quinta-feira, 1 de março de 2012

ACASO - 44 -

- Liv Tyler -
- 44 -
IMPERADOR
Em certa manhã do dia seguinte caminhavam de braços dados como dois namorados a caminhar sem pressa Joel e Elizabete. Manhã de sol claro, firme e forte e os dois amantes apenas olhavam ao derredor como se tudo ou nada observassem. Os colegas de escolas estavam a discutir a respeito de figurinhas de artistas de cinema e enquanto isso, um grupo de cinco garotos e garotas vinha da bodega de seu Ferrer com mais figurinha. Cada um que admirasse a do outros a aludir não ter tantas como as figurinhas encontradas. Ao largo estava o rapaz “magrão” como assim chamava Joel, a olhar a fuzarca formada pelos estudantes antes de começar a aula. Magrão estava postado em meia porta da casa onde morava. Casa de taipa até. Mesmo a desconhecer o que os garotos estavam a olhar, o rapaz de braços cruzados por sobre meia porta olhava calado a traquinagem dos estudantes. Joel, ao passar em frente a casa de Magrão estirou a língua e fez com as mãos presas a sua cabeça um abano como se fosse um jerico. Magrão agarrou uma pedra de prender papel e fez menção em jogar contra o menino. Esse correu e a mocinha Elizabete correu atrás a sorrir do mau feito de Joel. A professora Sonia Andrade estava em pé na calçada alta do Grupo e pode observar toda a cena do garoto e, então, sorriu, tapando a boca com as mãos.  Teve a professora a oportunidade de conversar com a diretora Maria da Penha a situação armada por Joel e em seguida disse:
Sonia:
--- Aqueles peraltas! Dá vontade de agarrá-los e tomá-los no colo com as minhas mimosas crianças! – relatou Sonia a sorrir.
Diretora:
--- Sei não! Quem te compra é quem te cuida! Malvadeza! – refez a diretora ao sair para o interior da Escola.
A sineta tocou e o grupo de estudantes ficou todo alvoroçado para quem chegasse primeiro a fila da sala de aula. Era um corre-corre infernal dos alunos. Cada qual querendo ser o primeiro e seu Josino a badalar a sineta. Com um pouco espaço de tempo o homem a mancar por uma perna caminhou até a entrada dos alunos das suas salas de aula. Era um alarde que ninguém tomava conta tudo por causa das figurinhas de artistas de cinema. Josino colocou para dentro da sala os alunos barulhentos e dali saiu para a outra sala a fazer a mesma coisa. As mulheres do café (as merendeiras) estavam a fazer os seus serviços do dia para logo mais servir a turma bagunceira. Joel estava sentado em sua carteira e começou a tagarelar uma modinha. Em certo trecho da modinha ele tecia comentário com relação a burras.  Elizabete sentada ao lado não gostou nenhum pouco da modinha de tacou na cabeça o garoto a sua bolsa cheia de cadernos, livros, lápis, borracha e o mundo todo. E fez assim uma, duas, três vezes ao tempo em que a professora Sonia entrada na sala. E teve a mestra somente o tempo de olhar a malcriação da garota e o mocinho a se defender da zanga de Elizabete pondo a mão na sua cabeça. Então, a professora gritou muito brava:
Sonia:
--- Hei !!! Pára com isso! Ora já se viu! – chamou à atenção a mocinha tao nervosa ficou.
Joel:
--- Foi ela professora! – relatou com pressa o garoto.
Elizabete:
--- Foi ele professora! Me chamou de burra! – gritou em sua defesa a mocinha.
Joel:
--- Eu não chamei você de burra sinhá burra! – gritou atarefado Joel.
Elizabete:
--- Tá vendo? Tá vendo como ele me chamou?! - - disse de volta a mocinha.
Sonia:
--- Pára com isso. Eu vou separar os dois. Joel! Vai para a carteira de Pecado. E Pecado vem para a sua carteira! Ora que atrevimento! – relatou a professora de maus modos.
Pecado:
--- Logo a mim professora? – reclamou Pecado sem notar o havido.
A turma toda caiu na gargalhada e todos disseram:
Todos:
--- É Pecado, professora! – gritavam todos de uma só vez.
A professora ficou mais zanha ainda e declarou:
Sonia:
--- Não interessa! O nome dele é “Pecado”! Ou melhor: Picado! Vocês me deixam louca!  Vai já para a outra carteira seu Joel! – declarou com bastante raiva a mestra.
E passados alguns minutos tudo voltou ao normal. Pecado tomou o seu novo assento e Joel foi para onde se sentava Pecado. De olho aberto em direção a Joel estava Elizabete, mas nada fez em revide. A professora Sonia arrumou a situação da sala e passou a dizer o assunto do dia.
Sonia:
--- Hoje temos História. E quem vai ser revisto será Napoleão Bonaparte. Quem sabe quem foi Napoleão? Hum? – indagou a professora passeando de um lado para outro do estrado com as mãos encruzadas para trás.   
A classe toda calou. Mas dentro de pouco tempo Pecado falou:
Pecado:
--- Um italiano. Ele nasceu na Córsega no ano de 1769. – respondeu Pecado sem pretensões de acertar.
Sonia:
--- Muito bem. Um italiano. Mas ele foi imperador da Itália, Joel? – indagou a professora.
Joel:
--- Não, senhora. Com dez anos de idade ele migrou para a França para estudar em uma escola militar. – respondeu o mocinho Joel.
Sonia:
--- Muito bem. Estudou na França. E depois Picado? - - indagou a professora.
Picado coçou a cabeça como quem sabia ou não e de momento olhou para Joel e esse nada fez de certo. Picado olhou para Elizabete e essa nada fez de concreto. Mesmo assim, ele não deixou para depois e respondeu como sabia.
Picado:
--- Bem. Se não me falha a memoria houve o tempo da Revolução Francesa, em 1789, creio eu. E foi quando Bonaparte alcançou o seu objetivo maior se tornando General aos 27 anos de idade, se me parece bem. – relatou Pecado quase sem meios de falar.
E a professora sorriu e disse:
Sonia:
--- Muito bem senhor. Acertou em tudo. Agora faltou me dizer quando ele foi imperador! – sorriu a mestra ao indagar ao moço Pecado.
Pecado resolveu deixar a palavra com o seu colega Joel.
Joel:
--- Eu digo professora. Ele se tornou Imperador da França em 1804. E seu império durou até 1812 após fracassar em sua tentativa de tomar o poder da Rússia. Ele buscou exilio na Ilha de Elba. – declarou Joel plenamente entusiasmado.
E a mestra acolheu tudo o que acabara de ouvir e deu os parabéns aos dois estudantes.
Sonia:
--- Fantástico minhas crianças. Vocês mostraram saber toda a história da Revolução Francesa. E com isso eu libero a todos para o recreio. – confessou a professora com o relato dos infantes.
Os garotos sacudiram os seus cadernos para o alto e os dois estudantes, Pecado e Joel, terminaram por se abraçar em plena sala de aula. E demais alunos foram saindo para pegar a merenda de meio de aula.

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