DOIS AMORES
- DOIS -
- O CÃO –
Após o final da apresentação da
peça do Teatro com todos os frequentadores a sair e comentar das cenas
maviosas, então já os dois amigos moradores em apartamento frontal, gargalhavam
como crianças por causa da curiosa cena do espetáculo. Caio e Dalva alegre por
sua vez mais parecia crianças atrás do bolo da festa alheia e seguiram a sorrir
a procura do automóvel ligeiramente gasto do homem, o detetive policial. Caio
indagou da moça se queria ir tomar um vinho com peixe frito àquela hora da
noite. Dalva duvidou do convite:
Dalva:
--- Peixe há essa hora? – indagou
com rosto de quem não acredita.
Caio:
--- É natural. Come-se peixe a
qualquer hora do dia ou da noite. Quem paga é o peixe. – respondeu o homem com
sua voz vagarosa.
É claro que a desculpa fez a moça
sorrir ainda mais. Mesmo assim, ambos foram para a peixada onde houve muita
conversa em meio de vários fregueses habituais a frequentar os restaurantes
àquela hora da noite então quase madrugada. As ondas do mar batiam com maior
frequência sobre as pedras ao lado do restaurante. Um piano se ouvia. Um homem
a dedilhar uma canção suave. O garçom veio com pressa para ouvir o pedido. Dito
isso, o garçom voltou com mais pressa ainda. Caio, com suas mãos postas e os
cotovelos apoiados na mesa fez alocução sobre a melodia.
Caio:
--- Conhece a melodia? – indagou
a apontar para o pianista.
Dalva:
--- Conheço por ouvir tocar. A
letra, não. – respondeu a moça a torcer a cabeça para ver quem tocava.
Caio:
--- É uma canção antiga. Conta à
história de um homem e o seu cão. Cachorro, por sinal. Ele conseguiu o cão
quando o animal tinha uns dois meses de vida. E os dois viveram muitos anos.
Certa vez, o cão parece que estava a morrer. E veio logo cedo da manhã visitar
o seu dono como quem dizia estar doente. E depois saiu. O homem entendeu a
visita e saiu para o seu trabalho. Ao voltar a sua casa, quase noite, encontrou
o cão já morto. – explicou o homem.
Dalva:
--- Coisa triste! – respondeu a
mulher.
Caio:
--- É a vida de cada um de nós. –
relatou.
Dalva:
--- E o compositor fez essa
música baseado nessa história? - - indagou meio assustada.
Caio:
--- Sim. Não havia outro motivo. –
respondeu.
E a conversa se alargou por vasta
hora da madrugada até os primeiros pingos de chuva começar a cair. Os dois
cumplices da aurora retornaram assim a sua casa. E cada um foi para o seu
aposento. No mesmo dia, por volta das dez horas, Dalva acordou e olhou o brilho
do sol. Já ainda sonolenta se levantou e cumpriu suas obrigações matinais. Do
lado de fora do apartamento alguém bateu suave. E a mulher nada pode responder
por estar com a boca cheia de pasta. Mesmo assim, se dirigiu a porta e indagou.
Dalva:
--- Hum? – indagou a mulher toda
assanhada e a boca cheia de pasta.
Do lado de fora não veio resposta.
A mulher voltou ao gabinete para se por em ordem. Quando retornou ao gabinete
outro toque se fez. E a mulher respondeu meio confusa.
Dalva:
--- Estou no banheiro! –
respondeu com o chuveiro todo aberto.
Caio:
--- O desjejum. – respondeu Caio
do lado de fora.
Dalva:
--- Ponha ai! – respondeu a
mulher toda molhada com o seu banho matinal.
E nada veio como resposta. Caio
retornou ao seu apartamento levando a bandeja com suco, café, leite, pão
torrado, queijo, açúcar e manteiga. Em seu apartamento, ele entrou sem
dificuldade, abrindo e fechando a porta com um dos pés. Após alguns longos
minutos, um toque se fez na entrada. E Caio respondeu:
Caio:
--- Desça! – respondeu.
Dalva obedeceu à ordem dada e
adentou no recinto e voltou a sentir o mau cheiro de peixe tostado. Em seguida,
a mulher correu para a cozinha e pegou o peixe, embrulhou em um papel
depositando a seguir no lixeiro com o restante de comida mal servida a restar
no lavabo. O homem se aproximou e declarou:
Caio:
--- A mulher não veio hoje. –
disse isso e voltou com seu andar um tanto vago.
A altura do homem era de um metro
e oitenta centímetros. A mulher tinha apenas um metro de sessenta e cinco
centímetros. Ele cordialmente suave no
seu andar, ao contrario da mulher. Ela era uma tanto rápida. Quando acabou a
faxina foi até a sala de visita e indagou o que de tão importante o homem queria
logo cedo da manhã. O homem respondeu com o dedo mostrando o café e declarou
apenas.
Caio:
--- Onze horas! – declarou.
Dalva:
--- Onze? E o carro? – perguntou
atarantada a mulher.
O homem já sentado no divã com as
pernas estiradas sobre a cadeira acolchoada nada respondeu. Apenas olhou para
Dalva e voltou à vista para os jornais da manhã. Por completo atrapalhada Dalva voltou ao seu
apartamento onde se preparou com um vestido de sair pondo os equipamentos
necessários para a troca do automóvel. Ao sair, Dalva encontrou Caio a sua
espera. Desconfiada, indagou:
Dalva:
--- Vai sair? – perguntou sem
saber ao certo.
Caio:
--- O carro. Pode haver
necessidade de vistoria. – disse ele.
Dalva:
--- Vistoria? Que vistoria? –
indagou espantada.
Caio:
--- Carro amassado. Freios
baixos. Ignição com defeitos. Acelerador roído. Estragos nos estofados. Coisas
desse tipo! – declarou o homem com suas mãos para trás.
Dalva:
--- Estragos nos estofados? Não
faz nem um ano que comprei essa lebreia. – disse irada a mulher.
Caio:
--- Pois é! Lebreia! Eles põe
defeito em tudo na hora de receber essas
“lebreias” .
Nenhum comentário:
Postar um comentário