quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ACASO - 43 -

- Gene Tierney -
- 43 -
CEMITÉRIOS
De volta ao Grupo Escolar Joel Calassa percorreu outro itinerário contrário ao de sempre, pois assim não estaria a ver a sua namorada Elizabete e nem prestaria contas do dia passado quando teve que ir mais Isabel, sua amiga de espírito, a lugares bem distantes, como fizera a conhecer a Suméria. O rodeio foi bastante longínquo e Joel entrou na escola quando a sineta batia e a multidão de estudantes queria entrar de uma só vez no interior do terreno do Grupo. Elizabete estava entre aquela multidão. Mesmo assim, não deu para Joel ter de explicar o que sucedeu no dia anterior apesar das perguntas frequentes a mocinha. Com toda a pressa, Joel correu para a fila de entrada da sala e logo atrás estava a renitente Elizabete com as suas iguais perguntas.
Elizabete:
--- Onde você estava ontem? – perguntava Elizabete com uma voz chorosa.
Joel:
--- Fui ali. – respondeu o garoto não querendo entrar em detalhes.
Elizabete:
--- Ali aonde. Diga! – falou a mocinha com voz lamentosa
Joel:
--- Ali. Não posso não? Ali! – disse reclamando Joel.
A turma começou a entrar na sala de estudos, cada um atrás do outro, com os passos curtos e Joel procurou se sentar logo em sua velha carteira. Logo atrás veio também Elizabete. Com a mesma conversa de querer sabe onde Joel andava metido ela perguntou mais uma vez:
Elizabete:
--- Me diga! Eu quero saber! Ora droga! – falou exaltada a pequena moça.
Joel se exaltou por seu lado e para calar a boca de vez de Elizabete disse logo de uma vez:
Joel:
--- Fui ali! Não entendes! Ali sinhá burra! – reclamou exaltado o moço.
Foi tombo e queda. Nesse momento Elizabete pegou de sua bolsa e meteu na cabeça de Joel por uma, duas e três vezes. Nesse momento entrava na sala a professora Sonia Andrade e flagrou a jovem mocinha a pinicar a cabeça de Joel com a sua bolsa. Quase que revoltada a mestra correu em defesa do aluno a perguntar:
Sonia:
--- O que é isso?! Já estão brigando?! Pára já com essa teima! Ora! – falou Sonia com os olhos bem abertos.
Elizabete caiu num choro e colou a cabeça em cima dos seus braços cruzados para ninguém notar ter ela sido apanhada em flagrante por conta de uma briga constante.
Elizabete falou chorando a apontar Joel.
Elizabete:
--- Foi ele que me chamou de burra. Esse macarrão de uma figa. – dizia e chorava a mocinha.
Joel:
--- Foi ela professora. Porque queria saber para onde eu fui à manhã de ontem! – se defendeu Joel ainda zonzo com as pancadas levadas em sua cabeça.
Sonia:
--- Vamos parar com isso! Ora essa! Todos sentados em suas carteiras! – falou brava a professora daí por diante.
E Sonia Andrade voltou para o seu birô e pegou a caderneta de chamada e logo em seguida parrou a dizer ser melhor chamar quando todos fossem embora. A mestra olhou para um lado e outro como estivesse a contar os alunos e logo declaro:
Sônia:
--- Crianças! O que vocês querem saber hoje? – indagou a professora a toda a classe.
A classe inteira emudeceu e cada um olhava para o outro. Havia quem batesse com o lápis da carteira como se fizesse um sinal de um samba. Enfim, todos calaram até mesmo Pecado e Mulherzinha. Esse era o homossexual da classe. E, finalmente Joel pediu a palavra:
Joel:
--- Licença professora? – E se levantou o garoto da sua carteira.
A professora se virou e disse:
Sonia:
--- Pois não! – falou a professora quase em seguida.
Joel:
--- Eu estive lendo uma matéria sobre mausoléus e, de modo especial, sobre catacumbas de Edimburgo. O que a senhora diz desse fato? – indagou Joel de olhos abertos.
Sonia:
--- Você diz falar sobre Edimburgo ou sobre as necrópoles?  - perguntou a mestra.
Joel:
--- Pode ser. Um. Ou os dois. – falou o garoto a se sentar na sua carteira.
A professora sorriu e voltou a indagar a classe afirmando ser um tema por demais importante. Mas os alunos nada disseram. Apenas uma mocinha no fim da sala estranhou:
Moça:
--- Chega me dá arrepios! – disse a donzela encolhendo os braços.
Sonia;
--- Bem. Vamos começar. E não tem nada de arrepios. É um fato comum. Cemitérios! Quando se começa a construir uma aldeia, logo se tem em mente também se fazer sua Igreja e notadamente o seu cemitério. É bem comum esse fato. Igreja e cemitério. Antigamente os corpos eram sepultados ao lado e dentro das Igrejas. Isso até vale um tema. Com a continuação e o aumento da população se desfez de tal ideia. Se bem porque nas cidades tinham as religiões diversas. Então os copos não cabiam em um só local. Na maioria dos casos os cemitérios são lugares de prática religiosa. As civilizações mais antigas tinham já as suas necrópoles. O Egito, no tempo dos Faraós, aquele que serviam o Faraó procurava se enterrar junto com o seu rei. Na verdade, apenas o Faraó era o defunto. Os demais eram seres vivos e acreditavam na ressurreição do seu divino mestre. Por isso, todos realizavam um enterro simbólico. Como havia um longo espaço na pirâmide, os vivos demoravam a morrer. Mesmo assim, acabam eles por morrer também. A palavra “cemitério” vem do latim e do grego. Quer dizer “pôr jazer”. Hoje em dia os cemitérios são locais para se cumprir de acordo com a sua religião: católica, protestante, islâmica, judaica e até mesmo maçônica. Esses são cemitérios da fraternidade para apenas quem for Maçon. Tem cemitérios famosos, como o de Paris, na França onde foram sepultadas figuras ilustres. E tem os modernos além dos cemitérios pagãos onde são depositadas as cinzas dos mortos. E o caso de Edimburgo, citado pelo nobre aluno é um cemitério que foi feito sobre tumbas. Em anos passados, ele foi depósito de gente pobre. O Governo da Escócia não tolerava vagabundos, desempregados, bêbados a andar pelas ruas da metrópole. E em tais circunstancias os pobres e desempregados, os velhos por assim dizer, era relegados às catacumbas. E por lá vivia o restante de sua vida. Há muita lenda a respeito de Edimburgo como o aparecimento de pessoas ou espíritos de mortos a andar por entre as ruas de Edimburgo em tempo de lua cheia. Entendidos, crianças? – sorriu leve a mestra.
Joel:
--- Está certo, professora. Mas, os mortos reaparecem? Têm vida eles? – indagou o garoto à sua mestra.
Sonia:
--- Há quem diga que tem sim. Eu não duvido. Porém não confirmo. Há muitas lendas como as dos passos perdidos; do homem que visitava a sua esposa depois do mesmo ter morrido; da noiva que morava em um cemitério. Lendas, e nada mais. – relatou a professora.
A sineta tocou para o recreio de meio de aula.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ACASO - 42 -

- Michelle Zen -
- 42 -
SUMÉRIA
Por um acaso qualquer, naquele dia, após a aula, Joel Calassa ao sair da classe onde estudava se deparou com a sua amiga da eternidade e foi assim em sua companhia ao sabor do vento e das asas do telúrico. Isabel amada veio suave como uma pluma perdida no ar e com o jovem garoto se foi para o espaço sem fim onde as ninfas dos deuses orbitavam o firmamento. O garoto, assustado, indagava a todo o momento para onde eles estariam indo. E Isabel sorria e dizia:
Isabel:
--- Você verá. – sorria Isabel a caminha em um vôo imaginável para o tempo sem fim
A Terra era um imenso paraíso visto do alto de onde os dois estavam. Alguma coisa se pôs diferente e a cada instante a Terra mudava de forma. Não a Terra propriamente dita. Mas o que do alto podia se verificar. E em uma fração de segundo Joel já estava em um local como se fosse deserto. O garoto viu em algum período após uns guerreiros com armaduras entras as pessoas normais. O  garoto estranhou tudo o que notava. Era agora um povo sem nome e de cabeças negras. Isabel disse-lhe:
Isabel:
--- Essa é a Suméria, o “lugar dos senhores civilizados!” – falou Isabel ao garoto.
Joel estava de boca aberta ao olhar toda aquela formosura de País ou nação. Ele no podia acreditar no que estava a ver. A Suméria, antiga civilização desaparecida nos dias atuais de Joel Calassa. A moça, já posta em terra junto com Joel recomendava para ele não falar com ninguém, pois Joel era o homem do futuro. E mesmo porque ninguém olharia para ele com seus trajes diferentes. De uma forma ou de outra era melhor não falar com ninguém apesar de poder falar algo. Mesmo assim, a sua fala seria incompreendida e os guerreiros o tomariam por intruso. Um homem do mal. Joel respondeu entender tudo aquilo que Isabel dissera. E para não demorar, eles seguiram pelas terras de Ur. É Isabel falou ao garoto com paciência:
Isabel:
--- Estias a procurar Gilgamés Rei da cidade de Uruk? Vejamos! Ele é um Rei! Seu poema se perde no tempo até quando os judeus copiaram tudo o que estava escrito por Gilgamés e transformam em um livro. Esse livro é chamado no seu tempo de Bíblia com apenas cinco apêndices. Por isso é conhecido pelo povo judeu de “Pentateuco”. – relatou Isabel a sorrir
Joel:
--- E o que é esse nome? – indagou atônito o garoto.
Isabel:
--- (sorriu) – Pentateuco? Significam “os cinco rolos”. É uma palavra grega a traduzir por “cinco estojos!”.  Nesses estojos se guardavam os rolos de papiros ou material escrito. Entendes? – indagou Isabel ao moço Joel.
Joel:
--- Ah! Em lembro porque o meu pai tem uma caixa de charutos onde ele guarda documentos para não se mexer neles, - sorriu o garoto a moça Isabel.
Isabel:
--- Justamente. Até os seus livros nos dias atuais não passam de papiros. Você os guarda para não perder. Um dicionário é um grande papiro agora escrito de outra forma. – sorriu Isabel.
Joel:
--- Entendo. Entendo. – relatou Joel a sorrir.
E Isabel retornou as conversas a dizer ter a Suméria várias cidades-estados:
Isabel:
--- Aqui temos o Eridu, o Lugar do Príncipe. Larsa, reino antediluviano, centro de culto ao deus sol; Sippar, cidade do Paraiso; Uruk, cidade construída e rodeada por uma muralha de 9km de extensão e edificada por ordem do Rei Gilgamés. Esse Rei mandou erguer o famoso templo de Eana, dedicado à Inana. Na Epopeia de Gilgamés é conhecido como um antigo poema épico e uma das primeiras obras conhecidas na literatura mundial. A sua importância está descrita como sendo Aquele que se Eleva Sobre Todos os Outros Reis.  – sorriu a ninfa Isabel ao contemplar a face de Joel Calassa.
Joel:
---E onde estamos agora? – perguntou Joel sobressaltado.
Isabel;
--- (sorrindo) Agora? Estamos em Ur. A cidade que criou o primeiro código de leis. Foi nessa cidade que nasceu Abraão e levou todo o saber para o povo hebreu. E daí teve origem a Bíblia, a chamada Sagradas Escrituras. Essa é a verdade. – sorriu Isabel ao afagar o garoto.
Os dois amigos viajaram por ampla região da Suméria em um vôo ignoto onde tudo o visível era uma surpresa para o garoto Joel.  Recintos Sagrados não eram postos com exclusividade ao culto dos deuses. Os sacerdotes tinham outras funções, como ainda hoje fazem os padres da Igreja Católica. Dízimos, impostos e oferendas à comunidade tinha obrigação em fazer sendo tudo anotado em tabuinhas de barro. Ainda não se conhecia o dinheiro cunhado. Os impostos eram pagos em espécie; cada habitante de Ur pagava a sua maneira. Muitas mercadorias eram beneficiadas no próprio templo.
À tarde, quando o sol descambava no horizonte, Joel Calassa já estava em sua casa a rever os manuscritos guardados pelo seu amado pai. E olhando com cuidado todos os manuscritos, ele observou apenas um em que trazia a palavra de Suméria. Os olhos de Joel se alargaram como a lua e de imediato começou a ler o que estava escrito no manuscrito. Era algo bastante antigo, talvez herdado por herança de seu avô ou bisavô. De quem fora então o manuscrito para Joel pouco importava. O que lhe interessava era ler todo aquele alfarrábio. O manuscrito era tão velho, pois em certo espaço o documento se fragmentava com o descuido do garoto. E nem mesmo assim ele deixou de ler com cuidado o que estava escrito nas páginas já impressas do arcaico documento. E Joel folheou tudo o que estava escrito no paupérrimo documento inclusive gravuras estranhas impressas de qualquer forma.
Joel:
--- Viva! Achei! Está tudo aqui! – gritou o jovem ao encontrar aqueles manuscritos.
E a noite, ao deitar, Joel Calassa voltou a lembrar do passeio eterno dado pela jovem Isabel com ele as terras da Suméria. E ainda fez a pergunta crucial:
Joel:
--- Para que inventar tanta mentira se é mais fácil se por a verdade? – exultou Joel no seu pensar.
A noite cálida e terna chegou a desassombro e Joel se pôs a sonhar com as viagens de homens alados a conhecer estranhas terras nunca antes visitadas. Um sonho azul e cheio de brilhos como não existe em todo o Universo qualquer. Joel, em seu sonho, visitou as mais longínquas paragens onde ninfas estelares sorriam a cada passo não por ele. Mas era um sorriso fraterno como que diz algo em anseio mais. As ninfas eram na verdade um botão de rosas. E para o rapaz eram elas as puras deusas do Olimpo. Fadas sem asas, leves e delicadas eram elas a personificação da graça. Habitantes dos lagos, bosques e florestas. Musas inspiradoras da criação da arte. O templo das musas eram o Museion, local de cultivo e preservação das artes. A inspiração de Joel percorria imensos vales das orações de universo. Musas e verdadeiras ninfas adormecidas entre o ocaso da leve bruma do prazer.
A manhã chegara e Joel já estava desperto. A deitar na cama entre lenços aconchegantes ele recordava as doces fases de prazer. Quando sua mãe passou em seu quarto ele se virou para a parede e fez de conta que dormia o doce sono da infância. A mulher bateu a porta para acordar o seu rebento sem nem mesmo precisar abrir.
Isaura:
--- Acorda malandro! Está na hora! – dizia a sua mãe.
Joel quis ouvir. Estava a sonhar com as suas ninfas soltas a perambular pelos os bosques e a sorrir meiguices de amor. A luz do sol penetrou por entre uma fresta do velho telhado e se ambientou logo no espelho da alcova do garoto. E ele fez que não viu.
Isaura:
Acorda! Ou irei te puxar pelos pés. – reclamou a sua mãe de volta a sala de vistas. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ACASO - 41 -

- HOTEL DO NORTE -
- 41 -
PRÉ-HISTÓRIA
Os estudantes ficaram atentos com as explicações de Sonia. Estavam presentes além do jovem Joel e da ninfa Elizabete, o também Pecado, pois assim o chamavam os seus colegas de classe e outros das imediações e os demais chafurdentos estudantes. A mestra Sônia chamava para o sentido do homem pré-histórico quando esse não sabia ler ou escrever. Mesmo assim o homem pré-histórico tinha habilidade para o desenho, a pintura e a gravura. Desde o tempo em que o homem sentiu a necessidade de se comunicar, é certo ter a intenção de também falar.
Sônia:
--- Pinturas rupestres são pinturas e desenhos registrados no interior de cavernas, abrigos rochosos e, mesmo ao ar livre. São artes que existem no mundo todo. No Brasil, há vestígios de arte rupestre em Florianópolis, Bahia, Piauí e até na Paraíba e Rio Grande do Norte. Entendem vocês, minhas crianças? – indagou a caminhar de um lado a outro do tablado feito de madeira a senhora professora.
E a mestra prosseguiu com a sua sapiência e paciente explanação sobre os homens das cavernas e os desenhos mirabolantes os quais sempre se encontravam onde mais não se podia acreditar. Em sua dissertação, Sonia foi mais além e abordou temas então desconhecidos para os estudantes da série a qual ensinava. A jovem professora falou de um tempo onde houve poemas escritos em argila por um dos reis da Terra. E dizia esse rei ser de uma civilização onde se podia notar a descendência de homens das estrelas. E falava mais a mestra de placas de brilhos surpreendentes entre a proibição de se olhar direto para aqueles deuses. Foram fatos bem antes do descrito na Bíblia por Moises, o homem judeu que fez o Velho Testamento em seu Gênesis, primeiro livro da Bíblia.  E perguntou a mestra Sônia a classe toda:
Sonia:
--- Vocês estão me entendendo, minhas crianças? – indagou a professora.
O silencio foi total. Apenas no meio de toda a classe surgiu alguém com uma questão. E teria que ser Joel atento e mudo durante toda a explanação da mestra.
Joel:
--- E a Bíblia mente minha divina mestra? – indagou o moço a professora.
A mestra sorriu com a indagação feita pelo garoto e com certeza por ter o mesmo a chamado de divina. E então respondeu:
Sonia:
--- Não. Não mente. Apenas, meu querido infante, Ela não disse ser todo aquele romance um espelho do que foi dito muito antes por uma classe vivida tempos atrás. Sentiu o fato, meiga criança? –indagou a mestra ao aluno.
Joel:
--- Mas a Bíblia não é o mais antigos dos Livros minha divina mestra? – indagou outra vez o aluno Joel.
A professora voltou a sorrir e quis se aproximar do menino para lhe falar de caso não sabidos por ele,
--- Minha criança. Se levarmos em conta a divulgação do livro, ele tem sido o mais escrito em todos os tempos. Porém se formos pesquisar aquilo que está escrito, veremos haver livros bem mais antigos, como o Vedanta. – relatou a mestra a seus alunos.
A turma:
--- Vedanta? O que é isso? – perguntou toda classe de forma de espanto.
A professora sorriu. E depois explicou:
--- Muito bem crianças. Nós estamos a falar sobre as civilizações antigas. Mas, por ter sido citado um livrou desse tempo, tenho que dizer ser o Vedanta é um sistema de credos. E podemos encontra-lo há 5.500 anos antes de Cristo. Veja ter sido a Bíblia escrita há 400 anos antes de Cristo. Por isso vocês tem a noção do antigo e do menos antigo. Mas nós estávamos a tecer comentário a respeito de uma civilização bem mais antiga. Era a civilização dos Sumérios ou civilização Suméria. Eu me referi a um Rei de nome um pouco estranho: Gilgamés. Ele era Rei da Cidade de Uruk, na Suméria. A Suméria ficava no vale de Entre Rios onde se forma os rios Eufrates e Tigre. Tem ali o nascimento da Mesopotâmia. Tem muito coco por lá. – sorriu a professora ao dizer tal caso singular.
A turma caiu no espanto;
A turma:
--- Coco professora? – indagou perplexa toda a turma.
A professora a sorrir como uma criança dialogou então.
Sonia:
--- É. Coco. Temos cocos por várias extensões do mundo. -  sorriu como tola a mestra.
A turma:
--- Queremos ir para os Dois Rios. – gargalhou a turma a uma só voz.
Sonia:
--- É bem saudável até! – comentou a professora a sorrir.
E a explicação sobre Gilgamés continuou e o destino dos mortais com os deuses. Enfim a espetacular noção de ter migrado a civilização dos Sumérios partindo da América do Sul com destino ao Oriente Médio foi bem descrito por Sonia Andrade.
A sineta deu o toque de suspender a aula para os estudantes fazerem seu lanche habitual onde os alunos ficaram amplamente extasiados com a aula da nova professora, jovem, alegre e de melhores propósitos. E o comentário era geral entre os estudantes daquela classe.
A turma:
--- Você viu então? – perguntava um ao outro.
--- A civilização partiu do lado de cá da Terra? – respondia a interrogar alguém.
E nas bancas dos quitutes estavam por lá os alunos Elizabete e Joel a procura de um copo de leite com café, e de um bom-bocado, delicia de um bolo coberto com coco e feito com leite de coco entre outas iguarias.  Alguns estudantes estavam a subir nas mangueiras para tirar algumas mangas calotas, uma maravilha de fruta. Os dois amantes estudantes, Elizabete e Joel, acompanhavam a sanha dos rebeldes enquanto sorriam e saboreavam as delícias do bom-bocado recentemente feito pelas merendeiras do Grupo Escolar. 
Na saída a Escola, Joel tomou local ignorado apesar de a sua amiga Elizabete ter procurado encontra-lo por todas as veredas. A mocinha ficou atarantada de um lado para outro a procura do garoto sem ao menos ter ideia de onde ele se metera. De tanta raiva que ficou a mocinha pegou a sua bolsa escolar e sacudiu no chão com a teimosia que lhe era franca. A turma da manhã fora embora para as suas casas e a mocinha continuou sentada no chão com a revolta de sempre por causa do Joel amado. A professora Sonia Andrade estava a sir da Escola e se deparou com a estranha atitude da mocinha, Vendo a situação a sol a pino, Sonia Andrade se aproximou da jovem Elizabete e fez a estranha indagação:
Sonia:
--- O que houve minha infante criança? – indagou perplexa a professora.
Elizabete:
--- Nada. Eu só penso em um colega que desapareceu para os cafundós de Judas. – respondeu a mocinha quase a chorar com a cabeça emborcada para baixo apoiada entre os seus braços cruzados.
Sonia sorrindo:
--- Ora criança. Talvez o amigo tenha sentido uma necessidade urgente e foi embora. – relatou a mestra acariciando a cabeça da aluna ao tempo em que a levantava,
Elizabete se soergueu e se pôs de pé enxugando a lágrima furtiva a molhar a face enquanto a professora acudia a mocinha levando-a para o interior do Grupo e então lhe fazer carinhos. Elizabete a chorar sem meios deixou-se acariciar pela mestra e se recostou ao colo como se fosse um gatinho solitário ao aconchego de sua mãe.  O tempo corria e as horas marcavam ter o expediente terminado. Em igual tempo a mestra indagou a mocinha:
Sonia:
--- Quer que eu a acompanhe até a sua casa? – perguntou a mestra com invulgar carinho.   

domingo, 12 de fevereiro de 2012

WHITNEY HOUSTON

~
- Whitney Houston -
1963 - 2012
Whitney Elizabeth Houstn nasceu em Newark a 9 de agosto de 1963 e morreu em Los Angeles a 11 de  fevereiro de 2012. Houston foi cantora, atriz e ex-modelo nos Estados Unidos da América.Ela foi a artista mais premiada de todos os tempos e sua lista de prêmios incluem dois Emmy Awards, seis Grammy em um total de 415 prémios conquistados em sua carreira até 2010. Houston vendeu mais de 200 milhoes de gravações em todo o mundo. O primeiro papel de Houston no cinema foi no filme O Guarda Costas em 1992 no qual fez um enorme sucesso como protagonista.. Seu primeiro single I Will Always Love You se tornou o mais vendido por uma artista feminina na história da música. O álbum é o unico de uma artista feminina entre os cinco mais vendidos de todos os tempos.

ACASO - 40 -

- Rani Mukhrerjee -
- 40 -
NINFAS
Na noite daquele dia, Joel estava a dormir. Silêncio na rua e na estrada a passar bem próximo em nada a incomodar aos eternos donos do sonhar. O vento morno da noite sombria era igual à nuvem passageira ao luar quase penumbra e encantar devaneios. Borboletas de asas tenras e douradas, pequeninas por sinal, voluteavam em torno da lâmpada e da luz do poste ao largo da rua naquele instante sem ninguém ao seu redor. Ouvia-se um pigarrear constante de um ancião em uma casinha pequenina posta ao largo da rua. O choro de uma criança quebrava a monotonia da noite quente em outro casebre qualquer. O ladrar de um cão se fazia presente como a luz da lua. O apitar de um guarda noturno quebrava a monotonia silenciosa do acaso. O gargalhar de uma meretriz açoitava a noite. E depois, silêncio.
Naquele tropical noturno Joel dormia um sono terno e aconchegante. E em seu sono ele ouvia três jovens ninfas a conversar; Ele estava em edifício parecendo um estúdio de rádio ou coisa assim. Apenas Joel ouvia o som de uma voz como de um locutor a falar com ligeira pressa as noticias do dia. Porém, o garoto não notava o senhor locutor. Uma gigante parede  o separava da cabine. Mesmo assim, não lhe fazia interesse conhecer o locutor, pois estava a vislumbrar as três jovens ninfas a conversar, em uma marcha apressada para seguir o caminho e a descer um vão de escada, enveredar por um bosque e sumir de vez. As ninfas vinham de um setor próprio para as ninfas sempre uma das tais a conversar solene para as outras duas ninfas. Seus cabelos tinham a cor de um sol brilhante a cintilar constante ao léu. Para Joel aquela ninfa de vestes longas e de cor suave como às ninfas se vestem. Ela e as duas outras mais eram a personificação criativa e fecundadoras da plena natureza.
Por acaso Joel permaneceu a olhar a deusa do bosque de Ártemis ou dos prados de Melíades, nascida da árvore da perseverança. Delírio estremado e sedutor viveu naqueles magnos instantes o jovem moço ainda pequeno ao vislumbrar a ninfa do bosque do Jardim do Éden. A noiva dos espíritos percorria para sempre tentadora a sorrir em desvario trilhando o caminho das verdadeiras ninfas fascinantes. E Joel apenas a observar aquela filha de Zeus cuja rainha das fadas era Hérmia. Talvez a sua ninfa fosse Alseídes ou Leimáquides. Quem sabe Efidríades então uma das ninfas de Nereidas. E na suavidade de seu sonho Joel tomou rumo ao ignoto a acompanhar a sua verdadeira ninfa da eventualidade. Sabia ele o aparecer da ninfa nas lendas onde o amor é o motivo central. Fonte de inspiração de arte as ninfas emprestaram suas características a seres mitológicos. E por assim sentir, o jovem moço se arcou em desenhos mil a busca de sua sonhada ninfa encantadora. Risos e lampejos ele ouvia cantar nos eternos bosques da fascinação. Joel a observar terno às ninfas do desejo deitou o seu véu encantado para ser o mago de sua adorada deusa. Um terno e brando abraço lhe aconchegou o seio. Era a ninfa dos seus sonhos. E ele explodiu em chamas a devoção do amor.
Manhã logo cedo, após refazer o seu estomago, Joel saiu para a escola e encontra no seu caminho com a doce fada Elizabete. E a jovem moça estava-o a esperar silente. O garoto a beijou na face ao encontrar a terna figura e marcharam os dois para o colégio. No caminhar a mocinha lhe perguntou de vez:
Elizabete:
--- O que são ninfas? – indagou a moça ao assustado garoto.
Joel:
--- Ninfas? Só eu procurando no dicionário! Por que a pergunta? – reviu o moço.
Elizabete:
--- Por nada. Eu queria saber apenas. – sorriu a moça ao chegar a frente do Grupo.
Eles já estavam a chegar ao Grupo Escolar quando Joel percebeu de qualquer forma o questionamento da linda e meiga garota ao lhe perguntar tal fato. E Joel se lembrou do sonho que ele tivera durante a madrugada de três ninfas. O caso era até muito complexo uma vez ter a mocinha a indagar quais seriam as ninfas. Certa vez Joel olhou em um almanaque uma historia de ninfas. Mas o bom tempo fugira-lhe da memoria. A olhar a deusa dos prados de Melíades o mocinho então começou a investigar em sua mente a questão da tal enigmática dúvida. E por isso mesmo o jovem garoto começou a sorrir ao ver se distanciar a frente aquela boneca de carne, o esplendor da fascinação a caminhar solitária. E daí de ponto respondeu:
Joel:
--- Minha Santa! ...- e foi interrompido na hora pelo brutal palavreado de enfeitiçada donzela.
E Elizabete de pronto respondeu:
Elizabete:
--- Burra é a sua mãe! – respondeu Elizabete de forma bastante agressiva.
Joel ficou atônito e em seguida lhe replicou.
Joel:
--- Mas eu disse: Minha Santa! – rebateu de face enrugada o moço Joel.
Elizabete:
--- Pois é! O que é uma Santa? A Padroeira da Cidade! E o que se faz com a padroeira? Põe-se num andor! E quem acompanha o andor? Uma multidão! E o que é uma multidão? Um punhado de gente marchado um atrás do outro! E quem anda um atrás do outro? É burro! Por isso eu disse logo! Burra é a sua mãe! Humpf!  - e se voltou para frente do Grupo à meiga e afetuosa donzela. E dessa vez nada lhe restava de meiga.
Joel se pôs a sorrir. E de uma forma tal que se deitou no pleno leito de areia enxuta. Era tanto sorrir que outros estudantes também sorriram dele. Em um casebre de taipa existente na frente do Colégio, estava à porta o moço magrão. E magrão ouvira toda a atitude a mocinha. Quando acabou viu o jovem mancebo se deitar a gargalhar. Por todo esse evento o Magrão gargalhou também, saindo da porta de entrada do casebre para o seu terminal batendo as mãos e com o corpo encurvado para frente por causa de tanto riso.
A aula começou e foi à vez da sorridente professora Sonia Andrade a fazer a chamada e dar prosseguimento ao assunto interrompido no dia passado. Como não sabia de nomes de todos os escolares levou por bem chamar a turma como crianças. E então Sônia falou:
Sônia:
--- Crianças, meu bom dia. É o seguinte: hoje nós vamos aprender um pouco de Historia. Não dessa historia que se conta nos livros. Mas de uma historia que nem se ouve mais. A história antiga. Isso é bom porque vocês irão ter a capacidade de ver o passado distante com certos passados recentes e, assim, versarão o que foi antigamente e o que foi bem mais recente. Alguma dúvida? – indagou Sônia a sorrir.
E a turma em peso gritou:
A turma:
--- Nããããoooo! – falou toda a turma em uníssono.
Sônia a sorrir:
--- Pois muito bem! Crianças! A História é muito complexa. Se formos estudar de verdade o ser da História terá de começar pela pré-história. E o que é a pré-história? É o acontecer bem antes de haver a civilização na Terra. Há cerca de Dois milhões. ... Vejam vocês: Dois milhões de anos começaria a se encontrar vestígios de civilizações. Isso importa porque essa pré-civilização veio a perdurar até cinco mil anos antes de Cristo. Cinco mil anos. Entenderam? – perguntou Sônia, a mestra.
A turma:
--- Siiiimmmm! – a turma toda respondeu.
Sônia:
--- Pois bem: (sorrindo). Para vocês terem uma noção do tempo, cinco mil anos são um bocado de tempo. E como se deu essa descoberta? Tudo tem um motivo! Não é? – indagou a mestra.
A turma:
--- Éeéééé! – gritaram os alunos.
Sônia:
--- E qual foi esse motivo? Vocês sabem? – indagou com olhos abertos a mestra;
A turma:
--- Nããããooo! – respondeu a turma.
Sônia:
--- Pela pintura! – sorriu a mestra Sônia.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

ACASO - 39 -

- Rebecca Hall -
- 39 -
CAPIM
No dia seguinte a turma estava enfileirada para entrar em classe sob o comando do senhor Josino, o homem da sineta. A professora Noêmia Melo não havia chegado ainda na classe. Josino comandou a turma e ele esperou todos se sentar em suas bancas. Com poucos minutos a professora Noêmia entrou na classe. Ela agradeceu ao homem Josino e esse se retirou. Ao sentar em sua cadeira em frente ao birô, a mulher abriu a gaveta larga e notou a presença de um molho de capim. Ela se conteve e mostrou aos estudantes que podia ter esquecido o seu lanche naquele birô:
Noêmia:
--- Quem foi que esqueceu o seu lanche? – indagou a professora toda enervada.
Ninguém respondeu. Afinal ninguém sabia dizer ao certo de quem era o molho de capim em exposição. A professora Noêmia foi até o cesto e deixou cair o monte de capim. E bateu com suas mãos uma na outra. Ela olhava a cada um na esperança de descobrir qual deles tinha sido o astuto e mal comportado estudante. Com seus óculos de graus olhou por cima das lentes a cada um dos alunos sem, contudo descobrir penas um aceno. Joel estava sentado em sua carteira com a cabeça abaixada e o queixo em cima de uma das mãos a olhar apenas para a professora Noêmia. A mulher andou no tablado para cima e para baixo pesquisando o arteiro que lhe fizera de burra. Olhou bem para Joel e esse nada mostrou de desconfiança. Apenas olhava a mestra com a cabeça derreada e escorando o queixo em uma das mãos:
Noêmia:
--- Ajeite-se! Você não está na casa de sua sogra! Menino feio! – esboçou o comentário para ver se ele faria algum gesto comprometedor.
Joel se recompôs e se pôs a sentar como todos ou quase todos estavam sentados em suas desconfortáveis carteiras. A professora Noêmia continuou a caminhar de passos lentos e sacudindo o corpo baixo e redondo de gordura na intenção de ver toda a classe de ponta a cabeça. Após um longo de período ela voltou a se sentar na cadeira do birô sempre a olhar os estudantes. Então a professora relatou ser aula de português. É claro que ninguém ou quase todos não gostaram.
Pecado:
--- Lá vem merda. – relatou bem baixo o aluno Pecado. Seu nome era na verdade Manoel Picado. Dado o fato os colegas chamavam-no de “Pecado”. E Pecado não se incomodava com o apelido.
Apesar de falar baixo, o garoto foi ouvido pela professora Noêmia. De imediato, Noêmia se levantou da cadeira e marchou até a carteira de Pecado no com o orgulho ofendido fez ver a sua força.
Noêmia:
--- Para fora! Imediatamente! Seu palerma! Quero ver quem manda nessa sala! – falou alto a professora Noêmia sem querer pensar duas vezes.
Pecado então arrumou a sua bolsa e partiu devagar por entre as carteiras e ao chegar à porta da sala ainda teve a coragem de dizer:
Pecado:
--- Vamos ver quem manda aqui, na verdade! – e cruzou pelo corredor até chegar à sala da diretora e pedir licença para falar.
A diretora Maria da Penha olhou atento o aluno e após alguns segundos deu autorização para o estudante se explicar. Outra mestra estava na sala batendo a maquina. E não prestou a atenção a que o estudante começava a relatar.
Pecado:
--- Professora, bom dia. Eu venho da minha sala porque a novata me expulsou. Isso não tem nada. Se eu não puder estudar aqui peço transferência de imediato. Agora, o que não pode ser é que tenhamos uma professora carrasca de modo pão duro a estar investigando todos os alunos da classe. Eu saí. Não tem problemas. Mas que fica vai ver onde o calo aperta. Muito obrigado. – e fez meia volta para sair da sala da diretora. 
O rapaz já estava saindo da sala quando ouviu a diretora chama-lo de volta. Ele não tinha dito o motivo da expulsão. E a diretora perguntou:
Diretora:
--- O jovem sabe me dizer por qual motivo a professora Noêmia o expulsou da classe? – indagou a diretora Maria da Penha.
Pecado:
--- Pois não. Eu fiz um comentário para mim mesmo quando a professora disse ser a aula com a matéria de Português. E disse mesmo baixo, apenas comigo: posso dizer? – perguntou o aluno Pecado.
Diretora:
--- Pode. Faça o favor. - relatou a diretora Maria da Penha.
Pecado:
--- Bem. Com a sua licença o que eu disse foi: “Lá vem merda”. Mas isso foi só para mim. Pronto. Foi o que eu disse. – fez ver o aluno atrevido.
A diretora sorriu. E depois de alguns minutos relatou a Pecado:
Diretora:
--- Meu filho. Quem manda na classe é a professora. Se ela se sentiu ofendida, nada mais certo do que tirar você da sala de aula. Eu a não reprovo. Mas vou esperar a vinda da mestra e se o que você diz for à verdade, então, não se preocupe. Eu tenho poderes para justificar a sua ausência da aula. Esta bem assim? – perguntou a diretora ao aluno Pecado.
Pecado:
--- Sim senhora. Posso sair? – quis saber o aluno Pecado à diretora.
Diretora:
--- Pode. Pode. – e sorriu Maria da Penha.
Ao toque da sineta começou a debandada dos alunos para receber seu lanche. E as professoras do turno da manhã saíram de classe para a sala da diretoria. Cada uma que conversasse o ter que fazer no próximo final de semana. A professora Noêmia não entrou na conversa. E foi direto para falar a diretora da animosidade tida logo cedo do dia, com um molho de capim no seu birô e para completar a insolência de um aluno chamando “merda” na plena classe. A diretora ouviu e recebeu a nota do aluno expulso por sua atitude. Nesse ponto a diretora vez ver a senhora Noêmia que tal aluno era filho de um importante senhor do Departamento dos Correios e Telégrafos e tal atitude seria bancar uma deselegância  para com o senhor seu pai.
A professora Noêmia ouviu tudo com legítima atenção e lego depois veio a sua defesa:
Noêmia:
--- Muito bem. Se for assim, eu peço que a senhora me dispense dessa obrigação. Eu já tenho idade para me aposentar e não vai ser um aluno qualquer que fará uma desfeita para comigo. De minha parte eu estou dispensada. Pode arranjar outra, pois eu não fico mais nem um minuto aqui nessa escola. Tenho dito. – relatou com estupidez a professora Noêmia.
E de imediato a senhora Noêmia Melo saiu da diretoria da Escola, pegou rumo da rua e saiu esbravejando tudo o que tinha ou não direito. Com uma bolsa enorme a tiracolo, com seu pote baixo, o andar miúdo e as banhas a cair à mestra tomou o rumo da cidade.
A aula recomeçou com a presença de uma novata mestra e foi até o final da manhã. Houve a explicação da saída de dona Noêmia Melo e a nova professora Sonia Andrade esperava ter a melhor compreensão dos alunos. Como não sabia muito bem o que seria dada na segunda metade da aula, ela resolveu conversar com os alunos sobre os temas preferidos o qual se dava em aula. E cada um que dissesse a sua preferencia, pois cada aluno tinha o seu estilo de gostar mais de uma matéria ou outra. Sentada no estrado e esboçando sempre um sorriso, a mestra Sonia foi alegre e bem quista por todos os escolares. O tempo foi passando e a hora de encerrar o turno já era vinda. Os alunos então perguntaram a mestra Sonia Andrade se ela estaria de volta na manhã seguinte.
Sonia:
--- Provavelmente. Provavelmente. – respondeu a mestra a sorrir.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ACASO - 38 -

- Emma Stone -
- 38 -
A OUTRA

Foi assim que definiu o jovem moço Joel Calassa quando entrou na classe a professora Noêmia Melo, substituta eventual de Maria Eugenia. Todo porque a professora original teve que se ausentar por motivos desconhecidos dos alunos. A nova professora em idade muito mais adiantada que a original Eugenia era de um tipo carrancudo, não sorria, era baixa e gorda mais parecia um balão, diziam os alunos.
Alunos:
--- Ela é gorda como um balão. – fuxicou em murmúrio com outro aluno um dos quais estava na derradeira carteira da classe.
Pelo visto, a professora Noêmia era de pouca conversa. Ela entrou na classe depois dos alunos quando seu Josino de posse da sineta disse apenas:
Josino:
--- Eu estou saindo professora! – e logo saiu da classe pegando rumo desconhecido.
Quem estava em classe teve a dúvida de perguntar a Joel.
Aluno:
--- Quem é ela? – murmurou o colega de Joel.
Joel deu de ombros como quem dizia:
Joel:
--- Não sei. A outra. – finalmente falou por baixo o garoto Joel.
Aluno:
--- E dona Eugenia? – indagou de novo o aluno pesquisador.
E Joel deu de ombro ao dizer:
Joel:
--- Não sei. – fez ver Joel ao aluno vizinho.
Aluno:
--- Esse trambolho foi tirado de algum mausoléu. – relatou o aluno pesquisador.
E a aula teve inicio. A professora Noêmia Melo cumprimentou a todos mesmo estando com a sua pequenez e o corpo avantajado e alertando a quem quisesse ouvir ter ela a virtude de não dar licença a nenhum aluno no meio da aula. E somente dava a resposta ao assunto em questão. Os alunos ouviram e calaram. Joel ficou como estava: escorado na carteira e com os pés esticados para fora do banco, o que era normal. A professora ao notar tal comportamento do menino Joel veio logo em cima do fato:
--- Sente-se!. Eu não admito desobediência em classe! – disse a professora Noêmia sem mais nem menos.
Os seus óculos de grau numa armação de couro de tartaruga evidenciavam ser a professora bastante malcriada a qualquer desaforo.
Professora:
--- O aluno que não obedecer eu ponho pra fora! – falou exaltada e sem graça nenhuma com a sua régua na mão a atrevida professora.
A turma toda calou. Joel não mais desobedeceu às normas da nova mestra. A mocinha ao seu lado, Elizabete, ficou temerosa e olhou bem forte para o seu amado com o dedo posto na sua boca. A professora Noêmia Melo então começou a aula ditando questões de História onde buscava antever a questão dos Cristãos Novos:
Noêmia:
--- Anotem! Vale nota! Quem sabe o que são os cristãos novos? – relatou a mestra a olhar toda a classe.
Silêncio! Não houve resposta. Nem mesmo por parte do garoto Joel Calassa. Esse estava apoiado da carteira anotando tudo o que a mestra falava e nem se importava a responder. A mocinha olhou para Joel porem nada indagou. Era o silencio total na classe. E a professora então falou:
Noêmia:
--- Bem. Ninguém sabe! Pois bem! Eram os Judeus! Quem sabe o que é Judeu? – indagou a professora. Mas ninguém quis responder.
Um grupo de meninas conversava baixinho no final da sala e uma dizia:
Aluna:
--- Eu acho que é uma velha aleijada que mora perto da minha casa! Todo mundo diz que ela ficou assim porque era Judéia! – relatou muito baixo a mocinha.
As demais sorriram tapando a boca e encolhendo os ombros. E nesse instante ouviu-se a professora chegar bem próxima das meninas. Com a régua na sua mão bateu para chamar atenção do grupinho rebelde.
Noêmia:
--- O que é que há? Tem bicho aqui? – indagou a mestra com voz bastante áspera ao grupo de alunas.
Aluna:
--- Tem não senhora! A colega estava explicando o que era a mulher Judéia. – explicou outra aluna sobre o zum-zum-zum que elas estavam a conversar.
Noêmia:
--- Não é Judéia. E sim judia! Ouviram bem? E quem disse que sabia? – perguntou a professora ao grupo de meninas já assustadas.
Aluna Um
--- Foi minha cara mestra! Eu disse que perto da minha casa tem uma velhinha aleijada. E a vizinhança diz que ela era Judéia. – respondeu com bastante temor a mocinha.
Noêmia:
--- Eu já disse ser judia. E não tem nada a ver com esse caso! – falou de modo grosseiro a pequena mestra.
E a classe calou. Apenas Joel escrevia sem sossego tudo o que a mestra recitava e algo mais por saber. O lápis do garoto não parava e ele escrevia com toda a pressa o que era ou não dito durante a aula de História. Foi tanto rascunho ter o garoto escrito que a certa altura a mestra veio até a sua carteira olhar com atenção tudo do garoto. Indiferente a presença da mestra ele continuava a escrever. A mestra estranhou todo aquele material e foi a perguntar:
Noêmia:
--- O que é isso? Pode me dizer? – indagou com voz ativa a professora.
O garoto não respondeu e continuo a escrever com toda a pressa. Era uma escrita extenuante como se fosse o garoto feito uma máquina de teletipo. A mestra se assombrou com tanta pressa de Joel e nessa altura mandou o menino parar. Mas o garoto tinha pressa e não ouviu o falar de sua mestra. Ao final de tudo o garoto, extenuado, acabou a redação. E desse modo enfiou a testa da mesa da carteira.
Noêmia:
--- Menino você está louco? O que está escrito nesse caderno? – perguntou a mestra de olhos tão perplexos e assustados.
Após alguns segundos o menino acordou do transe e mostrou a mestra:
Joel:
--- Está ai mestra o que a senhora pedirá explicação. É tudo! – falou quase a desmaiar o garoto Joel Calassa.
Ali estava escrito toda a história dos judeus e dos novos cristãos que foram mandados para o Brasil desde a sua descoberta. Dizia a escrita ter sido Portugal o primeiro país a reconhecer os direitos dos judeus. Em outra parte o menino destacou o reconhecimento do Tribunal do Santo Oficio e o destino de Fernão de Noronha em conquistar o arquipélago que levou o seu nome. E Portugal mandou para a terra brasileira os primeiros homens, mulheres e crianças feitos escravos. Os judeus tinham dever de ter um nome de real de seu batismo desde que o identificassem como cristãos ou cristãos novos. Silva, propriamente dito, não é um nome. E sim um apelido de família. O mais importante é ter Silva no príncipe dos Godos, Dom Alderedo cujo filho era Dom Guterre da Silva.
A professora se tomou de espanto com tudo ter sido escrito a um só tempo por garoto. E então ela achou de magna surpresa como teria um menino de tal idade ter tanto saber. E diante da sua perplexidade de sua total ignorância Noêmia perguntou:
Noêmia:
--- Quem te ensinou tudo isso? – indagou perturbada a mestra.
Joel:
--- A vida, professora! A vida! – dizendo isso Joel desmaiou.
A classe toda entrou em polvorosa. E os mais próximos gritaram:
Aluno de perto:
--- Desmaiou? – a dizer com os olhos tensos e a boca aberta.
Aluno outro:
--- Chega gente. Joel desmaiou! – gritava uma estudante.
A aluna Elizabete não teve jeito: E desmaiou também. A professora saiu na carreira a procurar auxilio de alguém. Estava próximo o homem da sineta, senhor Josino. Esse veio com toda a pressa segurar o garoto. Um grupo de estudantes – femininas – segurou a mocinha Elizabete e tentou reanima-la com tapinhas no rosto. A Diretora Maria da Penha, diante de tantos gritos entrou na sala com mais duas mulheres da cozinha para pegar a menina quase moça. E um grupo de duas salas no fim da escola veio ver o que se passava. As professoras também estavam ali com os seus alunos. E umas com a mão na boca a dizer:
Professora:
--- Ave Maria! – falou a sustada uma das professoras.
Outra:
--- Seguram-nos! Seguram! -  dizia outra professora.
Duas mesas foram improvisadas como camas. E Josino colocou o garoto em uma delas enquanto as cozinheiras colocaram a mocinha Elizabete na outra mesa.
Uma cozinheira:
--- Álcool! Álcool! Passa nas mãos! – era o que dizia a cozinheira atormentada com os desmaios