- Gene Tierney -
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CEMITÉRIOS
De volta ao Grupo Escolar Joel Calassa percorreu outro itinerário contrário ao de sempre, pois assim não estaria a ver a sua namorada Elizabete e nem prestaria contas do dia passado quando teve que ir mais Isabel, sua amiga de espírito, a lugares bem distantes, como fizera a conhecer a Suméria. O rodeio foi bastante longínquo e Joel entrou na escola quando a sineta batia e a multidão de estudantes queria entrar de uma só vez no interior do terreno do Grupo. Elizabete estava entre aquela multidão. Mesmo assim, não deu para Joel ter de explicar o que sucedeu no dia anterior apesar das perguntas frequentes a mocinha. Com toda a pressa, Joel correu para a fila de entrada da sala e logo atrás estava a renitente Elizabete com as suas iguais perguntas.
Elizabete:
--- Onde você estava ontem? – perguntava Elizabete com uma voz chorosa.
Joel:
--- Fui ali. – respondeu o garoto não querendo entrar em detalhes.
Elizabete:
--- Ali aonde. Diga! – falou a mocinha com voz lamentosa
Joel:
--- Ali. Não posso não? Ali! – disse reclamando Joel.
A turma começou a entrar na sala de estudos, cada um atrás do outro, com os passos curtos e Joel procurou se sentar logo em sua velha carteira. Logo atrás veio também Elizabete. Com a mesma conversa de querer sabe onde Joel andava metido ela perguntou mais uma vez:
Elizabete:
--- Me diga! Eu quero saber! Ora droga! – falou exaltada a pequena moça.
Joel se exaltou por seu lado e para calar a boca de vez de Elizabete disse logo de uma vez:
Joel:
--- Fui ali! Não entendes! Ali sinhá burra! – reclamou exaltado o moço.
Foi tombo e queda. Nesse momento Elizabete pegou de sua bolsa e meteu na cabeça de Joel por uma, duas e três vezes. Nesse momento entrava na sala a professora Sonia Andrade e flagrou a jovem mocinha a pinicar a cabeça de Joel com a sua bolsa. Quase que revoltada a mestra correu em defesa do aluno a perguntar:
Sonia:
--- O que é isso?! Já estão brigando?! Pára já com essa teima! Ora! – falou Sonia com os olhos bem abertos.
Elizabete caiu num choro e colou a cabeça em cima dos seus braços cruzados para ninguém notar ter ela sido apanhada em flagrante por conta de uma briga constante.
Elizabete falou chorando a apontar Joel.
Elizabete:
--- Foi ele que me chamou de burra. Esse macarrão de uma figa. – dizia e chorava a mocinha.
Joel:
--- Foi ela professora. Porque queria saber para onde eu fui à manhã de ontem! – se defendeu Joel ainda zonzo com as pancadas levadas em sua cabeça.
Sonia:
--- Vamos parar com isso! Ora essa! Todos sentados em suas carteiras! – falou brava a professora daí por diante.
E Sonia Andrade voltou para o seu birô e pegou a caderneta de chamada e logo em seguida parrou a dizer ser melhor chamar quando todos fossem embora. A mestra olhou para um lado e outro como estivesse a contar os alunos e logo declaro:
Sônia:
--- Crianças! O que vocês querem saber hoje? – indagou a professora a toda a classe.
A classe inteira emudeceu e cada um olhava para o outro. Havia quem batesse com o lápis da carteira como se fizesse um sinal de um samba. Enfim, todos calaram até mesmo Pecado e Mulherzinha. Esse era o homossexual da classe. E, finalmente Joel pediu a palavra:
Joel:
--- Licença professora? – E se levantou o garoto da sua carteira.
A professora se virou e disse:
Sonia:
--- Pois não! – falou a professora quase em seguida.
Joel:
--- Eu estive lendo uma matéria sobre mausoléus e, de modo especial, sobre catacumbas de Edimburgo. O que a senhora diz desse fato? – indagou Joel de olhos abertos.
Sonia:
--- Você diz falar sobre Edimburgo ou sobre as necrópoles? - perguntou a mestra.
Joel:
--- Pode ser. Um. Ou os dois. – falou o garoto a se sentar na sua carteira.
A professora sorriu e voltou a indagar a classe afirmando ser um tema por demais importante. Mas os alunos nada disseram. Apenas uma mocinha no fim da sala estranhou:
Moça:
--- Chega me dá arrepios! – disse a donzela encolhendo os braços.
Sonia;
--- Bem. Vamos começar. E não tem nada de arrepios. É um fato comum. Cemitérios! Quando se começa a construir uma aldeia, logo se tem em mente também se fazer sua Igreja e notadamente o seu cemitério. É bem comum esse fato. Igreja e cemitério. Antigamente os corpos eram sepultados ao lado e dentro das Igrejas. Isso até vale um tema. Com a continuação e o aumento da população se desfez de tal ideia. Se bem porque nas cidades tinham as religiões diversas. Então os copos não cabiam em um só local. Na maioria dos casos os cemitérios são lugares de prática religiosa. As civilizações mais antigas tinham já as suas necrópoles. O Egito, no tempo dos Faraós, aquele que serviam o Faraó procurava se enterrar junto com o seu rei. Na verdade, apenas o Faraó era o defunto. Os demais eram seres vivos e acreditavam na ressurreição do seu divino mestre. Por isso, todos realizavam um enterro simbólico. Como havia um longo espaço na pirâmide, os vivos demoravam a morrer. Mesmo assim, acabam eles por morrer também. A palavra “cemitério” vem do latim e do grego. Quer dizer “pôr jazer”. Hoje em dia os cemitérios são locais para se cumprir de acordo com a sua religião: católica, protestante, islâmica, judaica e até mesmo maçônica. Esses são cemitérios da fraternidade para apenas quem for Maçon. Tem cemitérios famosos, como o de Paris, na França onde foram sepultadas figuras ilustres. E tem os modernos além dos cemitérios pagãos onde são depositadas as cinzas dos mortos. E o caso de Edimburgo, citado pelo nobre aluno é um cemitério que foi feito sobre tumbas. Em anos passados, ele foi depósito de gente pobre. O Governo da Escócia não tolerava vagabundos, desempregados, bêbados a andar pelas ruas da metrópole. E em tais circunstancias os pobres e desempregados, os velhos por assim dizer, era relegados às catacumbas. E por lá vivia o restante de sua vida. Há muita lenda a respeito de Edimburgo como o aparecimento de pessoas ou espíritos de mortos a andar por entre as ruas de Edimburgo em tempo de lua cheia. Entendidos, crianças? – sorriu leve a mestra.
Joel:
--- Está certo, professora. Mas, os mortos reaparecem? Têm vida eles? – indagou o garoto à sua mestra.
Sonia:
--- Há quem diga que tem sim. Eu não duvido. Porém não confirmo. Há muitas lendas como as dos passos perdidos; do homem que visitava a sua esposa depois do mesmo ter morrido; da noiva que morava em um cemitério. Lendas, e nada mais. – relatou a professora.
A sineta tocou para o recreio de meio de aula.
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