- Patrícia Pilar -
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OBJETO
Um tumulto de
gerou na cidade naquele dia. Gente vinda de todas as partes temia aquilo que
ninguém sabia o que. Muitos devotos procuravam as Igrejas ou Templos religiosos
para pedir a Deus perdão pelos seus pecados. Nos Templos protestantes eram
fechadas as portas quando um adepto logo penetrava. Em poucos Templos os
protestantes oravam de cabeça abaixada para o Deus não sua face. Nas Igrejas
Católicas era quase da mesma forma. Os fieis se juntavam em prantos rogando
perdão por seus pecados. Teve alguém que se confessou a relatar casos feitos
quando o marido saía de casa para seu trabalho:
Dama:
--- Era outro
homem seu vigário! Mas eu não fiz por mau. Era a necessidade de comprar a carne
para o almoço. – chorava compadecida a mulher.
Vigário:
--- Está
perdoada, filha! Reze um Pai Nosso; três Ave Maria e um Gloria ao Pai! Vá e não
peques mais. – recomendava o sacerdote.
Se fosse uma
mocinha a conversa era outra, como a de uma jovem que se dizia virgem. O
sacerdote puxou assunto para a mocinha dizer onde foi que o seu namorado pegou.
E a jovem se via obrigada a dizer:
Jovem:
--- Bem aqui,
seu Padre. – dizia acanhada a mocinha.
Padre:
--- Onde?
Onde? – perguntava o sacerdote para a mocinha falar.
Jovem:
--- Lá em
baixo! – dizia envergonhada a mocinha.
Padre:
--- E você
permitiu? – indagou o sacerdote.
Jovem:
--- Foi o
jeito. Eu também segurei o dele. – disse cheia de vergonha a moça.
Na verdade,
era um pandemônio em toda a capital. Crianças a chorar sem saber por que. Mulheres
a correr em debandada a procura de não se sabe quem. Mocinhas assustadas a
procura do seu ente querido, pais em aflição por causa do chamado Disco. O objeto
estranho vinha e voltada para a imensidão do espaço. Alguém dizia nunca ter
visto objeto parecido.
Um:
--- É avião? –
perguntava um despreocupado.
Dois:
--- É a tua
mãe seu filho de uma puta!. – e se escondia embaixo de uma mesa qualquer.
Alguém falou
ter visto em outras ocasiões tais objetos. Dois ciclistas informaram também
essa versão. Os ciclistas acaram de voltar de uma excursão na região das serras
para além de Cerro Corá, município do agreste.
Ciclista:
--- Eu fiquei
assustado com aquele objeto. Eram muitas luzes ao seu redor. E tinha uma cor
prateada. Eu acredito ser um fenômeno estranho. – relatou o ciclista.
Dai em diante,
o professor Macedo tomou a iniciativa de buscar maiores informe com a
Universidade. Da residência onde ele estava telefonou para outro professor. E
então indagou do mesmo se estava a ver um estranho objeto no céu. O professor
de nome Nicodemos fez alusão não ter conhecimento uma vez que estava dormindo
àquela hora da manhã. A despertar pelo ruído do telefone ouviu um clamor
estranho na rua onde morava.
Macedo:
--- Está todo
mundo assustado com a aparição desse disco. O senhor pode ver. Ele faz
círculos. Sobe e desce a um só instante. Está havendo tumulto de pessoas aqui
na rua onde eu visito um companheiro nosso. Por favor, veja também da sua casa!
– proclamou Macedo.
O caso do
objeto desconhecido durou o dia inteiro com as Igrejas Católica e Protestante
sempre cheia de fieis a rogar a Deus o seu perdão e discursão dos mais antigos.
A Força Aérea se manteve em guarda visto ter o comandante da corporação cercado
de informações desencontradas. O disco permaneceu no espaço aéreo de Natal por cerca de três horas no seu indo e
vindo a todo instante. Eurípedes seguiu de imediato a residência de José Luis
Diamante a procura de saber algo de informação sobre o tal aparelho. Esse de
nada sabia. Apenas ter sido um objeto semelhante. Foi nesse ponto que surgiu Manoel
do Burro totalmente temeroso pelo desaparecimento do seu ajudante José
Rodrigues. Conforme destacou o homem, o
seu ajudante não dormira em Macaíba ou imediações. Os burros que o rapaz
conduzia foram encontrados próximo à Mangabeira, lugarejo caminho de Macaíba.
Manoel:
--- Eu pensava
ter ele dormido com uma mulher de cabaré. Mas nem isso o rapaz chegou a fazer.
Os burros estão todos no “mucura” de Mangabeira. – relatou paciente e alarmado.
Eurípedes não
quis se meter na conversa. Apenas deixou o homem falar. Manoel dos Burros
verificou o homem presente parecendo reconhecer. Mesmo assim ficou calado sem
nada a declarar. Apenas fez cara feia. O seu burrico pastava em um campo
próximo. Manoel apenas olhava sem nenhuma cisma. Ele estava preocupado com
outros negócios a lhe atormentar a mente. Finou por olhar o capinzal distante
onde tinha éguas, cavalos, porcos e outros jericos além de muito capim,
mangueiras, canas caianas e cajueiros. Manoel coçou a cabeça antes de por o
chapéu. Ele olhou por mais uma vez para o doutor Eurípedes e se largou para o
seu trabalho sempre a pensar nos acontecimentos. O médico indagou quem era o
pobre homem e recebeu como resposta:
Diamante:
--- Um
trabalhador. Ele planta e colhe capim. Vive disso. Seu ajudante pegou as
capoeiras. – respondeu o homem do curtume.
Eurípedes:
--- O senhor
mora aqui sozinho? – perguntou o médico.
Diamante:
--- Eu e Deus.
Pra mim, mulher basta. Também não tenho filho. Pra mim, basta – comentou o
homem como a qualquer coisa desenganada.
Eurípedes:
--- Solidão. –
tremeu a pensar.
Diamante:
--- Não é
senhor. Quem tem Deus tem tudo. Inda mais quem conheceu Jesus. – alegrou-se
Eurípedes:
--- O senhor
conheceu Jesus? – indagou pacientemente.
Diamante:
--- Como eu já
contei. Ele estava entre os demais anjos. Ele mandava em tudo. Era mesmo Jesus,
o Nosso Senhor. – relatou o homem a cuspir uma mescla de fumo para um lado.
Euripedes:
--- Tem razão.
Mas viu hoje a nave que flutuou em Natal? – indagou por vez ao operário.
Diamante:
--- Eu vi e
não vi. Era um prato muito grande. E chegou e desapareceu. Não sei. Talvez
fosse algum avião. – declarou o homem um pouco a pensar.
Eurípedes:
--- Não. Não
era avião. Era um Disco. Um Disco como o que levou o senhor para outros cantos.
– comentou o médico.
Diamante
meditou um pouco e depois falou meio distraído.
Diamante:
--- O senhor
viu o disco? – perguntou meio cismado.
Eurípedes:
--- Eu vi o
Disco. Veio até muito baixo. Não vi os senhores do comando. Esses eu não vi.
Apenas olhei bem para o Disco. – comentou o médico.
Diamante:
--- Meu Deus!
Será que ele está me procurando? – indagou sem certeza o trabalhador.
Eurípedes
olhou bem para o homem do curtume e nada falou. Ele apenas traduziu o seu
pensar. O homem estava ciente de ter visto uma criatura. E essa criatura seria
Jesus. Uma dúvida a ter ainda de se apagar.
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