- Audrey Hepburn -
- 31 -
VISITANTES DO CÉU
A cada passo que davam eles olhavam atentos velhos Sóis, alguns ainda com luz e outros em eterno ostracismo de tanto tempo sem claridade. Planetas esquecidos, já sem vida, quase mortos, parados no seu tempo era a vida adormecida. Cometa que de brilhar então não tinha mais a sedução que então tivera em seu tempo. Estrelas esquecidas pelo terminal estação, algumas em desmanches para se guardar em depósitos onde não mais podiam sair do local. Constelações jogadas ao léu, mais parecendo depósitos de quinquilharias postos a qualquer sorte. A Serpente do Mar já havia morrido. E suas estrelas também se recolheram ao eterno Buraco Negro, pois na verdade era azul. O Centauro estava a adormecer o sono letal dos cometas. A Nuvem de Magalhães, a mais brilhante entre todas, já havia perdido o seu apogeu. As nebulosas e seu grande aglomerado de nuvens repousavam o eterno sono do plasma. Os Pilares da Criação morrera para sempre. O Cinturão de Asteroides já pertencia ao passado remoto. E os duendes da Terra pesquisavam um por um os eternos milenares senhores universais. Era o tempo do ocaso.
Joel:
--- Como estão mortas essas velharias. – deduziu o garoto a olhar o Tempo.
Isabel:
--- Esse monte de coisas mortas é só um pequeno penhor de nossa era. – relatou sombria a sua companheira Isabel.
Joel:
--- Não diria nunca que esse fosse o Buraco Negro. Por acaso ele é azul. – respondeu Joel a observar os monstros sagados do passado.
Isabel:
-- Ainda tem mais o que se pode observar. Vamos nós sair pela parte de trás de Buraco. – salientou Isabel.
E os dois perambulavam olhando um caso e outro num silencio sepulcral onde todos os corpos vivos já pareciam amortecidos. E, por final, os dois saíram pelo espaço de trás e se remeteram para o presente onde Joel estava a dormir na tranquilidade da madrugada. Por fim, Isabel depositou um beijo na face do garoto e, por fim, sumiu.
Ao acordar, no domingo, o garoto sentiu um pressentimento de ter viajado para algum lugar do Universo e ficou simplesmente a pensar. A sua mãe, Isaura Calassa passou de repente e bateu na porta do quarto para advertir ao garoto:
Isaura:
--- Missa! Está na hora! Acorda! – falou Isaura para o menino preso ainda nos lençóis.
Ele ouviu um chiado de chinelas e logo pensou:
Joel:
--- Meu pai! – divagou Joel em seu pensar.
O homem falou algo com a mulher e não para Joel ouvir. El ainda entre lençóis a indagar se na verdade foi um sonho o que tivera. Ou não. A sua mãe passou depressa pelo quarto e abriu a porta para chamar por mais uma vez o garoto.
Isaura:
--- Acorda menino! Tá na hora da Missa! O padre não espera ninguém! Ora! – reclamou a mulher deixando a porta do quarto totalmente aberta.
Joel:
--- Já estou indo. Apenas descansar um pouco. Acordei agora. – respondeu o garoto.
A mulher vinha de volta da sala de visita e logo chamou outra vez:
Isaura:
--- Acorda vadio! Não tem nada disso! Levanta e vai tomar banho! Lava a boca para depois tomar café! Ora! – falou a mulher com altivez.
Na volta da Igreja, Joel olhou a casinha de taipa onde o homem morava. Com certeza ele não estava em casa. Três garotos brincavam na frente da casa. A sua mãe veio de trás para frente ver o povo passar saindo da Igreja. No interior do quintal extenso havia um plantio de arvores algumas com saborosas mangas Rosa. De tao doce, chegava a dar água na boca, pensou o garoto ao ver as mangueiras. Um rapaz estava a tirar as mangas maduras enquanto outro rapaz tirava as mangas de cima onde o outro não podia alcançar. Folhas no chão faziam um verdadeiro tapete. Em um trecho do cercado, havia um buraco onde se depositava galhos de fruteiras e mesmo as folhas amortecidas pelo tempo. Joel Calassa notou esse buraco porque alí estavam a se queimar os galhos, as folhas mortas e talvez algumas mangas estragadas pela ação do morcego.
Elizabete:
--- Que estas a olhar? – perguntou a mocinha ao garoto.
Joel:
--- Os homens colhendo frutas. – respondeu o garoto sem se preocupar com o vexame de Elizabete.
Elizabete:
--- Lá em casa tem mangueiras também. – respondeu a mocinha sem ser perguntada.
Joel:
--- Em quase toda casa tem. Mas ali é manga Rosa. Saborosa como que. – respondeu o garoto sem tirar os olhos dos dois rapazes
Elizabete:
--- Besteira! Lá em casa tem manga Bacuri! – respondeu a mocinha sem dar tréguas ao garoto.
Joel:
--- Já vai brigar, já? Sinhá burra! Bacuri tem um tumor na cabeça! – fez ver Joel com brutal insolência.
Elizabete:
--- BURRA É A SUA MÃE! Seu Macarrão azeitado! – disse a mocinha com despeito.
Isso fez com que o garoto corresse na frente e deixasse a mocinha para trás. E a mãe de Joel a chamar pelo filho.
Isaura:
--- Pissit! Volte já pra cá! – gritou a mulher venda também da missa.
Elizabete:
--- Deixa ele. Aquele Macarrão me chamou de burra também. – disse a garota perfeitamente despeitada.
Dona Eliza:
--- Menina! Que conversa é essa? Ouviu o que o Padre disse? – reclamou a mãe de Elizabete admoestando a filha rebelde.
A menina deu de ombros e correu atrás de alcançar Joel para lhe dizer que estavam empates e não queria reprovar o garoto. A sua mãe tinha lhe passado um carão. Foi o que Elizabete afirmou. O garroto deu de ombros como que dizia:
Joel:
--- Eu? Que me importo? – teria pensado Joel Calassa.
A residência de Isabel era próxima do local onde Joel e Elizabete devia passar na volta as suas residências. A garota tremeu de medo e disse que por ali não passaria pois era a casa da moça que se matou enforcada.
Elizabete:
--- Ela se matou dentro da casa! – conversou com bastante medo a mocinha.
Joel:
--- Ela está viva! Ora! – respondeu Joel ao falar de Isabel.
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