- Michelle Pfeiffer -
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TEATRO
Durante a aula daquele dia, a professora Maria Eugenia solicitou a atenção de toda a classe para um comunicado. O professor Clovis Canto estaria em classe naquela hora para dar um breve comunicado a todos os alunos. Ele era um dos fundadores do Grupo “Boneca de Piche” cuja estreia se deu há dois anos. O seu retumbante sucesso fez com que a escola de Joel procurasse o professor Clovis para formar, quem sabe, um grupo de teatro daquela unidade de ensino. E o professor não se fez de rogado. Naquele dia ele estava ali para conversar com os escolares e tomar nota de quem quisesse ir aprender o teatro. E Clovis falou:
Clovis:
--- é o seguinte, classe: como a senhora professora disse, eu estou aqui para saber se vocês querem também seguir a carreira do teatro. Não será preciso toda a gente. Tem aqueles que não desejam seguir. Mas tem os que se interessam. E esses não sabem sequer como entrar em um teatro. Não é isso? – sorriu o professor Clovis para dar mais tranquilidade aos alunos.
E ninguém respondeu. Uns ficaram batendo com o lápis em cima da carteira. Outros apenas desenhavam flores. E alguns ficaram mais atentos para o que esse professor dizia.
Clovis:
--- Bem. Eu tenho aqui um caderninho e se vocês se interessarem e bastante vir ao birô da mestra e colocar o seu nome. É somente isso. Agora eu vou para a outra classe fazer o mesmo que fiz aqui, Teatro, gente! Não é um bicho de sete cabeças. Vocês podem aprender como se segue a carreira de teatro. Aliás, tem muito que se aprender para se ser um artista. E não é só artista. Tem um mundo de coisa para ser feito. Alguém pensa que não é. Mas é assim mesmo. Tem cenógrafo. Tem maquinista. Tem até músico de teatro. E se pode fazer teatro com uma pessoa só. Ou com dois atores. Ou mais gente. Mas tais pessoas se relaram para aprender ser um artista. No fim, ele só tem os aplausos. É tudo isso que o ator almeja. Se não se aplaudem, tudo bem. Mas é a força de se querer fazer algo de melhor. - explicou o professor Clovis.
Aluno:
--- Licença professor! – pediu vez um escolar.
Clovis:
--- Ah. Um estudante. Pode falar. – sorriu o professor para o aluno.
Aluno:
--- E onde é que a gente aprende esse negocio de teatro? – perguntou cheio de duvidas o aluno.
Clovis:
--- (Sorrindo) – Em vários pontos da cidade. Agora, o Grupo “Boneca de Piche” tem o Teatro Estadual onde se aprende tudo. E eu acredito que a escola de vocês tem meios de leva-los até ao Teatro. E se não for assim, nós arranjamos meios de transportes. As aulas serão à tarde ou à noite. Depende dos alunos. Os que estudam a tarde podem frequentar a noite. E nós temos um limite. Apenas vinte alunos por turma. Vinte de tarde e vinte de noite. Quando chover, a gente procura outro espaço no próprio teatro. Mas nunca chove no Teatro. Mais alguém? – perguntou o professor olhando toda a classe.
Outro aluno:
--- Dura muito pra gente ser artista? – perguntou uma das estudantes.
O professor sorriu:
Clovis:
--- Bem. Esse curso dura dois meses. E depois terá o ensaio geral de uma peça para vocês interpretarem no final. – relatou o professor Clovis.
Joel foi logo dizendo em surdina para a sua colega Elizabete:
Joel:
--- Eu não quero ser ator! – relatou Joel de modo a cochichar com a mocinha.
Elizabete:
--- Também não. Eu quero ser médica de bichos. – reclamou a meninota em forma tranquila.
Joel:
--- Bichos? Que bichos? Baratas? Lagartixas? – indagou sorrindo o seu amante Joel.
Elizabete:
--- Não seu burro! Cavalo! Ignorante! Brocolhó! – descompôs como pode Elizabete.
E a mocinha jogou em cima do seu amado a bolsa cheia de livros, cadernos e lápis. Foi uma surra tremenda de fazer qualquer um chorar de alegria ou de medo. A professora logo prestou atenção à desavença dos dois alunos e partiu para a defesa de ambos.
Eugenia:
--- Quieto bando de burros! Nem em classe vocês se comportam? Eu mando chamar o padre para casar vocês! – reclamou a professora Maria Eugenia completamente aturdida.
Joel e Elizabete se aquietaram e por sua vez o garoto fez cara feia a dizer:
Joel:
--- Votes! O padre não! Eu quero lá casar com uma burra coiceira igual a essa? – relatou com raiva o garoto.
E a bolsa de outra aluna falou no centro de novo. A menina enraivecida apanhou a bolsa que estava na carteira de trás e meteu na cabeça de Joel. Nisso, a menina que estava na banca de atrás plenamente gritou:
Aluna assustada:
--- Epa! Minha bolsa não! – disse a aluna assustada tentando agarrar a bolsa.
Mas foi sem tempo. A bolsa já tinha caído no chão a espalhar tudo o que estava dentro pela frente da sala. O professor Clovis veio à frente ajudar a professora Eugenia apartar os temíveis algozes. E assim, terminou a arenga com os alunos embravecidos levados no muque para a diretoria onde ficaram de castigo. Mesmo assim, na diretoria, depois de ouvir a explicação da professora e de por de castigos os dois eles rosnaram um para o outro:
Elizabete:
--- Cavalo de cão! – disse a mocinha olhando embrutecida para o garoto.
Joel:
--- Peixe inchado! – retrucou Joel de volta a desavença da garota.
Nesse ponto a professora Maria da Penha falou:
Diretora:
--- Quietos! Não respeitam nem o castigo? De pé! Cada um olhando para a parede! – ordenou a diretora da escola já com raiva
Eugenia:
--- É assim. Não estou dizendo? – se refez a professora de tanto abuso pelo qual passou.
De volta a sala de aula a professora Maria Eugenia se desculpou ao professor Clovis Canto e reviu a lista dos alunos que foram ate a sua banca para assinar ao estudo de teatro. No canto da sala teve um que assinou o caderno. Era um aluno alto, magro, de voz fina que a turma o chamava de “Mulherzinha”. Em um tempo ele foi flagrado por alguns dos estudantes em uma moita por trás do Mercado fazendo sexo com outro aluno. O caso findou por ai, mas o apelido ficou vogando. Além do estudante que se chamava Mulherzinha outro escolar também fez o visto. Três alunas da classe igualmente assinaram o caderno. Após tudo isso a aula recomeçou sem maiores atropelos até a sineta de seu Josino tocar para o recreio.
Na sala da Diretora Maria da Penha os dois alunos malcriados receberam ordem de sair com forte recomendação da exigente mulher:
Diretora:
--- Eu não quero ver nenhum de vocês novamente aqui! Entenderam?! – fez ver a diretora com plena força dos seus pulmões.
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