonzaga. Esse ouviu e sorriu para o seu companheiro. Isabel tinha chegado ao fundo do quintal e buscou água em uma cuia para lavar o rosto de Francisco, seu filho. Ela ouviu o conversar dos amigos, mas não muita importância. No interior do casebre estava Ludmila a cuidar de dona Salete. Na rua mulheres e homens passavam para um lado e para o outro. Era a faina de comprar pão ou de ir pegar no pesado. Isso, os homens moços. Em certa oportunidade, Isabel veio para o encontro dos dois homens e foi então a perguntar.
Isabel:
--- Ô seu Ambrósio. ... Desculpe chamar desse jeito. ....Mas o senhor sabe onde fica o Saco das Imburanas? – indagou sem pressa.
O homem estava a conversar com Gonzaga e se voltou com pressa para responder a questão levantada pela senhora Isabel.
Ambrósio:
--- Bom dia minha dona. ... Mas claro que sei. Fica no estirão da moléstia. Antigamente eu tinha um namoro com uma moça daquele Saco. E. ... Por que a pergunta? – falou o homem.
Isabel:
--- Por nada. Mas o senhor conhece alguém de lá? – indagou a senhora.
Ambrósio:
--- Conheço muita gente. Qual o motivo? – fez questão em saber o homem.
Isabel:
--- Era por nada. Mas o senhor conhece uma moça de nome Maria José? Ela mais conhecida por Maria de Cicero. Conhece? – indagou quase sem fé de obter resposta.
Ambrósio:
--- Homem! Dona menina! Se for uma moça filha do compadre Cicero é capaz de conhecer! É do sargento Cícero? – perguntou o homem.
Isabel.
--- Talvez que seja. Ele vive agora de tocar os bodes. – sorriu a mulher.
Ambrósio:
--- É esse mesmo. Cícero dos Bodes. Ele era sargento no meu tempo de Polícia. Depois deu baixa e, hoje, só cria bode. A senhora se lembra dele? - - sorriu o homem todo alegre como a resposta positiva da mulher.
Isabel:
--- Imagine! Eu era criança e brincava com Maria José. E agora que eu estou morando fora não sei se ela ainda existe. Se puder o senhor, procure por ela para ver se Maria sabe de alguém a se dispor a viajar comigo para a cidade e cuidar de minha mãe. Isso porque não posso levar Ludmila. Ela está casada e não pode ir para a capital. Veja se acha alguma moça e me traga resposta. – declarou a senhora.
Ambrósio:
--- Sim, senhora! É para já. Vou até o ponto e pego um carro. O motorista me leva até lá. – dizia Ambrósio disposto a ajudar a mulher.
E nesse ponto, Gonzaga interrompeu a conversa:
Gonzaga:
--- Espere aí. Eu sou quem vou com o senhor! Se for para buscar, estou pronto. – falou o homem sem mais nem menos.
E desse momento Ambrósio com voz de matuto se prontificou em aceitar o carro do homem.
Ambrósio:
--- Espere aí. Vai o senhor no seu carro? Então melhor! A gente chega já. É só eu tomar um gole de café e nós partimos. – sorriu contente o senhor.
Isabel:
--- E tu sabes onde fica? – perguntou a mulher a seu marido.
Gonzaga:
--- Espere aí. Quem tem boca vai a Roma. – sorriu o homem e procurou tomar uma xicara de café para preparar a barriga.
Caso de meia-hora o carro parou em frente a uma residência rustica em uma rua existente no Saco das Imburanas onde havia poucas moradias por bem se ver. Uns meninos sambudos a ficarem atentos ao carro não muito novo e umas meninas a brincar com outras. Era esse o panorama do Saco. De momento uma mulher chegou à porta da casa em frente com um filho no braço e fez uma cara de quem não sabia de quem se tratava. Na outra casa, quase em frente, não havia viva alma. Nesse ponto Ambrósio desceu do carro e bateu palmas na porta do mocambo;
Ambrósio:
--- Ô de casa! O sargento está? – indagou o homem.
Uma mulher desconfiada veio de dentro para fora a ficar escorada na parede da sala e logo perguntou:
Mulher:
--- Quem é o senhor? O sargento não está! Como é o seu nome? – recitou a mulher.
Ambrósio sorriu e tirou o chapéu da cabeça abanando o rosto para espantar as moscas. E disse a seguir:
Ambrósio:
--- Eu sou Ambrósio. Ele me conhece. O que eu procuro é a senhora Maria José. O povo chama de Maria de Cícero. Ela está? – indagou com voz matuta o homem.
A mulher, um tanto desconfiada ainda assim respondeu:
Mulher:
--- Ela saiu! Mas por bem lhe pergunto: qual é o caso? – perguntou a mulher.
Ambrósio:
--- Não é por nada não. Eu vim aqui a mando de dona Isabel. Ela conhece dona Maria José. E esta a precisar de uma moça para tomar conta da velha sua mãe. E me mandou saber se dona Maria sabia de quem podia sair com a mulher, pois na casa não tem ninguém para cuidar. – falou Ambrósio de uma só vez.
Mulher:
--- E por que o senhor perguntou pelo sargento? – vez ver a mulher.
Ambrósio:
--- Ô. Porque ele é o dono da casa. Ele está? – indagou o homem.
Mulher:
--- Ah pôs basta. Ele está no cercado dos bodes. E Maria foi ao médico no posto. Mas não demora. Quanto à outra menina: eu achou que ela sabe de Soraia. Essa mora aqui por perto. Se tiver mais, isso é com ela. – falou a mulher.
Ambrósio:
--- Pois tá certo. Eu vou esperar por dona Maria. Aqui tem o homem que casou com dona Isabel. Ele está no carro. Vou chamar por ele. – ressaltou o antigo soldado.
E a conversa parou nesse ponto. Ambrósio foi chamar o senhor Gonzaga e fez vez ser aquela a casa de Maria José a qual o povo chamava de Maria de Cícero. A mulher inda moça não estava em casa. Mas o homem soube de alguém na vila a poder ir atender a pergunta de Isabel. Por isso mesmo era melhor esperar por Maria de Cícero.
Ambrósio:
--- Ela não tarda. Vem logo. – disse o homem a Gonzaga.

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