- Kirsten Stewart -
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DISCO
Segunda feira
um alarme bateu forte no Hospital. Um carro chegou trazendo do município de São
Jose do Mipibu um homem em transe. Eras 11 horas da manhã. O homem já não
falava e estava apenas com os seus olhos assombrados como se estivesse vendo
algo sobrenatural. O seu corpo tremia e a sua face era de total espanto. O
setor de enfermagem demorou em atender o paciente, pois os médicos estavam
apenas preocupados ser o homem apenas um louco e não seria naquele hospital o
seu atendimento. Enquanto isso, o homem estremecia e alguém chegou a falar ser
a criatura de outra região. Apenas ele foi encontrado em êxtase no município de
São José. Com bastantes casos a resolver, os médicos deixaram o indivíduo se
aquietar e mandaram a lhe aplicar uma
dosagem de injeção para o solitário sossegar.
Médico:
--- Doido! Só
dá doido nesse Hospital. – resmungou ao passar pelo setor de enfermagem um
médico de plantão.
E o caso
continuou em estaca zero. Não se providenciou a remoção de enfermo para o
hospital dos Doidos, no bairro de Alecrim. Por fim a equipe de enfermagem
providenciou remoção do homem alucinado para outro setor, pois a carência de
leitos era enorme naquela hora de trabalho. Eurípedes já estava na sua função
às três horas da tarde quando ouviu de outro colega a falar sobre um louco.
Ainda em conversa, eis que chega um auxiliar de enfermagem para chamar o médico
de atender pacientes em casos graves, pois o homem alucinado tinha despertado e
estava a falar coisa sem coisa. Os médicos trocaram olhares e um deles resolver
sair para a sala de atendimento. A chegar no ambiente, o médico notou o homem
todo atado e foi quando quis saber:
Médico:
--- O que tem
o paciente? – perguntou o médico.
Auxiliar:
--- Eu não
sei. Ele só fala em disco. Disco. Ele não sabe contar outra história. – falou
temeroso o auxiliar.
Médico;
--- É doido
mesmo. Vamos transferi-lo para o Hospital dos Alienados. Estamos conversados. –
bateu as mãos uma na outra o médico.
Nesse ponto,
sem documento algum em seus bolsos, o alienado sem despertar com certeza, ficou
quieto em seu leito até outro acamado que estava no salão informar ter
conhecimento do homem. Por sinal, o “alienado” morava na estrada de Macaíba
próximo ao local conhecido como “curva da morte”. Foi o relato do enfermo.
Apesar de tudo, a ambulância levou para o Hospital dos Doidos o rapaz. Antes de
seguir viagem, o doente foi sedado e assim ficou em letargia profunda. E o
comentário do outro enfermo ficou no mesmo. Dois dias foram passados e a
notícia do desaparecimento do doente correu de boca em boca e seus familiares
estavam a buscar na delegacia, em hospitais e até mesmo nos bares da cidade,
apesar do homem nunca ter ingerido bebida alcoólica.
Mulher:
--- Ele fugiu
com a outra! – resmungava uma alcoviteira.
Outra;
--- Pode ter
acontecido! E quem é ela? – perguntava outra mulher por querer saber.
Mulher;
--- Sei lá!
Ela dorme nas casas de recursos nas Quintas. – fala a primeira.
Terceira.
--- E ele tem
outra? – indagou uma terceira mulher.
Homem:
--- Ah. Ele
está amasiado com Das Dores! – informou o homem sabe tudo.
O caso então
amornou. Mas não esfriou. Quando estava recolhido ao Hospital dos Loucos, o
homem teve uma leve pausa para dizer aos outros enfermos. E então o caso tomou
outro rumo. O enfermo lembrou o seu nome e a razão de ter avistado um disco.
Sem grandes repercussões, mesmo assim o relato do homem seguiu o rumo como uma
centelha de pólvora. A direção do Manicômio foi alertada e houve imediata
reunião com os médicos. E foi dessa forma que a identificação seguiu. O enfermo
foi chamado a diretoria do Hospício. Essa lhe fez várias questões:
José:
--- O meu nome
é José. Completo: José Luiz Diamante. Eu
trabalho em um Curtume na chamada Quintas. Minha moradia fica na Curva da
Morte. É uma curva mesmo. Como sempre há acidentes no lugar. Por isso se chama
Curva da Morte. Bem. Eu estava, naquele dia, me dirigindo ao trabalho. Eram ainda
quatro e meia da manhã. Eu já estava na metade do caminho e então eu vi voando
sobre mim um Disco. Era mesmo como se fosse um Disco. Grande. Enorme até.
Então, desse Disco desceu um raio de luz e isso tudo foi que eu vi. Nesse ponto
não me lembro de mais de nada. A não ser quando eu estava no céu. O céu mesmo.
Eu fiquei em uma mesa e os anjos apenas me examinaram. Aquilo foi por uns
instantes. Logo após eu dormi. E quando acordei estava em um canto remoto.
Dizia os homens ser eu um louco. Então eu vim parar aqui. – deu ciência o
homem.
Diretor:
--- Um Disco?
– indagou assustado o diretor do Hospício
José:
--- Sim. Um
disco. Cheio de luzes vermelhas, amarelas, verdes. De várias cores. Elas
piscavam. Mas era um Disco. – relatou sem assombro o homem.
O Corpo Médico
ficou a dialogar murmurando após vários quartos de horas. Ao final, surgiu a
decisão:
Diretor:
--- O senhor
está curado. Mas lembre-se. Não relate tudo o que o senhor declarou nessa mesa.
Pode dizer ter feito uma viagem para resolver certos assuntos e nada mais. De
resto, está tudo muito bem. Deixe-me o seu endereço, nome e filiação, por
favor. – falou enérgico o diretor.
O assunto não
demorou a chegar ao conhecimento do doutor Eurípedes. Um dia depois, ao esta no
seu oficio no departamento do Hospital Miguel Couto o médico recebeu a visita
de outro médico. Os dois se cumprimentaram e após umas palavras e outras veio
Eurípedes a conhecer a história do homem José Luiz Diamante mandado para o
Hospital Colônia por decisão da diretoria do Hospital central. O enfermo não
era tão enfermo assim. O visitante informou ter José Diamante declarado que
fora raptado por um chamado “disco”. O médico visitante até graça achou na
história contada pelo pobre homem Diamante não fora Eurípedes ter se orientado
e falar com certa preocupação e temor:
Eurípedes:
--- O “Disco”?
Como foi a história? – relatou preocupado o médico
E o medico que
o visitava tornou a contar ser o homem um doido varrido por informar ter sido
levado para o céu por esse “disco”, caso nunca ouvido a se falar. Porém,
alertado, Eurípedes ainda perguntou ao colega onde morava esse tal José
Diamante. E recebeu a informação dele ter deixado essas informações coma
diretoria do Hospital dos Doentes Mentais. Após esses informes Euripedes não
teve maiores complicações. No mesmo instante telefonou para a diretoria do Hospital
Colônia. Queria saber onde residia o tal José Diamante. Pelo teor da história
foi deveras surpreendente, pois Eurípedes estava bastante interessado. Após
meia hora de conversa, o médico Eurípedes, sem maiores surpresas, chegou até a
moradia do homem. Era quase noite e o médico não disse ser um medico de
verdade, com certeza. Ele preferiu de dizer ser um conhecido no assunto do
chamado “Disco”.
José.
--- Pois é
senhor. Eu fui levado por esse tal “Disco”. E estou dizendo vossa pessoa por
que foi assim o acontecido. – informou.
E a conversa
durou um longo tempo com Eurípedes pedindo a José a Diamante absoluto sigilo em
toda sua conversa, pois era bem provável o doutor voltar a conversar com o
homem. Da estrada Curva da Morte para a residência de Nara foi um tiro só. Ao
chegar a casa, Eurípedes encontrou o velho Sisenando a estudar em seu grosso
volume assuntos de demais Universos. Foi nesse instante, após beijar a noiva,
bulir com o menino e falar com a senhora Ceci sem esquecer a própria Margarida
então, com o máximo cuidado se acercou Eurípedes abordando o velho Sisenando a relatar ocorrido.
Eurípedes;
--- E foi esse
o teor da história. – relatou o médico.
Sisenando:
--- O senhor
está me dizendo ter conversado com um raptado por um Disco? – falou alarmado.
Eurípedes:
--- Foi tudo
isso que o homem falou. – reportou cheio de espanto.
Sisenando:
--- Mas eu
tenho que conhecer esse homem. Ele não sabe o quanto tem valor essa conversa. O
senhor quer voltar à casa do Diamante? – indagou surpreso o mestre.
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