- Ísis Valverde -
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- VISTORIA -
Então a mulher começou a espanar
o móvel tendo o cuidado de fazer as suas fotos como ficou acertado com Caio
Teixeira ao mandar para esse turno. O homem alemão ficou atento ao serviço e a
mulher Maria ainda perguntou ao ver uma foto muito antiga se era do seu senhor
nazista.
Maria:
--- É o senhor? – indagou
surpresa.
Klaus
--- Não. É um velho amigo! –
respondeu sem mais assunto.
Maria:
--- Mas é vistoso. Ele é de onde?
– perguntou.
Klaus:
--- Ele morreu há algum tempo.
Era também da minha terra! – respondeu sem querer.
Maria:
--- Ah! Deve ser longe essa
terra. O senhor foi padre? – perguntou demostrando curiosidade.
Klaus:
--- Não! – uma negativa seca.
Maria:
--- Mas aqui tem dois padres! –
relatou curiosa.
Klaus:
--- Tem muitos. Nós somos
cristãos! Tem também o Papa! Ao contrário do que alguém disser, nós éramos e somos
cristãos como toda gente nesse mundo! – explicou enervado.
Maria:
--- Ah. Mas têm evangélicos? –
indagou preocupada.
Klaus:
--- Evangélicos, Católicos, muçulmanos,
budistas. Todos nós somos um só povo! – falou altivo.
Maria.
--- Ah. É verdade. Eu não tenho
religião. Mas admiro quem tem. – relatou.
Klaus:
--- Mas é bom ter. A mulher deve
ter religião. – disse o homem.
Maria:
--- É. Pode ser. Mas hoje em dia
religião só quer roubar nosso dinheiro. – relatou em tese com amargura.
Nesse momento a mulher manteve o
olhar para um objeto diferente dos demais. De imediato, ela fez a ligação
mental com o aparelho de escuta. E neste ponto Maria resolveu abafar um pouco
mais o atenuador de seu equipamento a trazer nas vestes de baixo. Após ter
feito, ela se lembrou de dizer para o alemão ter visto uma barata a correr pela
estante. Então, Klaus, de súbito se aproximou do local e indagou onde estava a
barata. A mulher apontou para o local a dizer:
Maria:
--- Estava ali bem atrás desses
retratos! – advertiu com olhos abertos.
O alemão Klaus Renner se
inquietou por saber não ter exposto nenhum equipamento de escuta de modo a não
se notar sem ser procurado com mais afinco. E resolveu relatar ser à barata um
inseto nocivo, pois cuidaria pessoalmente com certos cuidados de modo a
resolver a todo custo o paradeiro do verme.
Klaus:
--- Deixe-me ver. Eu cuido do
verme. Aqui eu tenho um spray capaz de eliminar qualquer aranha, barata outro
bicho da raça.
Maria:
--- Mas o senhor não quer ajuda?
– indagou preocupada.
Klaus:
--- Não. Não. Pode deixar. Cuido
eu. – falou o alemão armado de imediato com um spray.
Maria:
--- Eu tenho nojo desses insetos.
Quando tem um é caso ter outro! Nossa! – relatou a mulher se afastando da
estante enquanto o alemão borrifava tai circunstancial inseto, por dúvida.
Klaus:
--- Pode deixar. Pode deixar. Não
se preocupe. Eu espero o livro do seu marido. Pode deixar. – falava o alemão a
borrifar a estante em momento a olhar a mulher aparentemente nervosa.
Dona Maria se afastou a observar
para dentro da cozinha fazendo registo fotográfico de outros “insetos” um tanto
visíveis na parte superior do edifício. Como previra o seu chefe, Caio
Teixeira, o alemão tinha escuta em várias partes do seu apartamento. O complexo
de escuta secreta clandestina de outros inquilinos do prédio era um hábito
provado pelo alemão já orientado pela segurança do próprio aparelho capaz de
saber de todo o ocorrido em volta dos seus parceiros destacados pelo resto do
mundo. O esquema extra-governo do país e mantido sob rigoroso sigilo tinha a
denominação singular “Corvo”. Pouco se sabia desse esquema de escuta em outros
departamentos da segurança militar da Alemanha. Apenas os peritos qualificados,
mesmo no após guerra tinham esse sistema de segurança. Essa era a ação
resguarda da inteligência secreta alemã no exterior. Informações coletadas pela
aparelhagem eletrônica diziam localização do usuário, sua idade e gênero bem
como outras informações pessoais. Esse processo não podia ser vazado de forma
alguma. O sistema alemão podia vasculhar aplicativos que continham detalhes
como alinhamento político de um usuário ou sua orientação sexual. O Governo
trabalhava em forma de buscar e armazenar dados a partir de dezenas de
aplicativos. Com isso o sistema previa rastrear a localização e informação de
planejamento de alvos ou listas de contatos, registro de telefone e até dados
geográficos em fotos postadas por aparelhos celulares. Após esse “vasculhar”
tais informações Maria das Dores, nome de fachada, deixou o apartamento de
alemão prometendo voltar no dia seguinte.
Horas da tarde Maria ligou para o
seu mentor, Caio Teixeira, solicitando conversa urgente em local reservado, de
fora da Cidade, se possível. A conversa foi mantida em código, por ser Maria
conhecedora de vários assuntos os quais não podiam ser revelados. O homem
concordou e salientou estar de saída naquele instante. Na sequencia, longe da
capital, ambos confabularam em um local ermo.
Maria:
--- O homem é tudo e alguma coisa
a mais. É possível que ele já tenha saído do seu refúgio de “olheiro”. Eu
levantei os dados e pude saber ter ele 88 anos de idade. Seu nome real é outro.
Porém conserva a mesma peculiaridade. – informou a mulher em um local deserto.
Caio:
--- É provável. É provável. Sabe
o nome verdadeiro? – indagou com olhos bem abertos.
Maria:
--- Sim! Esse é o nome: Wagner
Rahner. É natural de Essen. Católico. Jogou futebol quando jovem. Entrou para o
Serviço Secreto logo no inicio. Viajou por todo o mundo, menos na Rússia. Sabe
falar nada menos que dez idiomas, inclusive inglês, francês, espanhol e
português. E um retrato que ele guarda em sua estante é o próprio. Sim: adora
ópera. Bizet, etc. etc. – relatou com ênfase.
Caio:
--- Onde você obteve esses dados?
– indagou surpreso.
Maria:
--- No mapa dos alemães fugidios.
– gargalhou então
Caio passou a vista na sua
informante e nada falou.
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