- Audrey Tautou -
- 19 -
NAZISMO
Nessa mesma noite, em seu
apartamento do décimo andar, após ser feita toda a arrumação dos estragos
provocados pelos invasores, já um tanto exausto e esgotado pelo cansaço, o
policial Caio Teixeira conversava suavemente com Dalva Tavares e o seu dileto
amigo, Bartolo, algo sobre o nazismo, caso que ele sempre foi um investigador
assíduo. Falava Caio de um time de futebol da década dos anos trinta formado no
interior de São Paulo. A bandeira do clube trazia como símbolo a cruz suástica.
O time foi organizado próximo do Monte Alegre onde foi encontrada a foto da
agremiação. Até mesmo em um chiqueiro de porcos havia na sua construção os
tijolos de uma parede feita com o símbolo nazista.
Caio;
--- Eram uns tijolos enormes de
cerca de sessenta ou setenta centímetros de tamanho por trinta centímetros de
largura. Eram bem fornidos esses tijolos. – declarou o homem.
Bartolo:
--- E como foi encontrado? –
perguntou curioso.
Caio:
--- Por acaso. No seu depoimento
o homem da fazendo declarou estar procurando uns porcos na fazenda que
quebraram a parede e fugiram mato afora e deu de cara com os tijolos. E em cada
tijolo tinha a Suástica gravada. – declarou.
Bartolo:
--- Mas como é possível!
Suástica? Isso dá uma reportagem! – confirmou o rapaz
Caio:
--- Já faz tempo. Eu creio que a
imprensa até divulgou o fato. Eu a publicação em um jornal. Nesse tempo o
Brasil tinha comércio com a Alemanha. – falou sem pressa.
Bartolo:
--- Mas a fazenda? Tinha dono? –
perguntou com espanto.
Caio:
--- Teve um do tempo do nazismo.
O homem era simpatizante do nazismo e pertencia a Ação Integralista, simpática
ao nazismo. Faz muito tempo isso. Eu nem me recordo bem.
Bartolo:
--- Ora! Ora! Mas dá matéria! –
falou o rapaz com imensa preocupação.
Dalva:
--- Meu pai fala muito sobre os
incidentes de Guerra. O encontro de Vargas em Natal com o presidente Roosevelt,
dos Estados Unidos. Foi um passo decisivo para o Brasil. Os pracinhas
brasileiros sendo convocados. A FEB. Tinha até a história da Cobra Fumando. –
sorriu a moça.
Caio:
--- Teve muita história. A
propósito. Teve um caso interessante. Zé Areias, naquela época um rapaz,
barbeiro de primeira linha. Ele levou um urubu abatido e vendeu aos soldados
das Américas passando o bicho por peru. – relatou o policial.
Dalva:
--- Verdade? Essa eu estou para
ver! – sorriu a moça bastante curiosa.
Caio:
--- O nazismo tem muita história.
Veja bem: a partir de 1930 o movimento nazista cresceu aproveitando-se do
descontentamento popular com as crises econômica e política. O Partido Nacional
Socialista era antidemocrático, antissemita e de um nacionalismo exaltado. -
declarou
Bartolo:
--- Eu estudei esse tópico. – fez
ver o rapaz.
Caio:
--- Pois bem. Com uma pregação
pseudorrevolucionária, ele tornou-se a maior força política e 1932. Foi quando
o presidente Paul von Hindenburg chamou Adolf Hitler para constituir o novo
Governo. E então, assumindo o cargo do dia 30 de janeiro de 1933, ele começou a
montar um sistema ditatorial. Hitler proibiu a existência de todos os partidos
políticos, inclusive o Comunista. E mais: ele tocou fogo no prédio do
Parlamento atribuindo o fato aos comunistas; pôs fim a liberdade de imprensa e
coisa e tal. – disse ainda o policial.
Bartolo:
--- Interessante! Ele nasceu Áustria.
E seu avô era triturador de trigo. Fazia isso com as próprias mãos. – sorriu.
Dalva:
--- Ele não se contentava em ser
austríaco. Ele sempre dizia de não haver fronteira entre a Áustria e Alemanha.
Para Hitler, havia um só país. – sorriu.
Bartolo:
--- Quer dizer que: o Brasil
queria anexar o Uruguai? – indagou o rapaz.
Dalva:
--- Provavelmente! – sorriu a
moça.
Caio:
--- Vocês estão falando alto!
Uruguai, Paraguai. Deixa pra lá! – declarou o policial
Dalva:
--- Não! Estamos só conversando!
– falou sério
Caio:
--- Bem! Vocês querem ou não
ouvir o segredo da história? – indagou.
Bartolo:
--- Pode contar. Sou todo ouvido!
– disse o jornalista.
Caio começou pelo principio com a
marca das temidas milícias paramilitares, as Divisões de Assaltos e o aparato
repressivo dado pelos comandos de proteção da SS. Esses comandos tinham o poder
de sufocar brutalmente qualquer tentativa de resistência. O regime perseguia
impiedosamente todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram
presas e internadas em campos de
concentração construídos da noite para o
dia. O regime começou a por em prática seu programa antissemita. Os judeus
foram destituídos de seus direitos individuais e civis. Eles eram proibidos de
exercer a sua profissão. Quando estudantes e professores eles eram expulsos das
Universidades. E ademais os judeus eram agredidos, forçados a entregar empresas
ou propriedades. Milhares de pessoas abandonaram o País. Era uma perda de
intelectuais e cientistas de renome. Adolf Hitler ocupou a Presidência no ano
seguinte. As forças militares prestaram-lhe o juramento como o “líder”. O
serviço militar obrigatório começou a ser imposto em 1935. Era então
restabelecida a soberania militar no “Império”. Houve violentos conflitos
internos manifestados em sangrentas batalhas de rua entre adversários
políticos. Hitler conseguiu dinamizar a economia. A produção de armas levou o
País à frente abrindo o setor aos milhares de sem emprego. Os judeus foram
sendo excluídos da vida econômica, tendo os seus bens confiscados em 1938.
Caio:
--- E assim veio a luta! – disse
então o policial.
Dalva:
--- Torna de um país com fome,
insustentável e de desemprego, uma nação poderosa, com emprego e trabalho. –
destacou
Bartolo:
--- Mesmo assim, a custo de
muitas vidas. Judeus, ciganos e negros. – censurou.
Caio:
--- Nomes famosos perderam o
direito a cidadania alemã. Um deles foi Bertolt Brecht. Ele foi declarado como
indigno de manter a cidadania alemã. Na lista constavam mais de quarenta
intelectuais, em junho de 1935. – declarou o policial
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