- Aishwarya Rai -
- 08 -
O CUNHADO
Eram oito horas da noite daquele
dia fatal para o Coronel Godinho e seus ajudantes a combater as chamas a
devorar o galpão de feno e outros alimentos do gado e cavalos quando chega à
cena tempestuosa do fogo o seu cunhado, Alcebíades, irmão de sua mulher,
Cantídia, todo alvoroçado com a notícia. O homem desalinhado procurou de
imediato a sua irmã. Essa estava a cuidar do gado e a tanger as vacas ara outro
curral. Sem mais nem menos o homem foi a pergunta de todo mundo.
Alcebíades:
--- Como foi que começou o fogo?
– indagou espantado a tremer o homem.
A mulher nem deu por conta do
fato, porém disse-lhe apenas:
--- Como todo fogo. Foi rápido.
Eu não sei contar em detalhes. Eu estava a assistir a Missa. – comentou Cantídia.
--- Missa? Teve Missa aqui? –
perguntou assustado o seu irmão.
--- Teve. Ora. Sempre tem. –
disse ainda Cantídia.
--- Onde está o cunhado? – perguntou
bastante alarmado o homem a tecer seu chapéu.
--- Tá lá! – fez a mulher com a
cara a mostrar o lugar onde estava o coronel.
Alcebíades correndo assustado foi
até o local onde possivelmente estava o coronel, no meio de tanta gente a
cuidar de evitar um novo fogo e apagar o restante da fumaceira a assolar o
ambiente. Após procurar no meio de tanta gente Alcebíades encontrar o coronel
dando ordens a qualquer preço para o pessoal cuidar mais dos galpões ainda
intacto. Em lá chegando Alcebíades procurou ajudar de qualquer jeito o restante
da fumaça vez ter o fogo consumido todo o depósito da ração do gado e dos
cavalos. O homem Alcebíades era também criador de gado em sua fazenda distante
de do município de Alcântara a ficar em outra região. No tempo de chuva tudo
era uma beleza. Mesmo assim, com a chuva caída há poucos dias, não devia
existir um clima de fartura para os fazendeiros do lugar. Alcebíades era dono
de ampla região de terras no município de Itaú do Borbas há mais de dez léguas
de distancia de Alcântara. Na safra do ano a turma de fazendeiros se reunia em
um sitio para comemorar a fartura. E desse período estava marcada para ser a
dois meses. O fogo no celeiro do coronel Godinho deixou Alcebíades temeroso. Na
viagem feita numa charrete puxada a cavalo, o homem ficou a imaginar como sairia
à festança dos meses a faltar. Alcebíades chegara a fazenda do seu cunhado
àquela hora da noite acompanhado por dois vaqueiros e quatro jagunços vindos a
cavalo acompanhando o patrão. Os jagunços eram sisudos e não trocavam conversas
nem mesmo entre eles. OS vaqueiros eram mais cordiais. Entre uma cusparada e
outra sempre tinham algo a dizer pelo seu caminho de dez léguas.
Tão logo chegaram a fazenda
Guandu do coronel Godinho a jagunçada seguiu a palavra do seu patrão Alcebíades
de agarras com afinco as escaramuças do fogo sem nem se importar com as ordens
emanadas do próprio velho coronel. Os destemidos jagunços faziam todo o serviço
de retirada da fumaceira enquanto os vaqueiros comandava o gado solto ao longo
da fazenda. Os vaqueiros se juntaram aos demais homens de ferro do coronel para
tanger o gado até alta parte do sertão bravio. A hora não findava entanto os
vaqueiros tangiam o gado para longe do cerco onde se fez o fogo há algumas horas
passadas. E o coronel trocava palavras com o seu cunhado querendo adivinhar o responsável
por aquela tragédia sem fim.
Godinho:
--- Eu só quero adivinhar se foi
o canalha do Policarpo quem mandou tocar fogo no celeiro! Eu duvido se não foi
aquele miserável! Foi para compensar o tira teima dos seus jagunços com o
pessoal da minha fazenda! – falou brabo o coronel Godinho,
E o seu cunhado se fez na
conversa:
--- É provável, compadre! É provável!
Mas não está na hora de tratar de vingança! Afinal vamos ter de esperar! Alguém
que boto fogo há de aparecer! – relatou com firmeza o seu cunhado.
Alcebíades estava temeroso de uma
guerra iminente entre ambos os lados em peleja. Godinho era homem vingativo por
demais. O outro dono de fazenda, o Severino Policarpo era outro destemido da revanche.
E essa teima demorava anos sem ter nunca resultado algum. Sabia-se por um lado
ter Policarpo namorado por alguns meses à dona Cantídia. Depois se acercou do
casal o coronel Godinho e findou por tirar a moça dos braços de Policarpo.
Nessa brabeza terminou por Godinho a se casar com Cantídia. Na continuação do
tempo o valho Policarpo gerou um filho de nome Deodato. Esse também quis saber
de namorar a filha de Godinho e daí começou de novo a contenda. E a arenga
demorou por tantos anos entre a família Policarpo contra a Família Godinho.
Teve um tempo de Godinho mandar a filha se internar em um colégio da capital.
Quando Lu retornou do Colégio de Freiras se pôs tudo de novo com o rapaz
Deodato querendo namorar a garota Ludmila. Com isso a teima se arrefeceu. Chega
a tirar quando o velho Policarpo pôs a enfrentar o seu bando com o bando de
Godinho. Essa era a teima da contenda.
Passava da meia noite quando tudo
terminou na Fazenda Guandu. O coronel Godinho, seu cunhado Alcebíades, a mulher
Cantídia, esposa de Godinho e a filha do casal a senhorita Lu, rumaram para a
casa grande. O restante do pessoal ficou a tirar os vasculhos do incêndio e os
vaqueiros, um tanto temerosos, a procurar o gado perdido no alto sertão da
gigante fazenda. O pistoleiro Renovato Alvarenga, o Chulé, foi também dormir em
local mais sossegado da Fazenda Guandu. Em cima dos seus farnéis ele procurar
conciliar a dormida. Isso foi quando Renovato pressentiu a presença de algo a
sua espreita. De repente, ele se acoitou e esperou para ver com maior segurança
diante do escuro feito quem era o alguém. Nesse ponto, um berro. Era um bezerro
a adentrar no seu celeiro a procura de sua mãe. Chulé deve um susto daqueles e
guardou a sua arma já em punho e tangeu o bezerro para longe. Nessa
noite-madrugada Chulé sonhou com a sua irmã, Josefina, a lhe trazer um prato de
cuscuz e o café quentinho. Foi de repente. E ele acordou assombrado por conta
desse sonho. Olhou para um lado e para outro. Só havia os outros três pistoleiros
com certeza a dormir. A lua estava alta em plena madrugada. E Chulé não fez por
menos: agarrou no sono outra vez.
Manhã cedinho quando o sol dormia
em seus derradeiros instantes o pessoal da cozinha já estava a preparar o
desjejum da rapaziada: vaqueiros, jagunços e os quatro pistoleiros. O pessoal
estava a conversar sobre o fogo da noite passada, pois até aquele instante se
fazia ainda o rescaldo do antigo celeiro. Os vaqueiros combinavam os deveres;
os pistoleiros estalavam os dedos a espera da refeição; e os jagunços nada
comentavam. Era a turma calada do ambiente. Um revolver caiu na cintura de um
jagunço e detonou um tiro. O jagunço se arriou e puxou para cima a sua arma. Os
vaqueiros sorriram entre si. Mas os quatro pistoleiros se curvaram na mesa
procurando se precaver e em cima da hora eles puxaram as suas armas do coldre
temendo o resultado do ocorrido. Apenas o bandido Antero ficou sentado a
observar o acontecido, pois nada havia a temer. Uma mulher se acercou do
pistoleiro Otelo e lhe disse algo. Ele obedeceu e em seguida saiu o refeitório
dos vaqueiros. Os demais pistoleiros ficaram a indagar:
Pistoleiros:
--- Só ele? Mas por quê? –
perguntou um a outro.
--- Vá ver que tem serviço! –
respondeu o outro.
Antero Soares, o Foguetão a lutar
sem armas nada respondeu. E Renovato Alvarenga apenas sorriu do ciúme dos
demais. Mesmo assim, nada reportou. A espera do angu demorou pouco tempo, pois
a mocinha Emília surgiu na porta com um taxo grande de munguzá. Foi logo pondo a
comida e servir então ao pistoleiro Chulé e esse, contente com a primazia feita
pela moça agradeceu e meteu a cara a comer sem se importar com o ciúme de Emília
a chamar o homem de besta por ter de comer tudo e de repente:
Emília:
--- Besta! Nem se importa comigo!
– e deu um “tunc” saindo logo em seguida.
Antes mesmo de acabar a sua refeição
matinal, Renovato Alvarenga e os outros dois pistoleiros foram chamados por
Otelo Gonçalves, o Satanás, para seguirem depressa para um canto qualquer da
imensa sala de visitas. E os três pistoleiro, incluindo Antero Soares, forma
todos de imediato a acompanhar o seu chefe Otelo Gonçalves sem nada mais a
perguntar. O certo foi a presença de um jagunço aprisionado pela tropa do
Coronel Godinho e esse falou demais. Foi então ter o Coronel ter conhecimento
sobre o incendo da noite passada sido ateador por ordens do criador de gado
Severino Policarpo. E a ordem era a vingança do desafrontado Coronel: marcar
com o mesmo sague. O jagunço preso seria posto de volta, amarrado no seu cavalo,
porém sem vida. Era essa a paga do raivoso homem sem estribos.
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