- UMA BELA MULHER -
- 02 -
A AÇÃO
Bancas do centro do bar por certo
eram poucas para a façanha dos pistoleiros do comandante Satanás. A ordem dava foi para se vascular
por fora a quem estava a atirar. Essa ordem foi cumprida pelos dois
pistoleiros, Renovato Chulé e seu comparsa Antero Foguetão. Satanás fez sinal
apenas com sua arma de fogo um Colt 45. O homem fez um arrodeio com a arma por
cima da sua cabeça e os bandidos entenderam muito bem. A ação de procura se deu
por conta dos bandoleiros Renovato Chulé e Antero Foguetão. Estes não usava
arma de fogo. E por isso mesmo o líder da tropa lhe passou um segundo Colt 45.
O bandoleiro fez ver a arma e saiu às escondidas pela porta de trás onde havia
o depósito de cereais e bebidas em companhia do seu comparsa, o bandoleiro
Renovato Chulé. De dentro do salão do bar o primeiro quadrilheiro Otelo Satanás
acertou em cheio o outro salteador do rifle. Ouviu-se um berro e o bandido se
soergueu do porto onde estava e caiu na frente do armazém onde se escondera.
Foi um baque surdo e abafado do facínora. Outro celerado veio em sua proteção a
deflagrar rápidos tiros contra o bando de Satanás. Esse se esquivou fechando à última
porta do bar para maior segurança. Mesmo assim o tiroteio continuava de um lado
e do outro sem meios de cessar. Pelo visto, eram seis ou mais pistoleiros a
sacar as suas armas sem medo de errar. Quatro foram mortos. Mesmo assim ainda
restava alguém para matar ou morrer.
Satanás ouviu um grito de dor, mas não ouve tiro algum. Esse contou:
Satanás:
--- Cinco! – disse o bandoleiro.
O seu lugar tenente, Júlio
Vento, recarregava a sua arma e nem fez ouvido para Satanás. Apenas procurou o
celerado de cima do telhado da casa em frente e fez mira. E acerto no homem.
Esse caiu bem perto do outro bandido. Um tropel se ouviu. Um cavalo em disparada.
O relinchar dos outros animais se fez presente.
Alguém de cima do telhado mirou sem sucesso acertar no bandido a fugir. Era
o bandoleiro Renovato Chulé. Algum tempo se passou para Satanás dizer:
Satanás:
--- Tudo acabou. – relatou
Otelo Satanás.
Os quatro homens se juntara a
caminharam atentos para fora da Vila da Lagoa julgando está todos protegidos. E
nesse momento, de trás de um pé de pau alguém fez fogo contra o grupo de homens
bem armados. A bala passou zunindo a cabeça de Júlio Vento. Em revide Antero
Foguetão usou da arma emprestava do comandante Satanás. Ninguém sabia dizer se
foi um tiro certeiro ou não. O certo foi um galho de pau a cair e acertar em
cheio a cabeça do celerado. Ao sentir a pancada do galho da sua cabeça o homem
se disse:
Celerado:
--- Ui. – e desmaiou sem mais
nem menos.
Os bandoleiros correram até o
local da chacina e viram de perto o homem caído sob um monte de galhos. Júlio
Vento procurou acertar em cheio na cara do marginal, porém foi suspenso pelo
seu comandante Satanás.
Satanás:
--- Deixa ele vivo. O coronel
é quem dita à ordem. – falou grosso Satanás.
O lugar tenente do bando
suspendeu o bandido e fez montar em seu cavalo amarrado por trás de onde o
homem estava e marchou sem pressa para a fazenda “Guandu”, sede de onde
imperava o coronel Marcolino Godinho. Eram 09,00 horas da noite e chegava a
parecer um dia, pois a lua do céu era a iluminar como um farol noturno. Lua
Nova. Poucas nuvens. Estrelas a brilhar ofuscadas pelo esplendor da noite
clara. Raposas em plena luz noturna a atravessar correndo o caminho dos
viandantes notívagos e serenos. Em outra
vez a coruja piava como um agouro por ter a luz da lua. Um chafurdar intenso na
mata: era a onça pintada com um guaxinim. Os quatro homens e seu prisioneiro
não ligaram para tal feito. O caminhar era longo para se assumir a extensa
distancia. Júlio Vento batia com a mão em seu pescoço: era para espantar os
mosquitos noturnos. Uma cusparada de fumo. Renovato Chulé expeliu forte para um
lado. E nada se havia de dizer quanto faltava para chegar à Fazenda Guandu,
terra de muitos andantes ao redor dos anos. Antero Foguetão olhava para a lua
como se nunca a tivesse visto no céu límpido e vazio. Mesmo assim, ele só
olhava a lua e nada mais. O prisioneiro da matança de Vila da Lagoa
conservava-se calado temendo a sua sorte. Dentro de si um só pensamento: a
fuga. Era tempo de se esperar. Satanás era homem valente. Para o prisioneiro
não valia a pena tentar fugir naquele instante. Ele estava no meio dos quatros
viajantes. Qualquer um matava a sangue frio. Desde ter sido feito prisioneiro,
o jagunço estranhava nenhum dos quatro ter inquirido seu nome. Ele era como uma
peça morta no jogo de damas ou mesmo no baralho. Com tais pensares o jagunço,
atordoado da pancada na cabeça, seguia calado entre os demais bandoleiros. Uma
serpente a cruzar caminho fez o cavalo de Satanás se soerguer nas patas
dianteiras e a relinchar bem alto como se estivesse amedrontado. O seu montador
fez apenas:
Satanás:
--- Heia! – fez o montador.
E o cavalo se aquietou. A
serpente se perdeu na mata à esquerda da tropa. Os demais companheiros nada
interrogaram o porquê da razão do homem. Por si só eles deduziam não ser
preciso matar a serpente. E pegaram o caminho como já estavam a fazer desde
muito tempo quando se organizou o grupo de violentos assassinos sanguinários. Os
quatro faziam parte de uma época onde imperava no País um coronelismo muito mais
arraigado, de modo especial no nordeste do Brasil. Sempre eles estavam a
caminhar, de sol a sol no intento de alguma empreitada. Assim era a vida do
bandoleiro. Homem rude, traço forte, vingador a qualquer preço. Falava pouco e
ouvia muito esse quadrilheiro.
Ao cabo das dez horas da noite
os quadrilheiros chegaram a Fazenda Guandu. Para se chegar à casa grande ainda
era preciso percorrer longa distancia. Parado em frente à porteira, Satanás
falou para um moço. Esse estava escondido por entre o matagal. Mas ao notar a
presença de estranhos engatilhou sua carabina e despejou o vocabulário entre os
capangas o mais notado pelos andantes do sertão bravio;
Moço:
--- Quem vem lá? – perguntou o
jagunço ainda moço, quase um garoto.
Satanás ouviu o dito e
respondeu para o jagunço.
Satanás:
--- É de paz. Vim entregar um
presente para o coronel Godinho.
O cangaceiro um tanto desconfiado
ainda disse:
Moço:
--- Entregue as armas. Depois
o senhor recebe tudo.
Satanás não tinha dúvidas ter
ali um jagunço brabo e valente. E com isso ele entregou suas armas e em seguida
fez sinal para os demais entregarem também. Sem armas os bandoleiros se
sentiram nus. Mas essa era a ordem dada pelo coronel Godinho.
Godinho:
--- Ninguém de fora entra
armado nessas terras! – havia dito certa vez o coronel.
Não precisava dizer: “Se não
morre”. Pois o jagunço já estava, a saber, do dito. Os bandoleiros já estavam
sabedores do dito e então entregaram as armas. Menos um: Antero Foguetão. Esse
caminhava sem arma de fogo. Mesmo assim, o jagunço desconfiou. E perguntou a
seguir:
Moço:
--- E o senhor anda sem armas?
– indagou o jagunço com poucos modos.
E Satanás deu o recado a
Foguetão:
Satanás:
--- Dê a tua arma a ele! – e
fez sorriso breve.
Foguetão tirou seu punhal de
dentro de um pequeno saco pregado às costas por baixo da camisa e passou com
ele a mostrar a lâmina. O jagunço muito astuto deu outra ordem ao dono do
punhal.
Moço:
--- De outro jeito é melhor. –
declarou o jagunço não pegando a arma como estava sendo ofertada.
Foguetão sorriu e virou a arma
ao contrario e entregou ao jagunço. Esse pegou com a devida segurança e ainda
indagou ao mandante da turma:
Moço:
Qual é o presente para o
coronel? – indagou o jagunço.
Satanás sorriu e respondeu.
Satanás:
--- Se tem curiosidade é só
seguir. – disse Satanás e olhou de modo torto para o prisioneiro feito no
decorrer da estrada.
O jagunço apeou o seu cavalo e
seguiu com a tropa a deixar na porteira outro jagunço. Esse estava escondido por
trás de um pé de pau viçoso de cedro. E não disse nada ao jagunço principal.
Para ter segurança o jagunço foi depois da turma.
Após dez minutos de cavalgada
leve o bandoleiro ou pistoleiro de aluguel Otelo Gonçalves Dias conhecido por
Otelo Satanás chegou a soleira da casa grande onde esperava o Coronel Marcolino
Godinho – José Marcolino Godinho era o seu nome. Após os cumprimentos e a
apresentação dos outros três pistoleiros, Otelo Satanás fez ver ao coronel
Godinho ter tido uma recepção “calorosa”
e graças ao combate da turma ele levou vantagem. Agora o coronel respondesse
quem era o tal jagunço a estar diante do coronel.
Godinho:
--- Esse é da turma do criador
Severino Policarpo. Mate-o! - respondeu o coronel Godinho
Satanás respondeu de imediato:
Satanás:
--- É bem melhor solta-lo para
ele dizer qual fama ele tem. Não paga o pato matar um cangaceiro desse tipo. –
falou sorrindo Satanás matador de aluguel.
Godinho:
--- Faça o que quiser. Eu não
me meto em assuntos de bandidos dessa laia. – falou brabo o coronel e entro
para o interior da casa.
Ao final dessa discussão,
Godinho chamou Otelo Satanás para sentar em uma cadeira de seu escritório e o
por lá os dois conversaram sobre a empreitada a qual teria de ser feita. Foi
conversa demorada e longa com os acertos pera um lado e para outro. De inicio
era bom ficar atento para se acercar de onde devia ser o tira-teima.
Godinho:
--- Não precisa ser amanhã.
Vamos deixar a ferida adormecer. – fez ver Godinho ao pistoleiro.
As armas foram entregues aos
pistoleiros e os quatros foram dormir no celeiro dos cavalos onde dormiam os
capangas chamados pelo Coronel Godinho quando tinha serviço a cumprir. Por
precaução, Satanás passou a dormir sem ninguém saber em outro local. Era
prudente sair do celeiro, pois ele era esperto demais para servir de cobaia a
outro pistoleiro. Portanto, acendeu o fogo próximo do ser acompanhante Renovato
Alvarenga, o Chulé, e depois saiu de mansinho para dormir em outro canto do
celeiro. Chulé foi quem não gostou nem um pouco de ver o fogo nos seus pés. E
respondeu a Satanás.
Chulé;
--- Tá com vontade de assar
peru? – indagou Chulé a Otelo Satanás.
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