quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DOIS AMORES - DEZENOVE -

- Audrey Tautou -
- 19 -
NAZISMO

Nessa mesma noite, em seu apartamento do décimo andar, após ser feita toda a arrumação dos estragos provocados pelos invasores, já um tanto exausto e esgotado pelo cansaço, o policial Caio Teixeira conversava suavemente com Dalva Tavares e o seu dileto amigo, Bartolo, algo sobre o nazismo, caso que ele sempre foi um investigador assíduo. Falava Caio de um time de futebol da década dos anos trinta formado no interior de São Paulo. A bandeira do clube trazia como símbolo a cruz suástica. O time foi organizado próximo do Monte Alegre onde foi encontrada a foto da agremiação. Até mesmo em um chiqueiro de porcos havia na sua construção os tijolos de uma parede feita com o símbolo nazista.

Caio;

--- Eram uns tijolos enormes de cerca de sessenta ou setenta centímetros de tamanho por trinta centímetros de largura. Eram bem fornidos esses tijolos. – declarou o homem.  

Bartolo:

--- E como foi encontrado? – perguntou curioso.

Caio:

--- Por acaso. No seu depoimento o homem da fazendo declarou estar procurando uns porcos na fazenda que quebraram a parede e fugiram mato afora e deu de cara com os tijolos. E em cada tijolo tinha a Suástica gravada. – declarou.

Bartolo:

--- Mas como é possível! Suástica? Isso dá uma reportagem! – confirmou o rapaz

Caio:

--- Já faz tempo. Eu creio que a imprensa até divulgou o fato. Eu a publicação em um jornal. Nesse tempo o Brasil tinha comércio com a Alemanha. – falou sem pressa.

Bartolo:

--- Mas a fazenda? Tinha dono? – perguntou com espanto.

Caio:

--- Teve um do tempo do nazismo. O homem era simpatizante do nazismo e pertencia a Ação Integralista, simpática ao nazismo. Faz muito tempo isso. Eu nem me recordo bem.

Bartolo:

--- Ora! Ora! Mas dá matéria! – falou o rapaz com imensa preocupação.  

Dalva:

--- Meu pai fala muito sobre os incidentes de Guerra. O encontro de Vargas em Natal com o presidente Roosevelt, dos Estados Unidos. Foi um passo decisivo para o Brasil. Os pracinhas brasileiros sendo convocados. A FEB. Tinha até a história da Cobra Fumando. – sorriu a moça.

Caio:

--- Teve muita história. A propósito. Teve um caso interessante. Zé Areias, naquela época um rapaz, barbeiro de primeira linha. Ele levou um urubu abatido e vendeu aos soldados das Américas passando o bicho por peru. – relatou o policial.

Dalva:

--- Verdade? Essa eu estou para ver! – sorriu a moça bastante curiosa.

Caio:

--- O nazismo tem muita história. Veja bem: a partir de 1930 o movimento nazista cresceu aproveitando-se do descontentamento popular com as crises econômica e política. O Partido Nacional Socialista era antidemocrático, antissemita e de um nacionalismo exaltado. - declarou

Bartolo:

--- Eu estudei esse tópico. – fez ver o rapaz.

Caio:

--- Pois bem. Com uma pregação pseudorrevolucionária, ele tornou-se a maior força política e 1932. Foi quando o presidente Paul von Hindenburg chamou Adolf Hitler para constituir o novo Governo. E então, assumindo o cargo do dia 30 de janeiro de 1933, ele começou a montar um sistema ditatorial. Hitler proibiu a existência de todos os partidos políticos, inclusive o Comunista. E mais: ele tocou fogo no prédio do Parlamento atribuindo o fato aos comunistas; pôs fim a liberdade de imprensa e coisa e tal. – disse ainda o policial.

Bartolo:

--- Interessante! Ele nasceu Áustria. E seu avô era triturador de trigo. Fazia isso com as próprias mãos. – sorriu.

Dalva:

--- Ele não se contentava em ser austríaco. Ele sempre dizia de não haver fronteira entre a Áustria e Alemanha. Para Hitler, havia um só país. – sorriu.

Bartolo:

--- Quer dizer que: o Brasil queria anexar o Uruguai? – indagou o rapaz.

Dalva:

--- Provavelmente! – sorriu a moça.

Caio:

--- Vocês estão falando alto! Uruguai, Paraguai. Deixa pra lá! – declarou o policial

Dalva:

--- Não! Estamos só conversando! – falou sério

Caio:

--- Bem! Vocês querem ou não ouvir o segredo da história? – indagou.

Bartolo:

--- Pode contar. Sou todo ouvido! – disse o jornalista.

Caio começou pelo principio com a marca das temidas milícias paramilitares, as Divisões de Assaltos e o aparato repressivo dado pelos comandos de proteção da SS. Esses comandos tinham o poder de sufocar brutalmente qualquer tentativa de resistência. O regime perseguia impiedosamente todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram presas  e internadas em campos de concentração  construídos da noite para o dia. O regime começou a por em prática seu programa antissemita. Os judeus foram destituídos de seus direitos individuais e civis. Eles eram proibidos de exercer a sua profissão. Quando estudantes e professores eles eram expulsos das Universidades. E ademais os judeus eram agredidos, forçados a entregar empresas ou propriedades. Milhares de pessoas abandonaram o País. Era uma perda de intelectuais e cientistas de renome. Adolf Hitler ocupou a Presidência no ano seguinte. As forças militares prestaram-lhe o juramento como o “líder”. O serviço militar obrigatório começou a ser imposto em 1935. Era então restabelecida a soberania militar no “Império”. Houve violentos conflitos internos manifestados em sangrentas batalhas de rua entre adversários políticos. Hitler conseguiu dinamizar a economia. A produção de armas levou o País à frente abrindo o setor aos milhares de sem emprego. Os judeus foram sendo excluídos da vida econômica, tendo os seus bens confiscados em 1938.

Caio:

--- E assim veio a luta! – disse então o policial.

Dalva:

--- Torna de um país com fome, insustentável e de desemprego, uma nação poderosa, com emprego e trabalho. – destacou

Bartolo:

--- Mesmo assim, a custo de muitas vidas. Judeus, ciganos e negros. – censurou.

Caio:

--- Nomes famosos perderam o direito a cidadania alemã. Um deles foi Bertolt Brecht. Ele foi declarado como indigno de manter a cidadania alemã. Na lista constavam mais de quarenta intelectuais, em junho de 1935. – declarou o policial


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