domingo, 11 de março de 2012

ACASO - 54 -

- Sophie Charlotte
- 54 -
SANTA
O temporal durou mais dois dias. A escola ficou sem luz elétrica por todo esse tempo. As aulas foram suspensas por motivo justo. No sábado à tarde, Joel foi a Igreja em companhia de sua amiga intima como se definia. Elizabete era todo sorriso enfim. Com o passar da chuva, a ninfa estava preparada para seguir em frente. E a celebração da Santa Missa para as crianças fazerem a Primeira Comunhão seria rezada no domingo. As crianças eram todas contentes por verem o dia de sua comunhão do Cristo. Já estando na Igreja, Joel saiu um pouco até o terraço onde estava a Gruta de Santa Maria de Lourdes e a pequena santa aos seus santos pés. O garoto estava com sede e foi beber água da gruta. Ao lado de Nossa Senhora estava à santa Bernadete ao tentar rezar o seu terço. O garoto se apoiou no degrau da gruta para beber a agua. E nesse instante surgiu ao seu lado à figura da moça Isabel, morta há vários meses. Isabel sempre se apoiava no garoto Joel Calassa e, não raro, o garoto discutia com a professora sobre temas importantes. Ele não sabia ter Isabel a gloria de estar presente nessa discussão acirrada entre o garoto e a professora. E nesse momento Isabel estava presente e o garoto estava a beber a água.
Isabel:
--- Na gruta? – indagou sorrindo o espírito da jovem moça.
O garoto foi tomado de sobressalto pela presença de Isabel. E falou sem sorrir.
Joel:
--- Você aqui? – perguntou o garoto um tanto surpreso.
Isabel voltou a sorrir e falou com Joel.
Isabel:
--- Amanhã é dia de tua Primeira Comunhão! – relatou sorrindo Isabel.
O garoto sorriu e respondeu que sim.
Joel:
--- Amanhã eu faço a minha Primeira Comunhão. Eu, Elizabete e os demais garotos. Vai ser uma manhã vibrante. – falou alegre  Joel a Isabel.
Isabel se conformou um pouco para depois falar na Santa Edwiges, à mulher que tornou Santa caridosa protetora dos pobres e endividados.
Isabel:
--- Você se lembra das rosas? – perguntou Isabel ao garoto sempre a sorrir.
O garoto parou de beber água e, no momento não se lembrava de rosa nenhuma. Por isso, fez a pergunta.
Joel:
--- Rosas? Quais rosas? – indagou Joel a procura de se lembrar de tais rosas.
Isabel sorriu e depois de poucos instantes disse ao garoto.
Isabel:
--- As rosas que eu pedi para você depositar aos pés de Santa Edwiges. Lembra-se? – indagou sorrindo Isabel.
O garoto sorriu e logo se lembrou da rosa branca. E então respondeu:
Joel:
--- Ah! A rosa! Branca! Eu trouxe a rosa e depositei aos pés da Santa. Por que a pergunta? – ficou surpreso o garoto Joel.
Isabel sorriu e após alguns instantes respondeu.
Isabel:
--- Rosas! São lindas!  Edwiges gostava de rosas. Ela e eu! Nós éramos crianças. Nós tínhamos a mesma idade. Nós nascemos no mesmo dia, em 1174. Faz tempo! Nós crescemos no ambiente no ambiente da Alemanha. A diferença era que ela era de uma família nobre. E eu era de uma simples governanta. O seu bem maior era a Deus e ao próximo. Edwiges teve de sair da sua mansão aos 12 anos, para se casar com um príncipe da Silésia, na Polônia.  Culta, inteligente e esposa dedicada, ela cuidou da formação religiosa dos filhos e do marido. Nesse ponto eu já não estava mais com Edwiges. Sei bem da sua vida. A intimidade com o Senhor. Ela fazia jejum durante toda a vida de religiosa. Eu admirava esse gesto de Edwiges. Ainda hoje ela faz a penitencia em favor dos pobres. Eu a vejo sempre. No trem, fazendo preces para os que se passam da perene vida. Nas fazendas. Em todos os lugares. Ela construiu Igrejas, Mosteiros, Hospitais, Conventos e Escolas. Ela se passou em 15 de outubro de 1243 aos 69 anos de vida peregrina. Meu profundo amor por ela se confunde com a minha própria vida. – refletiu Isabel em profundo zelo.
Nesse ponto, o garoto Joel tão calado e sereno se postou a chorar com aquela pura amizade delicada e suave das duas mulheres santas. O mundo rodopiou a seus pés. E quase por um segundo Joel estava a sonhar com a verdadeira santa em seu local de vida. No igual instante Isabel sumiu e Elizabete apareceu a perguntar:
Elizabete:
--- Que estás fazendo aí? Venha! Venha! A Catequista chegou! Ora! É amanha seu Macarrão! – disse por vez a garota.
O garoto olhou para Elizabete e nada respondeu.
***
Passaram-se os anos. Joel Calassa era um rapaz já feito. Elizabete também. Naquela hora serena e calma, o rapaz esperava a moça vestida de noiva no mesmo altar onde fez a sua Primeira Comunhão. A igreja estava lotada em seu salão não muito largo. A noiva, Elizabete estava a entrar com vestes longas e brancas de um crepe, tecido liso de cetim natural. Com suavidade a noiva, parecendo bailar entrou no salão acompanha do seu pai. Elegantes adornos, renda e seda era a ninfa a caminhar solene para o altar consagrado. Da sua cabeça pendia um véu de igual tecido a parecer de mil segredos encobertos. No salão lotado, os convidados a admirar tão sóbria e elegante noiva. Mulheres choravam de emoção incontida. Homens faziam a testa na esperança, talvez, de ver tao bela e inocente diva. A imagem fecunda se projetava a frentes de todos os convivas. Dos rapazes e das moças. Dos meninos e meninas. Ao fim de tudo, quatro pequenos cavalheiros a segurar o manto e a levar as alianças de casamento. Da parte superior do templo, a canção apropriada para o real momento. No seu canto, no pé do altar, junto a sua mãe e a seu pai estava o jovem Joel Calassa. Ele esperava com ansiedade e com sorrisos enlaçar a noiva. De terno escuro, camisa branca feita ao seu estilo, o noivo na cabia de vaidade e anseio. O sacerdote a esperar os noivos parecia até mais vaidoso. As mães da noiva e do noivo não continham a emoção em chorar. Todo era belo por fim. As andorinhas volteavam pelo amplo teto da igrejinha pequenina, simplesinha. Tudo ao som da alegria contagiante dos amores enternecidos e afagados. Por trás de Joel uma figura aparece como uma prece fecunda. E fala-lhe ao seu ouvido algo simples o comovente. Algo o qual há muito Joel não teria ouvido sequer.
Isabel:
--- Agora tenho que ir. Espere-me com muito afago, pois serei sua preciosa filha! – de seu recado a ninfa dos cândidos amores.
Joel procurou a ver onde estava o jovem espirito e notou apenas a sua saída por uma porta lateral da Igreja. Não teve tempo nem mesmo de fitar-lhe o seu estranho olhar. Em seguida, a noiva reluzente em esplendor e luz concedeu-lhe o direto de cingir a sua mão e se dirigir ao altar em solene comunhão como nunca dantes o fizera.  O majestoso sacerdote deu inicio ao cerimonial da religiosa celebração do matrimonio. No salão da nave os convidados estavam presentes, entre eles a antiga professora de Joel Calassa, a virgem de 33 anos de idade, senhorita Maria Eugenia. A professora havia se ausentado para completar seus estudos de História. Além de Maria Eugenia estava também a diretora do Grupo Escolar professora Maria da Penha. Entre esses havia um numero impressionante de convidados. No seu local o jovem, Joel assumiu a noiva do seu pai amado e prosseguiu com a cerimonia religiosa. O calor era impressionante aquele final de tarde para todos os reais convivas. A solenidade de enlace matrimonial durou mais tempo que o de costume, pois a preleção do sacerdote quase não acaba de vez. Após esse virtual matrimonio o casal ainda foi a sacristia assinar o livro de casados junto com seus pais e padrinhos. Ao sair da pequena Igreja, uma revoada de pombos se deu para completar a cerimonia. E do ponto alto da Igreja os clarins a tocar a consagração total dos novos casados. A Aleluia, de Handel concluiu o ato emocional. Os noivos saíram a correr sob intensa chuva de arroz.
FIM



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