- Sophie Charlotte
- 54 -
SANTA
O temporal durou mais dois dias.
A escola ficou sem luz elétrica por todo esse tempo. As aulas foram suspensas
por motivo justo. No sábado à tarde, Joel foi a Igreja em companhia de sua
amiga intima como se definia. Elizabete era todo sorriso enfim. Com o passar da
chuva, a ninfa estava preparada para seguir em frente. E a celebração da Santa
Missa para as crianças fazerem a Primeira Comunhão seria rezada no domingo. As
crianças eram todas contentes por verem o dia de sua comunhão do Cristo. Já
estando na Igreja, Joel saiu um pouco até o terraço onde estava a Gruta de
Santa Maria de Lourdes e a pequena santa aos seus santos pés. O garoto estava
com sede e foi beber água da gruta. Ao lado de Nossa Senhora estava à santa
Bernadete ao tentar rezar o seu terço. O garoto se apoiou no degrau da gruta
para beber a agua. E nesse instante surgiu ao seu lado à figura da moça Isabel,
morta há vários meses. Isabel sempre se apoiava no garoto Joel Calassa e, não
raro, o garoto discutia com a professora sobre temas importantes. Ele não sabia
ter Isabel a gloria de estar presente nessa discussão acirrada entre o garoto e
a professora. E nesse momento Isabel estava presente e o garoto estava a beber
a água.
Isabel:
--- Na gruta? – indagou sorrindo
o espírito da jovem moça.
O garoto foi tomado de
sobressalto pela presença de Isabel. E falou sem sorrir.
Joel:
--- Você aqui? – perguntou o
garoto um tanto surpreso.
Isabel voltou a sorrir e falou
com Joel.
Isabel:
--- Amanhã é dia de tua Primeira
Comunhão! – relatou sorrindo Isabel.
O garoto sorriu e respondeu que
sim.
Joel:
--- Amanhã eu faço a minha
Primeira Comunhão. Eu, Elizabete e os demais garotos. Vai ser uma manhã
vibrante. – falou alegre Joel a Isabel.
Isabel se conformou um pouco para
depois falar na Santa Edwiges, à mulher que tornou Santa caridosa protetora dos
pobres e endividados.
Isabel:
--- Você se lembra das rosas? –
perguntou Isabel ao garoto sempre a sorrir.
O garoto parou de beber água e,
no momento não se lembrava de rosa nenhuma. Por isso, fez a pergunta.
Joel:
--- Rosas? Quais rosas? – indagou
Joel a procura de se lembrar de tais rosas.
Isabel sorriu e depois de poucos
instantes disse ao garoto.
Isabel:
--- As rosas que eu pedi para
você depositar aos pés de Santa Edwiges. Lembra-se? – indagou sorrindo Isabel.
O garoto sorriu e logo se lembrou
da rosa branca. E então respondeu:
Joel:
--- Ah! A rosa! Branca! Eu trouxe
a rosa e depositei aos pés da Santa. Por que a pergunta? – ficou surpreso o
garoto Joel.
Isabel sorriu e após alguns
instantes respondeu.
Isabel:
--- Rosas! São lindas! Edwiges gostava de rosas. Ela e eu! Nós éramos
crianças. Nós tínhamos a mesma idade. Nós nascemos no mesmo dia, em 1174. Faz
tempo! Nós crescemos no ambiente no ambiente da Alemanha. A diferença era que
ela era de uma família nobre. E eu era de uma simples governanta. O seu bem
maior era a Deus e ao próximo. Edwiges teve de sair da sua mansão aos 12 anos,
para se casar com um príncipe da Silésia, na Polônia. Culta, inteligente e esposa dedicada, ela
cuidou da formação religiosa dos filhos e do marido. Nesse ponto eu já não estava
mais com Edwiges. Sei bem da sua vida. A intimidade com o Senhor. Ela fazia
jejum durante toda a vida de religiosa. Eu admirava esse gesto de Edwiges.
Ainda hoje ela faz a penitencia em favor dos pobres. Eu a vejo sempre. No trem,
fazendo preces para os que se passam da perene vida. Nas fazendas. Em todos os
lugares. Ela construiu Igrejas, Mosteiros, Hospitais, Conventos e Escolas. Ela
se passou em 15 de outubro de 1243 aos 69 anos de vida peregrina. Meu profundo
amor por ela se confunde com a minha própria vida. – refletiu Isabel em
profundo zelo.
Nesse ponto, o garoto Joel tão
calado e sereno se postou a chorar com aquela pura amizade delicada e suave das
duas mulheres santas. O mundo rodopiou a seus pés. E quase por um segundo Joel
estava a sonhar com a verdadeira santa em seu local de vida. No igual instante
Isabel sumiu e Elizabete apareceu a perguntar:
Elizabete:
--- Que estás fazendo aí? Venha!
Venha! A Catequista chegou! Ora! É amanha seu Macarrão! – disse por vez a
garota.
O garoto olhou para Elizabete e
nada respondeu.
***
Passaram-se os anos. Joel Calassa
era um rapaz já feito. Elizabete também. Naquela hora serena e calma, o rapaz
esperava a moça vestida de noiva no mesmo altar onde fez a sua Primeira
Comunhão. A igreja estava lotada em seu salão não muito largo. A noiva,
Elizabete estava a entrar com vestes longas e brancas de um crepe, tecido liso
de cetim natural. Com suavidade a noiva, parecendo bailar entrou no salão
acompanha do seu pai. Elegantes adornos, renda e seda era a ninfa a caminhar
solene para o altar consagrado. Da sua cabeça pendia um véu de igual tecido a
parecer de mil segredos encobertos. No salão lotado, os convidados a admirar
tão sóbria e elegante noiva. Mulheres choravam de emoção incontida. Homens
faziam a testa na esperança, talvez, de ver tao bela e inocente diva. A imagem
fecunda se projetava a frentes de todos os convivas. Dos rapazes e das moças.
Dos meninos e meninas. Ao fim de tudo, quatro pequenos cavalheiros a segurar o
manto e a levar as alianças de casamento. Da parte superior do templo, a canção
apropriada para o real momento. No seu canto, no pé do altar, junto a sua mãe e
a seu pai estava o jovem Joel Calassa. Ele esperava com ansiedade e com
sorrisos enlaçar a noiva. De terno escuro, camisa branca feita ao seu estilo, o
noivo na cabia de vaidade e anseio. O sacerdote a esperar os noivos parecia até
mais vaidoso. As mães da noiva e do noivo não continham a emoção em chorar.
Todo era belo por fim. As andorinhas volteavam pelo amplo teto da igrejinha
pequenina, simplesinha. Tudo ao som da alegria contagiante dos amores
enternecidos e afagados. Por trás de Joel uma figura aparece como uma prece
fecunda. E fala-lhe ao seu ouvido algo simples o comovente. Algo o qual há
muito Joel não teria ouvido sequer.
Isabel:
--- Agora tenho que ir. Espere-me
com muito afago, pois serei sua preciosa filha! – de seu recado a ninfa dos
cândidos amores.
Joel procurou a ver onde estava o
jovem espirito e notou apenas a sua saída por uma porta lateral da Igreja. Não
teve tempo nem mesmo de fitar-lhe o seu estranho olhar. Em seguida, a noiva
reluzente em esplendor e luz concedeu-lhe o direto de cingir a sua mão e se
dirigir ao altar em solene comunhão como nunca dantes o fizera. O majestoso sacerdote deu inicio ao
cerimonial da religiosa celebração do matrimonio. No salão da nave os
convidados estavam presentes, entre eles a antiga professora de Joel Calassa, a
virgem de 33 anos de idade, senhorita Maria Eugenia. A professora havia se
ausentado para completar seus estudos de História. Além de Maria Eugenia estava
também a diretora do Grupo Escolar professora Maria da Penha. Entre esses havia
um numero impressionante de convidados. No seu local o jovem, Joel assumiu a
noiva do seu pai amado e prosseguiu com a cerimonia religiosa. O calor era impressionante
aquele final de tarde para todos os reais convivas. A solenidade de enlace
matrimonial durou mais tempo que o de costume, pois a preleção do sacerdote
quase não acaba de vez. Após esse virtual matrimonio o casal ainda foi a
sacristia assinar o livro de casados junto com seus pais e padrinhos. Ao sair
da pequena Igreja, uma revoada de pombos se deu para completar a cerimonia. E
do ponto alto da Igreja os clarins a tocar a consagração total dos novos
casados. A Aleluia, de Handel concluiu o ato emocional. Os noivos saíram a
correr sob intensa chuva de arroz.
FIM
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