- Audrey Hepburn -
- CINCO -
- ACIDENTE -
Passaram-se as horas, com o
vexame de Bartolo mais quieto, onde Dalva começou a fazer em seus cabelos o
alisado para o impaciente homem se conformar com a separação da esposa Dafne –
o nome de uma ninfa grega – e pensar mais a frente com todo o empenho e
esquecer o passado. O homem, sentado no batente que dava para a sala de
entrada, tinha suas lamentações com respeito a sua esposa, mulher atraente de
origem italiana. Eles casaram logo após concluir os estudos da Universidade.
Com o passar do tempo vieram os desassossegos, sempre com Bartolo a tirar por
fora, pois nunca esperava num desfecho fatal.
Bartolo:
--- Ô Dafne, Dafne, Dafne. O que
está havendo? Eu nunca fiz mal a voce. Tudo o que eu ganho é para casa. Voce
não pede nada que eu dou. Dafne, Dafne, Dafne. – lamentava o homem com
insistência.
Dalva:
--- Calma. Querido. Isso é a
vida. Talvez a mulher tenha chegado ao limite de tolerância. Nunca se sabe o
que está havendo entre os segredos e dúvidas de uma mulher. Não precisa nem
haver outro homem. Às vezes é o temperamento mesmo. Conversas. Falta de
diálogo. Isso, enfim. – relatou com paciência.
Bartolo estava encolhido como um
rato. O seu chapéu posto em cima do joelho. Ele, com a cabeça apoiada no peito
de Dalva apenas a chorar igual a uma criança. Caio queria lamentar a tragédia
de momento, mesmo assim preferia calar. De longe, na mesa, olhava atento o
casal e sentia como se fosse a piedade por aquela triste agonia a se infiltrar
em Bartolo. O rapaz mantinha a sua amizade com o grupo fazia algum tempo. Às
vezes para jogar baralho. Outra para apenas conversar. Aos domingos pela manhã,
Bartolo aparecia no apartamento de Caio para apenas jogar conversa fora. Ali, a
turma de quatro cavalheiros conversava de tudo ou nada. Na roda de amigos
corria os assuntos atuais e inconsequentes.
Dalva:
--- Eu penso em ir à praia. Vocês
querem ir comigo? – perguntou moça sentada ao lado de Bartolo acariciado seus
cabelos da cabeça.
Fernando:
--- Boa pedida! – relatou o
homem.
Caio:
--- Está aí uma coisa que eu não
pensava! – disse por seu lado o homem da polícia.
Bartolo:
--- Eu não vou. Não tenho nem
calção! – comentou por seu lado o repórter.
Caio:
--- Por isso, não. Aqui é o que
não falta. Calção de banho. – disse Caio se metendo casa adentro a procura do
seu quarto de dormir.
Fernando:
--- E o carro? – indagou com
dúvidas.
Dalva:
--- Nós vamos estrear o meu novo
Hyundai. – alertou a jovem a acariciar a cabeça de Bartolo.
Caio:
--- Hyundai? Ôpa! Já melhorou! –
sorriu o policial civil.
E continuou para buscar calção de
praia em seu quarto de apartamento.
Dalva:
--- Vamos querido? – indagou
sorrindo a seu novo companheiro, o jornalista Bartolo.
O homem estava triste com a sua
situação de Divórcio e não tinha nem palavras para aceitar ou não. E quem veio
foi o seu companheiro, Caio, a entregar a todos os seus amigos os calções de
banho em uma rapidez incrível.
Bartolo:
--- Esse não me serve! Meus
testículos se acocham. – falou com a cabeça abaixada.
Dalva:
--- Eu vou me vestir, já, já. –
falou a moça a se levantar do batente.
O rapaz Bartolo ficou acuado em
seu batente. Apenas chamava por sua esposa.
Bartolo:
--- Dafne, Dafne, Dafne! Onde
está você? – perguntava de forma estranha.
Caio:
--- Ora! Vamos acabar com essa
história e por o “ferro” a luta. Quem não sabe se voce não ganha uma boa
reportagem nessa viagem? – relatou o homem distribuindo os calções.
Fernando:
--- A que praia? – perguntou para
se ambientar.
Caio:
--- Búzios! – argumentou o homem.
Bartolo:
--- Búzios? – perguntou com uma
cara estranha.
Caio:
--- Sim. É o chique da moda!
Ondas suaves. Barcos a pescar. Mulheres. Mulheres. Mulheres. Divinas mulheres a
se banhar. – relatou com espírito de folga o policial.
Fernando:
--- Olha quem fala? Parece que
nem é viúvo! – comentou com seu calção na mão.
Caio:
--- Antes viúvo do que mal
acompanhado. – relatou o homem a ir buscar outro calção mais folgado para
entregar a Bartolo.
O Hyundai trafegava devagar dado
a fila de automóveis à sua frente. Uns ciclistas voltavam da praia onde foram
fazer competição. As pessoas tomavam conta do mar com seus biquínis
apertadíssimos. Um homem de pé, braços abertos feito Cristo rezava com seu
terço enorme na mão. Ônibus de excursão faziam voltam para acertar a sua
posição. Duas moças faziam chame para um fotógrafo. Uma mulher com sua filha
pequena curtia o banho de sol. Duas moças passavam bronze na pele. Uma jangada
buscava um peixe arredio. Um vendedor de picolé oferecia o seu produto as mães
de família. Um casal displicente, sentado em suas cadeiras olhava o mar. Um cão
vira-lata passou em frente ao veículo da moça. De repente, Dalva brecou seu
carro para não atropelar o cão. Esse se livrou do acidente subindo em cima de
outro veículo a sua frente indo se apoiar em cima do carro e a olhar para trás.
O motorista, alarmado, brecou também o seu carro. O cão desandou por cima e
caiu na frente, passando por cima do capuz do carro. Logo atrás, a moça sentiu
um amasso das ferragens do seu veículo. Outro carro que vinha logo atrás não
esperava tamanho trancou e engavetou no Hyundai. Dalva se sacudiu para frente
com o impacto. A porta do Hyundai se abriu e um motoqueiro bateu de brusco com
sua moto na porta. Via-se o homem a subir três metros e cair bem na frente do
segundo veículo. Os passageiros do Hyundai levaram tremendo susto de momento.
Caio agarrou a moça e de supetão a puxou para dentro do auto. Com a batida, o
veículo de trás quase entra de Hyundai adentro. E formou-se a confusão em um
instante. O da polícia Caio Teixeira
saiu do seu veículo e de imediato procurou o motorista da colisão. Dalva, pelo
seu lado, também foi até a traseira do seu carro ver os estragos causados.
Outro a sair com pressa foi o jornalista Bartolo a essa altura curado dos seus
espirros. A fila de carro se formou logo atrás. O motorista provocador do
acidente vinha com uma “moça de aluguel” a conversar displicente e apenas viu o
carro parar ao final da colisão. Tão logo desceu do carro, foi sustentado pelo
policial a lhe pedir os seus documentos.
Dalva, por seu turno, reclamava pelos estragos sofridos com seu novo
veículo a bater na fuselagem e esmurrar o auto.
Dalva:
--- Meu carro! Mau carro! Meu
carro! – batia a moça sobre a fuselagem de seu carro.
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