terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

DOIS AMORES - DEZESSETE -

- Liv Lisa Fries -
- 17 -
DEPOIMENTO
Na mesma noite, Caio Teixeira resolveu levar a mulher Joana Vassina em companhia dos seus amigos Dalva Tavares e Bartolo Revoreto até a sede da Secretaria de Segurança Pública, setor de depoimento estrangeiro. Joana chorava constantemente por ter falado demais até o ponto de delatar o seu chefe, Wagner Rahner o mesmo Klaus Renner. A bela dama Dalva estava sempre ao seu lado como forma de conciliar a idosa mulher. Antes de depor, Joana havia dito ter qualquer dia à posição de confessar todos os crimes cometidos pelo senhor Herr Rahner a alguma Policia onde ela pudesse ficar, embora presa em custódia.
Joana:
 --- Minha mãe e eu morávamos no campo e vivíamos em um bunker por ordem o General Herr Rahner. Eu nasci no campo distante da cidade. Onde minha mãe morava não se via viva alma. Quando eu estava com seis anos nos puseram em outro local fora da Alemanha. Na Bélgica. Ele construiu um calabouço em sua casa. Herr Rahner nos deixou presa por vários anos sem ver ao menos a luz do sol. O homem estuprava a minha mãe e depois de algum tempo, quando estava com 15 anos, ele me estuprou – falou chorando a mulher.
Dalva:
--- E ninguém suspeitava desse crime? – indagou horrorizada.
Joana:
--- Não. Não. Ele mantinha uma casa que era o seu escritório. Em baixo, mais dois andares abaixo do térreo, ele construiu esse calabouço. Apenas ele tinha acesso ao local. E não nos deixava sair para canto algum. Ele era muito cuidadoso. Ele foi de um filho comigo e teve mais três com minha mãe. Um dia minha mãe veio a óbito. Câncer. O meu filho ele levou dizendo que estava em um hospital. Os de minha mãe, também. Eu presumo que ele os matou longe de onde nós estávamos. – falou e calou a mulher.
Dalva:
--- Mas, na Bélgica! Onde vocês ficaram? – indagou preocupada.
Joana:
--- Longe de qualquer cidade. Antuérpia. Eu ouvia sempre um avião passando por cima do nosso esconderijo. Foi nesse local que a minha morreu. – disse isso vertendo lágrimas.
Dalva:
--- E depois desse país onde voce esteve? – perguntou horrorizada.
Joana:
--- Em muitos locais. Até que viemos para a América do Sul. Argentina, Paraguai e Bolívia. E depois o Brasil. Eu estou aqui nesse Estado há vários anos. Eu vivo em uma casa onde só se avista uma lagoa. Ninguém passa naquele local. É um ponto ermo. Distante de tudo. Eu vivo com mais uma porção de alemães. O Herr tem um aeroporto nesse local. Ele faz contrabando de cocaína. Mas não pega nesse pó. Apenas contrabandeia. Ele paga a quem inventa o serviço. E recebe o pagamento através de um Banco alemão. – relatou a mulher a chorar insistente.   
Dalva:
--- E a tua mae como era seu nome? – indagou por vez a acompanhante.
Joana:
--- Natascha era o seu nome. – relatou em pranto a mulher
Dalva:
--- E o homem que ele pôs termo no seu apartamento?
Joana:
--- Era um dos tais. Companheiro de campanha. Houve uma discussão e ele deu-lhe um tiro. Eu não sei por que não vi. Foi ai que me chamaram para fazer o serviço. Limpar o sangue. O morto já os homens tinham levado com eles para a desova em algum lugar da estrada. - respondeu
Após conversar pouco tempo com a sua cicerone Dalva Tavares, a mulher Joana Vassina foi chamada formalmente ao interior do Gabinete do Secretario de Segurança onde já estavam os representantes da Polícia Federal entre outros Delegados de Polícia. Naquela ocasião o encontro foi rápido diante do avançar das horas. O Diretor da Polícia Federal apenas revelou ser a hora bastante tardia e deixaria para o dia seguinte o interrogatório formal da mulher, Joana então solicitou as autoridades a deixar em custódia em algum lugar seguro, pois a mulher temia por sua vida em outro espaço. O Diretor da Polícia Federal concordou com a sua intenção, pois não tinha decretado a prisão da mulher.
No dia seguinte, ainda bem cedo da manhã, Caio Teixeira e o seu amigo Bartolo Revoreto resolveram traçar um plano para localizar o aeródromo onde o alemão Wagner Rahner mantinha sempre escondido à aparelhagem de saída do País para o exterior do refino da cocaína. Seria provável saber se de fato o germânico estaria ainda no país ou se deslocara para outra região do continente. Não faria muito tempo para o germânico escapar. Mas ocorria ser ele um homem influente do Poder da Alemanha e ter a possibilidade de sair do Brasil para outra parte qualquer, inclusive a América Central ou o Caribe. Por conta do caso seria recomendável verificar os planos de voos para qual tipo de aeronave e o seu destino imediato. Com base nesse fato, o policial procurou saber da Aeronáutica quais os planos de vos recentes e se houve algum alerta para certos vos em baixa altitude e de onde esse aparelho partiu. O Plano de Voo é o documento específico que contém informações relacionadas com um voo planejado de uma aeronave ou com parte do mesmo que são fornecidas aos órgãos que prestam serviços de tráfego aéreo. Com base nesse documento o policial partiu para investigar de onde pode partir uma aeronave em território nacional.
Apesar de minuciosa busca, não havia sinal de novo plano de voo da Base Aérea nas últimas horas a não ser dos voos regulares. A anotação foi feia a proibir qualquer voo sair nas próximas horas, até porque o aviso também foi dado pela Polícia Federal com base no averiguar o destino de tais aviões de passageiros ou não. O bloqueio foi formado em todo o território potiguar e anunciado para os aeroportos de Estados próximos e distantes. Uma busca total foi ativada em todo o Estado e nos Estados próximos tentando levantar quem tinha aviões ou pequenos aviões e seus aeroportos. Com base no depoimento de Joana Vassina, aparelhos militares iniciaram o vasculhar de tais aeroportos clandestinos de modo especial em plena terra. A Polícia Rodoviária Federal igualmente iniciou um bloqueio de veículos automotores e a Marinha entrou de sobreaviso constante. Em tudo e por tudo era um caos constante. 
Contudo, apesar da informação da Base Aérea de Natal, notou o senhor Bartolo Revoreto uma desinformação dada pelo setor aéreo de Natal. Em certo ponto, o setor deu a informar apenas os voos regulares. E desses voos, constavam o da missão especial do General Idalgo Paulo de Mosqueta, comandante Da 7º Região Militar do Exército em visita regular ao Comando em Natal. Nesse caso Bartolo Revoreto teve duvidas de informação. O coronel havia morrido há vários anos e não tinha jeito de ressuscitar. Foi então que Bartolo desconfiou.
Bartolo:
--- Espere! Quem é o General Mosqueta? – perguntou em duvida a Caio.
Caio:
--- O Comandante do 7º Região Militar Exército. – respondeu o homem.
Bartolo:
--- Acontece que esse Comandante morreu há vários anos. Sendo assim, ele não pode estar vivo. E se foi embarcar em um avião deve ter sido outro oficial. – relatou sem medo de errar.
Caio:
--- Como? – indagou assustado e voltando para o comando do setor da Base Aérea.
E a celeuma se deu por completo no interior da Base Aérea a chamar todos os comandos a se consultar dessa informação. Tendo sido feito o alarme geral então os aparelhos voltaram a inspecionar os novos planos de voo. Os oficiais trocaram ideias e levantaram a hipótese de um avião estar em situação irregular a sair de Natal com destino a Fortaleza, no Ceará.  Tal aeronave transportava alguém de identidade duvidosa. O  Comando aéreo determinou seguir esse voo e orientar seu retorno imediato à Base de Natal. Porém, o aparelho navegava com seu transponder desligado não havendo possibilidade do radar identificar, mesmo sendo o de Brasília. A sua visão na tela do radar ficou intermitente, desaparecendo por completo. O Centro do Recife chamou “às cegas” o aparelho sem qualquer êxito.
Caio:
--- A tripulação não responde ao chamado. Isso pode ocorrer em risco aéreo! – comentou o policial.   
 

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