- Bruna Marquezine
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QUEM VIU
Ainda na mesma
tarde do sábado, Eurípedes e o advogado chegaram com o trabalhador Diamante à
sua pobre casa. O homem morava sozinho em uma casinha feita de taipa com uma
janela e uma porta de entrada na chamada Curva da Morte, caminho de Macaíba
ainda em terreno de Natal. A Curva ganhou o seu nome por causa dos desastres de
carros e caminhões havidos no local, quase sempre a deixar gente morta sem se
contar com os defeituosos para sempre. Quase à frente da casa estava a caminhar
o homem Manoel com o seu burro carregado com uma carga singular de capim. Mas a
carga era tão alta que quase não se perecia o burro manso. Entre outros
passantes naquela hora do dia Manoel com seu chapéu de massa caminha a tanger o
muar. Instante depois Diamante desceu do automóvel e agradeceu a cortesia. Foi
exato por esse instante que Manoel tangedor de burro cumprimentou sem ação o
seu “compadre” Diamante. Esse respondeu da mesma forma. Por fim, Manoel parou
por uns instantes a espera de o automóvel sair para não atropelar seu burrico e
despejar a carga de capim no chão. Quando o automóvel partiu Manoel olhou bem
por desconhecer os seus ocupantes. Nesse ponto Diamantes já procurava entrar em
sua tapera feita de barro pintada de branco. E sem querer dizer por maldade
Manoel indagou:
Manoel:
--- Foram
eles? – e apontou para o automóvel a seguir a frente.
Diamante:
--- Eles quem?
– indagou para disfarçar.
Manoel:
--- Os daquele
dia? – indagou ainda com o polegar apontado para o carro.
Diamante:
--- Não sei o
que está falando! – dialogou o trabalhador
Manoel:
--- Sabe sim!
Eu vi! Um aparelho grande veio te buscar. Eu vi. Eu estava acordado ajuntando
capim. Eu e meu ajudante, José Rodrigues. Foram esses dois? – indagou com
suspeita.
Diamante:
--- Cala tua
boca, homem! É assunto perigoso! – respondeu o trabalhador sem sossego.
Manoel:
--- É? Eles
disseram? – indagou por mais vezes.
Diamante:
--- Não. Não
foram eles. Eu vi Jesus. E só! – concluiu o homem a penetrar na sua tapera.
Manoel:
--- Espera!
Espera! Você viu Deus? Onde? Espera! Conta! – alarmou o almocreve.
E o homem não
mais esperou. Diamante fechou a porta de cima abaixo e foi para o interior da
tapera. Do lado de fora ficou Manoel a falar apenas consigo magoado pelo
atrevimento com o qual recebido:
Manoel:
--- Ora!
Desgraçado! Nem deu ouvido! E José onde está? – indagou consigo o almocreve..
Com isso, o
tangedor de burro continuou seu caminho açoitando o seu muar. José Rodrigues
saíra um dia antes para entrega de mercadoria na vizinha Macaíba. E deveria ter
regressado do mesmo dia, já à noite ou quase isso. Mas não voltou nem deu
noticia sequer. Manoel tangedor, seguindo do seu capinzal não fez muita crença
a falta de José e logo supôs ele estar com alguma mulher de cabaré, caso comum
no final de semana.
No dia
seguinte, domingo, quando Sisenando estava com o professor Macedo, eis que
chega o doutor Eurípedes. Então o médico cumprimentou a todos, deu um beijo na
sua noiva, fez carícia no pequeno Netinho e se meteu na conversa dos senhores.
Então ouviu do seu futuro sogro o convite formulado pelo professor Macedo para
o mestre participar do corpo docente da Universidade no ensino de Astronomia e
Astrofísica. O caso mais intrigante era
do Faraó Akhenaton. Ele era tomado por um deus e se possível era também um
visitante vindo de outros sistemas planetários. Muitos anos antes dos egípcios
construírem as pirâmides um povo habitou a região chamada “Inicio dos Tempos” .
Foi um tempo em que deuses desceram das estrelas para a Terra em “barcos”
voadores e transformaram lama e água em um novo reino:
Sisenando:
--- Pelo que
eu sei e os senhores devem saber ser o antigo Egito muito antes de se construir
as Pirâmides, uma terra fértil. Naquele local houve o povoamento por seres
extraterrestres e se chamava de ‘deus’ o ser que veio do Cosmos. E é muito
claro dos deuses terem descido das estrelas. O
deus Osiris governava com sua esposa e irmã, a deusa Isis. E eles eram
deuses das estrelas e se identificavam claramente. Osiris é identificado com a
constelação de Órion. E Isis era identificada
como a deusa da estrela Sírius, mãe de Horos e a mais brilhante do Céu. Ísis
foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra e de Nut, a deusa do Firmamento.
Sabe-se que Íris teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido. Dessa
união nasceu Horos. E foi Ísis quem ressuscitou seu marido Osíris ao ser morto por seu irmão
Seth. – relatou o mestre.
Macedo:
--- É fato. É
fato. É tanto que a Igreja Católica juntou a história de Osíris e formou a
Santa Missa uma vez que, naquele tempo, ninguém sabia da verdade. – completou o
professor.
Sisenando:
--- Algo
interessante. Na constelação de Órion fica o berçário das estrelas. As estrelas
de nossa galáxia nascem nessa área. E os antigos egípcios insistiam em afirmar
que o nascimento dos deuses das estrelas se originou nessa constelação. –
afirmou o mestre.
Eurípedes:
--- Missa? O
que tem a haver Missa com Osíris? – indagou surpreso o médico se dirigindo ao
professor.
Macedo:
--- Boa
pergunta. Antes de falar em Missa e seu significado, vamos questão primeira:
Osíris. Como é sabido, o nome advêm de “O Poderoso”, o Deus Sol. A crença diz
ter sido Osíris o ser de “Muitos Olhos”. Quando Osiris governava a Terra tinha
ele o poder de julgar quem podia ir para o “Paraíso” na “Sala das duas Verdades”. Mas vamos ao
caso. Sabe-se ter tido Osíris um irmão, cujo nome era Seth. Esse irmão do
Osíris, governador do deserto, tinha forte inveja do Poderoso e queria
tomar-lhe a coroa e decidiu engendrar um plano de matar o irmão. Então,
auxiliado por setenta e dois conspiradores, Seth convidou Osíris para um
banquete. No decurso do banquete, Seth apresentou um magnífico sarcófago e prometeu entregar a quem nele coubesse.
Após testar o sarcófago em cada um, e vendo que a ninguém coube, Seth então
mandou o seu irmão testar. Quando Osíris entrou no sarcófago os setenta e dois
amigos de Seth correram o lacraram o caixão mortuário e esse foi atirado no rio
Nilo. O sarcófago foi levado pela correnteza do rio até a Fenícia. Então, o
ocorrido foi levado a conhecer a esposa de Osíris, a rainha Isis. Essa, ao
desespero procurou saber do destino do sarcófago então descobre que o
mesmo tinha sido incrustado em uma
árvore. Essa árvore tinha sido cortada para fazer uma coluna no palácio real. A
Rainha consegue trazer o corpo do seu esposo e o esconde em uma plantação de
papiros. . Nesse ponto, Seth ficou furioso e buscou a caixa onde estava o seu
irmão. Então decide esquarteja-lo em catorze pedaços e o espalhou por todo o
Egito. Então, a Rainha Isis, ajudada por sua irmã Néftis, a senhora da casa
para onde o Sol retorna no fim do seu curso, e as duas senhoras partem em
busca das partes do corpo de Osíris. E
Isis conseguiu reaver todos os pedaços, menos o pénis que teria sido devorado
por um ou três peixes. Para suprir a falta deste, Íris criou um falo artificial
com caules vegetais. Por conseguinte, então Ísis, Néftis e Anúbis, o deus dos mortos, (tido
também por Inpu), procedem então à prática
da primeira mumificação. Ísis transforma-se em seguida em uma águia a bater suas asas sobre o corpo de Osíris
para então ressuscitá-lo. Ainda sob a forma de ave, Ísis une-se sexualmente a
Osíris e desta cópula resulta o filho, o deus Hórus. Quando esse se tornou
homem, derrubou Seth e o matou passado a reinar sobre a Terra. – concluiu o
professor
Eurípedes:
---
Fantástico! Magistral! Belíssimo! – argumentou exaltado o médico a socar o ar
com as mãos
Macedo:
--- Essa é a
história de Osiris cantada pelos gregos muitos anos após. O símbolo mais
importante associado a Osíris era o pilar ou coluna djed que representava a coluna vertebral do próprio Osíris. A
árvore cedro com ramos cortados relaciona-se
ao sarcófago onde ficou Osiris. Djed
significa: estabilidade e a continuidade do poder. O djed era o elemento
principal de uma cerimônia ritual que se
celebrava durante a festa do Faraó, o jubileu real ou ereção da coluna djed.
Osíris tinha como barca sagrada a nechemet,
na qual Ísis e Néftis eram representadas ocupando respectivamente a proa e a
popa. Entende melhor agora? Proa, a frente. Popa, atrás. Uma e outra. Veja bem:
o homem quando vê uma mulher tem o método de olhar a frente e atrás. – articulou
com cerimonia o professor.
Eurípedes:
--- Não
precisa nem dizer mais! – gargalhou com ênfase o médico.
Nara, que
estava presente a conversa, saiu depressa articulando algo em torno de seu sexo
como a declarar:
Nara:
--- Taqui, ó!
– diria a ninfa com a cara fechada.
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